Questões discusivas com gabarito comentado sobre baixa e alta idade média, crise do feudalismo, Renascimento urbano e comercial, mercantilismo, expansão marítima, invasões estrangeiras e expansão territorial na América Portuguesa.
Após as questões há 3 pequenos vídeos sobre alguns dos assuntos do provão.
Após as questões há 3 pequenos vídeos sobre alguns dos assuntos do provão.
1. (Ufpr 2012) Leia os
seguintes excertos da Magna Carta inglesa de 1215:
“12 - Nenhum imposto ou pedido
será estabelecido no nosso reino sem o consenso geral. (...) que tudo se passe
da mesma maneira no que respeita às contribuições da cidade de Londres (...)
61 - (...) Instituímos e
concedemos aos nossos barões a seguinte garantia: elegerão vinte e cinco barões
do reino, os quais deverão com todo o seu poder observar, manter e fazer
cumprir a paz e as liberdades que nós concedemos. (...)”
(C. R. C.
Davis, Magna Carta, The Trustees of the British Museum, 1963, p. 16-23 apud ESPINOSA,
Fernanda. Antologia
de textos medievais. Lisboa:
Sá da Costa Editora, p. 326-327).
A
partir dos trechos acima e de seus conhecimentos sobre a monarquia inglesa na
Idade Média, discorra sobre a relação dos nobres e dos burgueses ingleses com a
sua realeza e justifique por que a Magna Carta é considerada uma precursora das
constituições modernas.
2. (Ufpr 2012) Considere
os dois trechos de documento a seguir:
1º trecho (século XI):
“I- A Igreja Romana foi fundada
só pelo Senhor. (...)
III- Só ele [o pontífice romano]
pode depor ou absolver os bispos. (...)
IX- O papa é o único homem a quem
todos os príncipes beijam os pés. (...)
XII- É-lhe permitido depor os
imperadores. (...)”
(Papa Gregório VII – 1075 apud
ESPINOSA, Fernanda. Antologia de textos medievais. Lisboa: Sá da
Costa Editora, 1981, p. 289)
2º trecho (século XIV):
“E aprendemos das palavras do
Evangelho que nesta Igreja e em seu poder estão duas espadas, a espiritual e a
temporal. Uma espada, portanto, deverá estar sob a outra, e a autoridade
temporal sujeita à espiritual. (...) Por tudo isso que declaramos,
estabelecemos e definimos que é necessário para a salvação de toda criatura
humana estar submetida ao pontífice romano” (papa Bonifácio VIII, 1302 apud ESPINOSA,
Fernanda. Antologia de textos medievais. Lisboa: Sá da Costa Editora, p.
337-338).
Identifique
nesses dois trechos o conflito a que os dois papas se referem e explique as
razões de sua persistência no período da Baixa Idade Média europeia.
3. (Ufes 2012) A ocorrência de
feiras livres é observada, em cidades brasileiras, desde a época colonial,
quando se destacaram a Feira de Santana e as feiras de Sorocaba, Campina
Grande, Caruaru, entre outras. Em cidades europeias, esses eventos econômicos e
culturais se tornaram comuns, a partir da Idade Média, com o renascimento do
comércio e da vida urbana, quando se notabilizaram as feiras de Provins e de
Troyes, na região de Champagne; as feiras de Bruges e de Antuérpia, na região
de Flandres; as feiras de Colônia, de Lubeck e de outras cidades que
constituíram a Liga Hanseática.
Explique
a) dois fatores que
contribuíram para o renascimento do comércio e da vida urbana, no contexto
europeu;
b) o significado das
corporações de ofícios, que se difundiram, a partir do século XII, nas cidades
europeias.
4. (Ufmg 2011) Observe este mapa:
Nesse mapa, estão representados
os limites territoriais da Colônia Portuguesa na América estabelecidos pelo Tratado
de Tordesilhas, em 1494, e pelo Tratado de Madri, em 1750.
1. Considerando os respectivos
períodos históricos, identifique e
explique uma diferença
que caracteriza o traçado correspondente a cada um desses tratados.
Tratado
de Tordesilhas:
Tratado de Madri:
2. Caracterize o contexto em que cada um desses tratados foi estabelecido.
Tratado de Tordesilhas:
Tratado de Madri:
5. (Unicamp 2010) Segundo o
historiador indiano K. M. Panikkar, a viagem pioneira dos portugueses à Índia
inaugurou aquilo que ele denominou como a época de Vasco da Gama da história
asiática. Esse período pode ser definido como uma era de poder marítimo, de
autoridade baseada no controle dos mares, poder detido apenas pelas nações
europeias.
