1.
(Pucrj) As transformações ocorridas nas Américas
durante a Era das Revoluções Atlânticas estiveram marcadas por dois grandes
eventos, ambos igualmente radicais: (a) a Revolução Americana, que, com a
independência das 13 colônias em 1776, causou uma primeira séria fratura na
ordem do Antigo Regime e cujo pioneirismo na criação da primeira república
moderna não seria esquecido e (b) a Revolução de Santo Domingo, no Haiti, nos
anos de 1790, a qual veio associada a uma gigantesca, única e bem sucedida rebelião
de escravos nos tempos modernos. Esta libertou os escravos e criou a segunda
república independente do novo mundo.
a) Explique a contribuição da Revolução
Americana para a ideia de República no mundo moderno.
b) Caracterize como os cidadãos franceses,
em meio às próprias experiências revolucionárias iniciadas em 1789 na
metrópole, reagiram à rebelião dos escravos em sua colônia e à subsequente
abolição da escravidão.
Resposta:
a) O estudante poderá
ressaltar, no caso da República americana, a adoção da igualdade de condição
entre todos os homens livres e pactuantes do novo contrato. Poderá também
sublinhar o direito à liberdade, que a partir de então foi apresentada
como universal, não mais restrita aos ingleses (a chamada liberdade dos
ingleses), podendo por conseguinte ser reivindicada para todos os homens.
Porém, a contribuição mais importante que o candidato poderá ressaltar diz
respeito às primeiras experiências com o governo representativo,
ensaiadas na jovem república. A ideia de que o povo deve governar por meio de
representantes e de que esse corpo eleitoral deve ser o responsável pela
seleção dos governantes viria complementar a união em curso entre os princípios
republicanos e o liberalismo que marcaram o final do século XVIII.
O estudante ainda poderá falar das diferenças entre as formas de
governos, associando a experiência americana à adoção do presidencialismo,
contrastando-o com o parlamentarismo ou mesmo com o regime de colegiado. E, por
último, poderá explicar a particularidade da República americana
diferenciando-a das repúblicas da antiguidade (associadas ou à democracia
direta ateniense ou à república romana aristocrática, dirigida pelo Senado) e
das repúblicas aristocráticas de Veneza, da Holanda e mesmo da Polônia até o
final do século XVIII.
b) O estudante deverá recordar
como, em meio aos intensos debates e ações radicais que marcaram a escalada
revolucionária de 1789 aos anos do Terror, os franceses da metrópole
guardaram as bandeiras da “liberdade, igualdade e fraternidade” para si apenas.
Opuseram-se ferozmente não apenas à rebelião de escravos em Santo Domingo como
à libertação de sua colônia (apelidada à época de a “joia francesa do Caribe”).
Ironicamente, coube aos revolucionários haitianos, inspirados nessas mesmas
ideias metropolitanas, combaterem os canhões e da marinha da França
revolucionária que foram submetê-los e tentar mantê-los sob o jugo colonial.
2.
(Ufpr) Segundo o
historiador Edward Said, “o lucro e a perspectiva de mais lucro foram,
evidentemente, de enorme importância, mas o imperialismo não é só isso” (Cultura e Imperialismo.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 41). Comente essa afirmação, demonstrando as principais motivações que
impulsionaram o imperialismo europeu no século XIX.
Resposta:
O
imperialismo implica em um processo de dominação completa e complexa, promovida
por grandes potências econômicas sobre regiões africanas e asiáticas. A
“perspectiva de lucro” demonstra o principal interesse econômico das potências
que expandiam a industrialização, no sentido de explorar recursos minerais e
promover investimentos nas áreas dominadas. Ao mesmo tempo, os países
imperialistas promoveram a dominação militar, usando a força para desestruturar
as economias naturais e as formas tradicionais de organização social, além de
se utilizarem das religiões cristãs para impor novos valores éticos e morais.
Segundo o líder da independência do Quênia, Jomo Kenyatta, “Quando os brancos
chegaram, nós tínhamos as terras e eles a bíblia, depois eles nos ensinaram a
rezar; quando abrimos os olhos, nós tínhamos a bíblia e eles as terras”.
