Olá, meus queridos amigos e minhas queridas amigas,, como vocês estão? Animados para o texto de hoje? Nesse texto falaremos sobre a unificação Italiana, que está no contexto das chamadas Unificações Tardias. Vamos ao texto então.
Assim como no caso da Unificação
Alemã, a industrialização desempenhou papel crucial no processo de unificação.
Não é por acaso que, assim como no caso alemão, o Estado que liderou a
unificação foi o Estado mais industrializado.
Sob o ponto de vista histórico,
também podemos identificar similaridade entre a Itália e a Alemanha. A Alemanha,
ou império sacro romano germânico, durante os séculos XVI e XVII foi devastada
por guerras religiosas, na disputa entre católicos e protestantes que
disputavam sua hegemonia no país. Na Itália, essas disputas foram minimizadas
pela atitude firme da Igreja, principalmente quando consideramos o concílio de
Trento e a contrarreforma. A Itália, ou para deixar bem claro, o acidente
geográfico que chamamos Península Itálica, sofria pressões externas. No Norte,
essas pressões vinham principalmente da Áustria. Além disso, aproximadamente um
terço da península era propriedade papal, naquilo que era chamado de Províncias
pontifícias.
Havia vários projetos ou concepções acerca de uma Itália unificada ideal. Dentre esses projetos, podemos destacar três. O primeiro acreditava que o Estado italiano que surgisse dessa unificação, deveria ser democrático e como forma de governo a República. Esse grupo era de base carbonária e laica. Além de defenderem um Estado Laico, defendiam também uma forma de Estado Unitário, como é o Uruguai, sem a divisão em entes autônomos que são características dos modelos federativos como aqui no Brasil.
O segundo grupo era ligado ao papado, e é claro achavam que o melhor para a Itália unificada seria uma confederação, que deveria ser liderada pelo sumo pontífice, o papa. Essa corrente, que também contava com a simpatia austríaca, era conhecida como neoguelfismo. Mas quem seria o terceiro grupo. Bom de cara já vou dando spoiling, foi o terceiro grupo que saiu vencedor. Poxa professor, assim perde a graça. Eu te contei para que você preste atenção nas características desse grupo e depois confira se ele foi capaz de implantar o seu projeto de Itália. Vamos conhecer esse terceiro grupo?
Isso mesmo, certo!! Pensou que era
pegadinha, o projeto desse grupo era a formação de uma monarquia italiana, no
entanto, uma monarquia liberal e laica.
Mas o Reino de Piemonte sozinho não
seria capaz de concluir o processo de unificação. Auxílio externo e até mesmo
alianças dentro da península seriam necessárias para viabilizar esse antigo e
ambiciosos projeto.
Mas a unificação
era impossível a partir apenas da força dos atores locais, sendo necessárias
alianças internas e externas.
Um jovem romântico italiano veio para cá e acabou se tornando um importante líder farroupilha, aqui, acabou conhecendo nas batalhas uma mulher chamada aninha, mas como o italiano não conseguia pronunciar o dígrafo nh, passou a chama-la de Anita. Sabe quem era essa Anita, que não cantava nem dançava, mas atirava e andava a cavalo como ninguém? Anita Garibaldi, que se tornou mulher desse corsário italiano, Giuseppe Garibaldi. Vocês devem ser muito novos, mas a mãe ou o pai de vocês deve lembrar de uma minissérie chamada A casa das sete mulheres, que retratava a guerra dos farrapos, quem fazia o papel de Giuseppe Garibaldi era O Thiago Lacerda.
Mas Professor, a aula não era sobre Unificação
italiana? Sim, é que após a derrota dos farrapos, Garibaldi e sua esposa
retornam a Itália e acabam liderando uma luta pela unificação a partir do sul
da península. Em 1860, à frente de cerca de mil homens, Garibaldi ataca a Ilha
da Sicília. Percebendo que seu projeto republicano tinha poucas chances de se
concretizar, Garibaldi acaba aderindo ao projeto liderado por Piemonte. O rei
Piemontês, Victório Emanulele, havia anexado a Lombardia no ano anterior, e é
dessa forma que as lutas de unificação seguiriam dois movimentos, um norte sul,
e outro sul norte.
