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Sociologia no Enem - Simulado ENEM com gabarito Comentado -

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1.   A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente.
MINAS GERAIS. Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.

Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira ou o candomblé, deve considerar que elas
a) permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.   
b) perderam a relação com o seu passado histórico.   
c) derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira.   
d) contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual.   
e) demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus.   


Resposta:

[C]

O candomblé e a capoeira são manifestações culturais que possuem grande relevância na sociedade brasileira. Compreender o processo histórico que permitiu o surgimento dessas expressões é importante para ressignificar a história nacional, valorizando a importância das culturas dos povos africanos no Brasil. Assim, somente a alternativa [C] está correta.



  
2.   Tenho 44 anos e presenciei uma transformação impressionante na condição de homens e mulheres gays nos Estados Unidos. Quando nasci, relações homossexuais eram ilegais em todos os Estados Unidos, menos Illinois. Gays e lésbicas não podiam trabalhar no governo federal. Não havia nenhum político abertamente gay. Alguns homossexuais não assumidos ocupavam posições de poder, mas a tendência era eles tornarem as coisas ainda piores para seus semelhantes.

ROSS, A. “Na máquina do tempo”. Época, ed. 766, 28 jan. 2013.

A dimensão política da transformação sugerida no texto teve como condição necessária a
a) ampliação da noção de cidadania.   
b) reformulação de concepções religiosas.   
c) manutenção de ideologias conservadoras.   
d) implantação de cotas nas listas partidárias.   
e) alteração da composição étnica da população.   


Resposta:

[A]

A alternativa [A] é a única correta. Reconhecer a liberdade de orientação sexual corresponde a ampliar a noção de cidadania, valorizando pessoas e grupos que antes eram marginalizados ou reprimidos pela sociedade.



  
3.   TEXTO I

É notório que o universo do futebol caracteriza-se por ser, desde sua origem, um espaço eminentemente masculino; como esse espaço não é apenas esportivo, mas sociocultural, os valores nele embutidos e dele derivados estabelecem limites que, embora nem sempre tão claros, devem ser observados para a perfeita manutenção da “ordem”, ou da “lógica’” que se atribui ao jogo e que nele se espera ver confirmada. A entrada das mulheres em campo subverteria tal ordem, e as reações daí decorrentes expressam muito bem as relações presentes em cada sociedade: quanto mais machista, ou sexista, ela for, mais exacerbadas as suas réplicas.

FRANZINI, F. Futebol é “coisa pra macho”? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Revista Brasileira de História, v. 25, n. 50, jul.-dez. 2005 (adaptado).

TEXTO II

Com o Estado Novo, a circularidade de uma prática cultural nascida na elite e transformada por sua aceitação popular completou o ciclo ao ser apropriada pelo Estado como parte do discurso oficial sobre a nacionalidade. A partir daí, o Estado profissionalizou o futebol e passou a ser o grande promotor do esporte, descrito como uma expressão da nacionalidade. O futebol brasileiro refletiria  as qualidades e os defeitos da nação.

SANTOS, L. C. V. G. O dia em que adiaram o carnaval: política externa e a construção do Brasil. São Paulo: EdUNESP, 2010.

Os dois aspectos ressaltados pelos textos sobre a história do futebol na sociedade brasileira são respectivamente:
a) Simbolismo político — poder manipulador.   
b) Caráter coletivo — ligação com as demandas populares.   
c) Potencial de divertimento — contribuição para a alienação popular.   
d) Manifestação de relações de gênero — papel identitário.   
e) Dimensão folclórica — exercício da dominação de classes.   


Resposta:

[D]

Os dois textos apresentam questões diferentes que circundam o tema do futebol. Enquanto o primeiro discute as relações de gênero presentes nesse esporte, o segundo tematiza sua importância para a construção da identidade nacional brasileira. Assim, a alternativa [D] se mostra como a única correta.



  
4.   Própria dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como dança aristocrática, oriunda dos salões franceses, depois difundida por toda a Europa.
No Brasil, foi introduzida como dança de salão e, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto popular. Para sua ocorrência, é importante a presença de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: Tour”, “En avant”, “Chez des dames”, “Chez des chevaliê”, “Cestinha de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”, “Garranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, “Coroa de espinhos” etc.
No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: surgem novas figurações, o francês aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo.

CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Melhoramentos, 1976.

As diversas formas de dança são demonstrações da diversidade cultural do nosso país. Entre elas, a quadrilha é considerada uma dança folclórica por
a) possuir como característica principal os atributos divinos e religiosos e, por isso, identificar uma nação ou região.   
b) abordar as tradições e costumes de determinados povos ou regiões distintas de uma mesma nação.   
c) apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, sendo, também, considerada dança-espetáculo.   
d) necessitar de vestuário específico para a sua prática, o qual define seu país de origem.   
e) acontecer em salões e festas e ser influenciada por diversos gêneros musicais.   


Resposta:

[B]

Somente a alternativa [B] está correta. As quadrilhas são frequentemente associadas às danças regionais e populares, podendo servir para demonstrar a diversidade das manifestações artísticas no Brasil.



