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1. O início foi o problema
mais complexo que a colonização do Brasil teve de enfrentar. Tornou-se tal – e
é nisto que se distingue do caso norte-americano tão citado em paralelo com o
nosso – pelo objetivo que se teve em vista: aproveitar o indígena na obra da
colonização. Nos atuais Estados Unidos, como no Canadá, nunca se pensou em
incorporar o índio, fosse a que título, na obra colonizadora do branco.
O caso da
colonização lusitana foi outro.
(Caio Prado
Júnior. Formação do Brasil contemporâneo, 1987. Adaptado.)
Caracterize a relação entre colonos e
indígenas na colonização dos Estados Unidos e identifique duas formas de “aproveitamento” do indígena
na colonização do Brasil.
Resposta:
A relação entre colonos e
indígenas nas Treze Colônias foi marcada, na maior parte do tempo, pela visão
negativa do europeu sobre o indígena. As terras indígenas foram ocupadas sob o
argumento teológico da predestinação dos peregrinos e houve a escravização do
indígena, principalmente nas colônias do Sul.
No Brasil Colônia, as duas
principais relações estabelecidas entre colonos e indígenas foram os ESCAMBOS
na extração do pau-brasil e a EXPLORAÇÂO DAS DROGAS DO SERTÃO na Região Norte.
2. O volume de entradas de escravos africanos no Novo
Mundo, entre 1701 e 1810, para serem utilizados como trabalhadores nas
plantações e minas das colônias foi muito grande. Nesse período, estima-se que
cerca de 31% do volume de entradas destinaram-se ao Brasil; 23% ao Caribe
francês (especialmente a Ilha de São Domingos); 22% ao Caribe britânico
(sobretudo Jamaica e Barbados); 9% à América espanhola e 6% à América do Norte.
Mas, no final do século XVIII e no início do XIX, alterações significativas
foram observadas nessas regiões receptoras, em função das insurreições nas
colônias e dos demais desdobramentos da Revolução na França que amplificaram a
luta abolicionista em todas essas sociedades.
a) Cite quais regiões acima se
caracterizaram pela economia das plantações e quais se viram marcadas pela
mineração no período tratado.
b) No Haiti, uma sangrenta
insurreição de escravos mesclou-se à luta pela independência. Cite duas consequências
(uma interna e outra externa) desses acontecimentos.
Resposta:
a) Plantações: Brasil, Haiti
e Santo Domingos, Jamaica e Barbados, América Espanhola (Cuba, Porto Rico,
Peru, Colômbia, Venezuela), América Norte (o Sul das Treze Colônias)
Mineração: Brasil no
século XVIII e América Espanhola (Peru; Colômbia)
b) O processo de
independência do Haiti foi “sui generis” devido a participação dos negros.
Podemos citar como consequência interna a violência praticada contra os brancos
que eram associados a exploração e muitos destes brancos fugiram do país. Entre
as consequências externas podemos citar o “haitianismo” que significa o medo
que outras regiões tinham da participação dos pobres em geral no processo de
independência e a queda drástica na produção de açúcar que prejudicou muito a
economia do país.
3. Os fazendeiros, donos de loja, proprietários de
estâncias e compradores de gado costumam vender seus trabalhadores juntamente
com as propriedades. – O quê? Esses trabalhadores indígenas e empregados são
livres ou escravos? – Não importa. Pertencem à fazenda e devem continuar nela a
servir. Este indígena é propriedade do meu senhor.
Jerônimo de
Mendieta. História eclesiástica indiana, 1596.
Adaptado de PINSKY, Jaime (coord.). História da América através de
textos. São Paulo: Contexto, 1989.
Os esforços realizados, principalmente na
Inglaterra, para recrutar mão de obra no regime prevalecente de servidão,
intensificaram-se com a prosperidade de negócios. Por todos os meios
procurava-se induzir as pessoas que haviam cometido qualquer crime ou mesmo
contravenção a vender-se para trabalhar na América em vez de ir para o cárcere.
Contudo, o suprimento de mão de obra deveria ser insuficiente, pois a prática
do rapto de adultos e crianças tendeu a transformar-se em calamidade pública
nesse país.