3. (Unicamp) Os animais humanizados de Walt Disney serviam à glorificação do estilo
de vida americano. Quando os desenhos de Disney já eram famosos no Brasil, o
criador de Mickey chegou aqui como um dos embaixadores da Política da Boa
Vizinhança. Em 1942, no filme Alô, amigos, um símbolo das piadas brasileiras, o
papagaio, vestido de malandro, se transformou no Zé Carioca. A primeira cópia
do filme foi apresentada a Getúlio Vargas e sua família, e por eles assistida
diversas vezes. Os Estados Unidos esperavam, com a Política da Boa Vizinhança,
melhorar o nível de vida dos países da América Latina, dentro do espírito de
defesa do livre mercado. O mercado era a melhor arma para combater os riscos do
nacionalismo, do fascismo e do comunismo.
(Adaptado de Antonio Pedro Tota,
"O imperialismo sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda
Guerra". São Paulo: Companhia das Letras, 2000, pp. 133-138, 185-186.)
a)
De acordo com o texto, de que maneiras os personagens de Walt Disney serviam à
política externa norte-americana na época da Segunda Guerra Mundial?
b)
Como o governo Vargas se posicionou em relação à Segunda Guerra Mundial?
Resposta:
a)
De acordo como o texto, a importância os personagens de Walt Disney serviam
para glorificar o estilo de vida americano e propagar a Política de Boa
Vizinhança na defesa do livre mercado como uma forma de combater o
nacionalismo, o fascismo e o comunismo.
b)
O governo Vargas procurou manter uma política de neutralidade até 1942. Porém,
quando navios brasileiros foram torpedeados por submarinos alemães, o Brasil
entrou na guerra contra o Eixo. A presença brasileira no conflito se deu pelo
envio de tropas da FEB para combaterem na Europa e pela permissão do governo
brasileiro para a instalação de bases militares no Nordeste para as o uso
forças aliadas.
4. (Ufrj) O processo de independência na América Latina foi, em grande parte,
concluído na década de 1820, quando os jovens governos se viram diante do
desafio de preservar a autonomia conquistada em meio ao intrincado jogo
político e diplomático da época. Simon Bolívar (1783-1830) não era simpático
aos Estados Unidos, que, por sua vez, evitaram atritos com a Espanha para não
comprometer a compra da Flórida e o comércio com possessões espanholas no
Caribe.
a)
Indique dois aspectos nos quais o processo que culminou com o rompimento dos
laços coloniais na América espanhola se diferenciou da Independência do Brasil.
b)
Cite uma diferença e uma semelhança entre o projeto pan-americanista de Simon
Bolívar e o expresso pela Doutrina Monroe (1823).
Resposta:
a)
o candidato deverá indicar que o Brasil tendeu a manter as fronteiras
geopolíticas da América Portuguesa, enquanto a América Espanhola desintegrou-se
em inúmeros países; além disso, no Brasil foi adotado o regime monárquico,
enquanto os novos países hispano-americanos tenderam a assumir o regime
republicano.
b)
O candidato deverá citar uma semelhança e uma diferença entre o projeto
pan-americanista de Simon Bolívar e o expresso pela Doutrina Monroe, entre as
quais:
- semelhança: preservação da independência dos
países americanos contra investidas recolonizadoras europeias;
- diferença: Bolívar propunha abolir a
escravidão e montar um exército comum para a defesa do hemisfério, propostas
não apenas ausentes, mas contrárias ao monroísmo, cuja prática fundou-se no
predomínio dos interesses dos Estados Unidos sobre os demais estados
americanos.
5. (Ueg) Atualmente, diversos governos da América do Sul procuram se identificar
com os ideais de Simón Bolívar. Identifique os principais aspectos do projeto
político de Bolívar para as colônias da América Espanhola.
Resposta:
O
projeto de Simón Bolívar para a América Espanhola visava à independência
política das colônias sob o domínio espanhol. Tal independência seria
acompanhada da unificação política com o objetivo de formar uma poderosa nação,
forte o bastante para comandar politicamente o continente, sem sofrer influência
da Europa e dos Estado Unidos. Tal projeto possuía um caráter elitista, uma vez
que atendia aos interesses sociais da elite criolla, sem procurar incluir
eficazmente os indígenas e mestiços. O plano fracassou, sobretudo devido às
disputas de poder entre os líderes locais e pela hostilidade da Inglaterra que
não desejava o surgimento de uma potência econômica rival na América do Sul.
6. (Fuvest) A História Contemporânea, no programa de História da FUVEST, contém um
item que diz: "A Europa em competição (1871-1914): imperialismo,
neocolonialismo e belle époque". Indique
a)
em que consistia essa competição e por que era imperialista.
b)
o significado da expressão "belle époque".
