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Questões Discursivas - História Contemporânea - Índia


Recentemente, a Índia tornou-se o país com a maior população do mundo. No entanto, o país não se destaca apenas pela sua população, mas por um consistente crescimento econômico nos últimos anos. Acerca desse tema, responda analiticamente às seguintes questões a Seguir, considerando aspectos políticos e econômicos, bem como a participação do Brasil na inserção desse País no cenário mundial.

 

1-               Analise brevemente as características gerais indianas, localizando sua posição econômica relativa no mundo, assim como acerca de sua maturidade democrática e estabilidade regional.

 

 

 

 

Gabarito comentado da questão 1.

A Índia superou vários obstáculos em sua jornada para se tornar uma potência emergente no cenário global, incluindo conflitos religiosos que resultaram na criação de Paquistão e Bangladesh. Após 90 anos de domínio britânico, o país alcançou a independência em 1947, ao fim da Segunda Guerra Mundial. Hoje, a Índia é uma república democrática parlamentar, possui um dos maiores territórios e populações do mundo, e é a quinta maior economia global em 2022.

Embora a Índia tenha uma forte característica rural, com mais de 60% de sua população vivendo no campo, a abertura política e econômica nos anos 90 impulsionou o rápido crescimento da economia, criando uma grande classe média urbana e aumentando a influência geoestratégica do país. Isso permitiu que a Índia se tornasse uma potência emergente tanto em nível global quanto regional na superfície euroasiática.

As relações diplomáticas entre Brasil e Índia começaram em 1947, quando o Brasil reconheceu a independência indiana. Embora o intercâmbio bilateral só tenha se tornado significativo a partir dos anos 1990, as parcerias em fóruns multilaterais têm reforçado a cooperação e a amizade entre os dois países desde a década de 1960.

 

2-No que tange aos aspectos políticos, analise o papel da Índia no Cenário Bipolar que se seguiu à Primeira Guerra Mundial, assim como os vínculos com a economia brasileira.

 

 

 

 

Gabarito comentado da questão 2

 

A democracia indiana, que já tem mais de setenta anos, está se expandindo e aprofundando no século XXI, proporcionando cada vez mais direitos e garantias a grupos sociais que estavam à margem da sociedade de castas, como o caso das novas leis de proteção às mulheres. Essa resiliência democrática permitiu que o Brasil apoiasse diversas iniciativas da Índia no campo internacional, incluindo a criação do Movimento dos Países Não-Alinhados em 1961.

No entanto, a Índia enfrenta alguns problemas em seu entorno, como os movimentos separatistas na Caxemira e em Jammu, que causam instabilidade política no país. Para manter uma relativa autonomia em um mundo bipolar, a Índia adotou o não-alinhamento, e isso propiciou a formulação de alguns acordos bilaterais entre o Brasil e a Índia, embora muitos deles não tenham sido concretizados.

A ascensão de uma classe política progressista nos anos 1980 iniciou a abertura do mercado indiano ao investimento e ao comércio externo, fortalecendo a economia e proporcionando estabilidade política. Isso levou a Índia a figurar entre os grandes países em desenvolvimento no final dos anos 90 e se juntar ao Brasil, Rússia e China para converter seu crescimento econômico em poder geopolítico mundial para seus países.

A Índia deseja ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e, nesse sentido, formou com o Brasil, a Alemanha e o Japão o G4, grupo que visa à inclusão dos quatro países, mais um país africano, na categoria de “permanentes do CS”. No entanto, as diferenças políticas entre a Índia e a China dificultam o andamento desse pleito.

Além disso, a população, território, PIB e gastos militares da Índia são três vezes superior ao do conjunto de seus vizinhos, tornando o país uma potência regional natural. Nesse papel, a Índia busca uma nova arquitetura de segurança e cooperação no seu entorno estratégico, buscando aproximação com seus vizinhos, como Bangladesh, Butão e Nepal, apesar da oposição do Paquistão. A nuclearização militar da Índia elevou sua importância geopolítica, o que levou ao Acordo Nuclear com os Estados Unidos em 2005 e à cooperação nuclear com fins pacíficos. No entanto, essa condição também apresenta desafios, como a necessidade de construir relações de dissuasão com o Paquistão e a China e a inserção do país na arquitetura nuclear global.

 

3-Analise as estratégias indianas que favoreceram seu desenvolvimento econômico, assim como sua participação nos fóruns multilaterais.

 

 

 

 

 

Gabarito comentado da questão 3

 

A estratégia econômica adotada pela Índia independente foi caracterizada pela alta intervenção estatal, investimentos na indústria pesada, forte protecionismo e substituição das importações. Embora tenha havido uma evolução constante da economia, ela permaneceu abaixo dos países asiáticos. Na década de 1960, a Índia e o Brasil articularam a criação da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) para defender os interesses econômicos dos países do “Terceiro Mundo”. O governo indiano criou impostos, nacionalizou empresas e aumentou a participação pública no mercado em setores estratégicos, como armamentos, energia atômica e siderurgia. Esse sistema, apesar de ter estabilizado a economia, não se mostrou vantajoso a longo prazo, acarretando um baixo crescimento médio, chamado de Crescimento Hindu.

 

A partir da década de 1980, a economia indiana passou por uma desregulamentação gradual. Houve um aumento do comércio externo, o estímulo à iniciativa privada, o fim do controle de preços, a redução de impostos, entre outras mudanças. Essas mudanças construíram a base para a implementação de transformações mais profundas na década seguinte. Em 1991, a queda da União Soviética e os efeitos da Guerra do Golfo levaram a Índia a entrar em uma crise econômica que a obrigou a recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e a implementar reformas liberalizantes. O Estado manteve uma forte participação na economia, regulando, mantendo controle acionário ou preservando setores estatais. O setor de conhecimento e tecnologia tornou-se um dos mais dinâmicos da economia indiana, representando aproximadamente 8% do PIB e gerando receitas de centenas de bilhões de dólares.

 

Atualmente, a Índia cresce a uma taxa média de 7,5% ao ano desde os anos 2000 e caminha para ser a segunda maior economia do mundo por volta do ano 2050. Esse crescimento é sustentado por uma alta taxa de poupança interna, juros baixos e investimentos acima dos 30% do PIB. Em 2011, a Índia e o Brasil uniram-se aos BRICS com o objetivo de fortalecer as economias dos países-membros e estabelecer uma cooperação nas áreas técnica, científica, cultural e acadêmica.

As reformas econômicas implementadas na Índia durante a década de 1990 permitiram um salto significativo na economia do país, especialmente no setor industrial, com taxas de crescimento acima de 7% ao ano. Além disso, o país se tornou um líder em tecnologia e conhecimento, representando cerca de 8% do PIB e gerando receitas de centenas de bilhões de dólares.

 

No entanto, apesar desses avanços, ainda há desafios a serem superados. A maioria da população ativa possui baixos níveis de escolaridade, o que compromete a expansão da economia. É necessário investir em educação e capacitação para garantir que a mão de obra do país possa acompanhar o ritmo acelerado do desenvolvimento.

 

Para enfrentar esses desafios, a Índia se juntou ao Brasil em 2011, juntamente com outros países emergentes, para formar o BRICS. O objetivo do grupo é fortalecer as economias dos países-membros e estabelecer cooperação nas áreas técnica, científica, cultural e acadêmica. Com uma taxa de crescimento média de 7,5% ao ano desde os anos 2000, a Índia, nesse ritmo, caminha para se tornar a segunda maior economia do mundo por volta de 2050, sustentada por uma alta taxa de poupança interna, juros baixos e investimentos significativos.


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