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Ditadura Militar - Trinta questões comentadas - (2017-2018)


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1. (Unicamp 2018)  “ODORICO
Eu sei. É um movimento subversivo procurando me intrigar com a opinião pública e criar problemas à minha administração. Sei, sim. É uma conspiração. Eles não queriam o cemitério. Desde o princípio foram contra. E agora que o cemitério está pronto caem de pau em cima de mim, me chamam de demagogo, de tudo...”

(...)

“ODORICO
Pois eu quero que depois o senhor soletre esta gazeta de ponta a ponta. Neco Pedreira o senhor conhece?

ZECA
Conheço não sinhô.

ODORICO
É o dono do jornal. Elemento perigoso. Sua primeira missão como delegado é dar uma batida na redação dessa gazeta subversiva e sacudir a marreta em nome da lei e da democracia...”

(Dias Gomes, O bem amado. 12.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014, p. 40 e 68.)


A peça de Dias Gomes é uma crítica a um momento histórico e político da sociedade brasileira. Odorico Paraguassu tornou-se um personagem emblemático desse período porque por meio dele
a) simbolizou-se a defesa da democracia a qualquer custo. Essa defesa resultou em uma sociedade cindida entre o respeito à lei e o seu uso particular, temas políticos comuns aos países latino-americanos nos anos de 1970.   
b) representaram-se o atropelo da lei constitucional, a relativização da liberdade de imprensa e a construção de um inimigo interno que justificasse o arbítrio das decisões do executivo, próprios aos Anos de Chumbo.   
c) explicitaram-se as leis que regiam a vida política e social de uma nação subdesenvolvida da América Latina na década de 1970, marcada pela inércia e pela cumplicidade dos cidadãos com a corrupção sistêmica do país.   
d) fez-se a defesa da democracia e do respeito irrestrito à lei constitucional para um projeto de nação brasileira da década 1970, que enfrentava o espírito demagógico dos políticos latino-americanos.   


Resposta:

[B]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
O diálogo presente no texto de Dias Gomes expõe algumas características da Ditadura Militar brasileira, especificamente dos chamados Anos de Chumbo, entre1968 e1978. Ausência de um texto constitucional, restrição à liberdade de imprensa e expressão e construção de um inimigo interno que justificasse a perseguição governamental foram marcas desse período que o personagem Odorico Paraguassu reproduzia na peça.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
Os “Anos de Chumbo” correspondem ao período de maior despotismo da ditadura militar no Brasil, a partir da edição do AI-5, em 1968, até o fim do governo Médici, em 1974. Odorico Paraguassu revela, no excerto, arbitrariedade, autoritarismo e tirania, ao ordenar ao delegado a destruição do jornal que lhe fazia oposição: “Sua primeira missão como delegado é dar uma batida na redação dessa gazeta subversiva e sacudir a marreta em nome da lei e da democracia...”. Assim, é um personagem emblemático desse período, pois, para atingir seus objetivos políticos, passa por cima de leis constitucionais e inibe a liberdade de imprensa.



  
2. (Unicamp 2018)  “Como na Argentina: Os corpos brotam do chão, como na Argentina. Corpo não é reciclável. Corpo não é reduzível. Dá para dissolver os corpos em ácido, mas não haveria ácido que chegasse para os assassinados do século. Valas mais fundas, mais escombros, nada adianta. Sempre sobra um dedo acusando. O corpo é como o nosso passado, não existe mais e não vai embora. Tentaram largar o corpo no meio do mar e não deu certo. O corpo boia. O corpo volta. Tentaram forjar o protocolo – foi suicídio, estava fugindo – e o corpo desmentia tudo. O corpo incomoda. O corpo faz muito silêncio. Consciência não é biodegradável. Memórias não apodrecem. Ficam os dentes.”

(Luís Fernando Veríssimo, “Como na Argentina”, em A mãe do Freud. Porto Alegre: L&PM Editores, 1985, p. 46.)


O texto se refere
a) ao trauma coletivo das políticas repressivas e crimes de Estado praticados pelos regimes ditatoriais latino-americanos.    
b) à memória dos exilados fugidos dos regimes ditatoriais latino-americanos da segunda metade do século XX.    
c) ao movimento dos Montoneros, em busca de seus filhos e netos desaparecidos no período da ditadura na Argentina.    
d) aos julgamentos em andamento contra o clientelismo do regime peronista praticada na Argentina.   


Resposta:

[A]

Os países latino-americanos passaram por regimes ditatoriais bastante repressores entre as décadas de 1960 e 1980. O texto ressalta a dor das lembranças deixadas pela violência desses regimes.



  
3. (Uece 2018)  De 1964 até o final da década de 1970, as produções e manifestações artísticas brasileiras bem como os movimentos culturais foram marcados
a) por um processo crescente de censura, que objetivava o fim da liberdade de expressão artística e impunha às massas uma cultura de concordância com o regime militar.   
b) pela produção livre de todo e qualquer conteúdo artístico-cultural, e pelo incentivo do Estado e dos meios de comunicação de massa para sua veiculação ao grande público.   
c) pela inexistência de uma arte de contestação, uma vez que toda a comunidade da cultura e das artes estava imbuída do ideal de país apresentado pelos governos do período.   
d) pelo grande incremento da cultura popular de contestação ao governo, através do apoio irrestrito dos grandes meios de comunicação de massa, como as emissoras de rádio e TV.   


Resposta:

[A]

Somente a alternativa [A] está correta. O regime militar no Brasil, 1964-1985, foi caracterizado por uma centralização do poder nas mãos dos generais que impuseram uma forte censura na imprensa e nas diversas manifestações artísticas e culturais. Não havia liberdade de expressão, o regime apoiava músicas ufanistas que enalteciam a nação.



  
4. (Uerj simulado 2018)  O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João Goulart. Foi um movimento contra e não por alguma coisa. Era contra a subversão, contra a corrupção. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução.

GENERAL ERNESTO GEISEL, 1981.
GASPARI, Elio. A ditadura acabada. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016.


As palavras do ex-presidente Geisel (1974-1979) reforçam o entendimento de que o movimento analisado foi resultado de:
a) revolta popular   
b) democracia direta   
c) intervenção golpista   
d) previsão constitucional   


Resposta:

[C]

Somente a alternativa [C] está correta. As palavras do ex-presidente Ernesto Geisel mostram claramente que em 1964 ocorreu um golpe e não uma revolução. “O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João Goulart (...) “Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução”.



