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Sociologia - Questões dissertativas com gabarito comentado - Questões interdisciplinares

 


1.   Durante o período de isolamento social, diversos museus colocaram à disposição do público visitas on-line a seus acervos. A imagem e o texto abaixo fazem parte deste contexto.

 

NATIONAL WOMEN’S HISTORY MUSEUM

 A simple act of defiance in 1955 ignited an important historical and social movement. As a seamstress in Montgomery, Alabama, and an active member of the local NAACP (National Association for the Advancement of Colored People) chapter, the woman in the photo refused to give up her seat in the assigned section for blacks in the bus to a white man. Her actions led to her immediate arrest. (Adaptado de https://artsandculture.google.com/exhibit. Acessado em 08/10/20.)

  

a) Que ato levou a mulher da imagem a ter reconhecimento mundial? Cite uma consequência histórica desse acontecimento.

b) Qual é a função de um museu? Explique por que essa foto está presente no referido museu.

 2.   Leia o texto a seguir.

 Na Universidade de Harvard, em Boston (EUA), o líder e xamã yanomami Davi Kopenawa fez um alerta: a floresta corre perigo. [...] Frente a pesquisadores, ativistas e artistas americanos, Kopenawa falou sobre as principais ameaças a seu território, como as invasões de garimpeiros e madeireiros. “Nossa Terra Yanomami está reconhecida, homologada e registrada, como uma criança que nasce de uma mulher. Mas o capitalista não quer que ela fique viva. Ele invade nossas Terras Indígenas e gosta de desmatamento para fazer dinheiro. Faz mineração, tirando a pele da terra e cavando buraco. Fecha o rio e mata as árvores afogadas. Essa energia que está aqui vem de longe, da terra dos índios. Será que Belo Monte está fazendo bem para os parentes? Não’, questiona”.

 Instituto Socioambiental “Futuro da Amazônia está em perigo, alerta o xamã Davi Kopenawa em Harvard”.

www.socioambiental.org

  

O relato acima é de Davi Kopenawa, importante liderança e porta-voz dos Yanomami, que se engajou em uma luta em defesa da floresta e de seus habitantes originários contra as práticas exploratórias das mineradoras e madeireiras na floresta Amazônica.

 Com base na fala de Kopenawa, explique a relação entre desenvolvimento econômico industrial e questões socioambientais, considerando, de forma particular, a importância dos direitos das populações indígenas.

 3.   Considere os trechos da entrevista concedida pelo pesquisador indígena Daniel Munduruku

 “Eu não sou índio, não existem índios no Brasil. [...] No dia 19 de abril, a gente comemora um equívoco, porque se esconde a diversidade de povos que existem no Brasil. Cada povo cria seu modo de estar no mundo a partir da cultura, que é alimentada pela língua que ele fala. E cada povo tem suas tradições, sua crença, cultura, política e economia. Nós aprendemos que só existe a língua portuguesa por aqui, né? Mas no Brasil existem 307 línguas muito antigas e diferentes entre si. E a língua é uma leitura de mundo. Quando a gente generaliza e diz que ‘o índio chama casa de oca’, imediatamente a gente está esquecendo que oca é apenas um jeito de falar. E essas línguas são tão diferentes entre si quanto o português é diferente do chinês.”

 Disponível em: http://www.nonada.com.br/2017/11/daniel-munduruku-eu-nao-sou-indio-nao-existem-indios-no-brasil/. Acesso em: 03 de fev. 2020.

 

a) Conforme o texto, cite e explique duas formas de violência simbólica contra a população indígena no Brasil.

b) Explique de que maneira o conceito de violência simbólica estaria relacionado ao conceito de etnocentrismo.

 

4.   Considere a passagem a seguir:

 O processo de formação do povo brasileiro, que se fez pelo entrechoque de seus contingentes índios, negros e brancos, foi, por conseguinte, altamente conflitivo. Pode-se afirmar, mesmo, que vivemos praticamente em estado de guerra latente, que, por vezes, e com frequência, se torna cruento, sangrento. Conflitos interétnicos existiram desde sempre, opondo tribos indígenas umas às outras. Mas isso se dava sem maiores consequências, porque nenhuma delas tinha possibilidade de impor sua hegemonia às demais. A situação muda completamente quando entra nesse conflito um novo tipo de contendor, de caráter irreconciliável, que é o dominador europeu e os novos grupos humanos que ele vai aglutinando, avassalando e configurando como uma macroetnia expansionista.

 (RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia da Letras, 1995, p.168.)

 

Por que, segundo Darcy Ribeiro, a violência foi um componente essencial na formação daquilo que ele próprio denominou de “empresa Brasil”?

 

Gabarito:  

 

Resposta da questão 1:
 [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia]

a) O ato de ter se recusado a oferecer seu assento para um homem branco em um ônibus. Esse ato marcou a construção de um movimento mais amplo nos Estados Unidos de luta pelos direitos civis da população negra.