(Adaptado de C. R. Boxer, O
Império Marítimo Português, 1415-1835. Lisboa: Edições 70, 1972, p 55.)
a) Quais fatores levaram à
expansão marítima europeia dos séculos XV e XVI?
b) Qual a diferença entre o
domínio dos portugueses no Oriente e na América?
6. (Unifesp 2010) Mercantilismo é o nome
normalmente dado à política econômica de alguns Estados Modernos europeus,
desenvolvida entre os séculos XV e XVIII. Indique
a) duas características do
Mercantilismo.
b) a relação entre o Mercantilismo e a colonização da América.
7. (Ufc 2010) Durante os séculos XII e XIII, a
introdução de novos métodos de trabalho agrícola, de tecnologias, de plantio e
desenvolvimento da pecuária provocou o crescimento econômico da sociedade
feudal, que produziu cada vez mais alimentos. Entre o século 1000 e 1300, está
estimado que a produção de alimentos na Europa e sua população dobraram. O
crescimento econômico também criou as bases para o desenvolvimento de atividade
comercial, cultural e para a expansão de cidades. As transformações
introduzidas na sociedade feudal estimularam também mudanças nas relações
sociais e políticas. Porém, ao se entrar no século XIV, o período de
crescimento econômico e avanços tecnológicos rapidamente deu lugar à fome e à
doença.
a) Apresente quatro exemplos de
novos métodos de tecnologia e produção agrícola que foram introduzidos na
sociedade feudal durante os séculos XII e XIII.
b) Cite quatro razões para a
crise e o declínio da sociedade feudal na Europa no século XIV.
c) Que
grande epidemia ocorrida no século XIV reduziu drasticamente a população
europeia?
8. (Ufc 2009) Leia o
texto a seguir.
A Igreja, arcabouço principal da sociedade, tenta estabelecer uma ordem
menos selvagem e procura convencê-los, antes, a ajudar Deus a manter a paz na
terra, do que a semear o terror.
DUBY, Georges.
"Ano 1000, ano 2000: na pista de nosso medos". São Paulo: Unesp,
1999, p. 98-99.
A citação faz referência à relação entre a Igreja Católica e os
cavaleiros na Europa cristã, por volta do ano 1000. Responda o que se pede a
seguir.
a) Qual a relação entre o direito de herança prevalecente e o
"terror" semeado pelos cavaleiros?
b) Cite os dois movimentos liderados pela Igreja que visavam
"estabelecer uma ordem menos selvagem". Explique-os.
c) Explique como os cavaleiros poderiam "ajudar Deus a manter a paz
na terra".
9. (Unicamp 2008) Em 1750,
o governador do Rio de Janeiro, conde de Bobadela, enviou uma carta ao Rei de
Portugal, D. João V, na qual comentava a assinatura do Tratado de Madri:
No tratado, a nossa demarcação passa por parte das Missões jesuítas, e
surpreende-me como os jesuítas, tão poderosos na Corte de Madri, não
embaraçaram a conclusão desse tratado. Porém, pode ser que armem tantas
dificuldades à execução do tratado, que tenhamos barreira para muitos anos. Como
me persuado, Sua Majestade determinará não seja evacuada a Colônia do
Sacramento, enquanto não houverem sido evacuadas as áreas das Missões.
(Adaptado de
http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm)
a) Quais as resoluções do Tratado de Madri em relação às fronteiras
coloniais?
b) Quais as consequências do Tratado de Madri para a atuação dos
jesuítas na América portuguesa?
10. (Unifesp 2008) Sabe-se
que o feudalismo resultou da combinação de instituições romanas com
instituições bárbaras ou germânicas. Indique e descreva no feudalismo uma
instituição de origem
a) romana.
b) germânica.
11. (Uerj 2008) Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
(Fernando Pessoa)
O poema de Fernando Pessoa descreve aspectos da expansão marítima
portuguesa no século XV, dando início a um movimento que alguns estudiosos
consideram um primeiro processo de globalização. Identifique duas motivações
para a expansão portuguesa e explique por que essa fase de expansão pode ser
considerada um primeiro processo de globalização.
