1. Entre 1831 e 1845, estouraram revoltas em diversas
províncias brasileiras. A Revolta dos Malês (1835) teve por base a cidade de
Salvador, na Bahia. A Balaiada (1838-1841) alastrou-se pelo Maranhão e Piauí. A
Farroupilha (1835-1845) desenrolou-se no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
a) Aponte uma característica
de cada revolta indicada no enunciado.
b) Do ponto de vista das
propostas sociais, qual a grande diferença entre os projetos da Balaiada, em
sua fase final, e os da Farroupilha?
c) Em que contexto da política
brasileira ocorreram tais revoltas?
2.
A fatalidade das revoluções é que sem os exaltados não é possível
fazê-las e com eles é impossível governar. Cada revolução subentende uma luta
posterior e aliança de um dos aliados, quase sempre os exaltados, com os
vencidos. A irritação dos exaltados [trouxe] a agitação federalista extrema, o
perigo separatista, que durante a Regência [ameaçou] o país de norte a sul, a
anarquização das províncias. [...] durante este prazo, que é o da madureza de
uma geração, se o governo do país tivesse funcionado de modo satisfatório –
bastava não produzir abalos insuportáveis –, a desnecessidade do elemento
dinástico teria ficado amplamente demonstrada.
NABUCO, Joaquim. Um Estadista do Império: Nabuco de Araújo, sua vida,
suas opiniões, sua época. 2ed. São Paulo: Editora Nacional, Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1936, p.21.
Na obra Um Estadista do Império, escrita entre os anos de 1893 e
1894, Joaquim Nabuco faz uma análise da história do Brasil Imperial. O trecho
acima remete ao período regencial (1831-1840) do país. Com base no texto e em
seus conhecimentos, faça o que se pede.
a) Explique como Joaquim Nabuco
interpretou o período regencial no Brasil.
b) O período da Regência é
citado por diversos autores, incluindo Nabuco, como o de uma experiência
republicana federalista. Aponte duas razões pelas quais a Regência no Brasil
ganhou essa interpretação.
3. Durante séculos, os escravos afro-americanos
aprenderam a ler em condições extraordinariamente difíceis, arriscando a vida.
Aqueles que quisessem se alfabetizar eram forçados a encontrar métodos tortuosos
de aprender. Aprender a ler, para os escravos, não era um passaporte imediato
para a liberdade, mas uma maneira de ter acesso a um dos instrumentos poderosos
de seus opressores: o livro. Os donos de escravos (tal como os ditadores,
tiranos, monarcas absolutos e outros detentores do poder) acreditavam
firmemente no poder da palavra escrita. Como séculos de ditadores souberam, uma
multidão analfabeta é mais fácil de dominar; uma vez que a arte da leitura não
pode ser desaprendida, o segundo melhor recurso é limitar seu alcance. Os
livros, escreveu Voltaire no panfleto satírico Sobre o Terrível Perigo da
Leitura, “dissipam a ignorância, a custódia e a salvaguarda dos estados bem
policiados”.
Alberto
Manguel. Uma história da leitura. (Trad. Pedro Maia Soares). São Paulo:
Companhia das Letras, 1997, p. 312-15 (com adaptações).
A partir do texto acima, julgue o item
abaixo.
Em Salvador, na rebelião conhecida como a
Revolta dos Malês — confronto sangrento entre escravos africanos seguidores do
islamismo e tropas do governo brasileiro —, destaca-se o fato de muitos
revoltosos estarem aptos para ler e escrever no idioma árabe, o que contribuiu
para a preparação da insurreição.
4. Leia o texto a seguir.
"Frequentemente, os liberais
reformistas propunham as reformas e os conservadores as implementavam."
CARVALHO, José Murilo de. "A
construção da ordem: a elite política imperial". 4. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2003, p. 224.
Os
conservadores e os liberais, citados anteriormente, foram protagonistas de um
sistema político engenhoso, que funcionava ao modo de uma monarquia
parlamentar, de um lado garantindo a estabilidade política do País, a partir da
defesa da "ordem" e da "civilização", de outro retardando
reformas necessárias, como a abolição. A partir dessas informações e dos seus
conhecimentos, responda às questões propostas.
a)
Cite dois grupos sociais que compuseram cada um desses dois partidos. (Partido
Conservador e Partido Liberal)
b)
Apresente uma razão pela qual padres e soldados tiveram sua ação política
limitada durante a Regência e o Segundo Reinado.
5. "Rebeldes verdadeiros ou supostos, eram procurados por toda parte e
perseguidos como animais ferozes! Metidos em troncos e amarrados, sofriam
suplícios bárbaros que muitas vezes lhes ocasionavam a morte. Houve até quem
considerasse como padrão de glória trazer rosários de orelhas secas de
cabanos".
(Relato de Domingos Raiol acerca da
repressão à Cabanagem)
"Reverendo!
Precedeu a este triunfo derramamento de sangue brasileiro. Não conto como
troféu desgraças de concidadãos meus, guerreiros dissidentes, mas sinto as suas
desditas e choro pelas vítimas como um pai pelos seus filhos. Vá Reverendo, vá!