Adaptado de FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São
Paulo: Nacional, 1987.
A servidão como forma de trabalho
compulsório foi empregada nas experiências colonizadoras espanhola e inglesa na
América.
Com base nos textos, apresente a principal
diferença na utilização dessa forma de trabalho nas colônias espanholas e
inglesas.
Resposta:
Nas colônias espanholas os
trabalhos forçados se estabeleceram como servidão definitiva (mita,
encomienda).
Nas colônias inglesas a
servidão foi prioritariamente provisória.
4.
Durante a conquista espanhola no México, iniciada em 1519 por Cortés, a
superioridade tecnológica dos europeus era amplamente compensada pela
superioridade numérica dos indígenas e muitos truques foram inventados para
atrapalhar o deslocamento dos cavalos: os indígenas acostumaram-se a cavar
fossas profundas nas quais espetavam paus em que as montarias eram empaladas.
Mais tarde, em 1521, canoas "encouraçadas" resistiriam às armas de
fogo. A tática indígena evoluiu e adaptou-se às práticas do adversário: os
mexicas, contrariamente ao costume, armaram ataques noturnos ou em terreno
coberto. Por outro lado, se as epidemias de varíola já estavam dizimando as
tropas de México-Tenochtitlan, também não poupavam os índios de Tlaxcala ou de
Texcoco, que apoiavam os espanhóis.
(Adaptado de Carmen Bernand e Serge
Gruzinski, História do Novo Mundo. São Paulo: Edusp, 1997, p. 351.)
a) Identifique uma estratégia
utilizada por espanhóis e outra pelos indígenas durante as disputas pelo
domínio do México.
b) Explique por que houve
acentuada queda demográfica entre as populações indígenas nas primeiras décadas
após a conquista espanhola.
Resposta:
a) O texto
destaca as principais estratégias dos espanhóis como a utilização do cavalo, de
armas de fogo, a aliança com povos que eram inimigos dos astecas e até mesmo as
epidemias, como a da varíola, já que os indígenas não tinham qualquer imunidade
a ela. As estratégias astecas mais importantes foram as armadilhas para impedir
o avanço dos cavalos, embarcações encouraçadas e ataques noturnos.
b) O processo
de conquista foi responsável por abrir caminho para a exploração econômica da
região e dois fatores foram determinantes para a mortalidade em massa dos
indígenas: a exploração do trabalho, principalmente através da mita (ou
cuatequil) e a desestruturação da agricultura tradicional.
5. A maioria dos povos indígenas associa sua música ao
universo transcendente e mágico, empregando-a em todos os rituais religiosos. A
música indígena é ligada, desde suas origens imemoriais, a mitos fundadores e
usada com finalidades de socialização, culto, ligação com os ancestrais,
exorcismo, magia e cura. É importante também nos ritos catárticos, quando se
trabalha a música com proporções, repetições e variações, instaura o conflito
ao mesmo tempo em que o mantém sob controle.
Luís Fernando
Hering Coelho. A nova edição de why Suya
sing?, de Anthony Seeger, e alguns estudos recentes sobre música indígena nas
terras baixas da América do Sul. Florianópolis: Universidade Federal de
Santa Catarina, 2007.
Considerando o texto acima e aspectos a ele
relacionados, julgue o item a seguir.
Na colonização europeia da América –
empreendida pelos ingleses no Sul e pelos portugueses e espanhóis no Norte do
continente –, foram marcantes, entre outros aspectos, a dizimação física dos
povos indígenas e a eliminação de seus traços culturais.
Resposta:
Incorreto.
Portugueses e espanhóis colonizaram o sul da América, enquanto os ingleses
colonizaram uma parte da América do Norte. Apesar de considerarmos que os povos
indígenas foram dizimados, ainda existem trações de suas culturas em algumas
regiões, como a América Central, sul do México e Altiplano Andino.
6.
