1.
(Uff)
Visando a uma melhor compreensão da
organização do espaço brasileiro, vem ganhando destaque em publicações
acadêmicas e didáticas uma proposta de regionalização baseada na existência de
três complexos regionais ou regiões geoeconômicas: Centro-Sul, Nordeste e
Amazônia. Segundo o geógrafo Roberto Lobato Corrêa, o Centro-Sul seria o
coração econômico e político do país, o Nordeste a “região das perdas”
(econômica e demográfica) e a Amazônia, ainda em nossos dias, uma vasta
fronteira de ocupação.
a) Aponte e comente dois
fatores que justifiquem a primazia do Centro-Sul frente às demais regiões, no
conjunto da vida nacional.
b) Considerando que o
desenvolvimento nunca é espacialmente uniforme, áreas dinâmicas ou estagnadas
podem ser encontradas no interior de cada um dos três complexos regionais. Com
base nessa evidência, identifique uma área produtiva moderna, localizada na
Amazônia, que apresente forte dinamismo econômico, justificando sua
identificação.
Resposta:
a) O Centro-Sul concentra em sua extensão
territorial, em comparação com as demais regiões:
- A área mais urbanizada do Brasil, situada
principalmente em torno das duas grandes metrópoles nacionais (São Paulo e Rio
de Janeiro, com suas respectivas áreas metropolitanas), da capital do país
(Brasília) e de metrópoles regionais como Belo Horizonte, Porto Alegre,
Curitiba e Goiânia. Cabe registrar, ainda, a existência de diversas capitais
regionais e de um grande número de cidades médias e áreas de expressiva
urbanização no sul de Minas Gerais, norte do Paraná e do Rio Grande do Sul,
nordeste de Santa Catarina, sul de Goiás e em todo o estado de São Paulo.
- A maior e mais diversificada concentração
industrial, especialmente em São Paulo (Região Metropolitana e prolongamentos
que se estendem para o oeste do estado, Sorocaba, Baixada Santista e Vale do
Paraíba, chegando até à metrópole carioca); a área que tem como centro a
metrópole de Belo Horizonte (denominada “Zona Metalúrgica”); o Vale do Itajaí
(Santa Catarina); e a área que se estende de Porto Alegre a Caxias do Sul (Rio
Grande do Sul).
- A principal área agropecuária do país,
caracterizada pela grande diversidade produtiva, nível de modernização e
importância em valor e volume da produção.
- A mais densa e integrada rede de circulação, ao
concentrar os principais portos do país (Santos, Rio de Janeiro, Vitória,
Paranaguá e Rio Grande), a rede rodoferroviária mais expressiva, os aeroportos
mais importantes e o uso mais intenso de sistemas de telecomunicações.
- A maior concentração de infraestrutura e capital
fixo, ao reunir a malha mais densa de vias de comunicação e a maior quantidade
de cidades importantes, hidrelétricas, grandes obras públicas e outras formas
espaciais que conferem elevado valor ao território.
- Os principais centros de gestão econômica do país
(São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília), onde estão situadas as sedes das
grandes corporações (sediadas em cidades menores quando pertencentes ao ramo da
agroindústria), empresas estatais e o próprio aparelho de Estado.
- A maior concentração de renda, que reflete a
magnitude dos negócios associados aos itens acima e implica, por sua vez,
desenvolvimento maior do consumo e das atividades terciárias.
b) Podem ser apontadas as seguintes áreas:
- Complexo minero-metalúrgico do Maranhão, associado ao Programa Grande
Carajás
- Áreas modernas de cultivo de grãos em área de cerrado e cerradão na
Amazônia Legal
- Zona Franca de Manaus (Justificativa, baseada em breves informações
sobre a área).
2.
(Uff) No gráfico, está indicada a razão de
dependência total para a população brasileira, no período de 1980 a 2050. Essa
razão de dependência é a medida demográfica que expressa, em termos
percentuais, o peso da população em idade potencialmente inativa sobre a
população em idade potencialmente ativa.
Considerando que os anos de 2000 e 2050
apresentam situações percentualmente similares, embora demograficamente
distintas,
a) diferencie os dois
momentos mencionados quanto a seus aspectos demográficos básicos;
b) aponte duas causas para
essa diferenciação.
