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Revolta da Vacina - Reforma Sanitária Brasileira - Questões discursivas

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A Reforma sanitária planejada por Oswaldo Cruz, esbarrou na Revolta da Vacina em 1904. Quais razões teriam levado a população a se opor violentamente contra medidas que pretendiam salvar suas próprias vidas? Vamos à aula de hoje? #partiuauladoarão


1.         "Com 800 mil habitantes, o Rio de Janeiro era uma cidade perigosa. Espreitando a vida dos cariocas estavam diversos tipos de doenças, bem como autoridades capazes de promover sem qualquer cerimônia uma invasão de privacidade. A capital da jovem República era uma vergonha para a nação. As políticas de saneamento de Oswaldo Cruz mexeram com a vida de todo mundo. Sobretudo dos pobres. A lei que tornou obrigatória a vacinação foi aprovada pelo governo em 31 de outubro de 1904; sua regulamentação exigia comprovantes de vacinação para matrículas em escolas, empregos, viagens, hospedagens e casamentos. A reação popular, conhecida como Revolta da Vacina, se distinguiu pelo trágico desencontro de boas intenções: as de Oswaldo Cruz e as da população. Mas em nenhum momento podemos acusar o povo de falta de clareza sobre o que acontecia à sua volta. Ele tinha noção clara dos limites da ação do Estado."
            (Adaptado de José Murilo de Carvalho, "Abaixo a vacina!". "Revista Nossa História", ano 2, n- 13, novembro de 2004, p. 74.)

A partir da leitura do texto e de seus conhecimentos, responda às questões a seguir:
a) De que maneira as medidas sanitárias, no Rio de Janeiro do início do século XX, "mexeram com a vida de todo mundo, sobretudo dos pobres"?
b) Indique dois fatores que restringiam a participação política dos trabalhadores na Primeira República.


Resposta:

a) As medidas decorrentes das políticas de saneamento propostas por Osvaldo Cruz para a cidade do Rio de Janeiro durante a administração do presidente Rodrigues Alves (1902-1906), afetaram a vida das camadas mais pobres, quando se promoveu a mobilização da  população na caça de ratos que seriam comprados pelo governo e quando os agentes sanitários, para desinfetar ruas e cortiços, tiveram que adentrar às casas, com poderes de interditar moradias e até mesmo determinar sua demolição. A obrigatoriedade da vacina, pode ser considerada o auge das interferências sobre a vida da populção, o que justifica, juntamente com as demais, a violenta reação expressa na Revolta da Vacina.

b) A restrição do direito de voto aos homens alfabetizados, o que reduzia consideravelmente número de eleitores e o voto aberto assegurava aos coronéis o controle do eleitorado em seus domínios, configurando-se o "voto de cabresto" e o "curral eleitoral", indicam fatores de restrição política às classes populares.
Pode-se acrescentar ainda, a violência policial usada pelo governo contra as formas de representação do trabalhadores urbanos (sindicatos, jornais, agremiações) e a seus líderes, implicando em dificuldades para a organização das classes trabalhadoras.


 2.   "A revolta deixou entre os participantes um forte sentimento de auto-estima, indispensável para formar um cidadão. Um repórter de 'A Tribuna' ouviu de um negro acapoeirado frases que atestam esse sentimento. Chamando sintomaticamente o jornalista de cidadão, o negro afirmou que a sublevação se fizera para 'não andarem dizendo que o povo é carneiro'. O importante - acrescentou - era 'mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo'."
            Fonte: CARVALHO, José Murilo de. "Abaixo a vacina", in: Revista Nossa História. Ano 2, no13, novembro 2004, p.73-79.

A Revolta da Vacina (1904) a que se refere o texto, é considerada a principal revolta popular urbana da Primeira República (1889-1930).
a) Cite e explique dois motivos geradores de insatisfações que levaram a população da cidade do Rio de Janeiro a rebelar-se em 1904.
b) Identifique dois movimentos populares na área rural, à época da Primeira República.


Resposta:

a) Alguns motivos para a insatisfação popular que levou à Revolta: o rígido regulamento aprovado pelo Congresso Nacional destinado a promover a campanha de vacinação para eliminar os focos de varíola que tomavam conta da cidade (obrigatoriedade da vacinação; isolamento à força dos doentes; multa aos refratários, etc.); a falta de amplo esclarecimento público sobre a campanha; a tensão vivida por setores da população com as repercussões da reforma urbana.

b) Canudos e Contestado.

   
3.   "Com as grandes invenções:
Nem o tal mata mosquitos,
Nem também as desinfecções.
Nem a compra dos tais ratos
Não passa de vexatória.
Agora querem impingir
A vacina obrigatória."

O texto acima é um trecho de uma modinha composta por Rios Silva, chamada "Peste Bubon", que se refere ao episódio que ficou conhecido como Revolta da Vacina, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1904. Com base no texto e em seus conhecimentos, responda ao que se pede:
a) Aponte duas razões que levaram à eclosão da Revolta da Vacina.
b) Como este episódio está associado à reforma urbana implantada no Rio de Janeiro no período?


Resposta:

a) Entre as várias razões que podem ser apontadas, destacam-se:
1) A reforma urbana, implementada no governo Rodrigues Alves, levou à demolição das moradias populares, gerando insatisfações generalizadas.
2) O autoritarismo utilizado na implementação da vacina anti-variólica, sem que um processo prévio de esclarecimento da população fosse realizado.
3) A oposição à obrigatoriedade da vacinação por parte de alguns setores, tais como: movimento operário organizado, positivistas, jacobinos e outros.
4) Sentimento de desrespeito à privacidade sentido por parte da população, em razão da presença dos agentes de saúde em suas casas e do contato corporal exigido pelo processo de vacinação.
5) Incerteza da população quanto à eficácia da vacina.
6) O uso político, de alguns opositores ao governo Rodrigues Alves, do descontentamento popular.

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