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República Velha: Questões Comentadas

Conheça meu curso intensivo de História do Brasil

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1.   "A esperança de um belo dia sagrando uma bela data e uma bela obra desfez-se, infelizmente, o sol não veio, e foi sob um aguaceiro impenitente e odioso, fino e pulverizado a começo, grosso e encharcante depois, que se foi ontem à inauguração da formosa avenida (...)".
            ("O País", 16/11/1905 - "15 de Novembro").

Está completando um século a inauguração festiva da Avenida Central, hoje Rio Branco, no centro da cidade do Rio de Janeiro, obra maior do prefeito Pereira Passos. Para sua construção centenas de imóveis foram derrubados. O conjunto das intervenções urbanas realizadas na época, sob a argumentação da modernização, embelezamento e higienização, dividiu a imprensa e a população durante todo o período do governo do Presidente Rodrigues Alves (1902/1906).

a) Apresente dois argumentos, sendo um contrário e um favorável, utilizados naquele momento em relação às reformas no Rio de Janeiro.
b) Cite a revolta popular ocorrida naquele período contra a ação "higienizadora" das autoridades.
  
2.   A história da construção do Estado brasileiro na primeira metade do século XIX foi a história da tensão entre unidade e autonomia. Por outro lado, no interior do Estado, de elites com fortes vínculos com os interesses de sua região de origem e ao mesmo tempo comprometidas com uma determinada política nacional, pautada pela negociação destes interesses e pela manutenção da exclusão social, marcou não apenas o século XIX, como também o século XX. Através do parlamento essas elites regionais têm imposto uma determinada dinâmica para o jogo político que se materializa na imensa dificuldade de empreender reformas sociais profundas.

Dolhnikoff, Miriam. O pacto imperial. As origens do federalismo no Brasil. São Paulo: Globo, 2005, p. 11-12.

De acordo com o ponto de vista apresentado no texto,
a) a história brasileira é marcada por práticas de tolerância política acentuadas nas últimas décadas com a redemocratização do país.   
b) o parlamento é a única instituição política imune aos interesses e ao controle das elites regionais brasileiras.   
c) as profundas reformas sociais só foram possíveis graças às transformações políticas ocorridas na primeira metade do século XIX no Brasil.   
d) a dinâmica política do Estado nacional se constituiu com base em negociações entre as elites regionais e a exclusão social de outros setores.   
e) as características descritas sobre o Estado revelam a supremacia do Poder Judiciário sobre o Poder Legislativo na história política brasileira.   
  
3.   O escritor e político peruano Mario Vargas Llosa recebeu da Academia Sueca o Prêmio Nobel de Literatura de 2010 pelo conjunto de sua obra, da qual podemos destacar “A guerra do fim do mundo”, publicada em 1981, tendo como tema básico:
a) as previsões feitas pelos maias sobre uma possível catástrofe que ocorrerá no dia 21 de dezembro de 2012;   
b) a queda do Muro de Berlim, fato que mudou de forma radical as relações internacionais ao pôr fim à Guerra Fria;   
c) a ocorrência, na Bahia, da Guerra de Canudos, tomando como referência a obra “Os Sertões”, de Euclides da Cunha;   
d) um inevitável desastre ecológico, resultado da ação predadora do homem ao longo do tempo em todo o planeta;   
e) uma análise comparativa entre a Guerra da Coreia e a Guerra do Vietnã, tomando como referência a ótica norte-americana sobre os conflitos.   
  
4.   Na obra Raízes do Brasil, publicada pela primeira vez em 1936, Sérgio Buarque de Holanda, ao analisar o processo histórico de formação da nossa sociedade, afirma:

Desde o período colonial, para os detentores dos cargos públicos, a gestão política apresentava-se como assunto de seus interesses particulares. Isso caracteriza justamente o que separa o funcionário patrimonial e o puro burocrata. Para o funcionário patrimonial, as funções, os empregos e os benefícios que deles recebe relacionam-se a direitos pessoais dos funcionários e não a interesses objetivos, como ocorre no verdadeiro Estado burocrático. Assim, no Brasil, pode-se dizer que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. [Adaptado].

Considerando as reflexões do autor e levando em conta práticas políticas constatadas no Brasil Republicano, é possível inferir que
a) os limites entre os domínios do público e do privado, no âmbito da administração pública, se confundem, não obstante as leis que visam a combater o patrimonialismo.   
b) o patrimonialismo está presente nas regiões mais carentes do País, em razão apenas do baixo nível de formação dos quadros da administração pública.   
c) as estruturas do poder administrativo no Brasil permanecem as mesmas do período colonial, daí a manutenção do patrimonialismo disseminado na sociedade.   
d) o predomínio do interesse particular sobre o interesse público, no Brasil, foi efetivamente rompido com o êxito da Revolução de 1930.   
  
5.   Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final.

FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 (adaptado).

A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior.

TOPIK, S. A presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 (adaptado).

Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a sua utilização:
a) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem necessidade de alianças.   
b) As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para este período.   
c) As disputas políticas do período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas.   
d) A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias.   
e) A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses das oligarquias.   
 
Gabarito:  

Resposta da questão 1:
 a) Contrário - as reformas tinham caráter elitista, não levando em consideração a situação da população pobre, como, por exemplo, na derrubada de habitações para a abertura de avenidas sem garantia de moradia para os desabrigados. Favorável - o embelezamento da cidade e a erradicação de diversas moléstias que assolavam o Rio de Janeiro.

b) Revolta da vacina.  

Resposta da questão 2:
 [D]

A autora, no trecho citado, salienta o caráter elitista da vida política brasileira, com arranjos que excluíam a participação popular no processo político. O próprio fato de que durante parte considerável do Império (século XIX) o voto era censitário, restrito a uma limitadíssima parcela mais rica da população, reforça essa característica que a República não reverteu de imediato. Aspectos como o voto de cabresto e os currais eleitorais, típicos da República Velha, mostram exatamente esse predomínio das elites locais no uso da política em benefício apenas de seus interesses.  

Resposta da questão 3:
 [C]

Considerado como a obra-prima de Vargas Llosa, “A guerra do fim do mundo” mescla personagens reais e fictícios para recriar a história de Antonio Conselheiro e seus seguidores no episódio da história brasileira conhecido como “Guerra de Canudos”. Vargas Llosa escreveu tal obra após se encantar com a leitura do clássico brasileiro de Euclides da Cunha, “Os sertões”.  

Resposta da questão 4:
 [A]

A análise do fragmento textual é fundamental, pois o papel a ser desempenhado pela questão é associado ao papel da Historiografia. Dessa maneira, o aluno consegue perceber que a miscigenação é uma situação ímpar no Brasil, pois conseguiu unir brancos, índios e negros, mesmo que, em contrapartida, o controle continuasse sobre a elite no período republicano.  

Resposta da questão 5:
 [C]

Apesar de apelido dado “café com leite”, vale a pena lembrar que parte da elite mineira estava ligada à produção de café, enquanto a importância da pecuária leiteira crescia. Os cafeicultores mineiros tinham maiores vínculos com os paulistas, enquanto que os pecuaristas, que produziam para o mercado interno, possuíam maiores contradições. Além disso, a aliança procurava garantir o controle sobre a Presidência da República e necessitava do apoio das oligarquias estaduais – e, portanto dos coronéis – para que tivessem o apoio do Congresso Nacional.  
 




1.   "A esperança de um belo dia sagrando uma bela data e uma bela obra desfez-se, infelizmente, o sol não veio, e foi sob um aguaceiro impenitente e odioso, fino e pulverizado a começo, grosso e encharcante depois, que se foi ontem à inauguração da formosa avenida (...)".
            ("O País", 16/11/1905 - "15 de Novembro").

Está completando um século a inauguração festiva da Avenida Central, hoje Rio Branco, no centro da cidade do Rio de Janeiro, obra maior do prefeito Pereira Passos. Para sua construção centenas de imóveis foram derrubados. O conjunto das intervenções urbanas realizadas na época, sob a argumentação da modernização, embelezamento e higienização, dividiu a imprensa e a população durante todo o período do governo do Presidente Rodrigues Alves (1902/1906).

a) Apresente dois argumentos, sendo um contrário e um favorável, utilizados naquele momento em relação às reformas no Rio de Janeiro.
b) Cite a revolta popular ocorrida naquele período contra a ação "higienizadora" das autoridades.
  
2.   A história da construção do Estado brasileiro na primeira metade do século XIX foi a história da tensão entre unidade e autonomia. Por outro lado, no interior do Estado, de elites com fortes vínculos com os interesses de sua região de origem e ao mesmo tempo comprometidas com uma determinada política nacional, pautada pela negociação destes interesses e pela manutenção da exclusão social, marcou não apenas o século XIX, como também o século XX. Através do parlamento essas elites regionais têm imposto uma determinada dinâmica para o jogo político que se materializa na imensa dificuldade de empreender reformas sociais profundas.

Dolhnikoff, Miriam. O pacto imperial. As origens do federalismo no Brasil. São Paulo: Globo, 2005, p. 11-12.

De acordo com o ponto de vista apresentado no texto,
a) a história brasileira é marcada por práticas de tolerância política acentuadas nas últimas décadas com a redemocratização do país.   
b) o parlamento é a única instituição política imune aos interesses e ao controle das elites regionais brasileiras.   
c) as profundas reformas sociais só foram possíveis graças às transformações políticas ocorridas na primeira metade do século XIX no Brasil.   
d) a dinâmica política do Estado nacional se constituiu com base em negociações entre as elites regionais e a exclusão social de outros setores.   
e) as características descritas sobre o Estado revelam a supremacia do Poder Judiciário sobre o Poder Legislativo na história política brasileira.   
  
