Curso gratuito On-line de História do Brasil para provas discursivas. Professor Arão Alves:
http://araoalves.blogspot.com.br/2013/10/curso-de-historia-do-brasil-para-provas.html
1. (Pucsp 2012) JOGOS OLÍMPICOS
Ao longo do século XX, grandes eventos
esportivos revestiram-se, muitas vezes, de significado político. Nas décadas de
1970 e 1980, três edições dos Jogos Olímpicos foram alvo de boicotes por parte
de alguns países. Interesses econômicos e esportes também se misturaram. As
disputas entre países e cidades para sediar eventos esportivos internacionais
são muito acirradas e plenas de estratégias diversas. Despertam tanta atenção
do público quanto as próprias competições esportivas.
Para analisar essas relações, leia os
textos, observe o mapa e consulte as tabelas.
“A Guerra Fria chegou aos Jogos Olímpicos em
1980. Os Estados Unidos lideraram um boicote massivo aos jogos de Moscou, em
protesto contra a invasão do Afeganistão pela União Soviética, em 1979. Os
Jogos Olímpicos sempre procuraram se desvincular das injunções políticas,
porém, em 1980, o evento se converteu num peão da Guerra Fria, no confronto de
gato e rato entre as duas superpotências: os Estados Unidos e a União
Soviética”.
(DEUTSCHE Welle. Moscow 1980: Cold War, Cold
Shoulder. DW-World.DE,
31-07-2008. In: http://www.dw.de/dw/article/0,2144,3524906,00.html, acesso em
15 de maio de 2012, tradução nossa)
“Propor a candidatura de Paris* aos Jogos de
2012 representou, acima de tudo, propor um enredo. Diferentes fatos e
realidades foram combinados numa só história, marcada por grandes eventos –
como o do renascimento do olimpismo em Paris, graças a Pierre de Coubertin –,
grandes homens (o próprio Coubertin), grandes lugares do passado, presente e
futuro. Ao narrar o encontro da grande cidade com o espírito olímpico, esse
enredo não significava um mero truque para a ação, mas constituía seu centro,
pois embasava o discurso que justificava o que estava sendo feito.”
Michel
LUSSAULT. L'Homme Spacial. Paris: Éditions du Seuil, 2007. p. 234-235, tradução
nossa)
(*) Paris perdeu a indicação para Londres,
onde se realizarão os Jogos Olímpicos de 2012.
Quadro de medalhas –
Jogos Olímpicos de Montreal (1976)
|
||||
País
|
Ouro
|
Prata
|
Bronze
|
Total
|
União Soviética
|
49
|
41
|
35
|
125
|
Alemanha Oriental
|
40
|
25
|
25
|
90
|
Estados Unidos
|
34
|
35
|
25
|
94
|
Alemanha Ocidental
|
10
|
12
|
17
|
39
|
Japão
|
9
|
6
|
10
|
25
|
Polônia
|
7
|
6
|
13
|
26
|
Bulgária
|
6
|
9
|
7
|
22
|
Cuba
|
6
|
4
|
3
|
13
|
Romênia
|
4
|
9
|
14
|
27
|
Hungria
|
4
|
5
|
13
|
22
|
Quadro de medalhas –
Jogos Olímpicos de Moscou (1980)
|
||||
País
|
Ouro
|
Prata
|
Bronze
|
Total
|
União Soviética
|
80
|
69
|
46
|
195
|
Alemanha Oriental
|
47
|
37
|
42
|
126
|
Bulgária
|
8
|
16
|
17
|
41
|
Cuba
|
8
|
7
|
5
|
20
|
Itália
|
8
|
3
|
4
|
15
|
Hungria
|
7
|
10
|
15
|
32
|
Romênia
|
6
|
6
|
13
|
25
|
Grã-Bretanha
|
5
|
7
|
9
|
21
|
Polônia
|
3
|
14
|
15
|
32
|
Suécia
|
3
|
3
|
6
|
12
|
Quadro de medalhas –
Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984)
|
||||
País
|
Ouro
|
Prata
|
Bronze
|
Total
|
Estados Unidos
|
83
|
61
|
30
|
174
|
Romênia
|
20
|
16
|
17
|
53
|
Alemanha Ocidental
|
17
|
19
|
23
|
59
|
China
|
15
|
8
|
9
|
32
|
Itália
|
14
|
6
|
12
|
32
|
Canadá
|
10
|
18
|
16
|
44
|
Japão
|
10
|
8
|
14
|
32
|
Nova Zelândia
|
8
|
1
|
2
|
11
|
Iugoslávia
|
7
|
4
|
7
|
18
|
Coreia do Sul
|
6
|
6
|
7
|
19
|
Quadro de medalhas –
Jogos Olímpicos de Pequim (2008)
|
||||
País
|
Ouro
|
Prata
|
Bronze
|
Total
|
China
|
51
|
21
|
27
|
99
|
Estados Unidos
|
36
|
38
|
37
|
111
|
Rússia
|
23
|
21
|
27
|
71
|
Grã-Bretanha
|
19
|
13
|
15
|
47
|
Alemanha
|
16
|
10
|
15
|
41
|
Austrália
|
14
|
15
|
17
|
46
|
Coreia do Sul
|
13
|
10
|
8
|
31
|
Japão
|
9
|
6
|
10
|
25
|
Itália
|
8
|
10
|
10
|
28
|
França
|
7
|
16
|
17
|
40
|
Redija um texto
sobre o tema, explorando os dados oferecidos na prova e considerando:
a) Os boicotes de
1976, 1980 e 1984 como formas de manifestação política e sua relação com o
contexto geral da Guerra Fria;
b) As variações de
desempenho dos países antes e depois do fim da Guerra Fria;
c) A importância
dos grandes eventos esportivos como expressão de poderio econômico e de força
na política internacional dos países.
d) O interesse dos
países (e de cidades) em sediar os grandes eventos esportivos.
Resposta:
Exemplo de resolução, considerando a linguagem e o conteúdo esperado de
alunos do Ensino Médio:
Os Jogos Olímpicos vão
muito além da confraternização e da prática de modalidades esportivas.
Apresentam um significado simbólico, geopolítico e econômico ao longo da
história. Vários Estados Nacionais utilizam os Jogos para afirmar o
nacionalismo e seu poder nas esferas política e financeira.
No período da Guerra Fria
(1945-1991), União Soviética (potência socialista) e Estados Unidos (potência
capitalista) e seus principais aliados mediam forças também nas Olimpíadas. São
exemplos, os investimentos dos países do socialismo real, resultaram na
liderança da União Soviética no quadro de medalhas em 1976. Além dos
soviéticos, destacam-se países como Cuba e Alemanha Oriental em várias edições
dos jogos. Os bons resultados procuravam ser associados aos “avanços sociais”
proporcionados pelo sistema socialista. Em contraposição, no mundo capitalista,
destacam-se os Estados Unidos e a Alemanha Ocidental.
Os Jogos foram utilizados
para marcar posições geopolíticas. Os EUA e vários dos seus aliados promoveram
o boicote aos Jogos de Moscou (1980) como crítica a invasão soviética no
Afeganistão. Em resposta, nos Jogos de Los Angeles (1984), a União Soviética e
alguns de seus aliados boicotaram os Jogos.
Com o término da Guerra
Fria, os jogos refletiram as mudanças geopolíticas e econômicas da Nova Ordem
Mundial, a Rússia e vários de seus antigos aliados do Leste Europeu, perderam
um pouco de força. Novos países passaram a participar dos jogos devido aos
processos de fragmentação territorial decorrentes de conflitos étnicos e religiosos,
são exemplos: Ucrânia, Croácia e Eritreia.