12. (Ufpr 2007) "Grandes
são as alegrias - que acontecem no lugar
Quando Cid conquista Valença - e entra na cidade.
Os que foram a pé - cavaleiros se fazem;
E as outras riquezas - quem as poderia contar?
Todos eram ricos - quantos os que ali estavam.
Meu Cid don Rodrigo - a quinta mandou tomar,
Do lucro do saque - ele tinha trinta mil marcos;
E de outras riquezas - quem poderia contar?"
(VILAR, Pierre.
"Ouro e Moeda na História: 1450-1920". Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1980, p. 46.)
"O Cantar del mio Cid", escrito no ano de 1110, constitui-se
em um exemplo significativo da épica medieval. O texto narra as aventuras e
adversidades do nobre castelhano Rodrigo Diaz de Vivar na grande mobilização
dos reinos cristãos da Península Ibérica para a retomada das regiões mantidas
pelos mouros.
Tendo em vista que a reconquista de Granada pelos castelhanos se realiza
em 1492, apresente dois exemplos que caracterizam a influência que a
reconquista de Granada exerceu sobre a conquista da América.
13. (Ufg 2006) "O
ar da cidade torna o homem livre".
PAIS, Marco Antonio de
O. "O despertar da Europa". 4.ed. São Paulo: Atual, 1992. p. 38.
Relacione o provérbio alemão do século XI, anteriormente transcrito, com
o renascimento comercial urbano.
14. (Unesp 2005) Pregada
por Urbano II, a primeira cruzada... [estendeu-se de 1096 a 1099] . O sucesso
dos pregadores faz dela uma cruzada popular (aventureiros, peregrinos). É um
choque militar, político, mas também cultural e mental, pois a cruzada dilata o
espaço e o tempo.
(P. Tétart,
"Pequena história dos historiadores".)
O que foi escrito sobre a primeira cruzada aplica-se, de maneira geral,
às demais.
a) Qual era a finalidade imediata das cruzadas?
b) Além das alterações culturais e mentais, as cruzadas provocaram
modificações de ordem comercial no continente europeu. Discorra sobre essas
últimas.
15. (Ufg 2003) "Na
cidade de Florença, nenhuma prevenção foi válida nem valeu a pena qualquer
providência dos homens. A praga, a despeito de tudo, começou a mostrar, quase
ao principiar a primavera do ano referido [1348], de modo horripilante e de
maneira milagrosa, os seus efeitos. A cidade ficou purificada de muita sujeira,
graças a funcionários que foram admitidos para esse trabalho. A entrada nela de
qualquer enfermo foi proibida. Muitos conselhos foram divulgados para a
manutenção do bom estado sanitário. Pouco adiantaram as súplicas humildes,
feitas em número muito elevado, às vezes por pessoas devotas isoladas, às vezes
por procissões de pessoas, alinhadas, e às vezes por outros modos dirigidas a
Deus."
(BOCCACCIO, Giovanni. Decameron In: MOTA, Myriam B.; BRAYCK, Patrícia R.
"História das cavernas ao Terceiro Milênio". São Paulo: Moderna,
1997. p. 91.)
No trecho acima, o escritor florentino descreveu o cenário urbano na
época da peste negra (1348), a pandemia (doença epidêmica amplamente
disseminada) que causou milhares de mortes por toda a Europa. Com base no
exposto,
a) estabeleça as relações entre as atividades comerciais das cidades
italianas com o Oriente e a presença da peste negra no continente europeu.
b) explique duas consequências sociopolíticas da peste negra na Europa
no século XIV.
16. (Ufg 2001) A casa de
Deus, que cremos ser uma, está, pois, dividida em três: uns oram, outros
combatem, e outros, enfim, trabalham.
Bispo Adalbéron de
Laon, século XVI, apud Jacques Le Goff. "A Civilização do Ocidente
Medieval". Lisboa: Editorial Estampa, 1984, v.II. p 45-6.
Caracterize a sociedade feudal, destacando a relação entre os que
"combatem" (nobreza) e os que "trabalham" (servos).
17. (Ufes 2001) Enquanto
a fragmentação e o particularismo ainda vigoravam no restante do continente
europeu, Portugal foi pioneiro no processo de centralização política.
Explique esse pioneirismo com base no processo de Reconquista da
Península Ibérica em relação
a) à distribuição de terras;
b) à expulsão dos mouros.
18. (Ufg 2000) A
história do Mediterrâneo é a história das migrações populacionais e da
circulação de valores de culturas distintas.
