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Questão discursiva - Colonização Ibérica na América do Sul



1- Considerando  organização política e administrativa, relação comercial, mão de obra empregada, atividades econômicas e sociedade colonial, analise comparativamente os sistemas colonial português e espanhol na América do Sul, observando a relação das colônias com as metrópoles e a dinâmica da configuração do mapa político do no século XIX.

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Os sistemas coloniais estabelecidos por Portugal e Espanha na América do Sul foram motivados pelo pioneirismo mercantil dos dois países na Idade Moderna. Eles tiveram uma grande influência na formação dos países do subcontinente. Esses sistemas coloniais surgiram da expansão ultramarina e da política mercantilista característica do Antigo Regime europeu. Eles foram implantados a partir do século XV e duraram até meados do século XIX, quando as regiões colonizadas conquistaram sua independência e formaram suas próprias nações. A colonização do Brasil pelos portugueses foi motivada pela busca por lucros comerciais e pelo pioneirismo na expansão ultramarina durante a Idade Moderna. Inicialmente, a extração do pau-brasil era a atividade lucrativa encontrada na região. Porém, devido à presença de franceses no litoral brasileiro, Portugal decidiu estabelecer capitanias hereditárias em 1530, dividindo o país em faixas de terra entregues a donatários privados. No entanto, esse sistema não teve sucesso e, em 1548, Portugal implementou o Governo-Geral, centralizando a administração política e econômica da colônia. Com o desenvolvimento das atividades econômicas locais, a metrópole estabeleceu um controle cada vez mais forte sobre o Brasil. A relação comercial entre Brasil e Portugal era regulamentada pelo pacto colonial, conhecido como "exclusivo metropolitano", que obrigava a colônia a comerciar exclusivamente com a metrópole. Essa política mercantilista resultou em uma dupla exploração, em que a burguesia metropolitana comprava os produtos brasileiros a preços baixos e vendia seus produtos manufaturados a preços elevados, restringindo a liberdade comercial dos produtores locais. 

Quanto à mão de obra, os indígenas brasileiros foram inicialmente empregados na exploração do pau-brasil, porém, a tentativa de escravizá-los foi abandonada e substituída pelo tráfico e escravização de africanos. Durante a primeira metade do século XIX, mais de 1,5 milhão de escravos foram trazidos da África para trabalhar nas diversas atividades econômicas impostas pela metrópole portuguesa, que controlava o tráfico negreiro de forma absoluta. Enquanto isso, a economia brasileira passou por transformações. Inicialmente centrada no pau-brasil, evoluiu para o cultivo de cana-de-açúcar, tabaco e pecuária. Somente no século XVII, com as descobertas de minas de ouro e diamantes em Minas Gerais, ocorreu um novo ciclo econômico que perdurou até o início do século XIX, quando as minas começaram a se esgotar e a atividade mineradora entrou em declínio. Assim, a colonização do Brasil por Portugal foi marcada pela busca de lucros comerciais, controle político e econômico, exploração de mão de obra escrava e a transformação das atividades econômicas ao longo dos séculos. O controle exercido pela metrópole sobre as atividades econômicas do Brasil foi se intensificando ao longo do tempo, atingindo o seu ponto máximo no fim do ciclo da mineração. Isso gerou grandes conflitos internos e despertou um sentimento de luta pela liberdade e pelo fim do domínio colonial. A sociedade colonial brasileira era composta por uma elite branca de origem portuguesa, escravos africanos que desempenhavam o papel principal na força de trabalho da época, e indígenas. Além disso, havia representantes da administração colonial e da Igreja Católica. 

