1. Entre 1974 e o momento atual, ocorreram mudanças nas perspectivas de ocupação e exploração da Amazônia, em particular quanto aos seus efeitos para as populações indígenas locais, como se observa nas reportagens a seguir.
AMAZÔNIA 74 – SALTO PARA O FUTURO
Revista O Cruzeiro, 05/12/1973. Fonte: memoria.bn.br.
JOÊNIA WAPICHANA, A VOZ INDÍGENA NO CONGRESSO EM MEIO À CRISE NA AMAZÔNIA
Joênia Wapichana, nascida em 1974, é a primeira mulher indígena que se senta no Congresso Nacional. Escolheu o gabinete 231 em homenagem ao artigo da Constituição mais importante para ela e os seus, o que reconhece a organização social, os costumes, as línguas, os credos e as tradições dos índios, assim como seus direitos originais às terras que historicamente ocupam. Por isso, na porta do gabinete parlamentar 231, um cartaz explica em duas frases: “Dizem que a terra dos Yanomami é muito grande e tem poucos índios. Mas esses poucos índios protegem o planeta inteiro.” Adaptado de brasil.elpais.com, 30/08/2019.
Explique o projeto governamental para a ocupação e exploração da Amazônia na década de 1970.
Indique, também, um posicionamento de lideranças indígenas, na atualidade, quanto à Amazônia.
2.
A Exposição Internacional comemorativa do Centenário da Independência do Brasil (1822-1922) foi inaugurada no dia 7 de setembro de 1922. Foi realizada no mesmo ano de outros acontecimentos relevantes, como a Semana de Arte Moderna, a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a Revolta do Forte de Copacabana. Primeira exposição a se realizar após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o grande desafio da Exposição do Centenário foi o de traduzir a vontade de renovação que então mobilizava o mundo.
A primeira transmissão de rádio no Brasil ocorreu justamente durante a inauguração da Exposição do Centenário, com o discurso do presidente Epitácio Pessoa. MARLY MOTTA Adaptado de cpdoc.fgv.br.
Na comemoração dos cem anos da independência do Brasil, em 1922, foram mobilizados tanto aspectos relativos aos acontecimentos do ano de 1822 quanto aqueles associados à conjuntura da época, como exemplificam o texto e a moeda.
Apresente uma característica do processo de emancipação política do Brasil em 1822 que justifique a presença da imagem de D. Pedro I na moeda comemorativa.
Em seguida, identifique dois acontecimentos ou movimentos sociopolíticos da década de 1920 que tenham realizado críticas aos governos republicanos da época.
3.
O 12 de outubro de 1492 tornou-se a data consagrada, tanto na Espanha como em diversos países americanos, para registrar a chegada da expedição de Cristóvão Colombo à América. A pintura histórica reproduzida acima, elaborada na Espanha por ocasião das comemorações de 400 anos desse acontecimento, apresenta uma interpretação do processo de conquista e colonização do continente americano.
Identifique um elemento da pintura que está associado a essa interpretação, explicitando o significado desse elemento.
Identifique, também, a partir do episódio retratado na reportagem do jornal Daily Detroit, uma crítica à interpretação simbolizada na pintura.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
A questão aborda o projeto do governo brasileiro para o uso dos recursos naturais da Amazônia na década de 1970, mostrando o posicionamento de lideranças indígenas, na atualidade, quanto à ocupação dessa floresta. Situada, em sua maior extensão, no território brasileiro, a Floresta Amazônica tem sido alvo de ações governamentais variadas no decorrer do século XX destinadas, em linhas gerais, ao controle do uso e exploração de seus recursos naturais. Tais ações afetaram as numerosas e diversas populações indígenas que habitaram e habitam a floresta, em muitos casos provocando a extinção e a incorporação dessas populações. O enunciado da questão mostra duas reportagens referentes à Amazônia. A primeira, datada de dezembro de 1973, publicada na Revista O Cruzeiro, intitulada “Amazônia 74 – Salto para o Futuro”, se relaciona ao projeto de desenvolvimento adotado pelos Governos Militares (1964-1984) com relação à ocupação da região, pautado na perspectiva de promover o “avanço da civilização” sobre seus “primitivos e naturais habitantes”, como indicado na legenda das fotos. Tal projeto visava explorar os recursos hidrominerais e vegetais da Floresta Amazônica, tendo em vista o incremento da economia capitalista e a integração do território nacional, sob o lema do “integrar para não entregar”, incorporando as populações indígenas aos padrões civilizacionais adequados a esse projeto. A construção da rodovia Transamazônica, o estímulo à colonização e a criação de complexos agroindustriais exemplificaram o “salto para o futuro” almejado pelos governos militares. A segunda reportagem apresenta as perspectivas de ação política da deputada indígena Joênia Wapichana na atualidade, em meio à crise na Amazônia, associada ao aumento do desmatamento ilegal e das queimadas. Nascida no ano de 1974, no contexto do regime militar, a deputada encarna as demandas contemporâneas para a proteção e preservação da floresta e defesa dos povos indígenas nos termos de garantir: o uso dos recursos florestais por meio da sustentabilidade; os direitos dos povos indígenas ao controle das terras originais que habitam e habitaram e à preservação de seus hábitos culturais.