Discorra sobre a Expansão Árabe, a partir da unificação islâmica na
Idade Média.
19. (G1 1996) Qual a
importância da cidade de Meca, antes de
Maomé?
20. (Unesp 1994) Os
promotores das cruzadas e os cruzados haviam se colocado, pelo menos, três
objetivos: a conquista da Terra Santa de Jerusalém, a ajuda aos bizantinos e a
união da cristandade contra os infiéis. Mas nenhum desses objetivos havia sido
alcançado plenamente. Nas palavras de um importante historiador da Idade Média,
"Se os cruzados são os grandes perdedores da expansão cristã no Século
XII, os grandes ganhadores foram, em definitivo, os comerciantes (...)".
(Jacques Le
Goff, A BAIXA IDADE MÉDIA)
a) Identifique "os infiéis", contra os quais se procurava unir
a cristandade.
b) Cite pelo menos um acontecimento histórico que confirme o ganho dos
comerciantes.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
Durante a Baixa Idade Média se constituíram as monarquias na Europa, muitas vezes denominadas de monarquias nacionais. Um dos momentos mais importantes dessa formação, na Inglaterra, foi a elaboração da Magna Carta, no século XIII, quando o rei João, sem terra, pressionado por nobres e membros do alto clero, outorgou o documento que garantia direitos e liberdades, que representava a limitação do poder real. Nesse momento, a burguesia é uma classe nascente, pouco numerosa e ainda pouco importante, mas que tem assegurado o direito ao livre comércio no Reino, com algumas garantias legais.
Resposta da questão 2:
O primeiro trecho, anterior ao século XI, destaca a importância da Igreja Católica do ponto de vista religioso. O Papa Gregório VII preocupou-se com as questões de fé e os problemas internos que afetavam os membros do clero, grande parte deles com uma vida desregrada.
O segundo
trecho, posterior ao século XIV, preocupa-se com a relação entre o poder
religioso e espiritual, representado pelo poder da Igreja; e o poder dos reis,
temporal, representado pelas monarquias que, na Baixa Idade Média, viviam um
processo de fortalecimento, com a formação das nações.
Resposta
da questão 3:
a) Apesar de não ser uma exigência a ser verificada na elaboração da resposta, subentende-se que as invasões “bárbaras” ou germânicas marcaram um novo processo na formação social medieval, enquanto fenômenos que intensificaram a ruralização no contexto geográfico europeu, especialmente no Império Romano do Ocidente. Enquanto isso, as relações comerciais e a vida urbana mantiveram-se ativas no Império Romano do Oriente ou Império Bizantino, ou seja, na Ásia Menor e no Oriente Próximo ou Oriente Médio, bem como no mar Mediterrâneo, compreendendo aí as cidades litorâneas e a outrora denominada Magna Grécia. Assim, independentemente dos pressupostos acima, serão consideradas, positivamente, as citações de fatores e respectivas descrições que expliquem o renascimento do comércio e da vida urbana, no contexto europeu, entre outras citações afins ou correlatas:
- as peregrinações de cristãos europeus
aos Lugares Santos, propiciando o estabelecimento de relações comerciais
necessárias ao suprimento das necessidades gerais daqueles peregrinos em
romaria, implicando em relações de trocas de produtos e/ou de produtos por
moedas;
- as Cruzadas ou Guerra Santa, enquanto
iniciativa do cristianismo representado pelo Bispo de Roma, para libertação dos
Lugares Santos, que se encontravam sob o controle principalmente dos povos
identificados com a fé islâmica; trata-se de um embate iniciado no final do
século XI e que se estendeu até o final do século XIII, contribuindo
significativamente para o incremento do intercâmbio comercial e para a própria
expansão europeia, inclusive no que concerne ao intercâmbio comercial entre as
regiões europeias e o Oriente;
- a estabilização dos reinos medievais
e relativa pacificação, propiciando o incremento demográfico e o esgotamento
das terras férteis, contribuindo para a migração dos excedentes demográficos em
busca de alternativas de sobrevivência nas vilas e nos burgos e
disponibilizando mão de obra para as atividades artesanais, bem como para as
relações de trocas ou intercâmbios comerciais;
- enriquecimento da nobreza feudal
decorrente da Guerra Santa ou Cruzadas, inclusive por meio de saques,
propiciando acumulação de riqueza que seria empregada na aquisição de produtos
disponibilizados pelos intercâmbios comerciais, incluindo o gosto pelos artigos
de luxo geralmente observados no Oriente; também se incluem o conhecimento de
novos produtos, como as especiarias, que se incorporaram aos hábitos
alimentares e à conservação de alimentos perecíveis;
- a própria tradição comercial das
cidades da outrora denominada Magna Grécia, no mar Mediterrâneo, destacando-se
as cidades da península italiana, que atuaram como entrepostos e pontos de
origem das novas rotas comerciais que se consolidaram no interior da Europa, em
cujos entroncamentos se originaram ou se desenvolveram burgos ou cidades como
polos comerciais;
- quanto à Guerra Santa, deve-se
considerar que foi por ocasião da Quarta Cruzada que os mercadores europeus das
cidades do Mediterrâneo obtiveram o privilégio de fixação de entrepostos
comerciais para distribuição de mercadorias provenientes do Oriente para as
rotas comerciais terrestres e fluviais, que adentravam ao interior do
continente europeu, em direção às feiras que se consolidavam.