Ao longo do tempo, surgiu a figura dos "brasileiros", ou seja, pessoas nascidas no território colonial. A interação social e cultural entre esses diferentes grupos resultou na formação de uma sociedade miscigenada e coesa, apesar das diferenças. Essa miscigenação, incentivada pelos portugueses, gerou uma centralização e união que se refletiram posteriormente no processo de independência do país. Em relação ao sistema colonial espanhol, a organização política, administrativa e territorial das colônias ocorreu por meio da divisão em vice-reinos e capitanias gerais. Cada região possuía sua própria estrutura de governo descentralizada, devido à vasta extensão territorial e às dificuldades geográficas da época. Assim como Portugal, a Espanha também praticava o "exclusivo comercial", obrigando os colonos a realizar transações comerciais apenas com a metrópole. Esse pacto colonial demonstrava o controle exercido pela Espanha sobre suas colônias e resultava na exploração econômica em benefício da metrópole. No que diz respeito à mão de obra, o sistema colonial espanhol também utilizava a escravidão, mas de maneira diferente da colônia portuguesa no Brasil. Os escravos africanos eram minoria na América espanhola, concentrando-se principalmente nas regiões centrais, enquanto a população indígena representava a maior parte da força de trabalho empregada nas colônias espanholas. Para contornar as proibições impostas pela Igreja Católica em relação à escravização dos indígenas, os espanhóis adotavam práticas como a "mita" e a "encomenda". A "mita" consistia em um trabalho compulsório em que parcelas da população indígena eram utilizadas para prestar serviços por um determinado período. Já a "encomenda" funcionava como uma troca, na qual os índios recebiam catequese e alimentos em troca do seu trabalho. Dessa forma, o controle colonial exercido por Portugal sobre o Brasil e pela Espanha sobre suas colônias na América foram marcados por particularidades em termos de organização política, relação comercial e uso da mão de obra, refletindo-se nas dinâmicas sociais e econômicas das respectivas regiões. A atividade econômica nas colônias espanholas na América foi dominada pela mineração desde o início, ao contrário dos portugueses que só começaram a extrair metais preciosos no século XVII. A mineração de prata e ouro impulsionou o crescimento de outras atividades nas colônias, como a agricultura e a pecuária, que forneciam suprimentos para os trabalhadores das minas. Após o declínio da mineração, a agricultura e a pecuária se tornaram as bases econômicas de toda a América Espanhola.

 

Ao contrário da colônia portuguesa, a sociedade colonial na América Espanhola, a origem dos habitantes era mais relevante do que o grau de miscigenação. Os "chapetones" eram espanhóis que ocupavam cargos importantes, como vice-reis, governadores e bispos. Os "criollos" eram filhos de espanhóis nascidos na América e ocupavam posições como advogados, comerciantes, proprietários de minas e fazendeiros. Os escravos incluíam índios e africanos negros. Essa divisão social contribuiu para a regionalização e influenciou a separação dos países durante o processo de independência. Em resumo, o sistema colonial da América Espanhola foi caracterizado pela descentralização política e administrativa, ao contrário da colonização portuguesa no Brasil. Além disso, a sociedade era dividida em classes e regionalizada, devido à vasta extensão territorial e às barreiras naturais impostas pela geografia. Esses aspectos influenciaram a formação política e territorial dos países durante suas independências no século XIX. É importante destacar que os sistemas coloniais de Portugal e Espanha tiveram um impacto significativo na formação política, econômica e social do subcontinente sul-americano no período pós-colonial. Enquanto o colonialismo português promoveu uma organização política e administrativa centralizada, incentivando a miscigenação racial e social na colônia, o sistema espanhol dividiu suas colônias em estruturas administrativas distintas e separou a sociedade colonial com base em raça e cor da pele. Além disso, a vasta extensão territorial da América espanhola e as barreiras naturais dificultaram as conexões entre os povos e contribuíram para a regionalização das sociedades locais.

 

Essas divisões físicas e culturais favoreceram a dissolução dos vice-reinados e capitanias gerais espanholas, resultando na formação de numerosos países independentes, como Uruguai, Paraguai, Bolívia, Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Panamá, Cuba, República Dominicana, Honduras, Costa Rica, Nicarágua, Guatemala e México. Por outro lado, o Brasil permaneceu unido politicamente após sua independência, sem a fragmentação do território, devido à forte centralização e domínio da metrópole portuguesa sobre as colônias. As relações entre as metrópoles e suas colônias americanas foram caracterizadas desde o início pela imposição política e exploração econômica.

Desde o início, as relações entre as metrópoles e suas colônias americanas foram caracterizadas pela imposição política e pela exploração econômica por meio do pacto colonial. Essa dinâmica gerou conflitos internos e oposição ao regime colonial. As contestações ao sistema colonial surgiram como resultado da dupla dominação: a metrópole exercendo controle sobre a colônia e os senhores mantendo domínio sobre os trabalho compulsório. É válido ressaltar que o pioneirismo de Portugal e Espanha na expansão ultramarina resultou na criação dos primeiros impérios coloniais da Idade Moderna, abrindo um novo horizonte geográfico e econômico para o resto do mundo: a América.

Essas considerações apontam para a complexidade das relações coloniais, com suas dinâmicas de poder, exploração e resistência. A colonização das Américas marcou um momento crucial na história mundial, moldando não apenas as colônias, mas também as próprias metrópoles, e estabelecendo as bases para o surgimento de nações independentes no continente americano.

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