“Meu Senhor, por sua graça, favoreceu tanto
nossos negócios que terminei minha fortaleza e a coloquei em tal estado que
penso ainda não ter visto uma outra tão fácil de guardar. Por isso, pude
colocar em terra sessenta pessoas num forte de madeira que fiz à vista de meu
castelo, ao alcance de minha artilharia, onde eles têm o cuidado de plantar e
semear para viver de seu trabalho. Prendi uns quarenta escravos de uma aldeia
de inimigos que destruí. Mandei visitar todas as nossas fronteiras depois da
partida dos nossos navios e experimentar a vontade dos amigos de nossos
vizinhos. Tive uma resposta muito boa. Eles me prometeram se rebelar e
persegui-los quando eu quiser. Nossos selvagens preparam um exército de mais de
três mil homens para vingar os danos que aqueles nossos vizinhos lhes fizeram
no ano passado. Eu mandei um navio em boa ordem costear todo o nosso país até
trinta e seis graus aproximando-se de nosso polo, onde tenho notícia de que os
castelhanos vêm por terra do Peru, procurar metais. Espero que envieis notícias
pelo primeiro de nossos navios. Eu vos suplico, mas que lhe apraza me socorrer
com algum dinheiro para ajudar a trazer meus navios, e espero satisfazer o seu
desejo, de sorte que não terá o socorro que lhe aprouver me conceder por mal
empregado”.
Fonte:
“Carta de Villegaignon ao Duque de Guise, par de França, de 30 de novembro de
1557, da fortaleza de Coligny, na França Antártica”. In: Cartas por N. D. de
Villegaignon e textos correlatos por Nicolas Barré e Jean Crespin. Coleção
Franceses no Brasil, séculos XVI e XVII. Rio de Janeiro: Fundação Darcy Ribeiro,
2009, vol. 1, pp.37-38.
A despeito do
relato otimista de Villegaignon sobre o futuro do empreendimento, dez anos após
esta carta os franceses foram definitivamente expulsos da região meridional da
América portuguesa.
Cite um objetivo econômico e outro religioso que motivaram os franceses a
invadir a Baía de Guanabara e ali fundar a “França Antártica”.
Resposta:
O candidato deverá citar os
seguintes objetivos: a procura de riquezas nativas - a exemplo do pau-brasil -
e as tensões religiosas entre católicos e protestantes levaram os Franceses
Huguenotes a fundarem a França Antártica.
Comentário:
O texto faz
referência à invasão do Brasil pelos franceses, na região que hoje pertence ao
Rio de Janeiro, entre 1555 e 1567. Os franceses já exploravam a madeira e
buscaram, naquele momento, estabelecer uma colônia na região, que poderia
garantir a ampliação das riquezas e representava uma válvula de escape para as
tensões sociais relacionadas ás guerras de religião, envolvendo católicos e
protestantes huguenotes (calvinistas), estes últimos em minoria e perseguidos
na França.
7. “O início da colonização da costa
leste da América inglesa encontrou inúmeras dificuldades. Por exemplo, em áreas
como a baía de Chesapeake, a mortalidade entre os recém-chegados alcançava
cerca de 40% nos dois primeiros anos de estadia. Apesar disso, do século XVI ao
XVIII, a América inglesa conheceu ondas crescentes de imigrantes provenientes
de diferentes partes da Europa, dentre os quais ingleses, irlandeses, escoceses
e alemães.”
(ELLIOTT, J. H. Empires
of the Atlantic World: Britain and Spain in America 1492-1830. New Haven:
Yale University Press, 2006, p. 156)
Cite dois aspectos, um de
natureza religiosa e outro de natureza econômica, que estimularam a emigração
de europeus para a América inglesa entre os séculos XVI e XVIII.
Resposta:
O candidato poderá citar as perseguições religiosas
e os altos índices de desemprego e subemprego, derivados do processo de
expropriação rural.
No final do século XVI e início do XVII, a Inglaterra
vivia um momento conturbado. A religião oficial era a anglicana
e, por consequência, seguidores de diversas outras denominações protestantes,
sobretudo os puritanos (calvinistas) passaram a ser perseguidos. Além disso, os
cercamentos dos campos (transformação das áreas de cultivo em pastos para
criação de ovelhas) também contribuíram para que milhares de camponeses
(arrendatários e pequenos proprietários) arruinados rumassem para as cidades,
que ficaram saturadas. A saída para essa crise de cunho religioso e econômico
foi imigrar para a América do Norte.