  
5.   O antropologo americano Marius Barbeau escreveu o seguinte: sempre que se cante a uma criança uma cantiga de ninar; sempre que se use uma canção, uma adivinha, uma parlenda, uma rima de contar, no quarto das crianças ou na escola; sempre que ditos e provérbios, fábulas, histórias bobas e contos populares sejam representados; aí veremos o folclore em seu próprio domínio, sempre em ação, vivo e mutável, sempre pronto a agarrar e assimilar novos elementos em seu caminho.

UTLEY, F. L. Uma definição de folclore. In: BRANDÃO, C. R. O que é folclore. São Paulo: Brasiliense, 1984 (adaptado).


O texto tem como objeto a construção da identidade cultural, reconhecendo que o folclore, mesmo sendo uma manifestação associada à preservação das raízes e da memória dos grupos sociais,
a) está sujeito a mudanças e reinterpretações.   
b) deve ser apresentado de forma escrita.   
c) segue os padrões de produção da moderna indústria cultural.   
d) tende a ser materializado em peças e obras de arte eruditas.   
e) expressa as vivências contemporâneas e os anseios futuros desses grupos.   


Resposta:

[A]

O texto expressa de forma clara o quanto o folclore se atualiza e se modifica cotidianamente. Desta forma, a única alternativa plausível é a [A].



  
6.   O Baile Charme, uma das mais conhecidas manifestações culturais do povo carioca, fica cadastrado como bem cultural de natureza imaterial da cidade. O decreto considera o Baile Charme uma genuína invenção carioca, e destaca a riqueza de sua origem na musicalidade africana, que abriga ritmos como o soul, o funk e o rythim’n blues, da fonte norte-americana, e o choro, o samba e a bossa-nova, criações nascidas no Rio. O Baile Charme é cultuado, principalmente na Zona Norte da cidade, seja em clubes, agremiações recreativas e espaços públicos como a área do Viaduto de Madureira.

Disponível em: www.jb.com.br. Acesso em: 2 mar. 2013 (adaptado).


Segundo o texto, o cadastramento do Baile Charme como bem imaterial da cidade do Rio de Janeiro ocorreu porque essa manifestação cultural
a) possui um grande apelo de público.   
b) simboliza uma região de relevância social.   
c) contém uma pluralidade de gêneros musicais.   
d) reflete um gosto fonográfico de camadas pobres.   
e) representa uma diversidade de costumes populares.   


Resposta:

[E]

A questão exige basicamente uma boa compreensão e interpretação do texto. Apresentando o Baile Charme, o texto enfatiza a riqueza de sua origem, representada pela diversidade de manifestações culturais ali presentes, que ultrapassam a questão de gênero musical. Desta maneira, a única alternativa correta é a [E].



  
7.   Fronteira. Condição antidemocrática de existência das democracias, distinguindo os cidadãos dos estrangeiros, afirma que não pode haver democracia sem território. Em princípio, portanto, nada de democracia sem fronteiras. E, no entanto, as fronteiras perdem o sentido no que diz respeito às mercadorias, aos capitais, aos homens e às informações que as atravessam. As nações não podem mais ser definidas por fronteiras rígidas. Será necessário aprender a construir nações sem fronteiras, autorizando a filiação a várias comunidades, o direito de voto múltiplo, a multilealdade.

ATTALI, J. Dicionário do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001 (adaptado).



No texto, a análise da relação entre democracia, cidadania e fronteira apresenta sob uma perspectiva crítica a necessidade de
a) reestruturação efetiva do Estado-nação.   
b) liberalização controlada dos mercados.   
c) contestação popular do voto censitário.   
d) garantia jurídica da lealdade nacional.   
e) afirmação constitucional dos territórios.   


Resposta:

[A]

No contexto atual, as fronteiras não podem ser mais fixas, tal como apresenta o texto da questão. Isso modifica nossa concepção de Estado-nação, tradicionalmente vinculada ao território.



  
8.   Há dois pilares para a concepção multilateral de justiça: a ideia de que a relação entre Estados é baseada na igualdade jurídica e a noção de que a Carta da ONU deveria promover os direitos humanos e o progresso social. Do primeiro pilar derivam as normas de não intervenção, de respeito à integridade territorial e de não ingerência. São as normas que garantem as condições dos processos deliberativos justos entre iguais.

FONSECA JR., G. Justiça e direitos humanos. In: NASSER, R. (Org.). Novas perspectivas sobre os conflitos internacionais. São Paulo: Unesp, 2010 (adaptado).

Nessa concepção de justiça, o cumprimento das normas jurídicas mencionadas é a condição indispensável para a efetivação do seguinte aspecto político:
a) Voto censitário.   
b) Sufrágio universal.   
c) Soberania nacional.   
d) Nacionalismo separatista.   
e) Governo presidencialista.   


Resposta:

[C]

O texto apresenta a importância de normas internacionais em relação ao respeito da ordem jurídica de cada país. Isso é uma clara referência à Soberania nacional que cada país deve ter, tal como apresenta a alternativa [C].



