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Cespe diplomacia - questões comentadas


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Acerca da Política Externa Independente (1961-1964), julgue (C ou E) os itens a seguir.

(    ) Convocado para opinar na Organização dos Estados Americanos, o Brasil votou contra o bloqueio naval imposto a Cuba pelos Estados Unidos da América em 1962.

Resposta:


Errado!!!
O Brasil votou favoravelmente ao bloqueio naval imposto à Ilha cubana. Era questão de garantir a segurança hemisférica, não convinha ao Brasil que a corrida armamentista e os riscos inerentes dessa situação afetasse a região. A situação era de grande perigo para a Região. Entretanto, ao longo do processo de discussão na OEA, nossa posição era marcada pela busca do esgotamento da solução diplomática, considerando que a proposta americana era ampla, produzindo, de certa forma, um cheque em branco.  O Embaixador Ilmar Penna Marinho, chefe da Delegação do Brasil junto à Organização dos Estados Americanos, informou ao Itamaraty que tinha comparecido junto com outros diplomatas latino-americanos e da Otan à sede do Departamento de Estado e presenciado "provas aerofotostáticas de acumulação, em Cuba, de armas militares de tipo ofensivo". Segundo o diplomata brasileiro: "as fotografias revelaram nitidamente o estabelecimento de quatro importantes plataformas para lançamentos de mísseis com uma órbita de ação que ia ao norte até ao Canadá e ao sul na altura de Lima". Ao ser informado por Lincoln Gordon, Embaixador americano no Brasil, a resposta inicial de Jango foi de total apoio à proposta americana, que incluía bloqueio naval e eventual uso da força na região. No entanto, a partir do dia 23 de outubro, o apoio total foi relativizado e as instruções do Itamaraty aos seus representantes na OEA a votar a favor "[da] parte da resolução norte-americana que prescreve o embargo de armas e a fiscalização de navios que demandem portos de Cuba". Porém, o Embaixador Ilmar Penna Marinho também foi alertado contra a autorização do uso indiscriminado da força armada subjacente na proposta original do Departamento de Estado, acrescentado que "o Brasil só pode determinar a sua posição depois de uma investigação por parte de observadores das Nações Unidas, a fim de comprovar as acusações formuladas no projeto de resolução contra o Governo cubano"; e em última instância - devido às irresistíveis pressões político-diplomáticas norte-americanas - o diplomata brasileiro deveria "declarar que, sem prejuízo da nossa solidariedade com os países do hemisfério e com os Estados Unidos da América, e de futuras posições que venhamos a adotar à luz de maiores esclarecimentos sobre a situação, deixamos de participar na votação por não haver, em nossa opinião, se completado o processo regular necessário para a tomada de tão graves decisões". Vale lembrar que na ocasião, o Brasil vivia o parlamentarismo e que Hermes Lima acumulava, desde setembro de 1966, a pasta de ministro das relações exteriores e de Primeiro ministro, tendo, inclusive, sido consultado por Kennedy acerca de uma possível intermediação junto a Fidel.


2- A estrutura do Breve Século XX parece uma espécie de tríptico ou sanduíche histórico. A uma era de catástrofe, que se estendeu de 1914 até depois da Segunda Guerra Mundial seguiram-se cerca de 25 ou 30 anos de extraordinário crescimento econômico e de transformação social, anos que provavelmente mudaram de maneira mais profunda a sociedade humana que qualquer outro período de brevidade comparável. Retrospectivamente, podemos ver esse período como uma espécie
de era de ouro, e assim ele foi visto quase imediatamente depois que acabou, no início da década de 70. A última parte do século foi uma nova era de decomposição, incerteza e crise - e, com efeito
para grandes áreas do mundo, como a África, a ex-URSS e as partes anteriormente socialistas da Europa, de catástrofe. À medida que a década de 80 dava lugar à de 90, o estado de espírito dos que
refletiam sobre o passado e o futuro do século era de crescente melancolia f in-de-siècle. Visto do privilegiado ponto de vista da década de 90, o Breve Século XX passou por uma curta era de ouro, entre uma crise e outra, e entrou em futuro desconhecido e problemático, mas não necessariamente apocalíptico.

Eric Hobsbawm. Era dos extremos - O breve século XX (1914-1991).São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 15-6 (com adaptações).


Em face das informações apresentadas no texto acima e considerando aspectos históricos marcantes do século XX, contingenciadores da política internacional praticada no período, julgue os itens seguintes.

(    ) No pós-Segunda Guerra e ao longo dos anos 50 do século XX, coincidindo com a " era de ouro" mencionada no texto, o sistema de Bretton Woods funcionou sem mai o res atropelos. Contudo, na década de 60, ele começou a ser fortemente pressionado em função, sobretudo, do déficit em conta-corrente que o s EUA passaram a registrar, processo acelerado em larga medida pelas despesas com a guerra no Vietnã.

Correto!!!

O padrão dólar-ouro, inaugurado em 1944, na conferência de Bretton Woods, era baseado na confiança de que a quantidade de dólar em circulação correspondia a reserva em ouro americana, logo com conversibilidade garantida pelo tesouro Americano. Os déficits em conta corrente, resultado, em grande parte, da apreciação da moeda americana pressionavam a economia, além do envolvimento do país no prolongado conflito no Vietnã. Como resultado, iniciou-se uma política monetária expansionista. O crescimento da liquidez de dólares no mundo, deixava claro que o acordo não estava sendo respeitado, a emissão estaria realmente lastreada em ouro? A dúvida gerava um risco que os americanos não estavam dispostos a correr. Dessa forma, o presidente Richard Nixon rompeu unilateralmente com a conversibilidade, em agosto de 1971.





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