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1.Reza a lenda que, numa noite chuvosa de agosto de 39, Ary estava na sua
sala, jogando conversa fora com a patroa e um casal de cunhados. De repente,
levantou do sofá e disse, indo pro piano (...): vou fazer um samba cheio de
inovações. Começou imitando no teclado a batida de um tamborim e, meia hora
depois, música e letra estavam prontas. O cunhado foi o primeiro a esboçar um
protesto que acompanharia a canção até hoje: coqueiro que dá coco, Ary? E você
queria que ele desse o quê?!? Ary não deu bola. (...) Ele, esperto como sempre
foi, sabia que estava inventando um gênero, o samba-exaltação. Com sua letra
que cantava o bom e o belo dessa terra, estava inaugurando uma nova era, numa
época onde marchas e sambas, como diria Noel Rosa, só falavam de mulher,
malandragem e prontidão (falta de grana). (...) O fato é que nunca se descobriu
se a Aquarela foi mesmo composta ou não sob encomenda de Getúlio.
http://www.samba-choro.com.br/artistas/arybarroso
Em
2003, comemorou-se o centenário do nascimento de um dos maiores compositores da
Música Popular Brasileira, Ary Barroso. O samba-exaltação, sua criação, foi
utilizado como peça de propaganda tanto internamente, pelo Estado Novo, como
externamente, pela Política da Boa Vizinhança do presidente norte-americano
Franklin Roosevelt.
a)
Explique de que forma o Estado Novo utilizou-se de manifestações da cultura
popular, como o samba, em seu projeto de legitimação.
b)
Cite duas características do contexto internacional no qual foi estabelecida a
Política da Boa Vizinhança.
Resposta:
a)
O Estado Novo apropriou-se das manifestações culturais populares para exaltar o
nacionalismo e consolidar ideias de uma só cultura e de uma só nação,
propiciando, assim, a incorporação social e a valorização dos trabalhadores
urbanos, necessários ao processo de industrialização como cidadãos.
Utilizando-se do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) Getúlio
Vargas, procurou promover a valorização
do trabalho difundindo a imagem do "novo homem" brasileiro, chegando
a proibir músicas que exaltassem a malandragem. As letras ufanistas ou que
exlatassem o trabalhador brasileiro alcançavam as massas urbanas através do
rádio.
b)
A crítica latino-americana às intervenções norte-americanas na região ou à
política do Big Stick e o interesse norte-americano em estreitar laços com o
governo brasileiro, visando à utilização de bases militares no contexto da
Segunda Guerra.
2. (Ufu 2017) A menina Presidência vai
rifar seu coração
E já tem três pretendentes,
todos três chapéu na mão.
E quem será?
O homem, quem será?
Será “Seu Manduca” ou será
“Seu Vavá”?
Entre esses dois meu
coração balança porque
Na hora “H” quem vai ficar
é “Seu Gegê”! (bis)
Agora todo mundo dá
palpite,
Mas eu sei que no fim
ninguém se explica:
É melhor deixar como está
Pra depois então se ver
como é que fica.
O homem, quem será?
Será “Seu Manduca” ou será
“Seu Vavá”?
Entre esses dois meu
coração balança porque
Na hora “H” quem vai ficar
é “Seu Gegê”! (bis)
“A Menina Presidência”, Silvio Caldas, 1937.
A letra da canção,
produzida nos anos de 1930, retrata, via manifestação cultural, a situação da
política nacional, em especial, a disputa pelo cargo de Presidente da
República.
Considerando essa
afirmação, faça o que se pede.
a) Aponte o gênero musical
a que se refere a letra e cite as condições técnica e política que permitiram a
sua popularização junto à sociedade brasileira, naquele contexto.
b) Indique o importante
fato político referenciado de forma irônica na letra de Sílvio Caldas, identificando
o seu principal protagonista.
Resposta:
a) É uma marchinha carnavalesca cuja letra faz alusão aos
dois candidatos à Presidência da República: Armando Salles de Oliveira, o
"seu Manduca", e Oswaldo Aranha, o "seu Vavá". Contudo quem
ficou no governo foi Getúlio Vargas ou "Seu Gegê", ao decretar o
golpe de Estado em 1937. Este é um momento de popularização da música graças à
radiodifusão, conhecido como a "era do rádio".
b)
Trata-se da implantação do Estado Novo em novembro de 1937, quando Vargas
cancelou as eleições e, pelo rádio, anunciou que continuaria no poder com
amplos poderes. A letra da canção não é de autoria de Sílvio Caldas que foi o
intérprete, mas Antônio Nássara e Cristóvão de Alencar.