Resposta:
a) Muito embora as colunas
dos anos 2000 e 2050 sejam bastante parecidas quanto ao percentual referem-se a
dois momentos bastante diferenciados do ponto de vista demográfico. Nos anos
2000 a população potencialmente inativa é, em grande parcela, formada por
crianças e jovens menores de 18 anos. O gráfico apresentado mostra a tendência
de queda observada no período anterior (1980) do peso da população inativa em
relação à população economicamente ativa. Em 2050 a população inativa deve
passar a ser composta por pessoas com mais de 65 anos de idade, em sua maioria.
Essa tendência pode ser verificada através do gráfico já a partir de 2030, com
a tendência de alta do peso da população economicamente inativa sobre a ativa.
b) Podemos apontar como
causas:
- a redução contínua e expressiva da taxa de
fecundidade, ou seja, do número de filhos por mulher. Esta redução, por sua
vez, é causada pela difusão de um novo modelo familiar de tamanho cada vez mais
reduzido em virtude do crescente aumento da população urbana e da maior
inserção da mulher no mercado de trabalho;
- o aumento da expectativa de vida que
favorece a participação cada vez maior dos idosos no total da população
brasileira, com o consequente aumento dessa população no total da população
economicamente inativa do país.
3.
(Uff) A placa da foto abaixo faz um alerta aos
motoristas que trafegam pela via expressa Linha Amarela no Rio de Janeiro. Nela
está escrito: “Atenção/Acesso exclusivo/Comunidade Águia de Ouro”.
“A criminalidade e o sentimento de medo e
insegurança associados a seu aumento irão gerar impactos socioespaciais
negativos importantes, os quais servirão de obstáculos para o enfrentamento de
vários fatores de injustiça social e má qualidade de vida entre os próprios
pobres(...)”.
(Souza, Marcelo
Lopes de - Fobópole, p.41, 2008).
Na foto acima, indica-se um dos impactos
negativos sugeridos no texto: a segregação socioespacial. Apresente e comente
uma consequência desse impacto.
Resposta:
A foto acima sugere um processo de
segregação socioespacial. Esse processo se caracteriza pela restrição velada ou
explícita à circulação da população pelo tecido urbano, pela criação de
obstáculos à vivência por parte dos cidadãos de todas as parcelas da cidade,
pela redução cada vez maior no número de espaços públicos, pelo enclausuramento
das camadas mais ricas da população bem como a expulsão da população mais pobre
para as áreas periféricas ou menos guarnecidas por serviços básicos no espaço
urbano.
4. (Uff)
No mapa, em termos comparativos, registra-se
o comércio entre sete grandes regiões do mundo e no interior de cada uma delas.
a)
Apresente duas
razões que expliquem a grande magnitude do comércio interno na Europa.
b) Cite duas razões que expliquem
a desproporção entre o comércio interno da América do Sul-Central e o comércio
mantido por essa região com outras partes do mundo.
Resposta:
a) Podem ser citados os
seguintes fatores:
- Amplo mercado
consumidor interno com elevado nível de renda per capita em grande parte do
continente resultante do processo de integração econômica precoce ocorrido
desde 1957, com o Tratado de Roma e a criação do Mercado Comum Europeu, e que
foi continuamente ampliada e aprofundada até a consolidação da União Econômica
e Monetária na década de 1990 que se estendeu nesse início do século XXI para
vários países do Leste Europeu que integraram o bloco socialista sob liderança
da antiga União Soviética;
- economias
diversificadas e complementares com presença de países industrializados, países
com forte peso do setor primário e também terciário (turismo) que favorecem a
maior circulação comercial na região;
- proximidade geográfica
entre os países e presença de ampla rede de transportes multimodais que
facilita o fluxo de pessoas, mercadorias e capitais.
-
Economias agroexportadoras ou minero-exportadoras com baixos níveis de
industrialização e grande dependência de capitais e tecnologias externos, com
algumas exceções setoriais no caso do Brasil e México, que dificultam um maior
intercâmbio comercial entre os países;
-
Problemas Políticos regionais e históricos que dificultam a implantação de
projetos regionais para formação de blocos econômicos ou de desenvolvimento e
cooperação econômica conjuntos;
-
Problemas econômicos recentes entre os dois maiores integrantes do MERCOSUL,
Brasil e Argentina, relacionados a algumas medidas protecionistas por eles
adotadas; além de instabilidade política recente na Argentina;
-
Fracasso da criação da Área de Livre Comércio das Américas, proposta pelos EUA,
em razão dos diferentes níveis de desenvolvimento econômico e social entre os
países do continente e preocupações desses com as dificuldades de
competitividade de suas empresas e setores econômicos com os concorrentes
norte-americanos.
5.