Resposta da questão 2:
A questão aponta para os aspectos do processo de emancipação política no Brasil em 1822, identificando movimentos de crítica ao governo republicano no Brasil, por ocasião das comemorações do centenário da independência, na década de 1920. As datas comemorativas servem para enaltecer ou criticar determinados contextos ou situações do tempo presente no local em que se realiza a comemoração. Assim ocorreu nas comemorações do centenário da independência do Brasil em 1922. Epitácio Pessoa, presidente do Brasil entre 1919-1922, não mediu esforços para celebrar tanto a independência quanto os feitos de seu governo. Foi então organizada exposição internacional, a primeira após a Primeira Guerra Mundial, inaugurada pelo presidente, simbolizando, anseios de renovação e progresso. Houve a cunhagem de moedas comemorativas. A imagem de uma delas, reproduzida no enunciado da questão, apresenta numa face os perfis de D. Pedro I e do Presidente Epitácio Pessoa, e na outra, os símbolos superpostos da monarquia e da república brasileiras. Tais representações não só buscavam apresentar uma continuidade entre os regimes políticos brasileiros no que se referia à conquista e preservação da soberania nacional, como também indicavam igualmente a valorização das lideranças políticas de D. Pedro I e de Epitácio Pessoa. No caso do primeiro, seu protagonismo na realização da independência é exaltado, confirmando, assim, a versão de seu protagonismo no grito “independência ou morte”, estando como aliado do Partido Brasileiro no processo pacífico do rompimento com Portugal. Tal versão valorizadora do protagonismo de D. Pedro I, por outro lado, não apresentava a dimensão conflituosa da emancipação, aspecto importante para a conjuntura da década de 1920 na sociedade brasileira, marcada por um conjunto de movimentos políticos e sociais que desestabilizaram os governos vigentes. A década de 1920 foi caracterizada pela contestação aos valores vigentes. Entre esses movimentos e acontecimentos, destacaram-se: os protestos e greves do movimento operário fabril; a criação do Partido Comunista; as dissidências entre as oligarquias governantes; as revoltas de jovens oficiais do Exército (tenentes); a realização da Semana de Arte Moderna; as críticas de intelectuais às contradições da modernidade no Brasil.
Resposta da questão 3:
A imagem de autoria de José Garnelo Y Alda, 1892, integrou o conjunto de realizações e homenagens relativas às comemorações dos 400 anos da chegada da expedição liderada por Cristóvão Colombo à América. Naquele contexto do Imperialismo Neocolonialista, a pintura integrava a perspectiva de exaltar o feito do navegador sob a interpretação historiográfica de associá-lo ao descobrimento e à missão civilizadora do novo continente. Ao longo do século XX, essa interpretação foi sendo alvo de críticas e releituras, as quais deslocaram a noção de descobrimento, mobilizando cada vez mais o entendimento das particularidades socioculturais, políticas e econômicas dos processos de conquista e de colonização europeia dos territórios e povos americanos, e especialmente seus desdobramentos quanto à exploração e ao extermínio das populações ameríndias. Na pintura, alguns elementos da imagem, e seus respectivos significados, enaltecem o “descobrimento”, nos seguintes termos: Colombo destacado no centro da pintura, como indicação de seu maior protagonismo na conquista das novas terras; Colombo elevando uma grande cruz acima de todos, como valorização da presença da religião cristã no processo de conquista das novas terras e dos indígenas; indígenas presenteando Colombo como simbolização do caráter pacífico e amigável dos primeiros contatos entre europeus e ameríndios; indígenas, muitos sentados e curvados, como caracterização da subserviência e inocência dos indígenas. A reportagem do jornal Daily Detroit, de 2015, com destaque para a foto com o busto de Colombo vandalizado por desconhecidos, aponta para a perspectiva distinta da enaltecida pela pintura histórica. A intervenção na estátua, uma machadinha cravada na cabeça e a mancha vermelha como se fosse sangue, sugere uma crítica ao protagonismo concedido a Colombo, e também denuncia o caráter violento do processo de conquista e colonização, além de possibilitar inferir que houve resistência das populações nativas à presença dos europeus.
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