  
5. (Pucsp 2018)  Assinale a alternativa que contém medidas do Pacote de Abril, lançado pelo governo Ernesto Geisel em 1977.  
a) Ampliação do quorum para aprovação de emendas constitucionais, eleição direta para senadores biônicos, criação do Estado do Tocantins, suspensão da Lei Falcão e liberação da propaganda eleitoral, diminuição do mandato presidencial.    
b) Eleições indiretas para governador e para um senador por Estado, ampliação do mandato do presidente da república e das bancadas do Norte e Nordeste na Câmara dos Deputados, restrição da propaganda eleitoral com a Lei Falcão.    
c) Aprovação da Lei da Anistia, reforma partidária e fim do bipartidarismo, nomeação dos prefeitos dos municípios das capitais pelos governadores estaduais, ampliação do mandato do presidente da república e dos senadores.    
d) Restrição do quorum para aprovação de emendas constitucionais, eleições diretas para governadores, senadores e deputados, e indicação, pelos governadores, de prefeitos e vereadores, restrição da propaganda eleitoral com a Lei Falcão.   


Resposta:

[B]

Dentre as medidas aprovadas por Geisel em Abril de 1977, estavam a ampliação do mandato do executivo federal, a volta de eleições indiretas para governador e senador e a Lei Falcão, regimento que limitava a propaganda eleitoral visando tornar o processo eleitoral mais igualitário.



  
6. (Mackenzie 2018)  “As diferenças entre o regime representativo, vigente entre 1945 e 1964, e o regime militar são claras”.
Boris Fausto, História do Brasil. 13ª ed. São Paulo: EDUSP, 2009, p. 513


Dentre as diferenças mencionadas, é correto afirmar que
a) a liberdade sindical e o pluripartidarismo, vigentes no primeiro período, foram suplantados pelo controle sindical por parte do governo e pela inexistência de partidos políticos de oposição ao novo regime.   
b) a plena democracia e a liberdade de expressão e a associação, vigentes no primeiro período, foram suplantados pelos deputados classistas e pela outorga da “Polaca”, em 1967.   
c) as eleições indiretas e o poder decisório do Congresso, vigentes no primeiro período, foram suplantados pela sistemática perseguição aos opositores e pela imposição dos Atos Institucionais, a partir de 1965.   
d) a Constituição de 1946 e a liberdade de expressão, vigentes no primeiro período, foram suplantados pela outorga da Constituição de 1967 e pelas eleições diretas para a escolha dos presidentes militares.   
e) o controle dos políticos profissionais e o poder decisório do Congresso, vigentes no primeiro período, foram suplantados pela alta cúpula militar, pelos órgãos de informação e repressão e pela burocracia técnica.   


Resposta:

[E]

Somente a alternativa [E] está correta. A República Liberal Populista 1946-1964 foi uma experiência relativamente democrática entre duas ditaduras: Ditadura do Estado Novo, 1937-1945 e a Ditadura Militar, 1964-1985. Isso significa que no regime militar havia um forte aparato de repressão e censura nas diversas instituições públicas e políticas bem diferentes em relação ao período anterior.



  
7. (Famerp 2017)  O chamado “milagre brasileiro”, ocorrido durante o regime militar (1964-1985), foi marcado
a) pela implantação da indústria de base, impulsionada pelo ingresso de fortes investimentos norte-americanos e europeus.    
b) pelo crescimento econômico acelerado, associado ao aumento da desigualdade social e ao endividamento externo.    
c) pela superação da hiperinflação, que corroia os salários dos trabalhadores e inviabilizava novos investimentos.    
d) pela queda das atividades industriais, que provocou uma retração na produção e no consumo de bens duráveis.    
e) pelo apoio à produção de café voltada à exportação, estimulada pela ampliação dos mercados consumidores na Europa.    


Resposta:

[B]

Somente a alternativa [B] está correta. O denominado “Milagre Brasileiro” ocorreu no contexto da ditadura militar, 1964-1985, sendo que o auge deste “milagre” aconteceu no governo do presidente militar Emílio Garrastazu Médici, 1969-1974. O Milagre Brasileiro consistiu em um crescimento econômico que se deu graças aos empréstimos internacionais que provocavam o aumento da dívida externa, aumento da desigualdade social, arrocho salarial, ou seja, o modelo econômico apesar do crescimento da economia gerava sérios danos sociais.



  
8. (Udesc 2017)  “Um, dois, três, quatro, cinco, mil... Queremos eleger o presidente do Brasil!”

Estas palavras foram entoadas por grande parcela da população que, no primeiro semestre de 1984, foi às ruas reivindicar eleições diretas para a presidência da República. Este movimento, conhecido como “Diretas já!”, tornou-se um marco do processo de redemocratização política no Brasil.

Analise a alternativa correta sobre este processo.
a) A emenda constitucional Dante de Oliveira, que restabeleceria as eleições diretas para presidência da República, teve sua votação iniciada em 25 de abril de 1984, na Câmara dos Deputados. Houve grande mobilização popular, apoio de lideranças políticas e intelectuais que tomaram as galerias do congresso para acompanhar a votação. Ao final, perante a aprovação da emenda, as multidões entoaram o Hino Nacional pelas ruas de várias capitais do país.   
b) As eleições diretas para presidente e para governador no Brasil foram restabelecidas simultaneamente, em 1985, por meio de uma medida provisória outorgada pelo então presidente Figueiredo, seguindo a política de uma abertura lenta, gradual e segura, promovida na gestão de Ernesto Geisel. O primeiro presidente eleito democraticamente após a instauração desta medida foi Tancredo Neves.   
c) Estima-se que no dia 25 de janeiro de 1984 cerca de 200 mil pessoas se reuniram na Praça da Sé, em São Paulo, para apoiar o comício organizado por lideranças oposicionistas em nome das eleições diretas, o qual contou com a participação de Lula, Ulisses Guimarães e Leonel Brizola. Apesar da adesão popular, a emenda que restabeleceria as eleições diretas para presidência não obteve o número de votos necessários na Câmara dos Deputados.   
d) O movimento das “Diretas Já!” obteve como resultado imediato o restabelecimento das eleições diretas para a presidência da República. O primeiro presidente eleito democraticamente foi Tancredo Neves, em 1985 e afastado do cargo dois anos depois, pelo processo de impeachment, o qual contou com forte adesão popular e, em especial, dos jovens que foram às ruas como “caras pintadas”.   
e) A aprovação da emenda Dante de Oliveira na Câmara dos Deputados, em 1984, foi resultado direto da pressão popular. Apesar disso vale lembrar que, em 1982, o então presidente Figueiredo já havia reintroduzido eleições diretas para governador e criado, desta maneira, grande expectativa a respeito das eleições presidenciais.    


Resposta:

[C]

Apesar da grande mobilização popular a favor da volta das eleições diretas ao país após um período de 20 anos, a emenda Dante de Oliveira, que propunha o voto direto, não foi aprovada pelo Congresso. Em 1985, Tancredo Neves foi eleito presidente via eleição indireta.