b) Apesar de não ser
uma exigência a ser verificada na elaboração da resposta, é bom lembrar que a
associação formal de pessoas com interesses comuns já ocorria desde os tempos
dos reis de Roma, Numa Pompílio (716-673 aC) e Sérvio Túlio (578-526 aC),
quando se constituíram as clássicas associações ou confrarias, com caráter
religioso, bem como as primeiras corporações de arquitetos e as associações de
artes e ofício, congregando pessoas segundo habilidades práticas e
profissionais mais comuns. Portanto, desde a Antiguidade Tardia (cerca de
300—600 d.C.), e durante a Alta Idade Média (476-1000), constituíram-se, na
península italiana, corporações de artis
et officium, congregando artigianos,
bem como corporações de comerciantes. Assim, independentemente dos pressupostos
acima, serão consideradas, positivamente, nas respostas, explicações afins ou
correlatas que tratem dos aspectos essenciais das corporações de ofícios,
enquanto organização social urbana para fins de auxílio mútuo e proteção, no
contexto do renascimento do comércio e da vida urbana em ambiente europeu,
mormente a partir do século XII:
- as confrarias religiosas,
comuns entre os cristãos, também influenciaram a formação de agremiações ou
corporações de ofícios, bem como as guildas, nas cidades que renasciam, na
Idade Média;
- as corporações de ofícios, bem como
as guildas, tinham como significado ou importância a proteção mútua mediante
constituição de um fundo, nos burgos, especialmente contra a predominância da
aristocracia feudal, que se impunha nos feudos; enfim, as guildas ou
corporações de ofícios tinham como objetivo principal a defesa dos interesses
econômicos e profissionais dos trabalhadores que lhes eram associados;
- as corporações de ofícios, bem como
as guildas, tinham como significado ou importância a associação de mestres, que
eram donos de oficinas, bem como artesãos ou artistas e aprendizes das artes e
ofícios; agregavam pessoas das relações familiares ou pessoas outras,
desprovidas de status e condições econômicas, como aprendizes de uma profissão;
- as corporações de ofícios, bem como
as guildas, tinham como significado ou importância a reprodução e consolidação
do conhecimento, bem como a normatização e refinamento das competências e
especializações profissionais; constituíram-se guildas de alfaiates,
sapateiros, ferreiros, açougueiros, artesãos, comerciantes, artistas plásticos
entre outros profissionais; - as corporações de ofícios, bem como as guildas,
tinham como significado ou importância a associação de professores e estudantes
que, a partir do final do século XII e início do século XIII constituíram
corporações que se denominaram Universitas
Magistrorum, reunindo professores, e Universitas
Scholarium, reunindo estudantes, com vistas aos estudos gerais e que
propiciaram a gênese das Universidades;
- também serão considerados,
positivamente, os comentários críticos ou ressalvas sobre as supostas
diferenças entre corporações de ofícios, enquanto ambientes de aprendizagem de
uma profissão, diferentemente das guildas, consideradas como corporações de
comerciantes, segundo o princípio de que o mestre de uma corporação de ofício é
também um comerciante de sua produção artesanal, da mesma forma que o
comerciante de uma guilda vem a ser também o mestre de sua oficina de produção
artesanal; portanto, as duas denominações são equivalentes, mesmo porque são
muito mais diferenciações dialetais ou idiomáticas;
- também
serão considerados, positivamente, as ressalvas sobre as articulações entre
corporações de cidades de uma região, constituindo as LIGAS, mormente de
comerciantes, com a finalidade de protegerem o comércio, ou seja, com a
finalidade protecionista tanto das relações comerciais quanto do mercado.