8.
Embora
represente um dos traços mais característicos da Conquista espanhola do Novo
Mundo, a rapidez com que tal processo ocorreu variou muito, em etapas bem
diferenciadas, como mostram os dados da tabela.
Cite
uma região americana incorporada à Coroa espanhola durante a etapa inicial da
Conquista e outra, importante área mineradora, a ela reunida ao longo do
estágio mais veloz da ocupação espanhola.
Resposta:
Em
relação à primeira etapa da conquista espanhola das Américas (1493-1515), o
aluno deverá citar a incorporação de diversas ilhas do Caribe, dentre as quais
La Hispaniola (atuais Santo Domingo e Haiti), Cuba ou Porto Rico. Em relação à
etapa mais veloz da Conquista (1520-1540), o candidato deverá citar a
incorporação das áreas mineradoras do império Nauatl (Azteca ou México) ou do
império Tuantinsuio (Inca ou Peru). Do ponto de vista geográfico, a segunda
parte da questão pode incluir ainda o planalto de Anáhuac ou os Andes.
9. O historiador Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro "Raízes do
Brasil", compara as experiências colonizadoras portuguesa e espanhola na
América.
A
partir de seus conhecimentos sobre o assunto:
a)
Identifique duas características comuns às experiências colonizadoras
portuguesa e espanhola na América.
b)
Explique uma diferença entre as colonizações portuguesa e espanhola na América.
Resposta:
a)
O aluno deverá identificar duas entre as seguintes características comuns: a
predomínio da 'plantation' - a grande propriedade, monocultora, voltada para a
exportação; a existência dos monopólios comercial, administrativo, político e
religioso, exercido pelos colonizadores; a forte presença da Igreja,
principalmente na cristianização dos índios; a utilização do trabalho
compulsório seja a escravidão dos negros africanos, seja a servidão indígena; a
montagem de um sistema administrativo complexo e centralizado que garantisse o
controle etropolitano.
b)
O aluno deverá explicar dois dentre os fatores a seguir: o predomínio da
servidão indígena na América Espanhola e do trabalho escravo de negros
africanos na América Portuguesa; a fundação de universidades e a existência da
imprensa na América Espanhola desde o início da colonização; a colonização
predominantemente litorânea da colonização portuguesa em oposição à colonização
mais interiorana da América espanhola; o caráter de feitorização da colonização
portuguesa em oposição ao esforço de criação de grandes núcleos de povoação
estáveis e bem ordenados empreendido pela Coroa espanhola; a predominância do
caráter de exploração comercial da colonização espanhola em oposição ao caráter
mais imediatista, desordenado e superficial da colonização portuguesa; o
traçado irregular, a ausência de planejamento e a localização litorânea das
cidades na América portuguesa, em oposição ao traçado regular, uniforme, a
planificação e a localização nos altiplanos dos centros urbanos na América
espanhola; a colonização portuguesa facilitada pelo fato de se achar a costa
brasileira habitada por uma única família de indígenas e que falavam o mesmo
idioma (os Tupis-Guaranis), em oposição a maior dificuldade de dominação dada a
diversidade encontrada pelos espanhóis na América.
10. Ao longo de vários séculos, a América foi o alvo de vários países
europeus em busca de riqueza e poder. De posse dessa informação e a partir de
seus conhecimentos, responda às questões propostas.
a)
Apresente duas áreas onde houve a presença francesa e duas áreas onde houve a
presença holandesa no continente americano durante o período colonial.
b)
Apresente três características comuns entre a colonização implantada pelos
portugueses no Nordeste do Brasil e a implantada pelos ingleses no Sul dos
Estados Unidos.
Resposta:
a)
Os franceses estiveram no Brasil, onde fundaram a França Antártica, no litoral
do Rio de Janeiro e no Maranhâo onde fundaran a França Equinocial. Colonizaram
vastas áreas do Canadá, da Louisiana, no sul dos Estados Unidos, além do Haiti,
na América Central. Colonizaram também a Guiana Francesa, na América do Sul, a
ilha de Martinica e o arquipelago de Guadalupe, ambos no mar do Caribe.