3. (Ufjf-pism 3 2017) Leia as letras das canções
abaixo e, em seguida, responda ao que se pede:
O
Bonde de São Januário (1940)
Quem
trabalha é quem tem razão
Eu
digo e não tenho medo de errar
O
Bonde de São Januário leva mais um operário
Sou
eu que vou trabalhar
Antigamente
eu não tinha juízo
Mas
hoje eu penso melhor no futuro
Graças
a Deus sou feliz vivo muito bem
A
boemia não dá camisa a ninguém
Passe
bem!
Composição: Ataulfo Alves e Wilson Batista
Trabalhador
(2006)
Está
na luta, no corre-corre, no dia a dia
Marmita
é fria mas se precisa ir trabalhar
Essa
rotina em toda firma começa às sete da manhã
Patrão
reclama e manda embora quem atrasar
Trabalhador
Trabalhador
brasileiro
Dentista,
frentista, polícia, bombeiro
Trabalhador
brasileiro
Tem
gari por aí que é formado engenheiro
Trabalhador
brasileiro
Trabalhador
E
sem dinheiro vai dar um jeito
Vai
pro serviço
É
compromisso, vai ter problema se ele faltar
Salário
é pouco, não dá pra nada
Desempregado
também não dá
E
desse jeito a vida segue sem melhorar
Composição: Seu Jorge
a) Identifique em que
contexto histórico cada uma das canções foi produzida.
b) Tendo em vista o contexto
em que as duas canções foram escritas, compare o sentido de “trabalhador”
apresentado em cada uma das letras.
Resposta:
a) A música “O bonde de São Januário” de 1940 foi elaborada dentro da
ditadura política do Estado Novo, 1937-1945, quando o discurso oficial era de
valorização do trabalho e do trabalhador. A segunda música de 2006 de
composição de Seu Jorge foi elaborada dentro da Era Lula, 2002-2010, um governo
que elaborou um discurso como o defensor dos pobres e dos trabalhadores.
b) A primeira
música foi elaborada dentro de um contexto ditatorial com um governo que se
colocava como o “pai dos pobres”, criando a CLT, Consolidação das Leis
Trabalhistas e enaltecendo valores como o trabalho, disciplina e família. O
trabalhador é o operário. A segunda música elaborada dentro de um Brasil
democrático, mas há uma crítica a vida dura dos trabalhadores que faz
referência a diversas profissões como dentista, polícia, bombeiro, frentista e
não apenas ao operário como na primeira música.
4. (Ufjf-pism 3 2016) Leia os textos abaixo e, em
seguida, responda às questões:
“(...) os 23 anos entre a
chamada “Marcha sobre Roma” de Mussolini e o auge do sucesso do Eixo na Segunda
Guerra Mundial viram uma retirada acelerada e cada vez mais catastrófica das instituições
políticas liberais”
(HOBSBAWM, Eric. “A queda do liberalismo”. In: A Era dos Extremos,
p.115)
A complexidade dos
problemas morais e materiais inerentes à vida moderna alargou o poder de ação do
Estado, obrigando-o a intervir mais diretamente, como órgão de coordenação e
direção, nos diversos setores da atividade econômica e social”
(Getúlio Vargas, Discurso,
1938, vol.3, p.135-136).
A Era Vargas é associada ao
contexto marcado por aquilo que Eric Hobsbawm chamou de “retirada acelerada e cada
vez mais catastrófica das instituições políticas liberais”.
Cite e explique DUAS políticas
da Era Vargas que se relacionam com a “queda do liberalismo”.
Resposta:
A partir de 1930 Vargas
aumenta o poder do Estado. Em 1937 implantou a ditadura do Estado Novo com uma
forte centralização do poder no executivo destruindo qualquer concepção liberal
de Estado. O Estado interferiu na economia criando as indústrias de base
através das estatais como a Vale do Rio Doce e a Siderúrgica Nacional de Volta
Redonda. O Estado também interferiu no social com a elaboração da CLT,
consolidação das leis trabalhistas.
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