(Uff) Leia atentamente os textos
a seguir:
Texto no1
Revitalização
de região portuária do Rio de Janeiro custará R$ 374 milhões
A Prefeitura do Rio de Janeiro lançou no dia 23 de
junho o projeto Porto Maravilha, que vai aplicar R$ 374 milhões na
revitalização da área portuária da cidade. A cargo da Companhia das Docas do
Rio de Janeiro, as obras serão divididas em três frentes principais: infraestrutura,
habitação e cultura e entretenimento.
Nos projetos de infraestrutura, estão
previstas a revitalização completa da Praça Mauá e do Píer Mauá; a construção
de benfeitorias em áreas anexas; a demolição da alça de subida do viaduto da
Perimetral; a reurbanização do Morro da Conceição; a construção de uma garagem
subterrânea na Praça Mauá, com capacidade para até mil veículos.
Já na frente habitação, a Prefeitura do Rio
de Janeiro lançou o programa Novas Alternativas para a criação de 499
novas residências na Região Portuária, financiadas pela Caixa Econômica
Federal. As unidades serão disponibilizadas, a partir da revitalização de 24
imóveis degradados na região.
Por fim, o projeto Porto Maravilha também prevê
investimentos em cultura e entretenimento com a implantação da Pinacoteca
do Rio no edifício D. João VI e do Museu do Amanhã nos armazéns 5 e
6 do cais do Porto. As duas obras serão construídas em parceria com a Fundação
Roberto Marinho.
ROCHA, Ana
Paula. PINIweb, 23/07/2009. Adaptação.
[http://www.piniweb.com.br/construcao/urbanismo/revitalizacao-de-regiao-portuaria-do-rio-de-janeiro-custara-r-142365-1.asp]
Texto no 2
SAÚDE,
GAMBOA E SANTO CRISTO
Escrevendo sobre os bairros da Saúde, Gamboa e
Santo Cristo (anexos ao porto do Rio de Janeiro), a arquiteta Nina Maria Rhaba
destaca a preservação de seu papel periférico em relação à área central da
cidade, por abrigar estabelecimentos como depósitos e armazéns, além de
população de baixa renda, originalmente ligada ao trabalho no porto. Diz a
autora: “Uma das funções mais resistentes desses bairros é a residencial,
mantida desde a origem até hoje. A antiga área de pobres tem ainda esse
significado, mas são muitos os proprietários de seu chão. E neles um ponto de
contato: o amor pelo lugar e o tempo de permanência na casa ou nos bairros.
Trata-se de um lugar de pobres, sim, mas que não é centro, zona norte, sul ou
subúrbio. É a ‘cidade do interior’, encravada e próxima a tudo que uma
metrópole pode oferecer. E é essa localização que, aliada à permanência dos
moradores e seu consequente envolvimento comunitário, atribui poder e
resistência à função residencial”.
RHABA, N.
M., “Cristalização e resistência no centro do Rio de Janeiro”, Revista Rio
de Janeiro vol. I no. 1, set./dez. 1985,p. 35-43.
Os dois textos mostram que formas diferentes de
ocupação do solo urbano podem coincidir numa mesma área da cidade. Com base nos
mesmos:
a) aponte
dois agentes responsáveis pela revitalização da área portuária do Rio de
Janeiro;
b) identifique
e comente uma possível consequência social da revitalização da área portuária
do Rio de Janeiro.
Resposta:
a) O
poder público é o principal ator envolvido, representado por entidades como a
Prefeitura da cidade, como elemento gerenciador, a Companhia Docas do Rio de
Janeiro que ficará encarregada das obras e vinculada à Secretaria Especial de
Portos, Governo Federal, portanto, e a Caixa Econômica Federal com recursos
financeiros. Vale destacar a presença do setor privado através da Fundação
Roberto Marinho atuando na área cultural e de entretenimento. A tendência é adotar
práticas de urbanismo contemporâneo transformando áreas degradadas em espaços
de lazer cultura e consumo.
b) A leitura do segundo texto mostra como provável
consequência do processo de revitalização a expulsão da população pobre da
área. Mesmo o programa habitacional deve atingir uma população de poder
aquisitivo em lugar da população mais pobre. Sem contar com o sentido
ideológico de ocupar uma antiga área degradada deslocada pela modernidade como
instrumento de sua legitimação.
6.