Os
holandeses fundaram, nos atuais Estados Unidos, Nova Amsterdã, que se tornaria
depois a cidade de Nova Iorque. Instalaram-se também no Nordeste do Brasil,
além de áreas como o atual Suriname e ilhas do Caribe.
b)
A colonização inglesa na parte sul do que viria a ser os Estados Unidos foi
semelhante à colonização portuguesa no Nordeste do Brasil por três elementos
básicos:
-
monoculturas: açúcar no Brasil e tabaco e algodão nos EUA;
-
produção em grandes propriedades, isto é, em latifúndios;
-
utilização de mão de obra escrava africana.
11. Leia o seguinte texto:
"As
colônias inglesas na América foram criadas por grupos de colonos inspirados por
motivos religiosos, políticos e econômicos. Como os colonos gregos, os ingleses
quiseram fundar comunidades à imagem e semelhança das que existiam na mãe
pátria; diferentes dos gregos, muitos desses colonos eram dissidentes
religiosos. (...) Entre os espanhóis aparecem também os motivos religiosos, mas
enquanto os ingleses fundaram suas comunidades para escapar de uma ortodoxia,
os espanhóis a estabeleceram para estendê-la."
(PAZ, Otávio. "Sóror Juana Inês
de la Cruz. As armadilhas da fé". São Paulo: Mandarim, 1998, p. 32-33.)
Com
apoio nesta síntese de Otávio Paz a respeito dos diferentes processos de
colonização das Américas, descreva de que forma as questões religiosas se
incluem entre as motivações da expansão marítima europeia e como essas mesmas
questões marcaram a atuação dos colonizadores portugueses e espanhóis.
Resposta:
O
processo de conquista e colonização da América, coincide com os conflitos
religiosos na Europa, decorrentes da Reforma Protestante no século XVI. Nesse contexto, a colonização
inglesa, ocorreu basicamente por grupos de puritanos fugitivos de perseguições
desencadeadas pelo governo anglicano, fazendo das colônias um local de refúgio
e de livre prática de sua fé.
Nos
domínios portugueses e espanhóis, como as metrópoles se mantiveram fiéis ao
catolicismo, o processo de conquista e colonização era imbuído de um espírito
cruzadista para a expansão da fé católica, sobretudo por parte dos missionários
e em particular dos jesuítas que se prestavam ao papel de "conversão dos
gentios" ao catolicismo. A atuação dos jesuítas também na educação entre
os colonos, foi fundamental para a preservação e expansão do catolicismo no
Brasil e nas colônias espanholas.
12. Tendo em vista os processos de colonização da América, compare a
colonização adotada pelos espanhóis, especificamente em relação ao Império
Asteca, e pelos portugueses em relação ao Brasil, após as respectivas
conquistas, destacando suas práticas de dominação sobre as populações
ameríndias.
Resposta:
Em
ambos os casos, o processo colonizador caracterizou-se como de exploração e
contextualizados ao surgimento do capitalismo comercial e às reformas
religiosas do século XVI, o que
justifica a significativa presença da Companhia de Jesus nos domínios esponhóis
e português.
Quanto
a ocupação dos territórios, espanhóis e portugueses empregaram a violência
contra os nativos.
No
império Asteca, Fernão Cortez e Pedro Alvarado exterminaram dezenas de milhares
de nativos e quando teve início a colonização, os remanescentes, foram
submetidos ao trabalho compulsório na forma de repartimiento e encomienda.
No
Brasil, até o início da colonização as relações entre portugueses e nativos
eram amistosas, baseando-se sobretudo, na prática do escambo. Porém, quando se iniciou
a ocupação do território, os colonos tentaram submeter os nativos à escravidão,
particularmente através das bandeiras de apresamento. Isto gerou a hostilidade
dos nativos e por outro lado, estes eram protegidos pelos jesuítas contra a
escravização, em razão do propósito de que fossem convertidos ao catolicismo.