  
9.   Ao longo das três últimas décadas, houve uma explosão de movimentos sociais pelo mundo. Essa diversidade de movimentos — que vão desde os movimentos por direitos civis e os movimentos feministas dos anos de 1960 e 1970, até os movimentos antinucleares e ecológicos dos anos de 1980 e a campanha pelos direitos homossexuais da década de 1990 — é normalmente denominado pelos comentadores do tema como novos movimentos sociais.

GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005 (adaptado).



Uma explicação para a expansão dos chamados novos movimentos sociais nas últimas três décadas é a
a) fragilidade das redes globais comunicacionais, como internet e telefonia.   
b) garantia dos direitos sociais constitucionais, como educação e previdência.   
c) crise das organizações representativas tradicionais, como partidos e sindicatos.    
d) instabilidade das instituições políticas democráticas, como eleições e parlamentos.   
e) consolidação das corporações transnacionais monopolistas, como petrolíferas e mineradoras.   


Resposta:

[C]

Somente a alternativa [C] está correta. Os novos movimentos sociais possuem algumas características em comum, como, por exemplo, uma estrutura descentralizada e muitas vezes em rede. Isso só é possível em um contexto de crise das organizações representativas tradicionais, que não se mostram capazes de defender interesses de grupos com uma identidade política e social mais difusa.



  
10.  



Na imagem, estão representados dois modelos de produção. A possibilidade de uma crise de superprodução é distinta entre eles em função do seguinte fator:
a) Origem da matéria-prima.   
b) Qualificação da mão de obra.   
c) Velocidade de processamento.   
d) Necessidade de armazenamento.   
e) Amplitude do mercado consumidor.   


Resposta:

[D]

Diferentemente do Modelo 1 (tipicamente fordista), o segundo modelo (normalmente associado ao toyotismo) não apresenta a necessidade de estoque. Isso porque a produção é feita na lógica just in time, ou seja, somente mediante a demanda. Isso tira a necessidade de criação de locais de armazenamento, diminuindo os custos e a possibilidade de crise de superprodução.



  
11.   Um trabalhador em tempo flexível controla o local do trabalho, mas não adquire maior controle sobre o processo em si. A essa altura, vários estudos sugerem que a supervisão do trabalho é muitas vezes maior para os ausentes do escritório do que para os presentes. O trabalho é fisicamente descentralizado e o poder sobre o trabalhador, mais direto.

SENNETT, R. A corrosão do caráter: consequências pessoais do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999 (adaptado).

Comparada à organização do trabalho característica do taylorismo e do fordismo, a concepção de tempo analisada no texto pressupõe que
a) as tecnologias de informação sejam usadas para democratizar as relações laborais.   
b) as estruturas burocráticas sejam transferidas da empresa para o espaço doméstico.   
c) os procedimentos de terceirização sejam aprimorados pela qualificação profissional.   
d) as organizações sindicais sejam fortalecidas com a valorização da especialização funcional.   
e) os mecanismos de controle sejam deslocados dos processos para os resultados do trabalho.   


Resposta:

[E]

O texto do enunciado apresenta uma importante constatação a respeito da organização do trabalho contemporâneo: a de que o trabalho descentralizado e flexível na verdade favorece ainda mais a produção. Se observarmos as empresas de tecnologia, observaremos exatamente esse processo: por desenvolverem uma forma de controle não sobre o processo, mas sobre os resultados de trabalho, elas se tornam extremamente produtivas.



  
12.   TEXTO I



TEXTO II

Partindo do chão coletivo da comunidade rural ou das cidades, à medida que se impregna de um ethos urbano — seja por migração, seja pela difusão de novos conteúdos midiáticos —, irão surgindo indivíduos que, na área da visualidade, gerarão uma obra de feição original, autoral, única. O indivíduo-sujeito recorre à memória para a construção de uma biografia, a fim de criar seu projeto artístico, a sua identidade social.

FROTA, L. C. Pequeno dicionário da arte do povo brasileiro (século XX). Rio de Janeiro: Aeroplano, 2005.

A partir dos textos apresentados, os trabalhos que são pertinentes à criação popular caracterizam-se por
a) temática nacionalista que abrange áreas regionais amplas.   
b) produção de obras utilizando materiais e técnicas tradicionais da arte acadêmica.   
c) ligação estrutural com a arte canônica pela exposição e recepção em museus e galerias.   
d) abordagem peculiar da realidade e do contexto, seguindo criação pessoal particular.   
e) criação de técnicas e temas comuns a determinado grupo ou região, gerando movimentos artísticos.   


Resposta:

[D]


A questão faz uma comparação entre a classe média brasileira e a europeia. No Brasil, é comum a classe média possuir empregados domésticos e se utilizar de certos signos de distinção. Já na Europa, a classe média não faz questão desse tipo de diferenciação. Isso pode ser explicado, em grande parte, pela desigualdade social e pela herança patriarcal e escravocrata de nossa sociedade. Aqui, a divisão entre senhor e escravo nos leva a desejar ser o senhor. Quem não é senhor, é escravo. Assim, a classe média se utiliza desses serviços para se distinguir do restante da população.




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