 

b) Sociologicamente, podemos afirmar que o museu é um lugar de construção da memória e da identidade cultural de um povo. Essa foto está presente em um museu que valoriza o protagonismo social das mulheres ao longo da história, por isso essa foto é tão representativa para questionar uma identidade machista e racista de sociedade.

 

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Inglês]

a) A mulher da foto recusou-se a ceder o seu assento na parte designada para negros a um homem branco. Em consequência de tal atitude, ela foi presa imediatamente.

 

b) A foto retrata um ato desafiador em 1955.  

 

Resposta da questão 2:
 Na sociologia, as questões socioambientais são pensadas a partir da reflexão crítica da depredação e exploração de recursos naturais pelo sistema capitalista de produção e as consequências observadas na relação intrínseca entre sociedade e meio ambiente. A relação entre desenvolvimento econômico e as questões socioambientais encontram-se, portanto, no fato de que a industrialização e a degradação da natureza não afetam as pessoas da mesma forma. Os grupos sociais menos favorecidos são os mais prejudicados e expostos aos riscos ambientais. O projeto de desenvolvimento econômico capitalista, que, desde a colonização, embasa os argumentos que justificam as práticas de violência contra as populações indígenas, pauta-se pela defesa da exploração comercial do meio ambiente e na retirada da autonomia dos indígenas sobre o território que ocupam. Assim, a luta por reconhecimento de seus direitos enquanto populações tradicionais e originárias está diretamente associada às pautas das reivindicações ecológicas de preservação do meio ambiente. As populações indígenas constituem hoje resistências políticas fundamentais à exploração das grandes indústrias, salientando e alertando os brancos que o meio ambiente possui uma biodiversidade enorme e que a destruição da natureza resulta em consequências irreversíveis para toda a população mundial.  

 

Resposta da questão 3:
 a) Alguns grupos consideram os indígenas como atrasados, primitivos, pouco propícios ao trabalho, preguiçosos, não civilizados e selvagens. Existe um imaginário que envolve a noção de que é considerado como indígena apenas aquele indivíduo que fala somente a língua nativa, que não utiliza instrumentos tecnológicos, que segue, exclusivamente, os hábitos e os costumes relacionados à sua etnia.

Para além dos estereótipos citados, o texto motivador com trechos da entrevista concedida pelo pesquisador indígena Daniel Munduruku, considera como violência simbólica aspectos relacionados aos diversos tipos de preconceito sofridos por esses povos (no caso do texto, o tipo abordado é o preconceito linguístico), à crença de que todas as etnias indígenas no Brasil falam o mesmo idioma, desconsiderando e negligenciando assim, a diversidade linguística destes grupos étnicos. Além disso, o texto retrata a crença de que todos os indígenas utilizam somente as ocas como habitação, impondo uma cultura sem considerar as peculiaridades da própria cultura indígena, sua diversidade, seus hábitos, sua linguagem e suas crenças. Pode-se destacar também, a comemoração do “Dia do Índio” sem conhecer sua cultura ou preservá-la.

 

b) A violência pode se manifestar de diversas formas. Dentre as “faces” que a violência pode se apresentar destaca-se a violência simbólica, que é um tipo que se apresenta de maneira mais sutil, nem sempre perceptível e facilmente identificada. O sociólogo francês Pierre Bourdieu analisou como os aspectos simbólicos determinam as práticas sociais e como as hierarquias são mantidas ao longo do tempo. A partir disso, cunhou o conceito de Violência Simbólica, que envolve o poder que consiga impor significados e a impô-los como legítimos quando esconde as relações de força. Na obra O poder simbólico, Bourdieu ressalta a importância de que, para que a dominação simbólica funcione, é necessário que os dominados tenham incorporado as estruturas ligadas à submissão e ao consentimento.

O Etnocentrismo ocorre quando uma etnia coloca seus valores, suas crenças, sua visão de mundo e seus sentimentos como centrais e superiores. É como se fosse uma cegueira para considerar e respeitar as diversidades que os grupos podem apresentar. Tanto o Etnocentrismo, quanto a violência simbólica, refere-se à imposição de “modelos” considerados como corretos e que, pertencem à classe hegemônica da sociedade.

A relação que pode ser estabelecida entre os dois termos é de considerar o Etnocentrismo como um dos possíveis fundamentos da referida violência, pois o dominado reconhece, comporta e legitima elementos simbólicos que a geram. Dessa forma, gera essa percepção no próprio dominado de que ele representa elementos que o desqualificam, buscando impor essa visão etnocêntrica como legítima e arraigada.  

 

Resposta da questão 4:
 A formação do povo brasileiro não se deu por um sincretismo cultural pacífico, mas através de um processo de conflito e dominação. Se, para os povos ameríndios, a guerra não se baseava na anulação das diferenças, o mesmo não se pode dizer dos europeus, que subjugaram negros e indígenas através de um longo processo no qual a classe “empresarialburocráticoeclesiástica” se impunha sobre o povo.  

 

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