13. No século XVI, algumas centenas de espanhóis destruíram, em pouco tempo,
vastos impérios indígenas da América.
a)
Indique qual era o império indígena que se localizava no território do México
atual e apresente três causas que explicam a derrota dos índios desse império,
apesar de sua superioridade numérica.
b)
Quais foram as duas principais atividades econômicas realizadas nas colônias
espanholas da América? Que mão de obra foi utilizada em cada uma dessas atividades? O que era o sistema da
"encomienda"?
Resposta:
a)
Várias causas são apontadas pelos historiadores para justificar a derrota dos índios,
que ocorreu apesar de sua evidente superioridade numérica em relação aos
conquistadores espanhóis. No caso dos índios do império asteca, ao qual a
questão se refere, pode-se indicar como causas:
-
superioridade tecnológica e militar dos espanhóis: eles utilizavam cavalos
(desconhecidos dos povos indígenas), além de armas de fogo e canhões;
-
as doenças trazidas pelos espanhóis;
-
o fato de os espanhóis terem se aproveitado dos conflitos internos entre os
índios;
-
o fato de os astecas pensarem, inicialmente, que os espanhóis fossem deuses.
b)
A mineração, particularmente da prata, foi a atividade econômica predominante
da colonização espanhola, para a qual se recorreu sobretudo ao trabalho dos
índios. Os escravos africanos foram utilizados em muito menor número, sobretudo
nas fazendas de açúcar do Caribe, particularmente em Cuba.
Pelo
sistema da "encomienda", colonos espanhóis dispunham do trabalho de
um grupo de indígenas e se comprometiam a cristianizá-los.
14. "O ouro e a prata que os reis incas tiveram em grande quantidade
não eram avaliados [por eles] como tesouro porque, como se sabe, não vendiam
nem compravam coisa alguma por prata nem por ouro, nem por eles pagavam os
soldados, nem os gastavam com alguma necessidade que lhes aparecesse;
tinham-nos como supérfluos, porque não eram de comer. Somente os estimavam por
sua formosura e esplendor e para ornamento [das casas reais e ofícios
religiosos]".
Garcilaso de la Vega, Comentários
Reais, 1609.
Com
base no texto, aponte:
a)
As principais diferenças entre o conjunto das ideias expostas no texto e a
visão dos conquistadores espanhóis sobre a importância dos metais preciosos na
colonização.
b)
Os princípios básicos do mercantilismo.
Resposta:
a)
Para os incas estruturados uma economia agrária e amonetária, os metais
preciosos só tinham importância na confecção de adornos, já para os espanhóis
estruturados na economia capitalista mercantilista e organizados num Estado
Absolutista, a acumulação de metais preciosos representava a mais importante
fonte de riqueza e poder, sobretudo do Estado.
b)
Metalismo ou bulionismo (acumulação de metais preciosos), balança comercial
favorável, protecionismo alfandegário, intervencionismo estatal na economia e
exploração de colônias (sistema colonial) pelas potências econômicas europeias
(metrópoles).
15. [...]Nos caminhos jazem dardos quebrados;
os
cabelos estão espalhados.
Destelhadas
estão as casas,
incandescentes
estão seus muros.
Vermes
abundam por ruas e praças,
e
as paredes estão manchadas de miolos arrebentados.[...]
(O
canto triste dos conquistados: os últimos dias de Technochtitlan (México,
1521-1528). In: LEÓN-PORTILLA, Miguel et al. "História documental do
México". México: UNAM, 1984. v. 1. p. 122.)
O
trecho acima descreve a violência da conquista espanhola na América, ocorrida
no final do século XV e início do XVI, a qual, a despeito de um reduzido número
de soldados, conseguiu submeter os povos astecas, com uma população estimada em
25 milhões, e os povos incas, com 10 milhões de pessoas.
Sobre
a conquista espanhola na América,
a)
descreva a formação do Estado moderno na Espanha e sua relação com a expansão
marítima nos séculos XV e XVI.
b)
identifique duas estratégias militares utilizadas pelos espanhóis que
facilitaram a conquista dos povos astecas e incas.
