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Guerra do Paraguai - antecedentes

O Paraguai fazia parte do vice-reino do Rio da Prata, criado em 1776 para fazer frente as pretensões portuguesas na região. Esta questão de origem, como veremos, seria fundamental no processo de enfrentamento dos países que surgiriam nesta área. Quando do processo de independência, a burguesia comercial de Buenos Aires intentou construir uma supremacia política e econômica sobre a antiga área do vice-reinado. Várias das regiões periféricas se opuseram a esta pretensão, entre elas a região do Paraguai, comandada por José Garcia Rodrigues de Francia, que receberia depois o título de Ditador Perpétuo. Em 1811, após derrotar as forças militares enviadas por Buenos Aires, a região do Paraguai se tornaria independente, tendo em 1813 adotado o nome de República do Paraguai, contudo, a declaração formal de independência ocorreria apenas em 1842, sob o governo de Carlos López, sendo o império do Brasil o primeiro país a reconhecê-la, em 1844. O governo de Francia foi marcado pelo isolacionismo político e econômico. Logo de início se impôs às elites tradicionais, quando em 1820, após descobrir uma conspiração para assassiná-lo, promovida pelas elites peninsular e crioula, simpatizantes de Buenos Aires, executou os conspiradores e confiscou os seus bens. As ordens religiosas foram expulsas do país, e seus bens confiscados, em represália à ordem do papa Leão XII, em 1824, de que os religiosos apoiassem a coroa espanhola na sua tentativa de reassumir o controle sobre as antigas áreas coloniais. Na economia o Estado centralizava o comércio da erva-mate, da madeira e do tabaco, os principais produtos. Foram criadas as “estâncias de la pátria”, terras do Estado arrendadas a camponeses, ou cultivadas pelo trabalho de escravos de origem africana ou de prisioneiros. A morte de Francia em 1840 abriu uma nova fase no Paraguai. O governo passou a ser exercido por juntas militares, e depois por um consulado comandado por Mariano Roque Alonso e Carlos Antonio López, pertencente a pequena parte da elite proprietária que havia se mantido fiel a Francia. López acreditava ser necessário abrir o Paraguai às relações internacionais, como forma de garantir a autonomia. Convocou o congresso que proclamou oficialmente a independência em 1842, e o “elegeu” presidente em 1844. A ditadura persistia, pois o congresso só se reunia quando convocado pelo presidente, e somente em 1870 redigiria uma constituição para o Paraguai. Ao novo governante interessava modernizar economicamente o país. Devido a inexistência de uma elite proprietária forte, motivada pelas perseguições de Francia, coube ao Estado dinamizar o setor agropecuário voltado para a exportação. Era fundamental para isso garantir acesso à navegação pelos rios da Prata e do Paraná. Ao governo brasileiro interessava enfraquecer a Confederação Argentina, liderada por Juan Manuel Rosas, pois temia que a formação de uma república forte no Prata pudesse abalar a estabilidade da monarquia brasileira, além de dificultar o acesso a região do Mato Grosso feita, principalmente, pela navegação fluvial. Assim, o Brasil apoiava políticos contrários a Argentina no Uruguai e a independência do Paraguai, além de favorecer os adversários argentinos de Rosas. A aliança com Justo José de Urquiza, governador da província argentina de Entre Rios, foi fundamental para a queda de Rosas em 1852. Com a abertura da navegação no Prata a economia paraguaia teve uma rápida expansão, apoiada na exportação de bens primários para a região platina e para a Europa. Com uma elite rural enfraquecida, os lucros fluíam diretamente para o Estado e para a família López, que se tornou a maior proprietária de terras do Paraguai. Se sentindo ainda ameaçado o governante paraguaio iria investir esse lucro compra de armamentos e no treinamento de pessoal para manuseá-los. Essa modernização bélica foi conseguida junto aos ingleses, que se tornariam os principais parceiros comerciais do Estado e dos dirigentes do país. B) A política paraguaia no Prata. A situação do Paraguai se tornaria bastante difícil em relação a seus vizinhos mais poderosos. Havia disputas com a Confederação da Argentina e com o Brasil. Seus governantes requisitavam ao Brasil que fossem respeitados os limites do tratado de Santo Ildefonso, assinado entre portugueses e espanhóis em 1777. O governo brasileiro recusava, pois já havia ocupado boa parte da região entre os Rios Apa e Branco. Em 1858, após ameaça de guerra pelo governo brasileiro, o líder paraguaio cedeu assinando um tratado que facilitava a navegação brasileira, postergando a questão territorial para nova discussão a ser realizada após seis anos. O diplomata brasileiro José Maria da Silva Paranhos (futuro Visconde do Rio Branco) teve papel destacado nas negociações, ao costurar uma aliança militar com Urquiza, em caso de uma guerra contra o Paraguai. Em caso de ação conjunta o comando das tropas caberia a Urquiza, e em uma ação isolada do Brasil, este cederia o território argentino como passagem para as tropas brasileiras. Com isso, Urquiza garantia o apoio brasileiro contra a Província de Buenos Aires, inimiga de seu governo e que contava com o apoio da Inglaterra. Os investimentos do governo paraguaio com armamentos aumentaram ainda mais, pois temiam que a aliança entre Brasil e a Confederação Argentina pudesse lhe custar a independência. O governo brasileiro via a ação paraguaia como defensiva, mas mesmo assim começou a fortalecer o exército e a enviar tropas para a região. A situação se deterioraria a partir da vitória da Província de Buenos Aires, comandada por Bartolomé Mitre (1861), contra a confederação. Como Buenos Aires era principal responsável pela política intervencionista no Prata, Carlos López e Francisco Solano López (filho e ministro da Guerra) aumentaram a pressão sobre o Brasil. O motivo agora era econômico, pois a região disputada com o governo brasileiro era produtora de erva-mate, o principal produto de exportação paraguaio. Como o preço estava em queda por excesso de oferta no mercado, o governo paraguaio tentava diminuir a produção brasileira para aumentar o preço internacional do produto, aumentando o seu rendimento e a sua capacidade de investir em armamentos, necessários, em seu entender, para garantir a sua independência. Os governantes paraguaios começam a enviar tropas para a região. O conflito se aproximava cada vez mais.

