Questão 1:
Analise a evolução da Política Externa Brasileira (PEB) no
período de 1990 a 2002, destacando como as mudanças no sistema internacional
após o fim da Guerra Fria influenciaram as estratégias políticas e econômicas
do Brasil. Aborde, necessariamente, os seguintes tópicos:
a) As principais mudanças introduzidas pela PEB nos governos
Collor e Itamar Franco.
b) A transição e continuidade da política externa nos dois
mandatos de Fernando Henrique Cardoso (FHC).
c) Os reflexos dessas mudanças para a inserção do Brasil no
cenário internacional a partir do século XXI.
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Questão 2:
Avalie os impactos das políticas econômicas da PEB durante
os governos Collor e FHC na integração regional do Brasil e sua participação no
comércio internacional. Em sua resposta, discuta:
a) As principais reformas econômicas implementadas por
Collor e como elas influenciaram a relação do Brasil com os EUA e o MERCOSUL.
b) A estratégia de FHC para a inserção do Brasil na economia
global, incluindo a criação da OMC e as negociações com a União Europeia e a
Ásia.
Resposta Modelo para a Questão 1:
A Política Externa Brasileira (PEB) entre 1990 e 2002 foi
marcada por profundas transformações, em resposta às mudanças no sistema
internacional pós-Guerra Fria. Com o fim da bipolaridade Leste-Oeste, o Brasil
precisou adaptar suas estratégias para um mundo em que as relações
internacionais eram definidas por novas dinâmicas, como o crescimento do
multilateralismo e a ascensão de novos temas globais.
Nos governos de Fernando Collor (1990-1992) e Itamar Franco
(1992-1994), a PEB refletiu essas mudanças. Collor rompeu com a tradição
desenvolvimentista e inaugurou uma política de alinhamento com os Estados
Unidos, priorizando o eixo Norte-Sul e a integração com a Argentina, que
resultou na formação do MERCOSUL. A Eco-92 representou um marco para a
reabilitação da imagem internacional do Brasil, especialmente na área
ambiental. No entanto, essa política de alinhamento teve como consequência a
diminuição das relações com países em desenvolvimento, como os da África e do
Oriente Médio.
Com Itamar Franco, houve um retorno à tradição
global-multilateral, com ênfase nas parcerias Sul-Sul e na continuidade do
MERCOSUL. O Brasil buscou maior autonomia regional e protagonismo na ONU,
defendendo a reforma do Conselho de Segurança e uma candidatura a assento
permanente. A política de Itamar também manteve um perfil discreto com os EUA,
evitando confrontos diretos, o que garantiu a continuidade de suas estratégias
externas.
Nos dois mandatos de FHC (1995-2002), a PEB foi marcada pela
reaproximação gradual com os EUA e pelo fortalecimento do MERCOSUL como base da
integração hemisférica. FHC também deu grande importância à diversificação de
parcerias, principalmente com a Ásia, reconhecendo a China como um parceiro
estratégico em ascensão. A criação da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) e a candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho
de Segurança da ONU foram exemplos do esforço de FHC em consolidar o Brasil
como uma potência média com influência global.
Conclui-se que, na virada do século XXI, a PEB dos governos
Collor, Itamar e FHC preparou o terreno para que o Brasil se inserisse de
maneira mais assertiva no cenário internacional, buscando equilíbrio entre a
integração regional e a diversificação de parcerias, tanto no âmbito bilateral
quanto multilateral.
Resposta Modelo para a Questão 2:
As políticas econômicas da Política Externa Brasileira (PEB)
entre 1990 e 2002 foram cruciais para a integração regional do Brasil e sua
inserção no comércio internacional. O governo Collor foi responsável por uma
abertura econômica significativa, com a eliminação de barreiras protecionistas
e a implementação de reformas neoliberais, em consonância com o Consenso de
Washington. Essa abertura unilateral favoreceu o fortalecimento das relações
com os Estados Unidos, especialmente ao resolver contenciosos históricos como a
reserva de mercado no setor de informática. A criação do MERCOSUL foi um dos
legados mais importantes de Collor, estabelecendo uma base sólida para a
integração regional.
No entanto, a prioridade dada às relações com os EUA e a
abertura econômica também resultaram em uma diminuição do protagonismo do
Brasil junto aos países em desenvolvimento, especialmente na África e no
Oriente Médio. A ênfase no bilateralismo com os EUA fez com que a política
africana e as relações com o Oriente Médio sofressem uma inflexão negativa,
limitando as parcerias do Brasil com essas regiões.
Durante os mandatos de FHC, a PEB deu continuidade ao
processo de integração regional iniciado por Collor, mas com uma visão mais
global. FHC focou na diversificação de parcerias internacionais e na
consolidação da posição do Brasil como um ator importante no comércio global. A
participação na criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1995 foi um
passo importante nessa direção, consolidando o Brasil como um defensor do livre
comércio. A estratégia de FHC incluiu a aproximação com a União Europeia, a
Ásia, e particularmente com a China, que se tornou um dos principais parceiros
comerciais do Brasil até o final de seu governo.
Essa diversificação de parcerias foi fundamental para
reduzir a dependência do Brasil em relação aos EUA e ampliar sua presença nos
mercados globais. A revalorização do MERCOSUL como plataforma de inserção
internacional e as negociações para acordos de livre comércio com a União
Europeia e a Ásia demonstram a busca do Brasil por uma inserção econômica mais
equilibrada e estratégica.
Assim, as políticas econômicas da PEB nos governos Collor e
FHC tiveram um impacto duradouro na integração regional do Brasil e em sua
participação no comércio internacional, estabelecendo as bases para uma
inserção mais diversificada e assertiva no cenário global a partir do século
XXI.
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