Em lugar de Te Deum, celebre uma missa de defuntos, que eu, com meu Estado
Maior e a tropa que na sua Igreja couber, irei amanhã ouvi-la, por alma dos
nossos irmãos iludidos que pereceram no combate".
(Pronunciamento do Barão de Caxias
acerca da comemoração da vitória sobre os farroupilhas)
Os
textos apresentam testemunhos sobre a repressão empreendida pelos dirigentes do
governo a duas revoltas ocorridas no Império do Brasil: a Cabanagem (Grão-Pará
, 1835-1840) e a Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835-1845). A partir da
análise desses testemunhos:
a)
IDENTIFIQUE os segmentos sociais predominantes na Cabanagem e na Farroupilha.
b)
EXPLIQUE por que os dirigentes do Estado Imperial trataram de forma diferenciada
os rebeldes envolvidos na Cabanagem e na Farroupilha.
6. A proclamação que se segue ocorria durante a chamada Revolta dos
Farrapos, no sul do Brasil, surgida no período de crise político-institucional
ocorrida a partir do afastamento do poder de D. Pedro I, em 1831.
Camaradas!
Nós, que compomos a 1a Brigada do exército liberal, devemos ser os
primeiros a proclamar (...) a independência desta Província, a qual fica
desligada das demais do Império e forma um Estado livre e independente, com o
título de República Riograndense (...)
Proclamação do Cel. Antônio de Sousa
Neto às suas tropas em 11/09/1836. Apud: FLORES, M. "Revolução dos
Farrapos". São Paulo: Ática, 1995. p. 20.
a)
Aponte um dos fatores centrais responsáveis pela eclosão da revolta.
b)
Compare a Farroupilha com as demais revoltas do período quanto ao aspecto da
participação popular.
7. O Sete de Abril de 1831, mais do que o Sete de Setembro de 1822,
representou a verdadeira independência nacional, o início do governo do país
por si mesmo, a Coroa agora representada apenas pela figura quase simbólica de
uma criança de cinco anos.
O
governo do país por si mesmo, levado a efeito pelas regências, revelou-se
difícil e conturbado. Rebeliões e revoltas pipocaram por todo o país, algumas
lideradas por grupos de elite, outras pela população tanto urbana como rural,
outras ainda por escravos. (...) A partir de 1837, no entanto, o regresso
conservador ganhou força, até que o golpe da Maioridade de 1840 colocou D.
Pedro II no trono, inaugurando o Segundo Reinado. Estava estruturado o Império
do Brasil com base na unidade nacional, na centralização política e na
preservação do trabalho escravo.
(CARVALHO,
J. Murilo et al. Documentação política, 1808-1840. In: "Brasiliana da
Biblioteca Nacional". Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/Nova
Fronteira, 2001.)
Indique
um exemplo de revolta popular, ocorrida no período regencial e explique por que
a antecipação da maioridade de D. Pedro II foi uma solução para a crise.
8. "Dois partidos lutam hoje em nossa pátria: o Restaurador e o
Moderado. O primeiro foi leal ao monarca que abdicou e defende os
inquestionáveis direitos do Sr. Pedro II. O segundo é partidário do sistema
republicano e quer reduzir o Brasil a inúmeras Repúblicas 'fracas' e
'pequenas', e assim seus membros poderiam tornar-se seus futuros
ditadores."
(Adaptado do jornal O CARAMURU de 12
de abril de 1832, citado por Arnaldo Contier, Imprensa e Ideologia em São
Paulo, 1979)
A
partir do texto, responda:
a)
Em que período da história política do Brasil o texto foi escrito?
b)
Qual o regime político defendido pelos partidos citados no texto?
c)
Quais são as críticas que o jornal O CARAMURU faz ao Partido Moderado?
9. Um elemento importante nos anos de 1820 e 1830 foi
o desejo de autonomia literária, tornado mais vivo depois da Independência. (…)
O Romantismo apareceu aos poucos como caminho favorável à expressão própria da
nação recém-fundada, pois fornecia concepções e modelos que permitiam afirmar o
particularismo, e portanto a identidade, em oposição à Metrópole (…).
CANDIDO,
Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas, 2004, p. 19.
Tendo em vista o movimento literário
mencionado no trecho acima, e seu alcance na história do período, é correto
afirmar que
a) o nacionalismo foi
impulsionado na literatura com a vinda da família real, em 1808, quando houve a
introdução da imprensa no Rio de Janeiro e os primeiros livros circularam no
país.
b) o indianismo ocupou um
lugar de destaque na afirmação das identidades locais, expressando um viés
decadentista e cético quanto à civilização nos trópicos.
c) os autores românticos foram
importantes no período por produzirem uma literatura que expressava aspectos da
natureza, da história e das sociedades locais.
d) a população nativa foi
considerada a mais original dentro do Romantismo e, graças à atuação dos
literatos, os indígenas passaram a ter direitos políticos que eram vetados aos
negros.
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