Resposta:
a)
A Espanha se constituiu como Estado Nacional em 1469 com o Casamento dos Reis
Católicos Isabel de Castela e Fernando de Aragão um importante passo para a
expansão marítima e comercial iniciada em 1492 depois da vitória sobre os
mouros na Guerra de Reconquista.
b)
Os espanhóis empregaram maciçamente as armas de fogo e aproveitaram-se das
rivalidades internas nos impérios asteca e inca, cooptando aliados entre os
povos que eram submetidos nesses impérios.
16. Na América do Sul, o que impressiona é a diferença essencial que existe
entre a colonização espanhola e a portuguesa. Desde início, a Coroa de Castela
encoraja a imigração de mulheres que, com suas criadas, contribuem para a
expansão da civilização espanhola na América. As leis de sucessão dão-lhes
direito à herança, o que aumenta sua autoridade quando são filhas únicas. Os
casamentos inter-raciais são raros e a preocupação com a "limpeza de
sangue" é fundamental, inclusive para o acesso aos mais altos cargos.
(Adaptado de Marc Ferro, História das Colonizações: das conquistas às independências
- séculos XVIII a XX. São Paulo, Cia. das Letras, 1996, p. 135.)
a)
De acordo com o texto, qual o papel da mulher na colonização espanhola?
b)
O que foi a política de "limpeza de sangue"?
c)
Por que os criollos foram importantes no processo de Independência?
Resposta:
a)
Contribuir para a preservação etnocultural da elite colonizadora, assegurando a
existência de famílias "criollas" de pura ascendência espanhola.
b)
Uma política que favoreceu a realização de casamentos entre espanhóis ou
hispano-descendentes, dificultando os casamentos interétnicos, que poderiam
provocar a inclusão, na camada dominante, de elementos considerados
indesejáveis ou nocivos.
c)
Formando a elite socioeconômica das colônias espanholas, lideraram o processo de
independência das mesmas.
17. O processo de colonização inglesa na América instituiu, nas treze
colônias, perceptíveis diferenças entre as do norte e as do sul. Elenque as
diferenças entre elas no que se refere às relações de trabalho e à produção
agrícola.
Resposta:
Nas
Colônias de Povoamento ao norte, a produção agrícola estruturou-se nas pequenas
(farm) e médias propriedades orientadas para a policultura e que empregavam a mão
de obra familiar, a livre e assalariada e, em alguns casos, a servidão por
contrato (indentured servants). Já nas Colônias de Exploração do sul,
prevalecia a estrutura de "Plantations", latifúndios monocultores,
cuja produção destinava-se à exportação, e que empregavam a mão de obra escrava
africana.
18. "No estado do Maranhão,
Senhor não há outro ouro nem prata mais que o sangue e o suor dos índios: o
sangue se vende nos que cativam e o suor se converte no tabaco, no açúcar e
demais drogas que com os ditos índios se lavram e fabricam. Com este sangue e
suor se medeia a necessidade dos moradores; e com este sangue e com este suor
se enche e enriquece a cobiça insaciável dos que lá vão governar... desde o
princípio do Mundo, entrando o tempo dos Neros e Dioclecianos, se não
executarem em toda a Europa tantas injustiças, crueldades e tiranias como
executou a cobiça e impiedade dos chamados conquistadores do Maranhão, nos
bens, no suor, no sangue, na liberdade, nas mulheres, nos filhos, nas vidas e
sobretudo nas almas dos miseráveis índios..."
(CARTA DE PADRE ANTÔNIO VIEIRA AO
PROCURADOR DO MARANHÃO JORGE DE SAMPAIO, EM 1662. IN: Vieira, Padre Antônio,
"Obras Escolhidas", Sá da Costa, Lisboa, 1951, Vol.V, pp.210-211).
"Os escravos são as mãos e os
pés do senhor de engenho; porque sem eles no Brasil não é possível conservar e
aumentar fazendas, nem ter engenho corrente. E do modo com que se há com eles,
depende tê-los bons ou maus para o serviço. Por isso é necessário comprar cada
ano algumas peças, e reparti-Ias pelos partidos, roças, serrarias e
barcas".