(Uff) No período de 1946 a 1964, assistimos ao
pleno desenvolvimento do pacto populista, que não pode ser identificado apenas
como manipulação das massas trabalhadoras. O funcionamento do regime nesse
período pressupõe elementos de continuidade do período estado novista e a
criação de novos mecanismos de dominação.
a) Identifique dois elementos
de continuidade do período de 1946-1964 em relação ao período de Estado Novo,
1937-1945.
b) Indique os três maiores
partidos políticos da República brasileira de 1946 até o Golpe civil-militar de
1964, e analise uma característica de cada um dos três partidos.
Resposta:
a) O candidato poderá citar:
- A importância do papel do líder (Presidente da
República) no tipo de presidencialismo da Constituição de 1946;
- O protagonismo do Poder Executivo em comparação a outras instâncias
políticas;
- O intervencionismo econômico do Estado Brasileiro no projeto de
desenvolvimento;
- A política de industrialização através da substituição de importações;
- A manutenção da estrutura agrária concentracionista;
- O controle das massas trabalhadoras via
sindicalismo atrelado ao Estado.
b) O candidato deverá destacar que a
formação de partidos políticos nacionais após 1946 se constituiu num elemento
novo na política brasileira. Deverá também analisar as características dos
grandes partidos criados: o PSD, a partir da máquina getulista e das lideranças
regionais tradicionais, tendo como principal força os municípios interioranos e
as áreas mais conservadoras; o PTB, formado com base na estrutura sindical
forjada na era varguista, herdeiro de um projeto nacionalista e a UDN,
constituída pela reunião de políticos antigetulistas, com forte cunho anticomunista,
contrário à intervenção do Estado na economia e favorável à associação com o
capital internacional.
7.
(Uff) A formação das nações americanas do
Hemisfério Norte e do Hemisfério Sul se processou a partir de relações
históricas distintas e, desse modo, desenhou sociedades cujos valores culturais
e sociais assumiram perspectivas políticas variadas e diversas. Entretanto, é
possível estabelecer entre elas alguns pontos comuns com relação ao seu
processo histórico e às ideias matrizes vindas da Europa.
Levando em conta, a afirmação acima,
a) indique o movimento de
ideias que foi comum às duas regiões, tanto ao Norte quanto ao Sul, no que diz
respeito aos processos de independência, e explique uma diferença nos seus
processos de formação de estados nacionais, tomando como referência a expansão
europeia dos séculos XVI e XVII;
b) explique o significado de
“destino manifesto”, presente na formação dos Estados Unidos da América a
partir de 1776.
Resposta:
a) Os candidatos devem responder Iluminismo
ou Luzes ou Ilustração e a seguir explicar as diferenças entre os dois
processos de colonização, podendo referir-se às metrópoles às quais os espaços
colônias se referem, mostrando as diferenças entre elas e ou as diferenças no
processo de ocupação, podendo levar em conta as relações sociais de produção,
as formas de organização da propriedade, as regiões onde esses processos se
verificaram, a expansão nos territórios coloniais ou, ainda, o desenvolvimento
das ideias que levaram aos processos de independência.
Normalmente, consideramos que, no Hemisfério Norte, se desenvolveram
colônias de povoamento, com refugiados religiosos, que organizaram a pequena
propriedade de produção diversificada e desenvolveram um comércio local,
apoiados no trabalho livre. Ao mesmo tempo, no Hemisfério Sul, se desenvolveram
colônias de exploração, baseadas no latifúndio monocultor, voltado para a
exportação, com trabalho escravo.
b) Os candidatos devem explicar que o
destino manifesto foi a doutrina que inspirou o processo expansionista
norte-americano realizado através de guerras e de compras de território. O
destino manifesto significava que o povo americano era inspirado por Deus para
realizar a obra civilizatória na América, ideia esta, de base calvinista que,
ao longo do tempo deixou de ser vista do ponto de vista pessoal e passou a ser
encarada do ponto de vista coletivo – “o povo americano tem seu destino traçado
por Deus” -. Isso justificava a expansão.
Após a independência houve um crescente desenvolvimento econômico do
qual resultou um intenso crescimento populacional. A combinação desses dois
elementos propiciou o alargamento do território originalmente ocupado, levando
a “marcha” que ampliou as fronteiras em várias direções. Os candidatos podem
mencionar o exemplo da política de compras aos franceses, a partir do início do
século XIX, e aos espanhóis, gerando a incorporação dos territórios da
Louisiana e da Flórida. Ou, após a primeira metade do século XIX, o exemplo da
anexação do Alasca dominado pelos russos ou, ainda, dar o exemplo da conquista
do Oregon aos ingleses, ou do Texas conquistado aos mexicanos.
8.