Nos anos 2000, a ascensão
dos países emergentes já se faz sentir nos Jogos, Pequim foi escolhida como
sede em 2008 e a China investiu sobremaneira para ficar a frente dos EUA no
quadro de medalhas. Em 2012, EUA e China ficam nas primeiras posições,
justamente, as maiores economias do mundo e com tendência a rivalizar cada vez
mais no campo geopolítico. A escolha do Rio de Janeiro para sede em 2016,
também é um exemplo de crescimento do poder dos países emergentes. Também
reflete o anseio de uma cidade que empreende processos de revitalização interna
com o objetivo de desempenhar um papel mais relevante no cenário global como
polo de atração de investimentos e de eventos. Seul (1988) e Barcelona (1992) tiveram
expressivas transformações urbanas e econômicas.
Portanto, para 2016,
aguarda-se um esforço chinês de “revanche” em relação aos EUA e investimentos
do Brasil que objetivam fazer com que o país fique pelo menos entre os 10
melhores colocados no quadro de medalhas, que não é “oficial”, mas é o centro
das atenções durante o evento.
2.
(Pucrj 2012) “O movimento operário
brasileiro viveu anos de fortalecimento entre 1917 e 1920, quando as principais
cidades brasileiras foram sacudidas por greves. Vários grupos operários no
Brasil e no mundo acreditavam que havia chegado o momento de colocar um fim à
exploração capitalista e construir uma nova sociedade.”
Movimento
Operário In: www.cpdoc.fgv.br
a) Identifique
um acontecimento
mundial, à época, que se relacione diretamente com o fortalecimento do
movimento operário no Brasil.
b)
Caracterize duas propostas do movimento operário brasileiro, durante a Primeira
República.
Resposta:
a) O estudante deve
identificar a Revolução Socialista na Rússia, em 1917 ou a criação da
Internacional Comunista, que estimularam as organizações anticapitalistas pelo
mundo afora. No Brasil, além de, em um primeiro momento, fomentar as ações dos
grupos anarquistas, estimulou a criação de organizações comunistas.
b) Foram propostas do
movimento operário durante a Primeira República:
- um conjunto de direitos para a proteção do trabalho perante o capital.
Entre eles, os candidatos podem identificar: o estabelecimento de uma jornada
máxima de trabalho de 8 horas diárias, férias remuneradas após um ano de
trabalho; regulamentação do trabalho feminino e infantil de forma a limitar os
abusos em relação às mulheres e menores de idade; salários que permitissem a
sobrevivência da família trabalhadora; direitos previdenciários que contemplassem
aposentadoria, pensões e assistência médica;
- a organização de associações políticas, como, por exemplo, o Partido
Comunista e o Bloco Operário e Camponês;
- a realização de ações como a “greve geral”, a criação da imprensa
operária, entre outras; e,
- a realização de manifestações
anarco-sindicalistas.
3.
(Pucrj 2012) “No campo da política
mundial, eu dedicarei esta nação à política da boa vizinhança – uma vizinhança
que resulte do respeito mútuo e, devido a isso, respeite o direito dos outros –
uma vizinhança que respeite suas obrigações e respeite a santidade dos seus
acordos para com todos os seus vizinhos do mundo inteiro”.
Discurso de posse de Franklin D. Roosevelt,
em 1933.
Fonte:
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/eua_vizinhanca.htm
a)
Apresente dois objetivos da política de Roosevelt, relacionando-os ao contexto
mundial do entre-guerras.
b) Identifique
dois efeitos
da política inaugurada por esse discurso para as relações entre os países
americanos no contexto da Segunda Guerra Mundial.
Resposta:
a) Foram objetivos
do governo Roosevelt no contexto do entre-guerras:
- o estímulo do panamericanismo;
- cooperação diplomática baseada no princípio da “Boa Vizinhança”;
- ampliação das trocas comerciais entre os países americanos.
A relação com o contexto do entre-guerras esteve associada à maior
integração entre os países americanos com vistas à cooperação e garantia de
matérias primas para a entrada dos Estados Unidos na Guerra. Tendo em vista a
crise econômica de 1929, a ampliação do comércio interamericano, em bases de
cooperação e amizade, ajudaria igualmente a recuperação dessas economias.
b) A partir do
início da Segunda Guerra Mundial:
- foram realizadas Conferências Interamericanas (Panamá/1939,
Havana/1940 e Rio de Janeiro/1942) que reafirmaram o panamericanismo e a
cooperação mútua;
- formou-se uma solidariedade continental ao repúdio norte-americano ao
ataque japonês às bases de Pearl Harbour;
- realizou-se a Conferência de janeiro de 1942, tendo em vista o rompimento
das relações diplomáticas com os países do Eixo;
- ocorreu o aumento do intercâmbio cultural, incentivado
pela criação do Escritório para a Coordenação de Assuntos Interamericanos,
dirigido por Nelson Rockfeller; e,
- intensificou-se o comércio de
bens materiais e culturais, assim como as ações na área de saúde pública.