Resposta da questão 4:
1. Tratado de Tordesilhas: a linha de Tordesilhas é imaginária e foi estabelecida para dividir o mundo entre Portugal e Espanha; Tratado de Madri: a linha demarcatória divide as terras de Portugal e Espanha na América e baseia-se no princípio do uti possidetis, que leva em consideração a ocupação dessas regiões
2. O Tratado de Tordesilhas foi definido em
1494, época em que apenas Portugal e Espanha realizavam a expansão marítima e a
conquista de terras fora da Europa. As duas nações eram as grandes potencias
econômicas europeias. O Tratado de Madri
foi definido em 1750, época de apogeu da exploração aurífera no Brasil, que
garantia riqueza significativa para Portugal; ao mesmo tempo, a Espanha vivia
um período de decadência, com a redução da extração de minérios em suas
colônias e com a derrota na Guerra de Sucessão, encerrada em 1715, que a forçou
a fazer diversas concessões.
Resposta
da questão 5:
a) A Expansão Marítima e Comercial Europeia nos séculos XV e XVI decorreu das demandas geradas pelo desenvolvimento do comércio no final da Idade Média. Dentre os fatores que a estimularam pode-se apontar: a escassez de metais preciosos na Europa, pois as minas europeias não conseguiam atender a demanda estimulada pelo crescimento das trocas monetárias e era preciso, portanto, encontrar novas minas fora do continente; a aliança entre o rei e a burguesia, pois ambos almejavam respectivamente a valorização do comércio e a conquista de novos domínios visando centralização do poder; a procura de um caminho para as índias (Oriente), pois desde o século XI as cidades de Gênova e Veneza dominavam as rotas de comércio no Mediterrâneo Oriental e os avanços tecnológicos do século XV.
b) As
feitorias foram entrepostos comerciais, geralmente fortificados e instalados
em zonas costeiras, sobretudo na África e no Oriente, que os portugueses
construíram para centralizar e, assim, dominar o comércio
dos produtos locais para o reino.
No
Brasil, durante o período pré-colonial também foi adotado o sistema de
feitorias para a exploração do pau-brasil.
Com a
colonização efetivada a partir de 1530, Portugal estimulou a produção
açucareira orientada para exportação.
Resposta da questão 6:
a) São características do Mercantilismo: metalismo (acumulação de metais preciosos), balança comercial favorável, intervencionismo estatal na economia, protecionismo alfandegário e sistema colonial.
b) A
exploração de colônias na América constituía-se num dos meios de acumulação
mercantilista para os Estados Nacionais Modernos da Europa, pois as colônias
eram, de um lado, fornecedoras de gêneros tropicais, negociados no mercado
europeu, de matérias-primas e metais amoedáveis, e por outro, consumidoras de
manufaturas, além de integrarem o lucrativo tráfico negreiro.
Resposta
da questão 7:
Durante os séculos XII e XIII, foram introduzidos na sociedade feudal novos métodos de cultivo, com a introdução de aros que possibilitaram arar o solo pesado. Os agricultores dessa sociedade adotaram métodos asiáticos de utilizar cavalos para arar a terra ao invés do boi, tornando o processo mais rápido, e introduziram o cultivo de feijão e legumes para repor os nutrientes no solo.
Foram
introduzidos novos métodos de pastagem do gado, o que permitiu a fertilização
do solo. Por sua vez, o excesso de grãos, lã e outros produtos permitiu que
agricultores trocassem o que não seria consumido por implementos (aros, foices
etc.) feitos com aço que também aumentaram a produtividade. O aumento da produtividade
e do consumo de alimentos estimulou a expansão da população. As razões do
rápido declínio da produtividade agrícola e da economia feudal no século XIV
refletem uma combinação de múltiplos fatores, tais como a fome e a incapacidade
da produção de alimentos de acompanhar o crescimento populacional, as guerras
entre senhores feudais, a transmissão de epidemias como a peste bubônica,
principalmente nas regiões mais populosas das rotas de comércio, e a crescente
intransigência e demandas dos senhores feudais sobre os agricultores obrigados
a pagar tarifas cada vez mais elevadas para sustentar modos de vida que não
condiziam com o nível de produtividade.