(Uff) “Os libertários –
anarquistas e anarcossindicalistas – concentram sua atuação na vida educativa,
feita através da propaganda escrita e oral – jornais, livros, folhetos,
revistas, conferências, comícios, além de festas, piqueniques, peças teatrais
–, no sentido de disseminar o ideal libertário de emancipação social (...)”
SFERRA,
Giuseppina. Anarquismo e Anarcossindicalismo. São Paulo: Ática, 1987, p.
21.
Tomando como referência o fragmento de texto acima:
a) indique
duas ideias ligadas ao movimento anarquista na Europa do século XIX;
b) analise a concepção de Estado defendida pelos
anarquistas.
Resposta:
a) Várias ideias podem ser associadas aos
anarquistas na Europa do século XIX dentre elas a de que a educação deve ser um
agente revolucionário e ter como objetivo destruir tudo que oprime e explora o
ser humano. Outra ideia central do movimento anarquista é a da primazia do
indivíduo sobre a sociedade, da qual decorre a noção de que o indivíduo é único
e que possui, por sua natureza, direitos que não podem ser discutidos por
nenhuma forma de organização social. O movimento também se posiciona contra o
sistema de representação característico das democracias liberais, afirmando a
ação direta do indivíduo na sociedade. As ideias anarquistas também contemplam
a crítica a todas as formas de preconceitos morais e ideológicos, com isso
pretendiam fazer do indivíduo um ser sem condicionamentos mentais, garantindo a
sua total liberdade.
Desse modo, podemos sintetizar assim essas ideias:
defesa de uma sociedade baseada na liberdade dos indivíduos, solidariedade,
coexistência harmoniosa, propriedade coletiva, autodisciplina, responsabilidade
(individual e coletiva) e forma de governo baseada na autogestão.
b) Os anarquistas defendem que em lugar de se apoderarem
do Estado, os trabalhadores devem lutar pela sua abolição radical e imediata.
Da mesma forma, acreditam que deve ser abolido todo o tipo de autoridade
política opressora da liberdade humana. Preconizam a autogestão. E também
concordam com a organização dos indivíduos.
Essa organização deve levar em conta a ação
consciente e voluntária de seus membros, promovendo a total igualdade de modo a
limitar as formas tradicionais de domínio político. Os anarquistas defendem
desde o século XIX a criação de sociedades mutualistas, cooperativas,
associações de trabalhadores (sindicatos e confederações), escolas, colônias e
experiências de autogestão.
INDICAÇÕES
BIBLIOGRÁFICAS:
Sferra,
Giuseppina. Anarquismo e Anarcossindicalismo. São Paulo, Ática, 1987.
Addor, Carlos.
A insurreição anarquista no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Dois Pontos,
1986.
Anarquismo
é uma filosofia política surgida no século XIX que
engloba teorias,
métodos e ações que objetivam a eliminação total de todas as formas de governo
compulsório. De um modo geral, anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica
que não seja livremente aceita e, assim, preconizam os tipos de organizações libertárias.
A
consolidação dos seus ideais se baseia numa série de debates em torno da forma
mais adequada para se alcançar e se manter uma sociedade anárquica. Eles
perpassam a necessidade ou não da existência de uma moral anarquista, de uma
plataforma organizacional, questões referentes ao determinismo da natureza
humana, modelos educacionais e implicações técnicas, científicas, sociais e
políticas da sociedade pós-revolução.
9.
(Uff) O advento da Modernidade
trouxe uma nova visão sobre povos e culturas. O encontro com o Novo Mundo
americano e o reencontro com as culturas orientais refizeram teorias e
produziram preconceitos. Esses preconceitos adquiriram ao longo dos séculos
seguintes ao século XVI sentidos políticos e sociais capazes de torná-los parte
das políticas de Estado dos países europeus.
Com base
nessa afirmação:
a) explique o significado de europocentrismo no
período dos séculos XVI e XVII;
b) analise a opção dos europeus pela escravidão dos
negros africanos no contexto do mercantilismo.
Resposta:
a) Com o processo de expansão da Europa, o mundo
conhecido passou a ser referido segundo as alterações culturais, econômicas,
políticas e sociais resultantes do renascimento que produziu várias expressões
que até hoje indicam essa referência europeia, como os termos Ocidente e
Oriente, marcando definitivamente a ideia de uma civilização ocidental. A
consolidação dessa visão veio com as formas de dominação produzidas pelos
europeus sobre a América, a África e a Ásia, principalmente pela expressão
econômica dessa dominação.