4.
(Pucrj 2012) Surpreendidas pela invasão
napoleônica em 1807, as duas Coroas ibéricas tiveram desdobramentos políticos
diferenciados. No caso espanhol, a captura do Rei Fernando VII por Napoleão
acelerou a luta pela autonomia nas cidades e províncias de todo o Império. No
caso português, a transmigração da família real para a colônia permitiu
desdobramentos mais lentos ao Império luso.
Tendo em vista a conjuntura descrita acima,
a) cite duas medidas tomadas pelo
Príncipe Regente D. João, a partir de 1808, que tenham favorecido a manutenção
do controle português sobre as províncias brasílicas e seus territórios;
b) identifique
uma característica
das independências na América hispânica também encontrada nos movimentos pela
independência ocorridos na América portuguesa.
Resposta:
a) Qualquer ideia de unidade
territorial e política-administrativa prévia entre as distintas províncias
brasílicas, sem vínculos entre si, dependia necessariamente da submissão e
obediência direta a Lisboa. Tal situação viu-se transformada quando, com a
vinda da Corte para o Brasil, a unidade do ponto de vista
político-administrativo foi transferida de Lisboa para a nova sede da colônia,
no Rio de Janeiro.
Assim, o estudante poderá citar quaisquer medidas que tenham
contribuído, direta ou indiretamente, para fortalecer essa tentativa de manter
as províncias e seus territórios unidos sob o domínio português no Brasil. Por
exemplo:
- a transferência para a nova capital das Secretarias de Estado
(Conselho do Estado, Mesas do Desembargo do paço e da Consciência e Ordens,
Conselho Supremo Militar e Conselho da Fazenda);
- a abertura dos portos às nações amigas;
- a revogação do Alvará de 1785 que proibia a instalação de manufaturas
no Brasil;
- a criação do banco do Brasil e a instalação da Junta de Comércio;
- a elevação do Brasil em 1815 à condição de Reino Unido a Portugal e
Algarves;
- a criação da imprensa régia;
- a transformação da cidade do Rio de Janeiro em sede da Corte; e,
- as práticas de concessão de terras e títulos de nobreza.
Mais diretamente ligados à ideia da expansão territorial, o candidato
poderá citar:
- a invasão de Caiena (Guiana Francesa), em 1809, mantendo-a sob domínio
português até 1815;
- a invasão da região do Rio da Prata, em 1811 pela primeira vez e
depois em 1816, quando foi anexada a Banda Oriental (atual Uruguai), com o nome
de Província Cisplatina.
b) Quanto às características
comuns entre as independências da América ibérica, pode-se mencionar:
- o fato de tanto a América espanhola como a portuguesa partilharem da
mesma conjuntura política europeia como ponto de partida – isto é, o Bloqueio
napoleônico e a guerra e invasão das respectivas metrópoles;
- a intensa luta pela autonomia das províncias, observadas nos dois
casos: com esfacelamento dos vice-reinos hispânicos (iniciado grosso modo em
1810 e estendendo-se até 1825) e com o a independência proclamada por D. Pedro
no Rio de Janeiro, em 1822; e,
- o importante papel exercido pelos britânicos no auxílio às guerras
para a criação dos novos estados-nação independentes e, logo, na manutenção e
expansão do comércio com as demais nações europeias.
5.