Resposta da questão 8:
Uma vez que apenas o primeiro filho dos senhores feudais herdava o feudo (direito de primogenitura), os demais deveriam buscar outras formas de subsistência. Portanto, ser um cavaleiro era o destino de muitos nobres despossuídos. Aproveitando-se da posse das armas, esses nobres semeavam o "terror" por meio de constantes guerras e de ações violentas, como espoliar vilarejos, extorquir camponeses, saquear colheitas, sequestrar senhores em busca de resgate e assaltar nas estradas. Na tentativa de diminuir os conflitos e de se proteger dessas ações, a Igreja Católica instituiu a "Paz de Deus" (pax Dei) e as "Tréguas de Deus" (tregua Dei) em fins do século X e princípios do século XI, visando diminuir a "selvageria" da cavalaria. O movimento conhecido por "Paz de Deus" ameaçava de excomunhão e punição divina os cavaleiros que atacassem, roubassem ou extorquissem os que não pudessem se defender (eclesiásticos, mulheres nobres desacompanhadas, camponeses e camponesas e desprotegidos em geral). Já as "Tréguas de Deus" proibiam os cavaleiros de guerrear nos dias religiosos da semana (das noites de quinta-feira até segunda-feira pela manhã - lembrança da Paixão de Cristo) e em datas importantes do calendário litúrgico (Advento, Quaresma, Páscoa, Pentecostes). De acordo com a Igreja, Deus esperava que a ordem e a paz terrenas refletissem a ordem e a paz celestes. Construiu-se, assim, o discurso de que cada grupo social deveria cumprir seu papel: os nobres guerreavam, o clero orava e os servos trabalhavam (fórmula celebrada por Adalberon de Laon, no início do século XI). Os cavaleiros, por conseguinte, não deveriam usar das armas para espoliar os pobres, mas para fazer justiça e manter a ordem. Nesse mesmo contexto, foram inauguradas as cruzadas (1095). Perdurando até o século XIII, essas expedições militares e religiosas canalizaram para fora do centro da Europa católica as disputas por terras e riquezas que motivavam as ações dos cavaleiros, além de servir de justificativa para a coesão da comunidade católica, unida em oposição a um inimigo externo. Dessa forma, os cavaleiros tornaram-se "agentes de Deus", combatendo os infiéis e reconquistando territórios considerados sagrados. O controle da violência por meio da cristianização da cavalaria foi fundamental para consolidar o poder da Igreja Católica, assim como para manter o sistema feudal.
Resposta
da questão 9:
a) O tratado baseou-se no princípio do "uti possidetis" (os
territórios deveriam pertencer a quem efetivamente os ocupasse), utilizado pelo
representante português, o brasileiro Alexandre de Gusmão. Desse modo, a linha
de Tordesilhas seria abandonada, ficando Portugal e Espanha com a posse das
terras que já ocupassem. Pelo Tratado de Madri, o território do Brasil passou a
ter os limites muito semelhantes aos que possui atualmente. No Sul, Portugal
entregou à Espanha a Colônia do Sacramento e recebeu em troca os Sete Povos das
Missões.
b) Com a recusa dos índios e jesuítas de origem
espanhola de abandonar o território dos Sete Povos das Missões, teve início a
chamada Guerra Guaranítica, que resultou no massare dos índios, quando um exército
luso-espanhol atacou a região. O apoio dos jesuítas aos índios reforçou as
tensões já existentes entre a Companhia de Jesus e os governos de Lisboa e
Madri, contribuindo para a posterior expulsão dos inacianos de Portugal, da
Espanha e de suas respectivas colônias, alguns anos depois da assinatura do
Tratado de Madri.
Resposta
da questão 10:
a) A servidão feudal, caracterizada pelo vínculo dos camponeses à terra, teve origem no colonato surgido durante o Baixo Império Romano.
b) As relações de suserania e vassalagem entre os
nobres feudais, têm suas origens no "comitatus", tradição germânica
de alianças militares que estabeleciam laços de fidelidade entre os chefes
tribais e seus guerreiros.
Resposta
da questão 11:
Duas das motivações:
- espírito cruzadista do povo português
- expansão da fé cristã
- busca de ouro, pimenta, marfim e escravos na África
- procura de caminho marítimo para área de especiarias (Índias)
- busca de terras para a nobreza na Europa
- estabelecimento de relações comerciais com os chefes africanos
O encontro e a exploração de novos territórios
produziram trocas culturais, políticas e comerciais ampliando o mundo até então
conhecido pelos europeus.