Também no âmbito da arte é possível observar o
predomínio das formas europeias na arquitetura. No caso do Brasil, a expressão
europeia recebeu a especificidade ibérica que se caracterizou pelo transplante
de instituições.
b) A opção pelo negro africano no processo de
desenvolvimento da escravidão no âmbito do mercantilismo refere-se à ideia de
que o negro africano constituía-se num acréscimo de mais um produto ou
mercadoria ao leque de oferta dos mercantilistas. Desse modo, era muito mais
rentável para o sistema mercantilista oferecer o negro como mão de obra não só
no movimento maior das trocas, mas também no aumento da produção que alimentava
o próprio sistema mercantil, ampliando a sua velocidade de circulação. Além
disso, já na Europa, principalmente no mundo ibérico, havia experiências no uso
do negro africano como mão de obra.
Bibliografia:
Rodrigues,
Antonio E.M. e Falcon, Francisco. A formação do mundo moderno. RJ: Campus,
2006.
A resposta proposta na prova, por si só já explica
a conceituação de europocentrismo e a relação do tráfico negreiro com o
mercantilismo.
10. (Uff) A vinda da Família Real para o Brasil decorreu das tensões que se
manifestaram na Europa, por conta da oposição entre interesses ingleses e a
política de expansão da França praticada por Napoleão Bonaparte.
A
partir dessa contextualização:
a)
indique dois dos tratados que se referem, no período, às relações entre Inglaterra
e Portugal;
b)
explique a contradição existente no fato da vinda da Família Real para o Brasil
ter, ao mesmo tempo, fomentado um surto manufatureiro e criado condições para
seu próprio declínio.
Resposta:
a) Tratados de Aliança e Amizade e de Comércio e
Navegação.
b) Apontar que o processo de desenvolvimento
manufatureiro da Colônia Brasil, apesar de tímido, chegou a contar, a partir de
1808, com alguma expressão em setores como a construção naval e a produção de
cordames, velas e tecidos em geral. Esse desenvolvimento tornou-se viável a
partir de Carta Régia de D. João, revogando o Alvará de 1785, que proibia as manufaturas no Brasil, em função das novas e crescentes
necessidades decorrentes da instalação da Corte no Rio de Janeiro, que teve sua
população consideravelmente aumentada. No entanto, ao mesmo tempo, a Coroa
portuguesa havia contraído compromissos políticos com a
Inglaterra, que apoiou a vinda da família real para o Brasil. Em função desse
apoio, o príncipe regente viu-se na contingência de aceitar os tratados de
Aliança e Amizade e de Comércio e Navegação firmados com a Inglaterra, que
responderiam pelo caráter efêmero do desenvolvimento
manufatureiro do Brasil. Isto porque, pelo primeiro, abriam-se os portos
brasileiros às "nações em paz e harmonia", pondo fim ao tradicional
mecanismo de exploração da Coroa sobre a Colônia - o exclusivo colonial -, abrindo a possibilidade do comércio direto entre os negociantes
brasileiros e os de outras nacionalidades. Além disso, o desenvolvimento das
manufaturas também decairia, uma vez que os tratados de Comércio e Navegação de
1810 garantiam para os produtos ingleses - manufaturados, sobretudo - "ad
valorem" de 15%, que eram mais baixas do que aquelas cobradas sobre os
artigos importados de outros países (24%), inclusive de Portugal (16%),
garantindo-se o privilégio mercantil às mercadorias inglesas. Ademais, os manufaturados ingleses eram de melhor qualidade e mais baratos do
que aqueles aqui fabricados, haja vista ter sido a Inglaterra a pioneira da
Revolução Industrial. Não bastassem esses fatores, as técnicas empregadas nas
manufaturas brasileiras eram rudimentares e, por isso mesmo, sem condições de
competir com os produtos ingleses.
11. (Uff) Ligado à União Nacional dos Estudantes, o Centro Popular de Cultura
produziu, em 1961, um clássico do teatro brasileiro: "Eles não usam
black-tie", escrito e dirigido por Gianfrancesco Guarnieri, recentemente
falecido. A peça era uma aguda e sensível análise sobre a vida do operariado brasileiro
e era um exemplo de um teatro engajado, preocupado em fazer uma reflexão sobre
as dificuldades e mazelas do povo brasileiro.
Com
base nessa afirmativa:
a)
exemplifique a atuação da UNE na defesa da democracia no Brasil, no período
imediatamente posterior ao Golpe de 1964;
b)
discuta a relação entre nacionalismo e cultura popular presente nos princípios
e nas ações desenvolvidas pelo Centro Popular de Cultura.