(Pucrj 2010) Na
Alemanha, após a derrubada do muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989,
realizou-se um debate sobre a possibilidade de transformar a data em festa
nacional. A decisão foi um retumbante não, pois na história da Alemanha a data
nem sempre foi motivo de comemorações: em 9 novembro de 1923 houve o Putsch (golpe)
da cervejaria de Munique, de Hitler; em 9 novembro de 1938, o ataque nazista da
Noite dos Cristais, prelúdio do holocausto.
a)
O debate sobre a memória histórica explicitou dois modelos de Estado
nacional experimentados na recente história da Alemanha: a grande Alemanha
nazista e o Estado reunificado pós-comunista. IDENTIFIQUE e EXPLIQUE uma
diferença entre esses dois sistemas políticos que simbolizam duas faces da
história do século XX.
b)
IDENTIFIQUE outros muros que, em nossa atualidade, tenham sido
levantados, separando seres humanos, ideologias, consciências.
Resposta:
a) Espera-se
que o aluno compare o Estado nazista e o Estado liberal democrático,
identificando e analisando uma entre as diferenças listadas a seguir. O estado
nazista estruturava-se (1) na identificação entre o partido e o Estado; (2) na
equivalência entre a vontade do Führer e as normas legais; (3) na
anulação da autonomia das instituições políticas e (4) no dirigismo econômico,
voltado a sustentar o esforço de guerra e a conquista do “espaço vital”.
Ao passo que o Estado liberal democrático baseia-se
(1) no pluripartidarismo e em um sistema representativo de governo; (2) em um
estado de direito que defende a igualdade perante a lei; (3) na autonomia e
equilíbrio dos poderes; (4) bem como no princípio da livre-competição,
conjugado à preocupação do bem-estar social.
b)
Os alunos poderão citar dois ou mais dos exemplos a seguir.
• A separação militar, após
a guerra entre Coréia do Sul e Coréia do Norte, com a divisão do território coreano
por duas cercas paralelas que formam, na década de 1950, a fronteira mais
militarizada do mundo.
• A separação, começada em
1980, entre Índia e Paquistão por uma cerca de arame farpado que pretende
fechar a fronteira com o Paquistão e deve isolar totalmente os dois países.
• A criação do chamado
“Muro de Belfast”, na Irlanda do Norte: uma cerca de concreto e arame farpado
construída no início dos anos 1970 que divide setores protestantes e católicos.
• A construção de um
extenso muro entre Tijuana, no México, e El Paso, no Texas, na fronteira dos
Estados Unidos com o México, considerado o maior corredor de imigração do
mundo.
• O Muro da Cisjordânia,
uma muralha que separa Israel da Cisjordânia, cuja construção está sendo
realizada pelo governo israelense.
6. (Pucrj 2009) A "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão", votada em
1789 pela Assembleia Nacional Constituinte, foi um ato fundamental da Revolução
Francesa e contém os princípios que inspirarão muitas constituições modernas.
Em seus primeiros artigos, afirma que "os homens nascem livres e iguais em
Direitos" e que as distinções devem se basear na "utilidade
comum".
Em
1948 a ONU aprovou a "Declaração Universal dos Direitos do Homem" e
retomou em sua abertura as palavras dos revolucionários franceses: "Todas
as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão
e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de
fraternidade".
a)
IDENTIFIQUE dois direitos reivindicados pela Declaração de 1789 e EXPLIQUE por
que eram revolucionários, para a época.
b)
INDIQUE uma instituição ou agência criada nos últimos sessenta anos para a
defesa internacional dos direitos humanos.
Resposta:
a)
O próprio texto faz menção à reivindicação da liberdade e da igualdade jurídica
contida no primeiro artigo da Declaração de 1789. Proclamar que os homens
nascem e permanecem livres e iguais em direito significava, naquele contexto,
opor-se à estrutura da sociedade estamental - vigente no antigo Regime francês
- fundamentada na concessão ou exclusão de privilégios específicos para grupos
de indivíduos que pertencem a diferentes estratos da sociedade. Além disso,
para cada estamento as leis e a obediência às leis seria diversificada: os
direitos e os deveres de um nobre eram diferentes das de um servo, os
mercadores de uma cidade podiam ser isentos de impostos por um período, apenas
não nobres poderiam ser submetidos a tortura, por exemplo.
b)
Espera-se que os candidatos apresentem um conhecimento geral das principais instituições
que foram desenvolvidas no mundo para garantir a defesa dos direitos humanos em
termos globais desde a "Declaração Universal dos Direitos do Homem"
da ONU. Bastará, portanto, que indiquem órgãos que vêm atuando fortemente nesse
sentido, como a ONU, a UNESCO e a Anistia Internacional, por exemplo.