  
9. (Enem (Libras) 2017)  Falavam em fuzilamentos, em gente que era embarcada nos aviões militares e atirada em alto-mar. Havia muita confusão. Sempre que há mudança violenta de poder, a regra dos entendidos é sumir, evaporar-se, não se expor, nos primeiros momentos da rebordosa, um sargento qualquer pode decidir sobre um fuzilamento. Depois as coisas se organizam, até mesmo a violência é estruturada, até mesmo o arbítrio. Mas quem, no meio tempo, foi fuzilado, fuzilado fica.

CONY, C. H. Quase memória. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.


A narrativa refere-se ao seguinte aspecto da segurança nacional durante a Ditadura Militar:
a) Institucionalização da repressão como política estatal.   
b) Normatização da censura como mecanismo de controle.    
c) Legitimação da propaganda como estratégia psicossocial.    
d) Validação do conformismo como salvaguarda do consenso.   
e) Ordenação do bipartidarismo como prerrogativa institucional.   


Resposta:

[A]

Quando o texto afirma que “(...) depois as coisas se organizam, até mesmo a violência é estruturada, até mesmo o arbítrio (...)” ele descreve uma prática política da Ditadura Militar brasileira: a institucionalização ou legalização da repressão, consolidada pelo Ato Institucional nº 5.



  
10. (Udesc 2017)  Em 1974, o então presidente Ernesto Geisel deu início institucionalmente ao processo de abertura política que deveria garantir o fim do regime militar, por meio de uma transição caracterizada como lenta, gradual e segura. A iniciativa governamental, porém, não foi a única relevante para o fim da ditadura militar.

A respeito do fim da ditadura militar no Brasil, assinale a alternativa correta quanto às outras iniciativas relevantes:
a) A mobilização da juventude que ganhou as ruas das principais capitais do país nas reivindicações pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Melo.    
b) A formação e atuação de movimentos sociais como, por exemplo, o Movimento do Custo de Vida, que contava com o apoio das Comunidades Eclesiais de Base e das Comissões Pastorais da Periferia Urbana.    
c) As denúncias contra o regime militar e as torturas, que eram publicadas semanalmente nos principais jornais do país, durante toda a década de 1970.    
d) A interferência direta do governo norte-americano que, desde o início era contrário ao regime militar, não mediu esforços para a reinstauração da democracia no Brasil.    
e) O fortalecimento do Mercosul que possibilitou a criação de uma rede de auxilio mútuo para a reorganização democrática no Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.    


Resposta:

[B]

Movimentos sociais, como os citados na alternativa [B], e populares, como a Campanha pelas Diretas Já, mostraram a força da população brasileira e, por isso, ajudaram a levar a Ditadura ao fim.



  
11. (Uemg 2017)  Texto I

“Foram cinco anos de Geisel e mais seis de Figueiredo, completando onze anos de interminável abertura, imune aos reclamos da sociedade, que, a despeito do vigor da resistência democrática, não conseguiu abreviar essa longuíssima transição, que culminou na tremenda frustração do Colégio Eleitoral e da traumática morte televisionada de Tancredo Neves.”

FICO, Carlos. Brasil: transição inconclusa. In: FICO, Carlos; ARAÚJO, Maria Paula & GRIN, Mônica (Orgs.). Violência na história: memória, trauma e reparação. Rio de Janeiro: Ponteio, 2012, p. 31.


Texto II

“Uma concepção de democracia considera que uma sociedade democrática é aquela em que o povo dispõe de condições de participar de maneira significativa na condução de seus assuntos pessoais e na qual os canais de informação são acessíveis e livres. Outra concepção de democracia é aquela que considera que o povo deve ser impedido de conduzir seus assuntos pessoais e os canais de informação devem ser estreitamente controlados.”

CHOMSKY, Noam. Mídia: propaganda política e manipulação. Tradução Fernando Santos.
São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013, p. 9-10.


Da comparação entre os textos I e II depreende-se que, no Brasil, o processo de redemocratização caracterizou-se por
a) conservar ideias autoritárias sobre a participação popular na vida política.   
b) inaugurar novos direitos sociais com a vitória da campanha pelas Diretas Já.   
c) incorporar justas punições aos torturadores abrangidos pela Lei de Anistia.   
d) estimular práticas cidadãs em decisões relativas aos investimentos públicos.   


Resposta:

[A]

Fica claro pelo primeiro texto que, no Brasil, durante a reabertura política pós-ditadura, foi difundido o tipo de democracia apresentada no segundo texto como aquele que considera que o povo deve ser impedido de conduzir seus assuntos pessoais e os canais de informação devem ser estreitamente controlados”. A despeito do desejo popular pela reabertura do regime, as autoridades militares conduziram o processo como melhor lhe conveio, levando longos onze anos para promover uma eleição indireta para a presidência.



  
12. (Pucpr 2017)  “Nunca fomos tão felizes”, exclamava o slogan oficial difundido pela TV nos anos 1970, em pleno “milagre econômico”, que pode ter uma leitura ambígua. Como exclamação, traduz uma sensação de felicidade coletiva inédita. Por outro lado, se dita em tom irônico, coloca em dúvida o próprio sentido propagandístico da frase. A ambiguidade traduz involuntariamente as contradições da economia brasileira, esfera em que o regime bradou seus maiores feitos.”

Fonte: NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2014. P. 147


Durante o regime militar houve o chamado “milagre econômico” que pode ser explicado como:
a) Um período de pleno emprego em que houve maior distribuição de renda e diminuição do custo de vida.    
b) O uso de fatores como isentar investidores estrangeiros de alguns impostos, conceder crédito a empresários, e promover grandes obras de infraestrutura.    
c) Política econômica de investimentos unicamente estatais em diversos setores, desde pequenos produtores rurais a indústria de bens de produção duráveis.    
d) Aceleração de consumo e ampliação do poder aquisitivo, principalmente devido ao aumento da igualdade social.    
e) Plano econômico do ministro da fazenda Delfim Netto para conceder crédito ao empresariado, enquanto o governo também investia em políticas sociais de combate a miséria.    


Resposta:

[B]

Somente a alternativa [B] está correta. Durante o Regime Militar, em especial no governo do presidente Médici, 1969-1974, o país viveu o denominado “Milagre Brasileiro”. Tal plano econômico consistia em atrair capital estrangeiro para investir em infraestrutura com a criação das “obras faraônicas”. O resultado desta política econômica foi o aumento da dívida externa, um crescimento econômico sem distribuição de renda e um arrocho salarial com a desvalorização do salário mínimo, entre outros.



