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Geopolítica e História Contemporânea - Oriente Médio - Questão discursiva Comentada

 

                                      



Analise as origens modernas das principais disputas no Oriente Médio, considerando as expressões política e econômica, destacando ainda as ameaças à integridade das riquezas naturais disponíveis na região, assim como  aspectos relevantes de sua posição estratégica no espaço geográfico mundial. Máximo (120 linhas)

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O que você deveria saber para construir o texto e planejar os parágrafos argumentativos:

O Fascinante Oriente Médio: Riquezas, Conflitos e Geopolítica

 

O Oriente Médio é uma região intrigante e complexa, que atua como uma ponte entre a Eurásia e a África. No passado, essa área favoreceu o comércio europeu, proporcionando o tráfego das caravanas vindas do Oriente. Antes da Primeira Guerra Mundial, a região voltou a despertar o interesse das grandes potências, por ser a maior região petrolífera do mundo, tornando-se objeto de disputas e conflitos internacionais.

Geografia e Recursos Naturais

A região é formada por um conjunto de países localizados na Ásia Ocidental, estabelecendo uma ponte entre os continentes africano, europeu e asiático. É limitada pelos mares Mediterrâneo, Negro, Cáspio, Arábico e o Vermelho. Com clima predominantemente desértico e com poucos rios perenes, o Oriente Médio é permeado por grandes extensões áridas, pródigas em jazidas petrolíferas e escassas em recursos hídricos. Estas riquezas naturais garantem a subsistência das nações da região, que as exploram à exaustão, sem preocupações com a manutenção de reservas ou com seu uso sustentável.

Desafios Socioeconômicos e Políticos

Essa fisiografia quase anecúmena é asseverada por contrastes socioeconômicos extremos e por uma economia dependente quase exclusivamente do petróleo. Tais características geram constantes disputas regionais, que são agravadas também por problemas nas uniões tribais e étnicas, na fragilidade das estruturas de governo e, sobretudo, na centralização islâmica da vida política, gerando conflitos de toda ordem que tornam o Oriente Médio a região do planeta mais afetada por conturbações decorrentes de disputas geopolíticas e geoeconômicas.

 

Causas das Principais Disputas no Oriente Médio

Neste contexto, serão analisadas as causas das principais disputas no Oriente Médio, considerando as expressões política e econômica, destacando as ameaças à integridade das riquezas naturais disponíveis na região e concluindo sobre os aspectos relevantes de sua posição geoestratégica.

Limites Territoriais e Colonialismo Os limites territoriais decorrentes da colonização europeia até hoje causam disputas no Oriente Médio. O Acordo Sykes-Picot e os tratados decorrentes das Conferências de San Remo formalizaram a divisão da região entre França e Inglaterra na década de 1920. Estabeleceram, na ocasião, fronteiras sem considerar, com precisão, as divisões tribais, religiosas, étnicas ou sectárias, o que resultou na criação de Estados artificiais, ignorando os limites das nações existentes no período pós-Império Otomano. Consideraram também a distribuição de recursos petrolíferos entre franceses e britânicos. As divisões arbitrárias do colonialismo franco-britânico resultaram nas atuais contestações fronteiriças que acirram as disputas locais por terras e jazidas de "ouro negro".

A Disputa Árabe-Israelense Outra disputa política travada no Oriente Médio se dá pela contestação árabe ao Estado de Israel. Por volta do fim do século XIX, intensificou-se o fluxo migratório judeu, que ficou conhecido como movimento sionista, o qual tinha a finalidade de promover o retorno judaico à Terra Prometida, até então ocupada por palestinos. Tal migração ocasionou o início de conflitos locais, pela aversão do mundo árabe ao regresso judeu. Em 1948, após a criação do Estado de Israel pelas Nações Unidas (ONU), a oposição árabe à presença israelense culminou com a Guerra de Independência Israelense (em 1948) e com a Guerra dos Seis Dias (em 1967), ambas entre judeus e árabes. Tais eventos não arrefeceram a indisposição árabe em relação ao Estado de Israel, mas a recrudesceram, em razão do alinhamento judeu aos Estados Unidos da América (EUA).

 

 

 

A Questão Palestina

Ademais, outro fator que agravou a aversão árabe ao Estado judeu consiste na questão palestina. A disputa territorial existente entre árabes palestinos e israelenses sempre esteve no centro de debates geopolíticos. Os atuais palestinos são descendentes dos povos que passaram a habitar a região da Judeia após a diáspora do ano 70 dC, provocada pelo Império Romano em represália à revolta judaica ocorrida naquele período. Em razão da longa ocupação, os palestinos querem o reconhecimento formal de seu Estado e Jerusalém como sua capital, por parte de Israel. As áreas descontínuas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, dentro do território israelense, constituem-se no epicentro deste conflito e são requeridas pelos palestinos como território do seu reivindicado Estado.