(TEXTO DO CRONISTA ANTONIL, RETIRADO
DE SEU LIVRO "CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL POR SUAS DROGAS E MINAS".
1aed. 1711)
Na
América Espanhola e na América Portuguesa, os colonizadores desenvolveram e
adaptaram várias formas de utilização de trabalho compulsório (incluindo a
escravidão propriamente dita). Populações indígenas inteiras foram
escravizadas, assim como negros trazidos da África já no final do século XVI.
Na
literatura colonial dos séculos XVIl e XVIll - principalmente a produzida por
religiosos - escravidão no Brasil, cada vez mais, passou a ser sinônimo de
escravidão negra. Em termos ideológicos a escravidão negra foi legitimada
enquanto a legislação assinalava a proibição da escravização dos indígenas.
a)
Cite dois tipos de regime de trabalho compulsório utilizado na América
Espanhola.
b)
Explique duas razões que provocaram a substituição da mão de obra indígena pela
mão de obra escrava africana.
Resposta:
a)
encomienda, repartimento, mita e cuatequil.
b)
resistência indígena; epidemias/mortes; interesses comerciais no tráfico
negreiro; oposição da Igreja com relação à escravização dos índios e conflitos
entre colonos e jesuítas em torno do controle da mão de obra indígena.
19. "Ao longo dos duzentos primeiros anos de dominação colonial, os
espanhóis desenvolveram um setor mineiro que permitiu a manutenção da economia
metropolitana e da posição internacional espanhola em meio às demais nações da
Europa ocidental. As primeiras descobertas ocorreram no México e no Peru, no
curto período de vinte anos (1545-65). Os enclaves necessitavam de grande
quantidade de mão de obra indígena, que, recrutada por sorteio, era encaminhada
periodicamente às minas, retornando a seguir às comunidades de origem para ser
substituída por novos contingentes requisitados de igual maneira."
(STANLEY, J. S. e STEIN, B. "A
herança colonial na América Latina". Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976,
p.29-35)
O
texto nos remete a uma especificidade da economia colonial da América
Espanhola, qual seja, a utilização em larga escala do trabalho compulsório
indígena. A este respeito, atenda ao solicitado a seguir.
a)
Justifique a utilização, na América Hispânica, da mão de obra indígena,
preferencialmente, em relação à mão de obra negra africana.
b)
Cite e explique duas formas de utilização da mão de obra indígena na América
Espanhola.
Resposta:
a)
Os espanhóis encontraram, nas suas áreas de colonização na América, uma maior
densidade demográfica com relação às populações indígenas, além dessas já
apresentarem formas constituídas de exploração do trabalho coletivo (a exemplo
da mita), as quais foram aproveitadas pelo colonizador hispânico.
b)
MITA - forma de trabalho compulsório, utilizado geralmente nas áreas de
mineração, e que consistia no recrutamento por sorteio da mão de obra entre as
comunidades indígenas.
ENCOMIENDA
- forma de escravização disfarçada onde um dignatário espanhol (o
"encomendero") recebia o controle sobre uma determinada comunidade
indígena com a obrigação de "protegê-la" militarmente e catequizá-la.
Em troca, o "encomendero" poderia exigir da comunidade o pagamento de
tributos na forma de trabalho ou em espécie.
20. Frei Antônio de Montesinos, em 1512, no Caribe, pregava aos
conquistadores espanhóis:
"Com
que direito haveis desencadeado uma guerra atroz contra essas gentes que viviam
pacificamente em sua própria terra? Por que os deixais em semelhante estado de
extenuação? Por que os matais a exigir que vos tragam diariamente seu ouro?
Acaso não são eles homens? Acaso não possuem razão e alma? Não é vossa
obrigação amá-los como a vós próprios?"
Explique
essas palavras de Montesinos dentro do contexto da conquista espanhola da
América.
Resposta:
O
texto reflete a violência com que os espanhóis tratavam os nativos à época da
conquista da América e o conflito entre religiosos e colonizadores, uma vez que
os primeiros pretendiam arrebanhar fieis à fé católica e os últimos desprezavam
o destino dos nativos, importando-se apenas com o acúmulo de riquezas.
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