  
13. (Espm 2017)  Por outro lado, o governo liquidou um dos direitos mais valorizados pelos assalariados urbanos – a estabilidade no emprego após dez anos de serviço, ga­rantida pela CLT. A fórmula surgiu com a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), na prática em substi­tuição à estabilidade. Ainda que a adesão ao fundo não fosse por lei obrigatória, ela tomou de fato esse caráter. Sem a opção pelo FGTS passou a ser impossível obter emprego. O fundo é constituído por im­portâncias recolhidas mensalmente, na forma de um depósito bancário em nome do trabalhador. Ele só poderia ser levan­tado em casos específicos, como dispensa injusta, compra de casa própria, casamen­to, aposentadoria.

Boris Fausto. História do Brasil.


A criação do FGTS ocorreu:
a) no Estado Novo, sob a ditadura de Getúlio Vargas;    
b) no governo de Eurico Dutra;    
c) no governo de Juscelino Kubitschek;    
d) após o golpe de 1964, no governo do ge­neral Castelo Branco;   
e) após a redemocratização, no governo de José Sarney.   


Resposta:

[D]

Somente a alternativa [D] está correta. O texto do historiador Boris Fausto menciona o surgimento da CLT, Consolidação das Leis Trabalhistas, elaborada pelo governo Vargas, 1930-1945. Estas leis trabalhistas contemplavam apenas os trabalhadores urbanos, defendia a estabilidade no emprego após dez anos de trabalho. Em 1966, no governo do presidente militar Castelo Branco, a estabilidade foi substituída pelo FGTS, fundo de garantia por tempo de serviço, com a empresa depositando uma quantia todo mês na conta do trabalhador.



  
14. (Puccamp 2017)  [...] Renegando os princípios da democracia representativa, os ‘revolucionários’ de 1964 recorreram a um arsenal de instrumentos de exceção (atos institucionais, atos complementares, decretos-leis), graças aos quais ficaram mais de 20 anos no poder. A implantação da ditadura e da violência generalizada não ocorreu de imediato. Foi uma escalada que resultou do surgimento de uma oposição civil ao novo regime e de divergências no interior das próprias hostes golpistas. [...]

(KUPPER, Agnaldo e CHENSO, Paulo A. História crítica do Brasil. São Paulo: FTD, 1998, p. 278)


Com base no arsenal a que o texto se refere, pode-se afirmar que, nesse período, os governos
a) abriram a economia ao capital estrangeiro, reduzindo ou proibindo todo o comércio com os países socialistas.    
b) procuraram reduzir a atuação direta do Estado em setores estratégicos da economia, como em serviços de saúde e na indústria bélica.    
c) montaram uma rede de órgãos repressivos com o objetivo de manter acuados não apenas grupos sociais de esquerda, mas toda a sociedade.    
d) adotaram a política econômica neoliberal com o objetivo de amenizar as desigualdades sociais geradas pelo funcionamento do mercado.    
e) resgataram a plenitude política do cidadão ao revogar os atos de exceção do regime militar, determinar eleições diretas e restaurar o habeas corpus.   


Resposta:

[C]

O governo militar, através dos Atos Institucionais – em especial o AI-5 – estabeleceu uma organização de governo amparada na legalidade da censura, da tortura e da repressão. E toda a sociedade estava sujeita à repressão imposta pelo governo, desde que se manifestasse contra o mesmo.



  
15. (Uece 2017)  O Ato Institucional Nº 5, ou AI-5, de 1968, caracterizou, a partir de sua emissão, os governos brasileiros durante o regime militar. Sobre o AI-5, é correto afirmar que
a) marcou uma distensão dos governos militares, promovendo direitos sociais, liberdade de manifestação e representação política, além da garantia plena dos Direitos Humanos.   
b) representou o estabelecimento das metas de reformas estruturais do governo do presidente João Goulart, o que conduziria o país ao golpe militar que implantaria um governo ditatorial.   
c) promoveu a transição, lenta e gradual, do regime autoritário e ditatorial para o regime democrático chamado Nova República, uma vez que estabeleceu eleições diretas para presidente para o ano de 1970.   
d) iniciou a fase mais dura do regime militar, pois deu, aos presidentes militares, poderes como decretar o recesso do congresso, cassar mandatos de parlamentares e suspender o direito ao habeas corpus para alguns crimes.   


Resposta:

[D]

O AI-5 inaugura os chamados “Anos de Chumbo” da Ditadura brasileira. Tal ato dava ao executivo a prerrogativa de interferir no legislativo, nos estados e nos municípios, legalizava a censura prévia, proibia as manifestações públicas de caráter político e suspendia o direito ao habeas corpus.



  
16. (Uefs 2017)  Reconhecida como uma das maiores manifestações populares já ocorridas no país, as “Diretas Já!” foram marcadas por enormes comícios onde figuras perseguidas pela ditadura militar, membros da classe artística, intelectuais e representantes de outros movimentos militavam pela aprovação do projeto de lei. Em janeiro de 1984, cerca de 300.000 pessoas se reuniram na Praça da Sé, em São Paulo. Três meses depois, um milhão de cidadãos tomou o Rio de Janeiro. Algumas semanas depois, cerca de 1,7 milhões de pessoas se mobilizaram em São Paulo. (DIRETAS JÁ!... 2016).

A efetivação da reivindicação contida na campanha das “Diretas Já” dependia
a) da aprovação de uma Emenda Constitucional para restabelecer a eleição direta para o cargo de presidente da República.   
b) da derrubada e da prisão do último presidente militar, que resistia em deixar o poder.   
c) da eleição direta para governadores dos estados e prefeitos municipais, cargos que ainda eram ocupados por pessoas da confiança dos militares.   
d) do restabelecimento da eleição direta para todos os cargos eletivos do Poder Legislativo.   
e) da interferência do Supremo Tribunal de Justiça, encarregado de autorizar ou não as grandes manifestações públicas em favor das eleições diretas.   


Resposta:

[A]

Somente a proposição [A] está correta. A Emenda Dante de Oliveira, conhecida como “Diretas Já”, de 1984, visava aprovar uma Emenda Constitucional estabelecendo eleição direta para presidente da República que não acontecia desde 1960. Apesar de todas as manifestações e passeatas, a proposta não foi aprovada considerando que muitos parlamentares faltaram no dia da votação.



  
17. (Mackenzie 2017)  A respeito da transição democrática no Brasil, assim escreveu o historiador Marcos Napolitano:

“Se a transição democrática começou contrariando a vontade de milhões de brasileiros que não puderam influenciar no destino político do país, os valores democráticos exercitados nos últimos anos pela oposição civil como um todo marcaram época e foram o contraponto das dinâmicas políticas do regime. Aquela derrota não poderia apagar a presença de amplos setores da sociedade que desejavam participar, após 21 anos de coerção social e política em nome da Segurança Nacional”.