 

Além dos conflitos territoriais, as questões de cunho religioso estão irremediavelmente inseridas na arena política e são o fulcro da maioria das disputas do Médio Oriente. O problema entre judeus e muçulmanos também reside na disputa pelo Monte Moriá, onde havia sido erigido o Templo de Herodes (destruído no ano 70 dC) e atualmente se localizam as mesquitas de Al Aqsa e de Omar. O local é sagrado tanto para judeus quanto para islâmicos e, atualmente, é administrado pela Jordânia. Entretanto, trata-se de uma questão mais grave que um mero enclave, pois remete a questões históricas, religiosas e políticas, uma vez que os judeus pretendem reconstruir o templo destruído no mesmo local das mesquitas e mudar sua capital para Jerusalém, o que é refutado por toda comunidade muçulmana mundial.

Outrossim, no âmbito do Islã, dá-se outra disputa religiosa de vulto, entre os segmentos xiita e sunita, que não se distinguem apenas pela interpretação do Alcorão e pela discordância sobre o direito sucessório do profeta Mohamed. Na verdade, as denominações são rivais em uma série de disputas por território e poder no Oriente Médio, além de se oporem em relação aos polos hegemônicos desde a Guerra Fria. O Irã representa os interesses xiitas, que são a minoria no mundo muçulmano, já a Arábia Saudita é a voz dos sunitas. Enquanto estes alinham-se com os EUA, o Irã dos aiatolás faz franca oposição aos norteamericanos ao mesmo tempo em que apoia seus adversários: Rússia, China e Coreia do Norte.

De forma análoga, o conflito se replica em vários países do Oriente Médio, em disputas que transcendem a religião e invadem a política e outras expressões do poder. O radicalismo de parte dos islâmicos, assim como o radicalismo de parte dos judeus, fomenta, consubstancia a fusão da religião com a política e incentiva a prática, entre árabes radicais, da Jihad (Guerra Santa) conta os "infiéis", representados pelos ocidentais e aqueles que não professam o Islamismo. Geralmente, utiliza-se da prática do terrorismo como alternativa tática de guerra irregular no contexto de um conflito assimétrico, diga-se de passagem, que, a maioria das vítimas desse barulhento mais pequeno grupo de radicais está entre os próprios islâmicos que sofrem com os atos dessa minoria que acaba agredindo a maioria moderada. A Jihad, na verdade, mascara reivindicações de matiz política e disputas étnicas de caráter mais profundo. A principal reivindicação reside na expulsão dos infiéis dos seus territórios. Os maiores alvos dos ataques dos terroristas jihadistas são os norte-americanos, os judeus e os europeus, dentro ou não de seus respectivos territórios. Americanos e europeus permanecem no imaginário muçulmano como cruzados, o que expressa o ressentimento histórico que ainda povoa as mentes e os corações dessa ala dos povos árabes.

A Economia do Petróleo e seus Conflitos

A maior riqueza da economia do Oriente Médio também é a principal causa econômica de seus conflitos: o petróleo. A Arábia Saudita é o mais influente membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), cartel que reúne os maiores exportadores de petróleo do mundo, e vem insistindo em manter a produção elevada para desvalorizar o preço do barril. Os sauditas sabem que essa prática prejudica o Irã, por ter uma economia mais vulnerável e dependente do hidrocarboneto. Como a Arábia Saudita possui elevadas reservas internacionais, ela é capaz de lidar com a cotação baixa sem comprometer drasticamente sua economia. Destaca-se que o petróleo é um recurso natural esgotável e suas reservas mundiais tendem a durar por apenas mais 50 anos de exploração. Por conseguinte, mostra-se periclitante o uso futuro do recurso em pauta, sobretudo de seus derivados não-combustíveis, como óleos lubrificantes e polímeros.

 

A Intrincada Teia de Conflitos no Oriente Médio: Petróleo e Água

A dependência petrolífera no Oriente Médio moldou as economias dos países da região, conhec como Estados rentistas. Nestes países, a maior parte da renda provém da produção e exportação de petróleo. O governo exerce domínio político através do controle deste recurso, legitimando-se ao gastar tais recursos com a população. Como resultado, a economia e o regime de preços do petróleo estão intrinsecamente ligados.

O Estado rentista tornou-se uma característica essencial da estrutura dos regimes árabes contemporâneos. A busca pelo domínio da exploração petrolífera nos Estados rentistas gera competições internas entre governos e grupos rebeldes, originando conflitos de toda ordem.

Além do controle das regiões de exploração, o domínio das rotas marítimas dos navios petroleiros pelos exportadores e importadores é uma questão de poder e causa de conflitos. Neste contexto, destacam-se os pontos de estrangulamento marítimo ou “chokepoints”. Os estreitos de Ormuz, de Bab el-Mandeb e o Canal de Suez são extremamente significativos para a segurança energética internacional, uma vez que asseguram o escoamento da produção petrolífera para os consumidores e seus bloqueios interferem nos valores praticados sobre o barril de petróleo.

