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Sociologia no ENEM 2016




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1.   Enquanto o pensamento de Santo Agostinho representa o desenvolvimento de uma filosofia cristã inspirada em Platão, o pensamento de São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até então vista sob suspeita pela Igreja –, mostrando ser possível desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás abriu caminho para o estudo da obra aristotélica e para a legitimação do interesse pelas ciências naturais, um dos principais motivos do interesse por Aristóteles nesse período.

MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.


A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação da obra de Aristóteles pelo fato de a obra aristotélica
a) valorizar a investigação científica, contrariando certos dogmas religiosos.   
b) declarar a inexistência de Deus, colocando em dúvida toda a moral religiosa.   
c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de outras instituições religiosas.   
d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando a expansão do cristianismo.   
e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos antirreligiosos, seguindo sua teoria política.   
  
2.   A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes generalidades em que todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, generalizações às vezes tão amplas e tão apressadas não são suscetíveis de nenhum tipo de prova.

DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.


O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na
a) vinculação com a filosofia como saber unificado.   
b) reunião de percepções intuitivas para demonstração.   
c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social.   
d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais.   
e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político.   
  
3.   Texto I

Cidadão

Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
“Tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?”
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer.

BARBOSA, L. In: ZÉ RAMALHO. 20 Super Sucessos.
Rio de Janeiro: Sony Music, 1999 (fragmento).


Texto II

O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua produção cresce em força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria ainda mais barata à medida que cria mais bens. Esse fato simplesmente subentende que o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, agora se lhe opõe como um ser estranho, como uma força independente do produtor.
MARX, K. Manuscritos econômicos-filosóficos (Primeiro manuscrito).
São Paulo: Boitempo Editorial, 2004 (adaptado).


Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo de produção capitalista é
a) baseada na desvalorização do trabalho especializado e no aumento da demanda social por novos postos de emprego.   
b) fundada no crescimento proporcional entre o número de trabalhadores e o aumento da produção de bens e serviços.   
c) estruturada na distribuição equânime de renda e no declínio do capitalismo industrial e tecnocrata.   
d) instaurada a partir do fortalecimento da luta de classes e da criação da economia solidária.   
e) derivada do aumento da riqueza e da ampliação da exploração do trabalhador.   
  
4.   Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor – mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que somos. A experiência ambiental da modernidade anula todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe e nacionalidade: nesse sentido, pode-se dizer que a modernidade une a espécie humana. Porém, é uma unidade paradoxal, uma unidade de desunidade.

BERMAN. M. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade.
São Paulo: Cia. das Letras. 1986 (adaptado).


O texto apresenta uma interpretação da modernidade que a caracteriza como um(a)
a) dinâmica social contraditória.   
b) interação coletiva harmônica.   
c) fenômeno econômico estável.   
d) sistema internacional decadente.   
e) processo histórico homogeneizador.   
  
5.   Não estou mais pensando como costumava pensar. Percebo isso de modo mais acentuado quando estou lendo. Mergulhar num livro, ou num longo artigo, costumava ser fácil. Isso raramente ocorre atualmente. Agora minha atenção começa a divagar depois de duas ou três páginas. Creio que sei o que está acontecendo. Por mais de uma década venho passando mais tempo on-line, procurando e surfando e algumas vezes acrescentando informação à grande biblioteca da internet. A internet tem sido uma dádiva para um escritor como eu. Pesquisas que antes exigiam dias de procura em jornais ou na biblioteca agora podem ser feitas em minutos. Como disse o teórico da comunicação Marshall McLuhan nos anos 60, a mídia não é apenas um canal passivo para o tráfego de informação. Ela fornece a matéria, mas também molda o processo de pensamento. E o que a net parece fazer é pulverizar minha capacidade de concentração e contemplação.

CARR. N. “Is Google making us stupid?”. Disponível em: www.theatlantic.com.
Acesso em: 17 fev. 2013 (adaptado).


Em relação à internet, a perspectiva defendida pelo autor ressalta um paradoxo que se caracteriza por
a) associar uma experiência superficial à abundância de informações.   
b) condicionar uma capacidade individual à desorganização da rede.   
c) agregar uma tendência contemporânea à aceleração do tempo.    
d) aproximar uma mídia inovadora à passividade da recepção.   
e) equiparar uma ferramenta digital à tecnologia analógica.   
 
Gabarito:  



Resposta da questão 1:
 [A]

O pensamento aristotélico era mais difícil de ser conjugado com o pensamento cristão uma vez que valorizava a investigação científica e não pressupunha a existência de um plano superior.  

Resposta da questão 2:
 [D]

A sociologia durkheimiana pega emprestado das ciências naturais seu modelo de análise científica. Assim é que Durkheim procura tornar a sociologia uma ciência objetiva, com um objeto de análise (fato social) e um método (método sociológico).  

Resposta da questão 3:
 [E]

Em um sistema capitalista, à medida que o trabalhador produz mais, sua exploração também aumenta. Isso porque cresce a distância entre a riqueza que ele produz e aquilo que recebe pelo que trabalhou.  

Resposta da questão :4
 [A]

A expectativa de experimentar a liberdade na vida moderna é contrastada pelos limites ambientais de nosso planeta. Assim aparece uma importante contradição: a de que, por mais que nos pretendamos altamente desenvolvidos, nunca os seres humanos criaram com tanta força as condições para a perda de sua própria possibilidade de existência.  

Resposta da questão 5:
 [A]

A experiência do autor revela o paradoxo de, ao mesmo tempo em que tem acesso a uma quantidade infinita de informações, ele perde a capacidade de concentração e contemplação e, por consequência, acaba por ter uma experiência superficial das coisas.  






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