Assim como na unificação alemã o
Kaizer Guilherme I teria em Bismarck o principal articulador do processo, O rei
Victório Emannuelle teria também o seu articulador. Quem seria o “Bismarck” do
rei piemontês? Seu primeiro-ministro, o conde Camilo de Cavour.
Cavour afirmava que a unificação
italiana teria que enfrentar sua principal inimiga. A influência austríaca na
península.
O desenvolvimento do reino sardo
piemontês, Piemonte-sardenha, a partir de uma economia liberal transforma o
país em Estado com grande potencial de industrialização. A unificação, além dos
objetivos políticos territoriais, serviria para ampliar o mercado consumidor. Aproveitando-se
da rivalidade francesa com os austríacos, Cavour se aproxima de Luís Bonaparte,
o Napoleão III, que estudamos em um de nossos textos.
Em 1858, ele assina um tratado de
aliança com os franceses.
Nas negociações, eles se comprometeram a unir forças contra os austríacos. Estavam tão decididos que assumiram o compromisso de não deporem as armas antes terem expulsado os austríacos de Lombardia-Venécia. Claro que o interesse de Napoleão não era apenas ajudar Piemonte e derrotar os austríacos, no próprio desenrolar das negociações suas ambições expansionistas ficam visíveis, como quando ele negocia com os piemonteses ficar com as regiões de Saboia e Nice. Mas como disse lá atrás, a Unificação não era uma tarefa fácil, ainda mais tendo que enfrentar os austríacos, que embora fossem um país com baixíssimos níveis de industrialização, ainda eram tidos como o mais poderoso estado da confederação germânica. Vocês devem lembrar como a Prússia se empenhou para superar essa condição. E aqui, vale uma pequena reflexão histórica. Caramba, mas a Áustria foi uma pedra no sapato das duas unificações. Parou para pensar nisso. Nessa equação, quase um jogo de xadrez, a Rússia, do Czar Alexandre II, declara apoio a Napoleão III em seus preparativos para guerra contra a Áustria.
Depois dos preparativos, o conflito se inicia em 1859, e parece que os austríacos já não gozavam do poderio militar que alimentava o imaginário de seus inimigos. A coligação franco-piemontesa não encontrou grandes dificuldades para derrotar, e assumir o controle da Lombardia. Ao final, pelo tratado de Zurique, ficou decidido que a região passaria para a soberania de Piemonte-Sardenha.
No entanto, a coligação vencedora
não duraria muito tempo, pois o avanço em direção ao Sul, que seria inevitável
para a unificação, esbarrava na invasão e anexação de um território que
correspondia a um terço de toda a península. Mas não era esse o problema, o
problema era que o soberano dessa região da Itália central gozava de Grande
respeito por parte, tanto de Napoleão quanto da maioria dos franceses. E ai, já
sabe que região é essa? Ainda não. Vou dar mais uma pista. Podemos chamar de
Províncias pontifícias. Descobriu quem era esse soberano respeitado pelos
franceses? Isso mesmo. O papa.
Antes que você faça conclusões
precipitadas, deixa eu te esclarecer uma coisa. Os termos desse tratado foram
reformulados em 1979, e hoje, a Itália é um Estado laico, ou seja, o
catolicismo já não é a religião oficial do Estado italiano.
Antes de terminar, eu gostaria de
chamar atenção de vocês para um ponto. Embora tenham ocorrido alguns
plebiscitos em algumas situações, o processo de unificação italiana foi marcado
pelas guerras de anexação. Nesse ponto, não havia consenso em torno do projeto
piemontês. Mesmo considerando o nacionalismo irredetista, que tinha como
principal marca o sentimento austríaco, ao contrário da unificação alemã, não
havia uma forte identidade étnica que garantisse a coesão e a nacionalidade. É
essa condição que explica essa famosa frase proferida após a consolidação do
processo de unificação da Península. "Fizemos a Itália, agora temos que
fazer os italianos". Em outras palavras, fizemos o Estado, agora falta
fazer a nação. Profundo isso, né?
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