3.   O escritor e político peruano Mario Vargas Llosa recebeu da Academia Sueca o Prêmio Nobel de Literatura de 2010 pelo conjunto de sua obra, da qual podemos destacar “A guerra do fim do mundo”, publicada em 1981, tendo como tema básico:
a) as previsões feitas pelos maias sobre uma possível catástrofe que ocorrerá no dia 21 de dezembro de 2012;   
b) a queda do Muro de Berlim, fato que mudou de forma radical as relações internacionais ao pôr fim à Guerra Fria;   
c) a ocorrência, na Bahia, da Guerra de Canudos, tomando como referência a obra “Os Sertões”, de Euclides da Cunha;   
d) um inevitável desastre ecológico, resultado da ação predadora do homem ao longo do tempo em todo o planeta;   
e) uma análise comparativa entre a Guerra da Coreia e a Guerra do Vietnã, tomando como referência a ótica norte-americana sobre os conflitos.   
  
4.   Na obra Raízes do Brasil, publicada pela primeira vez em 1936, Sérgio Buarque de Holanda, ao analisar o processo histórico de formação da nossa sociedade, afirma:

Desde o período colonial, para os detentores dos cargos públicos, a gestão política apresentava-se como assunto de seus interesses particulares. Isso caracteriza justamente o que separa o funcionário patrimonial e o puro burocrata. Para o funcionário patrimonial, as funções, os empregos e os benefícios que deles recebe relacionam-se a direitos pessoais dos funcionários e não a interesses objetivos, como ocorre no verdadeiro Estado burocrático. Assim, no Brasil, pode-se dizer que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. [Adaptado].

Considerando as reflexões do autor e levando em conta práticas políticas constatadas no Brasil Republicano, é possível inferir que
a) os limites entre os domínios do público e do privado, no âmbito da administração pública, se confundem, não obstante as leis que visam a combater o patrimonialismo.   
b) o patrimonialismo está presente nas regiões mais carentes do País, em razão apenas do baixo nível de formação dos quadros da administração pública.   
c) as estruturas do poder administrativo no Brasil permanecem as mesmas do período colonial, daí a manutenção do patrimonialismo disseminado na sociedade.   
d) o predomínio do interesse particular sobre o interesse público, no Brasil, foi efetivamente rompido com o êxito da Revolução de 1930.   
  
5.   Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final.

FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 (adaptado).

A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior.

TOPIK, S. A presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 (adaptado).

Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a sua utilização:
a) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem necessidade de alianças.   
b) As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para este período.   
c) As disputas políticas do período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas.   
d) A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias.   
e) A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses das oligarquias.   
 
Gabarito:  

Resposta da questão 1:
 a) Contrário - as reformas tinham caráter elitista, não levando em consideração a situação da população pobre, como, por exemplo, na derrubada de habitações para a abertura de avenidas sem garantia de moradia para os desabrigados. Favorável - o embelezamento da cidade e a erradicação de diversas moléstias que assolavam o Rio de Janeiro.

b) Revolta da vacina.  

Resposta da questão 2:
 [D]

A autora, no trecho citado, salienta o caráter elitista da vida política brasileira, com arranjos que excluíam a participação popular no processo político. O próprio fato de que durante parte considerável do Império (século XIX) o voto era censitário, restrito a uma limitadíssima parcela mais rica da população, reforça essa característica que a República não reverteu de imediato. Aspectos como o voto de cabresto e os currais eleitorais, típicos da República Velha, mostram exatamente esse predomínio das elites locais no uso da política em benefício apenas de seus interesses.  

Resposta da questão 3:
 [C]

Considerado como a obra-prima de Vargas Llosa, “A guerra do fim do mundo” mescla personagens reais e fictícios para recriar a história de Antonio Conselheiro e seus seguidores no episódio da história brasileira conhecido como “Guerra de Canudos”. Vargas Llosa escreveu tal obra após se encantar com a leitura do clássico brasileiro de Euclides da Cunha, “Os sertões”.  

Resposta da questão 4:
 [A]

A análise do fragmento textual é fundamental, pois o papel a ser desempenhado pela questão é associado ao papel da Historiografia. Dessa maneira, o aluno consegue perceber que a miscigenação é uma situação ímpar no Brasil, pois conseguiu unir brancos, índios e negros, mesmo que, em contrapartida, o controle continuasse sobre a elite no período republicano.  

Resposta da questão 5:
 [C]

Apesar de apelido dado “café com leite”, vale a pena lembrar que parte da elite mineira estava ligada à produção de café, enquanto a importância da pecuária leiteira crescia. Os cafeicultores mineiros tinham maiores vínculos com os paulistas, enquanto que os pecuaristas, que produziam para o mercado interno, possuíam maiores contradições. Além disso, a aliança procurava garantir o controle sobre a Presidência da República e necessitava do apoio das oligarquias estaduais – e, portanto dos coronéis – para que tivessem o apoio do Congresso Nacional.  




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