Resposta:
a)
Destacar o papel da UNE na organização da Passeata dos Cem Mil, contra o regime
militar, ocorrida em 21 de junho de 1968. Poderá ainda ressaltar a impotância
da UNE na defesa pela restauração da democracia.
b)
Nos anos 1960, o Centro Popular de Cultura compartilhava a crença numa
ideologia nacionalista. Atores, dramaturgos, diretores, produtores ligados ao
Centro Popular de Cultura procuraram politizar e popularizar o teatro
brasileiro. A conscientização das classes populares, através da linguagem
teatral, era um dos objetivos buscados por dramaturgos como Oduvaldo Vianna
Filho e Gianfrancesco Guarnieri. Por conta disso, havia a expectativa de que
era possível recuperar as tradições e lutas dos trabalhadores brasileiros,
configurando-as como uma identidade nacional, a ser resgatada, preservada e
divulgada. Destacar que a "cultura popular", vista como uma das
alternativas para a transformação da realidade brasileira, era pensada a partir
da arregimentação dos intelectuais e da conscientização dos populares. Em
outras palavras, os artistas e intelectuais do Centro Popular de Cultura acreditavam
que a cultura popular seria capaz de promover intensas transformações na
estrutura econômica e nas relações de poder no país. Por esta razão, o CPC era
visto como promotor desta mesma cultura, pensada como nacional.
12. (Uff) A Revolução Francesa de 1789 foi pródiga em gerar ideias e projetos de
reforma social dos mais diversos e radicais. Um deles, por sua projeção futura,
merece ser destacado: a Conspiração dos Iguais, cuja crítica à propriedade
estava respaldada na crença de que ela era "odiosa em seus princípios e
mortífera nos seus efeitos". No entanto, a Conspiração dos Iguais não
conseguiu concretizar seu projeto de defesa da abolição da propriedade privada.
Com
base nesta afirmativa:
a)
mencione o principal líder da Conspiração dos Iguais;
b)
discuta a principal reforma napoleônica
em relação à propriedade e suas repercussões na Europa.
Resposta:
a)
Graco Babeuf.
b)
Fazer menção às principais reformas napoleônicas, destacando o Código Civil de
1804 que garantiu a liberdade individual, a igualdade perante a lei e o direito
à propriedade privada. O código civil napoleônico exerceu marcante influência
na institucionalização do direito privado nos países europeus, principalmente
os que foram palco da expansão napoleônica. O aluno poderá também destacar que
o código Napoleônico é a pedra angular do direito liberal, pois foi fonte das
diretrizes legais dos países capitalistas. Ele poderá ainda afirmar que o
código civil consagrou os interesses burgueses, sendo a expressão jurídica da
chamada revolução burguesa.
13. (Uff) "Nós, Povo da África do Sul, declaramos, para que todos, no nosso
país, e no mundo, saibam: Que a África do Sul pertence a todos os que nela
vivem, negros e brancos, e que nenhum governo é legítimo se não se basear na
vontade do povo. Que o nosso povo foi espoliado do seu direito à terra em que
nasceu, da liberdade e da paz por um governo baseado na injustiça e na
desigualdade"
A Carta da Liberdade - Programa do
Povo Sul - Africano. Apud. Pereira, Francisco José. "Apartheid: o Horror
Branco na África do Sul". São Paulo, Brasiliense. "Coleção Tudo é
História", 1985, p. 67.
Aprovada
em 25 de junho de 1955, a Carta da Liberdade tornou-se o programa de luta dos
sul-africanos contra o "apartheid". Com base nessa afirmativa:
a)
exemplifique a política social do regime de "apartheid", em relação
aos negros;
b)
mencione o mais importante líder da luta contra o "apartheid" e
ex-presidente da África do Sul.
Resposta:
a)
O regime de "apartheid" foi um sistema que pregou o desenvolvimento,
em separado, de cada grupo racial existente na África, privando a população não
branca de direitos políticos e civis, constituindo-se, portanto, um racismo
consagrado em lei.
O
"apartheid" despejou milhares de negros de suas terras, entregando-as
aos brancos, o que significou que 87% das terras sul africanas passaram a
pertencer aos brancos.O regime impediu ainda que os negros comprassem terras e
que se tornassem agricultores auto-suficientes. Apenas um pequeno número de
negros podia viver nas cidades, desde que aceitasse realizar serviços
essenciais para os brancos. Também era proibido o casamento entre negros e
brancos. As Leis do Passe, garantiam o controle sobre a movimentação dos
africanos.