Chokepoints Estratégicos

Apesar de não ser um estreito, Suez é um canal aquaviário de grande importância para o fluxo comercial marítimo entre o Oriente e o Ocidente e configura um “chokepoint” importante na ligação entre o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. De igual maneira, o Estreito de Ormuz configura uma via marítima de valor estratégico no contexto geopolítico do Oriente Médio e global. Constitui-se em estreita faixa de navegação no Mar da Arábia entre o Irã e o Omã. A região liga os golfos Pérsico ao de Omã. Na costa oeste Península Arábica, o Estreito de Bab el-Mandeb permite a continuidade da passagem assegurada pelo Canal de Suez com o Oceano Índico.

Impactos AmbientaisVale destacar que a exploração e o transporte de petróleo no Golfo Pérsico podem interferir contundentemente na biodiversidade marinha, principalmente na vigência de acidentes com vazamentos de efluentes, comprometendo a pesca e outras atividades econômicas ligadas à biodiversidade oceânica.

Conflitos Armados e Terrorismo

A prática do terrorismo no contexto da Guerra Santa, a partir do final do século passado, provocou, como contrapartidas ocidentais, uma série de conflitos armados no Oriente Médio que objetivaram o controle do petróleo e de áreas estratégicas para sua exploração, sob os pretextos da derrubada de regimes ditatoriais, da implantação de democracias e do combate ao terrorismo. Foi o que aconteceu nas Guerras do Golfo e na Guerra do Afeganistão. O desenlace desses conflitos gerou o domínio de países ocidentais (principalmente os EUA) sobre grandes regiões de exploração petrolífera, permitindo uma maior interferência nos preços dos barris de petróleo e derivados e gerando conflitos internos contra a ocupação estrangeira.

A Questão da Água

Não somente o petróleo é causa de conflitos no Oriente Médio. O baixo índice pluviométrico dos climas desértico e semidesértico, aliado à presença de poucos rios permanentes, tornam a água um recurso valiosíssimo e disputas são comuns entre os países da região. Tais condições interferem diretamente na economia, fazendo com que a baixa produção de alimentos seja complementada com massivas importações dessas commodities. A produção de hidroeletricidade também é cabalmente afetada, combinado a provisão hídrica para consumo humano.

Um exemplo de questão hidroconflitiva é percebido na insistência de Israel pelo domínio da Cisjordânia, que se explica pelas importantes reservas de água subterrânea disponíveis naquela região. O represamento de rios a montante por países lindeiros rivais representa, não raro, deliberados prejuízos econômicos e sociais no território fronteiriço por onde o rio prossegue. É o que ocorre entre a Turquia, Iraque e a Síria, no respeitante aos rios Tigre e Eufrates e também entre Síria e Jordânia, apeito do uso das águas do Jordão.

Vale destacar que o represamento intencional a montante, geralmente visando à geração de hidroeletricidade, causa, além dos efe mencionados, o empobrecimento dos solos a jusante, uma vez que não ocorre a reposição de matéria orgânica e minerais pela diminuição da vazão fluvial, afetando além dos solos férteis, a vegetação e a formação de lençóis freáticos.

 

Imagine-se em um vasto deserto, onde a água é tão escassa quanto oásis em meio às dunas. Nesteário, as terras férteis no Oriente Médio são como preciosos tesouros, fundamentais para a sobrevivência e o cultivo de alimentos nas áreas predominantemente áridas. A segurança alimentar da região está intrinsecamente ligada ao domínio dessas raras "ilhas" de terras agricultáveis, que se estendem além das margens dos grandes rios locais. Surpreendentemente, apenas um quinto das necessidades alimentares do Oriente Médio é atendido por essas áreas, levando a uma impressionante importação de 80% dos alimentos consumidos.

As disputas pelas escassas regiões agrárias disponíveis são intensas, principalmente no âmbito tribal, e por vezes ultrapassam as fronteiras dos Estados. Vale ressaltar que as práticas tribais antiquadas da agricultura tradicional da região, por vezes, exaurem as parcas áreas rurais. Além disso, a falta de tecnologia aplicada ao setor e o avanço do processo de desertificação têm reduzido ainda mais a disponibilidade de solos agricultáveis no Oriente Médio.

Ao final desta jornada pelo deserto, podemos inferir que o Oriente Médio permanece como uma região intrigante e preocupante pelo prisma geopolítico. Não podemos subestimar sua importância no processo de busca pela estabilidade e paz mundial, bem como nas questões que envolvem a segurança energética da comunidade internacional. E assim, deixamos o leitor com um gostinho de "quero mais", convidando-o a explorar ainda mais os mistérios e desafios dessa fascinante região.


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