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Questões Dissertativas de História do Brasil com Gabaritos Comentados

 


Questão 1:

Analise a importância da economia açucareira no Brasil colonial, considerando seus impactos sociais, econômicos e políticos. Em sua resposta, destaque as dinâmicas de monopólio e a visão cíclica da economia colonial proposta por Roberto Simonsen.

Questão 2:

Discuta as transformações econômicas ocorridas no Brasil durante o Segundo Reinado, com ênfase na hegemonia da cafeicultura e suas consequências para a modernização da infraestrutura e da economia brasileira.

 

Respostas Modelos para responder às Questões

 

Gabarito comentado da questão 1:

A economia açucareira foi fundamental para a consolidação do Brasil colonial sob a égide do sistema mercantilista, que visava o acúmulo de riquezas para a metrópole. A produção de açúcar, desenvolvida principalmente no Nordeste, estabeleceu-se como a atividade econômica mais lucrativa e de maior valor agregado, atendendo à demanda europeia por produtos tropicais. Este ciclo econômico, descrito por Roberto Simonsen em sua obra "História Econômica do Brasil" (1937), insere-se na visão cíclica e evolucionista da economia colonial, que considera a sucessão de ciclos produtivos como o açúcar, o ouro e o café. A partir dessa perspectiva, a economia açucareira representou o primeiro grande ciclo econômico do Brasil, marcado por uma estrutura latifundiária baseada na monocultura e na mão de obra escrava.

 

No campo social, o cultivo do açúcar consolidou a escravidão africana como o principal sistema de trabalho, perpetuando desigualdades sociais profundas. Politicamente, o açúcar reforçou a centralidade das elites agrárias no poder colonial, moldando as relações de poder em torno dos grandes proprietários de engenhos. A concentração de riquezas e a necessidade de proteção dos interesses econômicos dos senhores de engenho levaram ao fortalecimento de estruturas de poder locais, que, embora submetidas à autoridade metropolitana, desenvolveram certa autonomia administrativa e política.

 

Simonsen, no entanto, é criticado por simplificar o entendimento da economia colonial ao reduzi-la a uma sequência de ciclos dominados por um único produto, o que desconsidera as complexidades e interações entre diferentes atividades econômicas que coexistiram durante o período colonial. A análise mais recente sugere que, mesmo durante o predomínio do açúcar, havia uma diversificação econômica, com atividades como a produção de fumo, algodão e o início do extrativismo mineral, demonstrando uma economia colonial mais complexa do que a visão cíclica pode sugerir .

Gabarito comentado da questão 2:

O Segundo Reinado no Brasil, que se estendeu de 1840 a 1889, foi marcado por profundas transformações econômicas, principalmente devido à ascensão da cafeicultura como a principal atividade econômica do país. O café, cuja produção se concentrou inicialmente no Vale do Paraíba e, posteriormente, expandiu-se para o Oeste paulista, tornou-se o principal produto de exportação brasileiro, respondendo por grande parte das receitas do Império.

 

A hegemonia da cafeicultura teve consequências significativas para a modernização da infraestrutura e para a economia brasileira em geral. A necessidade de escoar a produção cafeeira impulsionou o desenvolvimento de uma rede ferroviária no Sudeste, ligando as áreas produtoras aos portos exportadores, especialmente o porto de Santos. Esse avanço infraestrutural facilitou a integração econômica e a urbanização de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que se consolidaram como centros econômicos e políticos do país.

 

Além disso, a cafeicultura fomentou o surgimento de um sistema bancário e financeiro mais sofisticado, com a criação de casas bancárias e de comércio voltadas para o financiamento e comercialização do café. O setor cafeeiro também contribuiu para a diversificação da economia, estimulando o início da industrialização no Brasil. A classe de barões do café começou a investir em indústrias, especialmente em setores diretamente ligados à produção agrícola, como o beneficiamento e transporte do café.

 

No entanto, a dependência do café também gerou vulnerabilidades, especialmente em termos de oscilação dos preços internacionais. A política de valorização do café adotada durante o Segundo Reinado visava sustentar os preços, mas acabou por criar uma economia fortemente dependente de um único produto. Esse cenário preparou o terreno para as crises econômicas subsequentes, que afetaram o país no início da República, quando o declínio dos preços do café e as dificuldades em sustentar a política de valorização levaram à necessidade de diversificação econômica e à busca por novos rumos para o desenvolvimento brasileiro .


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