7. (Pucsp 2009) OS CAMINHOS DO PETRÓLEO
"A
grande sensação do momento [1a década do século XX] na
capital era a expansão, já em números razoáveis, dos primeiros automóveis [...]
Os cientistas portugueses consultados pelo jornal estavam divididos quanto ao
futuro daquele meio de transporte: havia quem visse nele o princípio de uma
época revolucionária [...] Outros, como o professor José Medeiros, viam no
combustível utilizado - a gasolina - a razão primeira para a falta de futuro
daquela máquina, devido à raridade
mundial de tal combustível, de que as poucas jazidas existentes à face do
planeta não asseguram mais que um par de anos de abastecimento a tão inútil
como fugaz descoberta".
Miguel Souza Tavares. Equador. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004, p. 325-326
"Em
2003, o consumo mundial de energia chegou a 9,7 bilhões de toneladas
equivalente de petróleo (TEP). A fonte de energia mais utilizada é o petróleo
(33,9%), seguida do carvão (24%), do gás (21,7%), da biomassa (9,3%), da
nuclear (5,6%) e da energia hidrelétrica (5,5%). O conjunto dos países
desenvolvidos consome 6,3 bilhões de TEP e tem uma população em torno de 1,5
bilhões de indivíduos, enquanto o restante da população mundial (4,5 bilhões de
pessoas) consome 3,5 bilhões de TEP de energias industriais e 1 bilhão de TEP
de energias artesanais (lenha, biomassa, dejetos vegetais e animais)."
Marie-Françoise Durand et al. Atlas de La mondialisation. Paris: Presses de Sciences Po, 2006, p.
74.
O
petróleo foi, no século XX, a principal matriz energética da produção econômica
e da infraestrutura da vida social.
Sua
importância provocou e ainda provoca tensões de várias ordens: conflitos
ligados à sua exploração, distribuição e comercialização; preocupações quanto à
possibilidade de esgotamento do recurso; alertas sobre os danos ambientais por
ele causados.
A
partir de seus conhecimentos, dos textos e dos mapas anteriores, produza um
texto que considere:
1.
A presença do petróleo na vida social, na tecnologia e na economia do século XX
e início do século XXI;
2.
As relações entre consumidores e produtores e os conflitos associados à disputa
por essa fonte de energia;
3.
As perspectivas futuras dessa matriz energética e o risco (ou não) de seu esgotamento
rápido.
Resposta:
A
expansão do uso dos motores de combustão interna, no início do século XX, inaugurou
uma nova fase no uso da energia, originando a Era do Petróleo. Desde então o
número de veículos no mundo cresceu rapidamente: em 1955 já eram 100 milhões;
em 1980, 400 milhões; e em 2007 havia em circulação perto de 980 milhões.
A
expansão do uso do petróleo só foi possível graças ao crescimento da exploração
e ao aperfeiçoamento da tecnologia de extração, destilação, refinação e
transporte do produto. Com isso a produção mundial subiu de 191 milhões de
toneladas anuais, em 1929, para 772 milhões, em 1955, chegando a 3.953 milhões
de toneladas em 2006.
Durante
décadas, o baixo preço do petróleo permitiu que, em sociedades desenvolvidas,
milhões de pessoas adotassem um estilo de vida baseado na intensa circulação de
veículos e no alto consumo de energia derivada dessa fonte.