Marcos Napolitano. O regime militar brasileiro, 1964-1985. São Paulo: Atual, 1998, p. 99.


Assinale a alternativa correta acerca do contexto referido pelo texto.
a) A Lei da Anistia, de 1979, concedeu liberdade ampla e irrestrita a todos os envolvidos, direta ou indiretamente, na luta contra a Ditadura. Exemplo disso foi a condenação de militares envolvidos em práticas de torturas.    
b) A eleição direta de Tancredo Neves e José Sarney marcou a transição para o regime democrático no Brasil. A morte prematura de Tancredo, por sua vez, mergulhou o país em uma crise política institucional.   
c) A derrota das Diretas-Já não impediu a mobilização da sociedade civil. Reflexo disso foi a instalação da Assembleia Constituinte, em 1987, resultando na promulgação da “Constituição Cidadã”, no ano seguinte.    
d) A transição democrática foi marcada por intensos debates sobre os artigos da nova Constituição. Exemplo disso foi a pressão exercida pelo presidente Sarney para a aprovação da emenda da reeleição.    
e) Apesar de consolidada, a democracia no Brasil passou, desde o início da Nova República, por momentos instáveis. Reflexo disso foi a vitória fraudulenta de Fernando Collor de Mello, em 1989.    


Resposta:

[C]

Napolitano expressa no texto que a derrota da mobilização popular na campanha pelas “Diretas Já” não tirou o ímpeto da sociedade na busca pela volta da democracia. Assim, a escritura da Constituição de 1988 é resultado dessa busca.



  
18. (Ufjf-pism 3 2017)  Leia os trechos abaixo e, em seguida, responda ao que se pede:

Trecho do discurso de posse do Marechal Humberto Castelo Branco, em 1964

Defenderei e cumprirei com honra e lealdade a Constituição do Brasil, inclusive o Ato Institucional que a integra. Cumprirei e defenderei ambos com determinação, pois serei escravo das leis do país e permanecerei em vigília para que todos as observem com exação e zelo. Meu governo será o das leis, o das tradições e princípios morais e políticos que refletem a alma brasileira. O que vale dizer que será um governo firmemente voltado para o futuro, tanto é certo que um constante sentimento de progresso e aperfeiçoamento constitui a marca e também o sentido de nossa história política e social.

Disponível em: http://www.bradoretumbante.org.br/historia/generais-no-poder/as-promessas Acessado em 13/10/2016.


Trecho do discurso de posse do General Emilio Garrastazu Médici,em 1969

Homem da fronteira, creio em um mundo sem fronteira entre os homens. Sinto por dentro aquele patriotismo aceso dos fronteiriços, que estende ponte aos vizinhos, mas não aceita injúrias nem desdéns e não se dobra na afirmação do interesse nacional. Creio em um mundo sem fronteiras entre países e homens ricos e pobres. E sinto que poderemos ter um mundo sem fronteiras ideológicas, onde cada povo respeite a forma de outros povos viverem, onde os avanços científicos fiquem na mão de todo homem, na mão de todas as nações, abrindo-se à humanidade a opção de uma sociedade aberta. Fronteiriço, não sei, não vejo, não sinto, não aceito outra posição do Brasil no mundo que não seja a posição de altivez.

Disponível em: http://www.alertatotal.net/2015/12/discurso-de-posse-de-emilio-garrastazu.html Acessado em 13/10/2016


De acordo com os dois trechos é CORRETO afirmar que:
a) os dois presidentes assumiram os mesmos compromissos políticos de respeitarem a constituição democrática do Brasil, falando em nome do povo que os elegeu garantindo conduzir o país a um futuro de progresso.   
b) há uma descontinuidade entre o primeiro discurso e o segundo, uma vez que Castelo Branco promete exercer um governo firme característico da ditadura que se inicia, mas que se modifica com Emílio Médici que investe na abertura política.   
c) são parte de um processo mais longo de endurecimento político dos governos militares, reforçando a necessidade de firmeza no confronto com as diferenças, numa intenção de defesa do projeto militar pelo crescimento do país.   
d) eleitos de forma indireta, tanto Castelo Branco quanto Médici buscaram conquistar o apoio popular prometendo governar com as leis, respeito aos direitos civis e moralizar o país, diminuindo a distância entre ricos e pobres.   
e) a manutenção dos governos militares dependia da posição de ataque às diferenças econômicas e políticas entre o Brasil e os outros países, defendendo que o modelo do Brasil deveria ser expandido para todo mundo.   


Resposta:

[C]

Somente a proposição [C] está correta. Na primeira metade da década de 1960, a Guerra Fria estava muita tensa devido a Revolução Cubana, Guerra do Vietnã e o assassinato do presidente dos EUA, Kennedy, em 1963. Os governos brasileiros, Jânio Quadros e João Goulart, geravam desconfiança dentro da ótica estadunidense. O Brasil vivia uma crise econômica devido a uma herança maldita da Era JK, 1956-1960, e também pela ineficiência de Jânio Quadros e Jango em retomar o crescimento econômico. Quando Jango defendeu as Reformas de Base em 1964, o país ficou dividido entre conservadores contrários ao plano e progressistas favoráveis a Jango. Os militares em nome da “ordem”, da “lei”, da “segurança nacional” (isto é, contra o comunismo) deram um golpe e adotaram um regime truculento que violou os direitos humanos. Somente em 1985 os civis voltaram a governar. Os discursos de posse dos presidentes militares, Castelo Branco em 1964 e Médici em 1969, estão inseridos neste cenário de “defesa” do país, seguir a lei e gerar crescimento econômico.



  
19. (Mackenzie 2018)  O excerto abaixo aponta para uma dimensão de análise a respeito das ditaduras implantadas na América Latina. Leia-o.

“Esse plano [de análise], por mais difuso, é de mais difícil apreensão. Ficou patente nos boicotes que industriais e comerciantes realizaram no Chile para desgastar a presidência de Salvador Allende; na conhecida ‘Marcha da Família com Deus pela Liberdade’, realizada em São Paulo em protesto contra João Goulart pouco antes de sua deposição; na lealdade de parte das camadas médias e altas chilenas para com a figura incensada do general Augusto Pinochet; nas redes de cumplicidade com o sistema repressivo durante o regime militar na Argentina”.