O
regime consagrou a catalogação racial da criança. Com base nessa catalogação, o
negro só podia morar em determinadas áreas. O "apartheid" aprovou uma
série de leis que classificou e separou os negros em diversos grupos étnicos e
linguísticos, gerando os bantustões - territórios tribais independentes, onde
os negros foram confinados.
b)
Nelson Mandela.
14. (Uff) A Filosofia Medieval buscou
a síntese entre a razão grega (a filosofia) e a religião cristã (a fé). Por
isto, seu tema central foi a relação entre razão
e fé. De acordo com Étienne Gilson,
historiador da Filosofia Medieval, “Uma dupla condição domina o desenvolvimento
da filosofia tomista: a distinção entre razão
e fé, e a necessidade de sua
concordância. Todo o domínio da filosofia pertence exclusivamente à razão; isso
significa que a filosofia deve admitir apenas o que é acessível à luz natural e
demonstrável apenas por seus recursos. A teologia baseia-se, ao contrário, na
revelação, isto é, afinal de contas, na autoridade de Deus. Os artigos de fé
são conhecimentos de origem sobrenatural, contidos em fórmulas cujo sentido não
nos é inteiramente penetrável, mas que devemos aceitar como tais, muito embora
não possamos compreendê-las. Portanto, um filósofo sempre argumenta procurando
na razão os princípios de sua argumentação; um teólogo sempre argumenta
buscando seus princípios primeiro na revelação”.
A partir da perspectiva
apresentada discorra sobre a Filosofia Medieval.
Resposta:
A Filosofia Medieval esteve
intimamente relacionada com o pensamento cristão. Como afirmado no enunciado da
questão, a relação existente entre filosofia e religião gerou o problema de
como lidar com a oposição entre fé e razão. Ainda que a razão estivesse
subordinada à fé, esta era pensada por meio de argumentos filosóficos. Os
principais problemas pensados pelos filósofos medievais foram a diferença entre
infinito e finito, razão e fé, corpo e alma, poder temporal e espiritual, além
do problema dos universais.
15. (Uff) Descartes tinha plena
consciência de seu papel inovador na filosofia e na ciência. No Discurso sobre o método ele diz:
“Percebi que era necessário, no curso de minha vida, destruir tudo
integralmente e começar de novo, dos fundamentos, se era meu desejo estabelecer
nas ciências qualquer coisa de permanente e com chances de durar”. Ele
considerava que o coroamento da reconstrução da filosofia seria o mais perfeito
e definitivo sistema moral. Mas, até que alcançasse o conhecimento completo de
todas as ciências, era preciso contentar-se com o que ele denominou de “moral
provisória”, que lhe permitisse ao menos se guiar em suas ações da vida
cotidiana. A terceira regra dessa “moral provisória” é:
“procurar sempre antes vencer a mim próprio
do que à fortuna [ou destino], e de antes modificar os meus desejos do que a
ordem do mundo; e, em geral, a de acostumar-me a crer que nada há que esteja
inteiramente em nosso poder, exceto os nossos pensamentos, de sorte que, depois
de termos feito o melhor possível no tocante às coisas que nos são exteriores,
tudo em que deixamos de nos sair bem é, em relação a nós, absolutamente
impossível. E só isso me parecia suficiente para impedir-me, no futuro, de
desejar algo que eu não pudesse adquirir, e, assim, para me tornar contente”.
Comente esta concepção e discorra sobre seu
significado no mundo contemporâneo.
Resposta:
Tal moral provisória
defendida por Descartes se relaciona com a atividade filosófica. A moral
provisória funciona como guia das ações no período em que o homem ainda não
desenvolveu as verdades indubitáveis por meio da evidência racional. Isso
funciona para não deixar o homem preso em uma irresolução excessiva. Sob
influência da moral estoica, a terceira regra da moral provisória busca regular
os desejos humanos para que a imprevisibilidade da fortuna (ou destino) não
produza um contínuo descontentamento no homem. Essa ética da razão, transposta
para o mundo contemporâneo, pode servir como guia para diversas ações. Isso se
manifesta, por exemplo, na ideia da sustentabilidade. Agir de forma sustentável
significa que se busca defender o meio ambiente a partir das possibilidades que
existem, ainda que isso não signifique que o ambiente estará totalmente
protegido.
Links para questões de outras disciplinas: http://praticandoalinguaportuguesananet.blogspot.com.br/
Bons estudos!!
Professor Arão Alves
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