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A bomba-relógio da deflação na China: como a segunda maior economia do mundo pode detonar uma crise global

 

A economia chinesa entrou em zona de perigo. Pela primeira vez em mais de dois anos, os preços ao consumidor no país estão em queda livre. O fantasma da deflação, que assombrou o mundo na crise de 29, está de volta. Só que agora a ameaça vem justamente da segunda maior economia do planeta. A que mais cresceu nas últimas décadas e se tornou a grande fábrica do mundo. Se a China espirrar, o planeta pode pegar uma pneumonia. É como uma bomba-relógio prestes a explodir no coração da globalização. Agora é contagem regressiva para evitar o caos. Mas como a China foi parar nessa fria? #consumo #produção #exportação

Tudo começou com a Covid-19. Quando a pandemia arrefeceu, diferente do Ocidente, os chineses não saíram em peso gastando suas economias em bares, restaurantes e lojas. O consumo não decolou. E os preços, que subiram feito foguete por aqui, nem se mexeram por lá.

Pior. Desde fevereiro de 2021, a inflação chinesa patina no zero a zero. Agora finalmente despencou, 0,3% negativo só em julho. Números aparentemente pequenos, mas um iceberg à vista da maior economia mundial.

Mas professor, deflação não é diminuição de preços? Tudo barato não é bom?

A queda livre de preços tem efeito devastador. Trava investimentos, aumenta desemprego, empobrece a população e trava o consumo num loop sem fim.

Empresas param de contratar e investir, uma vez que os preços baixos desestimulam a expansão da produção. Se a produção diminui, também diminui a demanda por matéria-prima, componentes e máquinas, derrubando também esses preços. Para tentar reduzir a oferta, em decorrência da queda da demanda, ocorre a demissão de empregados, eufemisticamente, pra não gerar briga, dos colaboradores. #covid19 #pandemia #desemprego

Com menos emprego e renda, as pessoas compram ainda menos. E a espiral infernal da deflação se retroalimenta.

Um potencial impacto positivo de um período prolongado de deflação no país chines pode ser a contenção do aumento dos preços em outras partes do mundo. No entanto, a contenção da inflação pode rapidamente expandir o processo inflacionário para outras partes do mundo.  Quando pensamos nisso podemos ter uma espécie de “Déjà vu”. A maior crise econômica dos últimos cem anos foi marcada pela deflação. Se os investimentos chineses no mundo se retraírem na mesma proporção que os investimentos americanos se retraíram em 1929, as consequências, que a princípio podem ser vistas como positivas para países que ainda lutam contra a crescente inflação, podem se transformar em uma crise mundial com o encolhimento do valor do produto mundial. Pensem na circulação de produtos chineses com preços cada vez menores, o que será das cadeias de varejo das economias domésticas mundiais? A consequência natural disso seria a diminuição dos investimentos e o desemprego sendo exportado para todo o mundo. #covid19 #pandemia #desemprego

Naquele contexto de 1929, a inflação, ao invés de vilão, era o remédio, o antídoto. Não podemos esquecer disso quando pensamos em crise deflacionária.

O governo chinês tem insistido que tudo está sob controle, mas até agora evitou quaisquer medidas importantes para estimular o crescimento econômico. A visão de longo prazo chinesa não é facilmente compreendida pelos ocidentais, mesmo para aqueles da escola clássica da economia liberal que sempre valorizaram o longo prazo como o “tempo” do retorno ao equilíbrio e ao ponto ótimo da economia. 

O ponto é descobrir como o governo tentará estimular a demanda para que o mercado se aqueça e as famílias abandonem a poupança, retornando a propensão marginal a consumir a um nível positivo. 

Acho que teremos que ver algumas medidas de estímulo significativas (incluindo) diminuição dos juros e estímulo à investimento e desestímulo à poupança. Podemos pensar também em medidas como subsídios que incentivem a diminuição da produção agrícola, incentivo a renegociação de contratos de trabalho que aumente a renda dos trabalhadores, onerando o custo de produção. Essas são medidas que podem afetar a oferta e pressionar os preços em um primeiro momento. Claro que, apara os que preferem olhar a China sob o olhar liberal, ocidental, o que a meu ver parece um equívoco, a solução seria simplesmente corte de impostos, o que diminuiria a capacidade intervencionista do Estado. #crise #recessão #globalização

Entender qual será a estratégia da China para enfrentar o problema é muito mais efetivo do que querer vender ou pautar soluções para o gigante chinês. As linhas de defesa da economia ocidental devem fazer seus cálculos e projeções a partir do que os chineses farão e não do que eles deveriam fazer. Lembremos que o Estado chinês não está preso a limites legislativos e check and balances que limitam a atuação da maior parte dos países desenvolvidos de cultura ocidental.  #EUA #Europa #Brasil #commodities

Grande abraço,

Professor Arão Alves

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