Maria Lígia Prado e Gabriela Pellegrino. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2016, p.168


No contexto considerado, o texto aponta para uma cultura política autoritária que, nas sociedades em questão,
a) se limitava à atuação repressiva das autoridades militares, em consonância com setores populares, em busca de melhores perspectivas políticas e econômicas.   
b) ultrapassava o domínio das Forças Armadas e do Estado e se disseminava por meio de posturas autoritárias de extensos setores sociais que apoiaram os golpes.   
c) ultrapassava a articulação política interna e criava condições para uma aliança de amplos setores sociais com grandes potências imperialistas do continente europeu.   
d) criava condições para o surgimento de grupos sociais opositores, com destacada atuação parlamentar e guerrilheira contra os regimes de exceção no continente.   
e) impossibilitava qualquer organização de grupos civis, pois concentrava todo e qualquer poder em grupos das Forças Armadas articulados com os governos nacionais.   


Resposta:

[B]

Somente a alternativa [B] está correta. O historiador Daniel Aarão Reis em sua obra “Ditadura e Democracia no Brasil”, afirma que havia uma ampla aliança civil e militar (heterogênea e contraditória) que permitiu a vitória do golpe de Estado em 1964. Diversos pensadores afirmam que o presidente João Goulart sofria uma intensa e grave campanha liderada por empresários, imprensa, setores da Igreja bem como o governo dos EUA. Daí a ideia de uma ditadura civil-militar.



  
20. (Ufpr 2017)  Considere o fragmento abaixo:

Como resultados dessas políticas de Estado, foi possível estimar ao menos 8.350 indígenas mortos no período de investigação da CNV, em decorrência da ação direta de agentes governamentais ou da sua omissão. Essa cifra inclui apenas aqueles casos aqui estudados em relação aos quais foi possível desenhar uma estimativa. O número real de indígenas mortos no período deve ser exponencialmente maior, uma vez que apenas uma parcela muito restrita dos povos indígenas afetados foi analisada e que há casos em que a quantidade de mortos é alta o bastante para desencorajar estimativas.

(RELATÓRIO, Comissão Nacional da Verdade. Violação dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas, v. 2. Texto 5. 2014. p. 205.)


Sobre a questão indígena na Ditadura Militar, assinale a alternativa correta.  
a) Projetos como a construção das hidrelétricas de Itaipu e de Tucuruí, no rio Tocantins, impulsionaram o desenvolvimento econômico de várias comunidades indígenas, graças aos projetos executados pela FUNAI.    
b) Apesar das mortes contabilizadas no relatório da CNV, após o golpe civil-militar, os indígenas passaram a ser valorizados no novo período econômico que se iniciou no Brasil.    
c) No período da Ditadura Militar, foi criada a Guarda Nacional Indígena, uma milícia armada integrada exclusivamente por responsáveis pelo policiamento nas áreas indígenas para manutenção de sua cultura.    
d) Com o golpe civil-militar, devido às construções de grandes obras, a mão de obra indígena começou a ser parcialmente valorizada pelo governo Figueiredo, que percebeu a aptidão dos indígenas para a manufatura.   
e) Após o golpe civil-militar, um novo período econômico se iniciou no Brasil, com construções de grandes obras nas quais os indígenas passaram a ser tratados como obstáculos para o desenvolvimento nacional.    


Resposta:

[E]

Somente a alternativa [E] está correta. A questão aponta para o grande número de indígenas mortos durante a ditadura militar. A proposta era a “ocupação”, integração, modernização e desenvolvimento, ou seja, crescimento econômico. As grandes empresas em nome do lucro iniciaram as obras sem levar em consideração o impacto ambiental e as comunidades ribeirinhas gerando desmatamento e mortes destes nativos.



  
21. (Ucpel 2017)  Dez anos depois da saída do marechal Castello Branco de sua casa de Ipanema para o palácio Laranjeiras, o General Ernesto Geisel preparava-se para ocupar a Presidência da República.
Receberia uma ditadura militar que apoiara, sabendo que dentro dela está montada uma máquina de extermínio das lideranças esquerdistas. Não havia mais guerrilha, muito menos terrorismo.
Sobrara a máquina.

GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 464.


Um exemplo da ação da máquina descrita por Gaspari durante o governo de Geisel foi:
a) a morte do operário Santo Dias da Silva, em São Paulo, durante repressão a um movimento grevista em 1979.    
b) a detenção de 1700 estudantes da PUC de São Paulo, após invasão de suas dependências por forças policiais em setembro de 1977.    
c) a captura e morte do ex-capitão do exército Carlos Lamarca, que havia aderido a luta armada contra o regime no sertão da Bahia em agosto de 1971.    
d) a mal sucedida atuação de militares no atentado do Riocentro, com a finalidade imputar a grupos de esquerda a ação terrorista em maio de 1981.    
e) a morte do estudante universitário Edson Luis em enfrentamentos com a polícia numa manifestação ocorrido no Rio de Janeiro em março de 1968.    


Resposta:

[B]

Cronologicamente, o único evento ocorrido durante o governo Geisel está apresentado na alternativa [B]. Todas as demais alternativas apresentam eventos ocorridos em outros governos do Regime Militar.



  
22. (G1 - ifsul 2017)  O período da História do Brasil entre os anos de 1969 e 1973 foi marcado por forte crescimento da economia. Nesta época o Brasil era uma Ditadura Militar, governado pelo general Médici. O termo “milagre” está relacionado com este rápido e excepcional crescimento econômico pelo qual passou o Brasil neste período.
Disponível em: . Acesso em: 23 jul. 2016.


O crescimento econômico brasileiro começou a diminuir a partir de 1974 com uma crise mundial provocada
a) pelo aumento do juro internacional.   
b) pelo choque do petróleo.   
c) pela inflação mundial.   
d) pelo superavit na balança comercial brasileira.   


Resposta:

[B]

Somente a alternativa [B] está correta. A questão menciona o “Milagre Brasileiro”, período em que a economia brasileira cresceu em ritmo acelerado graças a empréstimos no exterior aumentando a dívida externa. Foi durante o governo do general Médici, 1969-1974, que ocorreu o auge deste “Milagre Econômico”. Vale dizer que este referido crescimento econômico não foi acompanhado por distribuição de renda, provocando arrocho salarial e desvalorização do salário mínimo. Com a Primeira Crise Mundial do Petróleo em 1974 o milagre econômico começou a declinar, ainda assim, no governo Geisel, 1974-1978, a economia cresceu em média  ao ano, mas a triste realidade do “Milagre Brasileiro” ocorreu no governo de presidente militar João Baptista Figueiredo, 1979-1985, quando o Brasil e a América Latina viveram a década perdida, a década de 1980. 



  
23. (G1 - ifba 2017)  “(...) Há soldados armados, amados ou não/ Quase todos perdidos de armas na mão/ Nos quartéis lhe ensinam uma antiga lição/ De morrer pela pátria e viver sem razão (...).”
(Fonte: VANDRÉ, Geraldo. Pra não dizer que não falei das flores. Geraldo Vandré no Chile, 1968. Disponível em: https://www.letras.mus.br/geraldo-vandre/46168/. Acesso em: 04/09/2016.).


