Infelizmente, nas últimas
décadas, o Brasil tem enfrentado uma série de ataques a escolas, que deixaram
marcas profundas na sociedade e na educação brasileira. Esses ataques foram
perpetrados por indivíduos com diferentes motivações e perfis, mas todos
deixaram um rastro de violência e dor.
Um dos primeiros ataques a escolas que ganhou grande repercussão no Brasil aconteceu em 2003, na cidade de Taiúva, em São Paulo. Na ocasião, um adolescente de 18 anos entrou na escola com uma arma e matou três pessoas, entre elas uma professora e um aluno. O atirador também ficou gravemente ferido e acabou sendo preso.
Em 2011, outro ataque chocou o país, dessa vez em Realengo, no Rio de Janeiro. Um ex-aluno da escola entrou armado no local e matou 12 estudantes, além de ferir outros 11. O atirador acabou tirando a própria vida antes da chegada da polícia.
No ano seguinte, em 2012, um jovem de 23 anos invadiu uma escola em São Caetano do Sul, também em São Paulo, e fez várias pessoas reféns. O sequestrador acabou sendo morto pela polícia durante a operação de resgate.
Em 2017, foi a vez de uma escola em Goiânia ser alvo de um ataque. Um estudante de 14 anos levou uma arma de fogo para a escola e acabou matando dois colegas de classe. O atirador foi apreendido e levado para a delegacia.
O ano de 2019 foi marcado por um dos ataques mais violentos a escolas no Brasil. Em Suzano, na Grande São Paulo, dois ex-alunos da escola entraram armados no local e mataram oito pessoas, entre elas estudantes e funcionários da escola. Os atiradores também acabaram se matando antes da chegada da polícia.
Em março de 2021, quatro
professoras e um aluno foram esfaqueados na unidade, que fica na Vila Sônia,
Zona Sul da capital paulista. Uma das professoras, Elisabete Tenreiro, de 71
anos, teve uma parada cardíaca e morreu no Hospital Universitário da
Universidade de São Paulo (USP). O agressor, um aluno de 13 anos do 8º ano na
escola, foi desarmado por professoras, apreendido por policiais e levado ao 34°
DP, onde o caso foi registrado.
Esses são apenas alguns dos casos
mais emblemáticos de ataques a escolas que aconteceram no Brasil nas últimas
décadas. Infelizmente, esses episódios mostram a urgência de se discutir e
implementar políticas públicas para garantir a segurança nas escolas e proteger
a vida dos estudantes e profissionais da educação. No entanto, essas políticas
não podem e não devem se limitar ao envio de policiais para as escolas, uma vez
que soluções simples não resolvem problemas complexos, apenas conseguem camuflá-los.
A sociedade precisa entender de uma vez por todas a importância e o papel da
educação. Não há ferramenta mais eficaz para resolver problemas sociais, desde
que haja uma ação integrada, coordenada e, sem ilusões imediatistas, com visão
de médio e longo prazo. Começando pela justiça, é necessária a
responsabilização dos pais, seja por ação ou omissão, em relação às atitudes de
seus filhos que atentem contra a integridade. A Educação não é monopólio da
escola, mas responsabilidade primária dos pais. Pais que abandonam seus filhos, mesmo aqueles
que não os criaram, deveriam, a meu ver, dividir com eles a responsabilidade
sobre atos violentos contra indivíduos inocentes da sociedade. Ele precisa ter
consciência sobre a responsabilidade de gerar filhos, de educá-los e de
entregar cidadãos ao convívio social. Ao Estado cabe orientar aqueles pais que,
por questões sociais precárias, gravidez precoce, não tenham condições
intelectuais de discernir a adequada condução educacional de seus filhos, ou
identificar possíveis distúrbios que devam ser clinicamente acompanhados. O Sistema
de educação, por outro lado, deve inserir, acompanhar, avaliar e cobrar programas
que combatam o ódio, o racismo, a intolerância, a violência, o extremismo.
Professores capacitados são capazes de perceber, ao longo de aulas sobre o
assunto, aqueles alunos que ficam desconfortáveis com essas abordagens, o que já
pode ser um indício de uma formação inadequada, seja por parte dos pais ou de
redes sociais frequentadas sem o conhecimento destes. Não é possível a educação
dar certo sem a integração entre a escola e a família, da mesma forma que a
escola não deve ficar esperando passivamente pela família, a família não deve
delegar a educação exclusivamente à unidade educacional.
Por fim, é preciso que a
sociedade como um todo se engaje na construção de uma cultura de paz e na
promoção da educação como ferramenta para a transformação social. É fundamental
que as instituições governamentais, as organizações da sociedade civil e os
cidadãos em geral trabalhem juntos para garantir um futuro mais seguro e justo
para as próximas gerações. A segurança nas escolas não deve ser uma preocupação
isolada, apenas uma questão de polícia, mas sim um aspecto fundamental de um
projeto mais amplo de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Professor Arão Alves
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