Resposta:
a)
A crescente necessidade de matérias-primas e mercados consumidores, além de
outras necessidades, decorrentes dos efeitos da Segunda Revolução Industrial,
levou as potências industriais europeias a uma corrida por ocupação de
territórios na África e na Ásia configurando-se o neocolonialismo, também
definido como imperialismo.
b)
A expressão Belle Époque (bela época, em português) refere-se ao período entre
o final do século XIX e o início do XX, caracterizado pela supremacia dos
valores culturais do mundo europeu ocidental, sobretudo os dos burgueses.
Paris
era a referência desses valores.
7. (Puc-rio) Com essas palavras, um negociante francês se referia à situação social
de seu país, por volta de 1830:
"Todo
fabricante vive em sua fábrica como os plantadores coloniais no meio de seus
escravos, um contra uma centena, e a subversão de Lyon é uma espécie de
insurreição de São Domingos [Haiti]. (...) Os bárbaros que ameaçam a sociedade
não estão nem no Cáucaso nem nas estepes tártaras; estão nos subúrbios de
nossas cidades industriais (...)".
(Apud Eric Hobsbawn. "A Era das
Revoluções 1789-1848", p. 221)
a)
Tomando como referência o texto apresentado, EXPLIQUE a questão social que
caracterizou países europeus, no curso da expansão industrial do século XIX.
b)
O autor do texto menciona a insurreição de São Domingos (Haiti), área de
colonização francesa, no Caribe. IDENTIFIQUE uma característica desse
acontecimento.
Resposta:
a)
Nos quadros da expansão industrial, em países europeus, no decorrer do século
XIX, a questão social correspondeu ao conjunto de tensões envolvendo os
interesses contraditórios entre o operariado fabril, mão de obra assalariada,
habitantes dos subúrbios das cidades, e os empresários e negociantes que
respondiam pelo controle e pela posse dos empreendimentos industriais. Nas
palavras de alguns intelectuais da época, a questão social era a materialização
dos conflitos entre CAPITAL e TRABALHO em relações de produção onde a expansão
do primeiro se estabelecia a partir da exploração do segundo. Tal conflito, em
larga medida, fomentou a criação de associações operárias e a proposição de ideias
políticas que denunciavam as condições de exploração do operariado fabril,
exigindo mudanças e reparações. O testemunho do negociante francês explicita o
quanto tais tensões entre capital e trabalho ameaçavam os interesses dos que
eram donos dos estabelecimentos fabris.
b)
Entre as características da insurreição de São Domingos estão a luta pela
emancipação política, a ampla participação dos escravos e a defesa do fim da
escravidão.
8. (Unicamp) Com o fim da Guerra Hispano-Americana, a condição da retirada militar
americana de Cuba foi a aprovação da Emenda Platt, uma emenda à Constituição
cubana que determinou as relações cubano-americanas de 1901 a 1934.
a)
Qual era o conteúdo da Emenda Platt?
b)
Qual era a política norte-americana para a América Latina que estava
evidenciada na Emenda Platt?
c)
Como a Revolução Cubana de 1959 contestou a política norte-americana do
pós-guerra para a América Latina?
Resposta:
a)
A Emenda Platt, incluída na Constituição cubana de 1901, instituía o direito de
intervenção militar dos Estados Unidos na Ilha.
b)
A política do Big Stick (o Grande Porrete) do presidente Theodore Roosevelt que
justificava as intervenções militares dos Estados Unidos na América Latina.
c)
Ao depor Fulgêncio Batista, os revolucionários nacionalizaram as empresas
norte-americanas e realizaram uma reforma agrária.
9. (Fuvest) Quais as relações entre a criação do Estado do Panamá, a construção do
Canal (1904-1914) e os interesses dos Estados Unidos?
Resposta:
No
contexto da política do Big Stick do presidente norte-americano Theodore
Roosevelt (1901-1909) em relação à América Latina, aliado ao interesse na
construção do canal interoceânico para facilitar o acesso à costa Oeste dos
Estados Unidos, foi incitada a independência do Panamá em relação à Colômbia o
que facilitou o intervencionismo norte-americano que facilitou a construção e
controle do canal a partir de 1914, quando foi concluída a obra.
10. (G1) Explique o que foi o "Big Stick" de T. Roosevelt.
Resposta:
A
política do "Big Stick", "grande porrete" indicava a
tendência imperialista americana para com a América Latina, afirmando que a
América é para os americanos, servindo de justificativa para várias intervenções
militares no continente.
Mt bom
ResponderExcluirAdorei Muito obrigado pela a ajuda
ResponderExcluir