O trecho da canção acima representa críticas do autor em relação ao momento histórico do Brasil, caracterizado:
a) Pela experiência democrática no Brasil, governo de João Goulart, e forte presença militar no Estado, como demonstra o trecho da música.   
b) Pelo Governo Militar no Brasil, que respeitou as garantias individuais dos cidadãos, a exemplo, a manutenção das eleições diretas para Presidente da República.   
c) Pela "Democracia restringida", pois ocorreu uma reformulação da política no país com a garantia da participação popular nesse processo.   
d) Pela manutenção dos direitos trabalhistas, repressão aos movimentos sociais e diminuição da desigualdade social.   
e) Pela Ditadura Militar, que determinou a censura, perseguição política e repressão àqueles contrários ao regime, a exemplo do autor da canção citada.   


Resposta:

[E]

A canção Pra não dizer que não falei das flores foi escrita no contexto da Ditadura Militar, período marcado pela forte repressão contra aqueles que se levantavam contra o regime.



  
24. (Fuvest 2017)  Não nos esqueçamos de que este é um tempo de abertura. Vivemos sob o signo da anistia que é esquecimento, ou devia ser. Tempo que pede contenção e paciência. Sofremos todo ímpeto agressivo. Adocemos os gestos. O tempo é de perdão. (...) Esqueçamos tudo isto, mas cuidado! Não nos esqueçamos de enfrentar, agora, a tarefa em que fracassamos ontem e que deu lugar a tudo isto. Não nos esqueçamos de organizar a defesa das instituições democráticas contra novos golpistas militares e civis para que em tempo algum do futuro ninguém tenha outra vez de enfrentar e sofrer, e depois esquecer os conspiradores, os torturadores, os censores e todos os culpados e coniventes que beberam nosso sangue e pedem nosso esquecimento.

Darcy Ribeiro. “Réquiem”, Ensaios insólitos. Porto Alegre: L&PM, 1979.


O texto remete à anistia e à reflexão sobre os impasses da abertura política no Brasil, no período final do regime militar, implantado com o golpe de 1964. Com base nessas referências, escolha a alternativa correta.
a) A presença de censores na redação dos jornais somente foi extinta em 1988, quando promulgada a nova Constituição.    
b) O projeto de lei pela anistia ampla, geral e irrestrita foi uma proposta defendida pelos militares como forma de apaziguar os atos de exceção.   
c) Durante a transição democrática, foram conquistados o bipartidarismo, as eleições livres e gerais e a convocação da Assembleia Constituinte.   
d) A lei de anistia aprovada pelo Congresso beneficiou presos políticos e exilados, e também agentes da repressão.   
e) O esquecimento e o perdão mencionados integravam a pauta da Teologia da Libertação, uma importante diretriz da Igreja Católica.    


Resposta:

[D]

A Lei de Anistia, aprovada em 1979, amparava-se em duas proposições: (1) concedia perdão político aos exilados e (2) eximia de culpa os agentes militares e civis que feriram os direitos humanos ao longo da vigência do regime.



  
25. (Uece 2017)  Atente ao seguinte excerto: “[...] Várias figuras importantes tiveram seus direitos políticos cassados. Muitas prisões, apreensões e queima de livros considerados subversivos foram feitos pelos órgãos repressivos. Reformas na máquina administrativa e mudanças nas leis trabalhistas foram promovidas logo no início do governo Castelo Branco: as greves foram praticamente proibidas e os salários arrochados, isto é, mantidos em níveis bastante baixos”.

Antônio Pedro e Lizânias de Souza Lima. História sempre presente. v. 3. 1ª ed.
São Paulo, FTD, 2010. p. 280.


O momento da História Republicana do Brasil a que o excerto acima se refere é
a) a implantação do Estado Novo, em 1937, quando o regime ditatorial se fez notar com todas as suas características.   
b) o início do período da Nova República, em 1985, marcado pela liberdade de mercado e pelo forte controle social por parte do Estado.   
c) o início do período dos Governos Militares instalados após o golpe de 1964 que depôs o Presidente João Goulart e que durou até 1985.   
d) o período posterior à morte do Presidente Getúlio Vargas, em 1954, quando as forças opositoras alcançaram o poder e impuseram sua política.   


Resposta:

[C]

Somente a proposição [C] está correta. O texto citado remete ao regime militar no Brasil, 1964-1985, quando ocorreram censura, repressão, violência e inúmeras violações aos direitos humanos. Foram criados inúmeros Atos Institucionais e órgãos repressivos e, também, mudanças nas leis trabalhistas como a criação do FGTS em 1966 substituindo a estabilidade no emprego. Embora o “Milagre Brasileiro” mostrasse números animadores, o arrocho salarial foi muito forte prejudicando a vida dos brasileiros mais humildes.



  
26. (G1 - ifpe 2017)  Carlos Lacerda, que quatro anos antes agradecera a Deus a chegada dos tanques, foi levado preso para um quartel, por ordem do general Jayme Portella, para desagrado do comandante do I Exército, Syseno Sarmento, que acabara de encarcerar o ex-presidente Juscelino Kubitschek, capturado quando descia as escadas do Teatro Municipal. JK foi levado para uma unidade da Baixada Fluminense, onde o deixaram num alojamento sujo, com privada sem tampo, sofá rasgado e goteira [...]. Em Goiânia, onde seria paraninfo de uma turma de estudantes de direito, o advogado Sobral Pinto, que, em 1963, denunciara a bolchevização do país e um ano depois estava no DOPS soltando comunistas, foi preso de pijama e chinelos, aos 75 anos.

GASPARI, E. As ilusões armadas. 1. A ditadura envergonhada. 2. ed. rev. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014. 432 p., pp. 343-344.


O autor do texto apresenta informações relativas ao período histórico brasileiro conhecido como Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Com relação à ideia global do texto e a partir de seus conhecimentos sobre o tema, é CORRETO afirmar que 
a) a Ditadura Civil-Militar não se limitava a perseguir, prender e torturar comunistas ou membros da esquerda brasileira.    
b) muitas prisões de personagens de esquerda foram necessárias para se alcançar a estabilidade do regime político instaurado em 1964.    
c) os militares no poder estavam saneando a vida política nacional por meio da prisão de líderes civis corruptos e populistas.    
d) o zelo militar na defesa dos ideais democráticos ia ao ponto de prender civis considerados perigosos à estabilidade democrática.    
e) muitas lideranças políticas civis estavam traindo a democracia brasileira, o que as tornava alvo da repressão política da Revolução de 31 de Março.   