Resposta
da questão 12:
O caráter predatório das conquistas, evidenciado na retratação da pilhagem das riquezas dos inimigos presente na narrativa sobre a conquista de Granada, pode ser observado na conquista da América pelos espanhóis, sobretudo quando da conquista dos impérios Asteca e Inca.
O espírito cruzadista para a expansão da fé cristã,
esteve presente não só nas iniciativas de Colombo, quando da capitação de
recursos e pessoas para o seu empreendimento, como também no processo de
conquista da América, diferenciando-se porém no contexto das Reformas
Religiosas, orientado para a catequese dos nativos, por não se tratar de uma
guerra contra infiéis, mas de cooptar fiéis para o catolicismo, diante do
avanço do protestantismo na Europa.
Resposta da questão 13:
O ar da cidade torna o homem livre, pois, na baixa Idade Média, os centros urbanos em luta por seus direitos libertaram-se, em parte, da tutela feudal. Os impostos cobrados em dinheiro, as atividades bancárias, a força política dos comerciantes (burguesia), o crescimento das corporações de ofícios, a retomada com mais vigor das rotas de comércio internacional impuseram um novo modo de viver ao mundo citadino.
Resposta
da questão 14:
a) Libertar a Terra Santa (Jerusalém) do domínio muçulmano.
b) As Cruzadas proporcionaram a reabertura do Mediterrâneo Ocidental ao comércio europeu,
intensificando as relações mercantis da Europa com o Oriente, sobretudo com
Constantinopla, Alexandria e Antioquia, criando-se assim, as bases para o
Renascimento Comercial e Urbano da Baixa Idade Média.
Resposta
da questão 15:
a) A Peste Bubônica chegou à Europa através dos ratos vindos nos navios mercantes do Oriente que aportavam em Gênova em razão de um intenso comércio entre as cidades italianas e o Oriente. A partir daí disseminou-se como epidemia favorecida pelas precárias condições de higiene no mundo europeu.
b) As altas taxas de mortalidade verificadas no
século XIV, levaram á superexploração dos servos por parte dos senhores feudais
devido à redução da oferta de mão de obra, o que desencadeou violentas revoltas
camponesas. Para conter as revoltas, os nobres feudais recorriam à ajuda
militar dos reis, o que contribuiu para o enfraquecimento do poder senhorial
local em favor do fortalecimento do poder real no contexto da formação das
Monarquias Nacionais europeias.
Resposta
da questão 16:
A sociedade feudal era estamental, polarizada por senhores e servos e incluindo-se os clérigos, os cavaleiros, os ministeriais e os escravos.
O papel das classes era definido pela Igreja sendo
a nobreza senhorial responsável pela proteção dos servos que por seu lado
constituíam a classe produtora dos recursos necessários à subsistência das
demais classes.
Resposta
da questão 17:
a) As origens de Portugal como nação encontram-se na doação do Condado Portucalense ao Conde Henrique de Borgonha, pelo rei de Leão, Afonso VI, como prêmio pelo auxílio na Guerra de Reconquista, no final do século XI.
b) Em 1139, Afonso Henriques liderou a
independência do Condado Portucalense, dando origem ao Reino de Portugal, cujas
terras ao sul, conquistadas aos mouros, forma incorporadas ao Reino e
distribuídas aos fidalgos e a ordens militares e religiosas.
Resposta
da questão 18:
A consistência e a simplicidade da doutrina islâmica, associada à decadência dos impérios persa e bizantino e aos interesses materiais dos árabes, foram fatores decisivos ao processo da expansão islâmica ao redor do Mediterrâneo.
O contato com os europeus foi de grande valia no
âmbito da cultura, apesar da presença árabe no Mediterrâneo ter contribuído
para a cristalização do feudalismo.
Resposta da questão 19:
Meca era um importante centro comercial e religioso da Arábia, onde se localizava o santuário da Caaba, local de peregrinação e adoração da Pedra Negra e dos ídolos das tribos beduínas.
Resposta
da questão 20:
a) Muçulmanos.
b) Reabertura do Mediterrâneo, Renascimento
comercial e urbano.
Islamismo
Império Bizantino
Islamismo
Império Bizantino
Feudalismo
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