As
relações econômicas e as disputas geopolíticas que se estabelecem em torno do
petróleo derivam da posição de cada país em relação à produção, consumo,
importação e exportação do produto. Vejamos a situação de alguns países em
função do petróleo:
Países que consomem muito
petróleo e não têm produção: dependem da importação, como ocorre no Japão, na
Alemanha e na França;
Países com elevada produção
e elevado consumo de petróleo: podem ficar dependentes da importação. É o caso
dos Estados Unidos, com a 3ª maior produção e a 1º importação mundial, e o da
China, 5º maior produtor mundial e 3º maior importador;
Países com elevada produção
de petróleo e baixo consumo interno: nesse caso os excedentes são exportados,
como ocorre na Arábia Saudita, maior exportador mundial;
Países de elevada produção
de petróleo, alto consumo interno e que, mesmo assim, têm excedentes para
exportação: é o caso da Rússia, 5º maior consumidor e 2ª maior exportador
mundial.
A
dependência energética tornou essencial para diversas potências econômicas e
militares o controle das fontes, das refinarias e do suprimento de petróleo; na
moderna sociedade industrial é imprescindível, para o bom funcionamento da
economia, abastecimento adequado de derivados de petróleo.
Por
causa disso, o petróleo tornou-se o eixo de diversas ações geopolíticas,
bastando lembrar conflitos como a guerra do Golfo (1990-1991) e a recente
invasão do Iraque pelos Estados Unidos (2003).
Para
os pessimistas, uma crise energética encerrará a civilização urbano-industrial
que conhecemos hoje: o crescimento acelerado do uso dos combustíveis fósseis
faz com que se aproxime rapidamente o esgotamento de suas jazidas, e a luta
pela posse das últimas reservas energéticas será inevitável.
Na
tentativa de reduzir a dependência do petróleo, países buscam reabilitar fontes
de energia que se consideravam ultrapassadas (como o carvão) e desenvolver fontes
alternativas de energia, de preferência mais limpas, que não prejudiquem o meio
ambiente, como a eólica e a solar, por exemplo.
Analisando
a matriz energética mundial de 2005, vemos o petróleo participando com 32% do
total de consumo. Para 2025 essa participação deve cair para 27%, índice ainda
muito elevado, o que amplia a controvérsia em torno do esgotamento ou não das
fontes petrolíferas.
No
final da década de 1990 diversos especialistas passaram a afirmar que o mundo
estava se aproximando do pico máximo de produção petrolífera, que seria em
torno de 35 bilhões de barris de petróleo por ano (perto da produção atual).
Mas essa teoria foi contestada.
Frente
à polêmica, em 2003 o Departamento de Energia dos Estados Unidos fez um estudo
da situação. A OPEP, paralelamente, financiou uma pesquisa no mesmo sentido. Em
2005 foi anunciado que a teoria do pico era alarmista e que, mantidos os níveis
de consumo daquele ano, ainda haveria petróleo para mais de 100 anos. Segundo o
que foi divulgado na época, o mundo teria ainda cerca de 4,7 trilhões de barris
de petróleo: as reservas já comprovadas somariam 1,4 trilhões de barris; as
novas tecnologias de extração poderiam retirar mais um trilhão de barris de
locais de difícil prospecção; as reservas não convencionais (xisto betuminoso e
areias petrolíferas) forneceriam mais 1,3 trilhões de barris; e, finalmente,
haveria ainda 1 trilhão de barris a serem descobertos.
O
problema é que a distribuição geográfica desses recursos é muito irregular. Em
apenas 24 países estão 1,2 trilhão dos 1,4 trilhões de barris das reservas
comprovadas. Para agravar essa situação, quase 50% dessas reservas
concentram-se em cinco países, todos do Oriente Médio (Arábia Saudita, Irã,
Iraque, EAU e Kuwait).
Portanto
o petróleo ainda é um dos fatores-chave da geopolítica mundial e deverá manter
essa posição no médio prazo, ou seja, nos próximos 20 ou 25 anos. No longo
prazo, podemos imaginar que o petróleo perderá sua importância e que outras
fontes tomarão seu lugar, tanto na economia quanto na geopolítica.
grupo de estudo para específicas da UERJ: https://www.facebook.com/groups/660763183949872/
Muito bom!
ResponderExcluirMe ajudou muito
ResponderExcluirMuito obrigado
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