C) Solano López e Guerra.
Em 1862 Carlos López morreu. Antes, tentou passar o governo para o seu filho mais novo Angel Benigno López, liberal educado no Brasil. Contudo, Solano López reagiu e conseguiu a indicação do pai moribundo. Carlos López antes de morrer aconselhou Solano a tentar uma solução diplomática com o Brasil, mas este não seria o caminho seguido pelo novo governante. No poder Solano implantou um regime policialesco, baseado na espionagem dos cidadãos, e no denuncismo, utilizando até mesmo os padres, após ter nacionalizado a estrutura eclesiástica. Todos os opositores foram presos, inclusive o seu irmão Angel López. Entre 1862 e 1864 a escalada dos acontecimentos em direção à guerra teve como palco a política interna do Uruguai. O governante uruguaio Bernardo Berro na tentativa de livrar o Uruguai da influência dos governos de Buenos Aires e do Brasil, se aproximou de Solano López e de Urquiza, que ainda governava a província de Entre Rios, oferecendo aos dois vantagens comerciais no porto de Montevidéu. A reação de Mitre foi apoiar o caudilho colorado Venâncio Flores na guerra contra o governo dos blancos. Berro, confiando no poder militar de Solano López solicita a sua mediação no conflito. Mitre que já havia acertado com o governo brasileiro um compromisso mútuo de não anexação do Uruguai, exige mediação de D. Pedro II, humilhando o governo Paraguaio. O fim do mandato de Berro levou ao poder Atanásio de la Cruz Aguirre, presidente do senado, e mais radical do que o anterior. Este implementou uma política de ataque aos interesses dos brasileiros que viviam no Uruguai. A repercussão na imprensa e na opinião pública brasileiras foi grande, pois a honra nacional ainda estava maculada com a querela política com os ingleses. Pressionado, também, pelos políticos gaúchos, o governo resolve intervir juntando forças com Mitre em torno de Venâncio Flores para forçar Aguirre a um acordo. O governo inglês observava a movimentação, pois tinha
interesse na manutenção da independência do Uruguai. Após aceitar um acordo, Aguirre recua, rompendo definitivamente com Brasil e Argentina. Contudo, a Inglaterra se convence que a aliança Brasil-Argentina não
pretendia anexar o Uruguai e não interfere no conflito. Aguirre, no entanto convence Solano López do contrário, e de que após o Uruguai, o Paraguai seria o próximo. Este, então, promove um ato público em Assunção para afirmar que não aceitaria a invasão do Uruguai. Em outubro de 1864 o Brasil invadiu o Uruguai iniciando uma cadeia de eventos que culminaria com a ascensão de Venâncio Flores ao poder em fevereiro de 1865. a vitória porém não foi no campo de batalha, foi diplomática, negociada por José Maria
Paranhos. Este fato desagradou aos militares (o Almirante Tamandaré pediu demissão) e a opinião pública. Paranhos foi demitido pelo governo, com aval do imperador, e os ânimos continuavam acirrados. No Paraguai, Solano López tomou a invasão do vizinho como uma declaração de guerra. Como os anos de isolamento não legaram um corpo diplomático bem treinado, todas as decisões eram tomadas apenas a partir do entendimento do presidente, e ele estava convencido de que Brasil e Argentina estavam mancomunados para anexar o Paraguai. Em 11 de novembro de 1864, apreende o navio brasileiro Marques de Olinda, que levava o novo presidente da província de Mato Grosso. Logo depois invadiria o Brasil, e no início do ano seguinte a Argentina. Nenhum dos dois países acreditava realmente que Solano López seria capaz de tal ato, o que facilitou as vitórias iniciais dos paraguaios.

Comentários

  1. Aqui é o Léo professor !
    Deixarei o link do documentário logo abaixo !

    http://www.megaupload.com/?d=6A13Z2K6

    Tah ai ! Abração !

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