Resposta:

[A]

Somente a alternativa [A] está correta. O golpe militar implantado no Brasil em 1964 teve como justificativa a manutenção da ordem combatendo os comunistas e pessoas ligadas a esquerda brasileira. No entanto, o texto mostra que os governos militares prenderam e reprimiram muitas personalidades que não eram de esquerda e muito menos comunistas.



  
27. (Enem 2017)  No período anterior ao golpe militar de 1964, os documentos episcopais indicavam para os bispos que o desenvolvimento econômico, e claramente o desenvolvimento capitalista, orientando-se no sentido da justa distribuição da riqueza, resolveria o problema da miséria rural e, consequentemente, suprimiria a possibilidade do proselitismo e da expansão comunista entre os camponeses. Foi nesse sentido que o golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela igreja.

MARTINS, J. S. A política do Brasil: lúmpen e místico. São Paulo: Contexto. 2011 (adaptado).


Em que pesem as divergências no interior do clero após a instalação da ditadura civil-militar, o posicionamento mencionado no texto fundamentou-se no entendimento da hierarquia católica de que o(a)
a) luta de classes é estimulada pelo livre mercado.    
b) poder oligárquico é limitado pela ação do Exército.    
c) doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior.    
d) espaço político é dominado pelo interesse empresarial.    
e) manipulação ideológica é favorecida pela privação material.    


Resposta:

[E]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
Às vésperas do Golpe de 1964, a Igreja Católica, preocupada com o apoio popular às tendências comunistas, buscou apoiar mudanças materiais no campo para impedir o aumento de ideais revolucionários comunistas no país.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia]
O Comunismo de inspiração soviética era ateu e, por isso, era bastante criticado e combatido pela Igreja Católica. Por considerar que a população pobre é mais sensível a esse tipo de teoria política, o texto aponta que a Igreja, naquele momento histórica, foi favorável ao golpe militar.



  
28. (Unicamp 2017)  “O tropicalismo buscava revolucionar a linguagem e o comportamento na vida cotidiana, incorporando-se simultaneamente à sociedade de massa e aos mecanismos do mercado de produção cultural. Criticava ao mesmo tempo a ditadura e uma estética de esquerda acusada de menosprezar a forma artística. Articulava aspectos modernos e arcaicos, buscava retomar criticamente a tradição brasileira e absorver influências estrangeiras de modo ‘antropofágico’.”

Marcelo Ridenti, “Cultura”, em Daniel Aarão Reis (org.), Modernização, ditadura e democracia: 1964-2010. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 256.


O tropicalismo, no contexto cultural brasileiro dos anos 1960 e 1970,
a) foi influenciado pelo manifesto antropofágico e propunha digerir aspectos da cultura mundial – como a guitarra elétrica e a televisão – para difundir o ideal de uma sociedade alinhada com os interesses da modernização econômica da ditadura.   
b) era um movimento que criticava a ditadura, associada à Jovem Guarda, e a esquerda, identificada com a Bossa Nova, propondo uma leitura imparcial para a cultura, como se observa na música popular e na dramaturgia do Teatro Oficina.   
c) criticava o Cinema Novo e a glamorização da “estética da fome”, preferindo abrir-se para os movimentos internacionais, como fizeram o modernismo em relação ao futurismo e a vanguarda do grupo do Teatro Opinião.   
d) usava referências eruditas e populares, incorporava aspectos da música pop mesclada a aspectos regionais e expressava críticas à ditadura e ao patrulhamento praticado por alguns fãs das canções de protesto.   


Resposta:

[D]

O tropicalismo amparou-se na antropofagia, na ênfase à cultura propriamente brasileira e na exaltação dos movimentos sociais iniciados em 1968 mundo afora. Foi, por isso, igualmente criticada pela direita (governo ditatorial, no caso) e pela esquerda (oposição ditatorial, então), mas resistiu e transformou-se num dos mais importantes movimentos artísticos brasileiros.




TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ATO INSTITUCIONAL Nº 5, DE 13 DE DEZEMBRO DE 1968.

“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, ouvido o Conselho de Segurança Nacional,

(...) Resolve editar o seguinte:

(...)

Art. 4º - No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.

Parágrafo único - Aos membros dos Legislativos federal, estaduais e municipais, que tiverem seus mandatos cassados, não serão dados substitutos, determinando-se o quorum parlamentar em função dos lugares efetivamente preenchidos.

Art. 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em:
I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;
II - suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais;
III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política;
IV - aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança:
a) liberdade vigiada;
b) proibição de frequentar determinados lugares;
c) domicílio determinado; (…)

Art. 10º - Fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular.”

Retirado de: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/AIT/ait-05-68.htm. Acesso em 24/05/2017.


29. (Pucsp 2017)  As medidas previstas pelo texto tiveram vários desdobramentos políticos efetivos, entre os quais:
a) O restabelecimento da democracia, o combate à subversão e a garantia da ordem.   
b) A concentração de poderes no Executivo, a repressão às oposições e a restrição de liberdades.   
c) A harmonia entre os poderes, a consolidação da Revolução e a segurança.   
d) O predomínio do Legislativo, a consolidação do sistema jurídico e a garantia das liberdades.   


Resposta:

[B]

O AI-5 dava ao Executivo o direito de interferir no Legislativo federal, estadual e municipal, o que ampliava os poderes do presidente militar. Além disso, o Ato previa punições aos chamados crimes contra a segurança nacional, o que, ao fim e ao cabo, significava que qualquer ato contrário ao regime seria reprimido e punido.



  
30. (Enem 2016)  Batizado por Tancredo Neves de “Nova República”, o período que marca o reencontro do Brasil com os governos civis e a democracia ainda não completou seu quinto ano e já viveu dias de grande comoção. Começou com a tragédia de Tancredo, seguiu pela euforia do Plano Cruzado, conheceu as depressões da inflação e das ameaças da hiperinflação e desembocou na movimentação que antecede as primeiras eleições diretas para presidente em 29 anos.

O álbum dos presidentes: a história vista pelo JB. Jornal do Brasil. 15 nov. 1989.


O período descrito apresenta continuidades e rupturas em relação à conjuntura histórica anterior. Uma dessas continuidades consistiu na
a) representação do legislativo com a fórmula do bipartidarismo.   
b) detenção de lideranças populares por crimes de subversão.   
c) presença de políticos com trajetórias no regime autoritário.    
d) prorrogação das restrições advindas dos atos institucionais.   
e) estabilidade da economia com o congelamento anual de preços.   


Resposta:

[C]

O período mencionado pela questão – entre 1985 e 1989 – corresponde ao governo de José Sarney. No qual foi comum a presença de políticos que fizeram carreira durante a Ditadura – o próprio Sarney, ACM, Paulo Maluf, Ulysses Guimarães, entre outros – nos círculos políticos.








 

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