No século XVII, as relações entre a burguesia e o poder monárquico na Inglaterra passaram por um novo momento. A morte da rainha Elizabeth I, em 1603, permitiu que a dinastia Stuart chegasse ao poder na Inglaterra com pretensões de ampliar a autoridade real. O primeiro monarca dessa dinastia, Jaime I, buscou enfraquecer a atuação do Parlamento – marcado pela presença de burgueses – promovendo a dissolução dessa instituição em vários momentos.
A crise entre o rei e o Parlamento acirrou-se ainda mais quando Jaime I tentou ampliar seu poder impondo uma colonização feudalizante na Irlanda e o monopólio real sobre a lucrativa comercialização de tecidos. Por meio de tais ações, o rei tinha intenções de alcançar uma autonomia financeira capaz de desarticular as limitações políticas impostas pelo Parlamento Britânico. Com isso, muitos ingleses partiram para a América do Norte buscando fugir das imposições reais.
Em 1625, a morte do rei Jaime I fez com que Carlos I, seu filho, se tornasse o novo rei da Inglaterra. Herdando a difícil relação com o Parlamento deixada pelo pai, Carlos I foi obrigado a assinar a Petição de Direitos, um documento que tornava obrigatória a convocação regular do Parlamento e colocava os gastos do Exército sob o controle de seus membros. Em resposta, Carlos I resolveu reavivar o Ship Money, uma antiga taxação que impunha a cobrança de impostos às regiões portuárias.
Depois disso, a crise política entre o rei e o Parlamento piorou com intensas manifestações populares contra a postura autoritária do rei. Em meio tantas desavenças, Carlos I descumpriu a Petição de Direitos e realizou uma invasão militar que dissolveu o parlamento inglês. No entanto, em 1640, o rei convocou novamente o Parlamento com o objetivo de levantar recursos para combater os conflitos religiosos que tomavam conta da Escócia.
Na volta do Parlamento, seus membros impuseram o controle sobre as questões religiosas e tributárias da Inglaterra. Ao mesmo tempo, instituiu uma lei onde o Parlamento se reuniria sem a convocação real e tirava do rei o direito de possuir um exército permanente. Descontente, Carlos I tentou mais uma vez dissolver o Parlamento – que buscou a formação de uma milícia popular que garantiria a plena atuação política dos parlamentares.
Com isso, os ingredientes para a eclosão de uma guerra civil na Inglaterra estavam prontos. O rei se deslocou para a cidade de Oxford, onde organizou a formação de um exército com mais de 20 mil homens fiéis à causa realista. Para tanto, contou com o apoio de membros da nobreza britânica e figuras conservadoras da grande burguesia. Do outro lado, os parlamentares contaram com o apoio de pequenos burgueses, artesãos, proletários e camponeses para a formação do Exército de Novo Tipo.
A ação dos revolucionários foi liderada por um pequeno proprietário de terras puritano chamado Oliver Cromwell. Liderando o Exército de Novo Tipo, esse novo líder promoveu a organização de tropas organizadas por meio da incorporação de soldados que poderiam ascender militarmente graças ao bom desempenho de suas funções. As fileiras desse exército foram tomadas pelos “roundheads”, puritanos que não utilizavam as perucas que simbolizavam as tradições nobiliárquicas.
Na batalha de Naseby, travada em 1645, a vitória das tropas lideradas por Oliver Cromwell forçaram Carlos I a se refugiar na Escócia. Naquela região, onde sua figura era pouco apreciada, acabou sendo entregue às forças revolucionárias por meio da denúncia do próprio Parlamento escocês. Logo em seguida, Carlos I conseguiu fugir das mãos dos revolucionários, possibilitando uma rápida reorganização das tropas anti-revolucionárias.
Entretanto, os realistas não conseguiram bater os exércitos revolucionários que conseguiram recapturar Carlos I. Em meio às agitações do processo revolucionário, o rei foi decapitado e a República foi proclamada na Inglaterra. Com isso, Oliver Cromwell chegou ao poder dando fim à hegemonia monárquica em solo britânico. A revolução puritana chegou ao seu fim, abrindo novas possibilidades políticas dentro da Inglaterra.
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