Uma seleção de questões discursivas de 2013 com comentário para você revisar os temas prediletos das bancas e mandar bem na sua prova!
Bons estudos!
Professor Arão Alves
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1.
(Unesp 2013)
Cheio de glória, coberto de
louros, depois de ter derramado seu sangue em defesa da pátria e libertado um
povo da escravidão, o voluntário volta ao país natal para ver sua mãe amarrada
a um tronco! Horrível realidade!...
(Ângelo Agostini.
A Vida Fluminense, 11.06.1870. Adaptado.)
Identifique a tensão apresentada pela
representação e por sua legenda e analise a importância da Guerra do Paraguai
para a luta de abolição da escravidão.
Resposta:
A gravura destaca a
contradição do soldado negro, ex-escravo, libertado para participar da Guerra
do Paraguai que, ao voltar, se depara com a mesma realidade, marcada pela
manutenção do cativeiro para a maioria.
A Guerra contribuiu de
diversas maneiras com o movimento abolicionista, não apenas por levantar a
óbvia questão do heroísmo de todos, inclusive dos escravos que participaram,
mas fortaleceu no interior do exército a ideologia liberal, influenciada pelo
positivismo, ajudada ainda pelo contato com soldados argentinos e uruguaios,
países onde não mais havia escravidão.
2.
(Ufg 2013) Leia o texto e analise a
imagem apresentados a seguir.
Pela linha paterna, o príncipe imperial
descendia de reis e antepassados ilustres. D. Pedro II era o oitavo duque de
Bragança, cuja família estava entrelaçada com os Capetos da França. Pela
linhagem materna, D. Pedro era ligado ao imperador Francisco I, da Alemanha, da
Áustria, da Hungria e da Boêmia, ele mesmo filho de Leopoldo II, imperador da
Alemanha e irmão de Maria Antonieta, mulher de Luís XVI. Ao mesmo tempo,
isolado no Paço, esquecido em consequência das conturbações políticas e da
doença da mãe, D. Pedro II se tornava o “órfão da nação”.
SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca
nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 47-49. (Adaptado).
O texto descreve a linhagem familiar de D.
Pedro II, que descende de portugueses e austríacos, enquanto a imagem
representa D. Pedro II criança, que seria considerado órfão da nação, desde a
Abdicação de seu pai. Diante do exposto e com base nos documentos, explique a
associação entre
a) a linhagem familiar e as relações
internacionais, no Império;
b) a orfandade de D. Pedro
II e a construção de um projeto de nação para o Brasil, no Segundo Império.
Resposta:
a) A linhagem familiar no
Antigo Regime constituía o tamanho da influência internacional de um membro de
qualquer casa real. Quanto maior a linhagem familiar, maiores as relações
internacionais, uma vez que a linhagem familiar, em especial pelo lado paterno,
estabelecia laços políticos e de sucessão de tronos.
b) A “orfandade” de Pedro
II se deveu, além da morte da mãe, à abdicação ao trono por parte de seu pai,
D. Pedro I. Ao deixar o trono brasileiro, D. Pedro I voltou para a Europa,
deixando Pedro II, então com 5 anos, aos cuidados de José Bonifacio. O Brasil
entrava, então, no Período Regencial. A partir disso, Pedro II começou a ser
preparado para assumir o trono, e todo um projeto de nação foi configurado a
partir de sua imagem, que passou por um processo de “envelhecimento”, na busca
por uma sensação de maturidade. O golpe da maioridade, que fez com que Pedro II
assumisse o trono com 14 anos, é uma prova de que nossos políticos associavam o
projeto de nação brasileira à figura de nosso segundo imperador.
3.
(Unicamp 2013) Na foto abaixo reproduzida,
o presidente Jânio Quadros condecora o líder da Revolução Cubana, Ernesto Che
Guevara.
a) Como essa condecoração pode ser explicada
no contexto das propostas do governo Jânio Quadros para as relações externas do
Brasil?
b) Quais grupos, no Brasil,
criticaram esse acontecimento?
Resposta:
a) O governo Jânio Quadros
adotava uma política externa independente, o que significava não se alinhar e
nem se submeter aos EUA, no contexto da Guerra Fria e nem se submeter a URSS.
Neste contexto, Che Guevara era membro do governo socialista cubano após a
Revolução Cubana.
b) A UDN, militares,
setores conservadores aliados aos EUA que temiam o perigo comunista.
4. (Unesp 2013)
A charge representa João Goulart e Juscelino
Kubitschek. A que episódio político a imagem se refere? Qual é o contexto
político interno em que tal episódio se insere? Justifique sua resposta.
Resposta:
A charge se refere ao
plebiscito realizado em 1963, que acabou com a pequena experiência
parlamentarista e restaurou o presidencialismo no país. O plebiscito ocorreu
num contexto de crise do modelo populista, agravada pela renúncia de Jânio
Quadros em 1961, que abriu caminho para a chegada de Jango ao poder, máximo
representante do populismo e visto como esquerdista pelos grupos mais
conservadores que faziam oposição.
5. (Ufg 2013) Analise a fábula a seguir.
A cigarra e a formiga
Tendo a cigarra em cantigas
Passado todo o verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brilho,
Algum grão com que manter-se
Até voltar o aceso estio.
– "Amiga", diz a cigarra,
– "Prometo, à fé d'animal,
Pagar-vos antes d'agosto
Os juros e o principal."
A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta.
– "No verão em que lidavas?"
À pedinte ela pergunta.
Responde a outra: – "Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora."
– "Oh! bravo!", torna a formiga.
– "Cantavas? Pois dança agora!"
ESOPO. A
cigarra e a formiga. Disponível em:
.
Acesso em: 20 mar. 2013.
A fábula apresentada é originalmente atribuída
a um escritor da Grécia Antiga, tendo sido contada em diferentes versões que
alcançaram o Antigo Regime, no século XVIII. Assim como os mitos, as lendas e
as histórias, as fábulas são indicadores do repertório sociocultural das
comunidades. Com base no exposto e considerando-se o enredo da fábula,
a) identifique uma característica da
organização econômica, que é comum tanto à Grécia Antiga quanto ao Antigo
Regime;
b) explique a função desse tipo de relato na
vida cotidiana.
Resposta:
a) O comércio marítimo. Na
Grécia Antiga, os gregos exportavam seus produtos para toda a Península do
Peloponeso. No antigo regime, o comércio marítimo, estimulado pelo
mercantilismo, foi desenvolvido a partir das grandes navegações.
b) As fábulas, em geral,
terminam com uma “lição de moral”. Esta prática faz com que elas tenham um
caráter moralizante, contribuindo para estabelecer boas regras de convivência
social através do estabelecimento de regras de conduta.
6.
(Ufg 2013) Leia o texto a seguir.
A ilha de Utopia tem cinquenta e quatro
cidades grandes e magníficas, onde todos falam a mesma língua, têm os mesmos
hábitos e vivem sob as mesmas leis e instituições. O governador conserva o
cargo por toda a vida, a menos que se suspeite que o titular deseja instituir
uma tirania. Uma lei proíbe que as questões de interesse público sejam
discutidas durante menos de três dias, sendo crime de morte deliberar sobre
assuntos de Estado fora do Senado ou da Assembleia Popular. Aparentemente, isso
é feito para impedir que o governador e os representantes das famílias
conspirem para ignorar os desejos da população e alterar a Constituição.
MORE, Thomas. Utopia.
São Paulo: Editora Martins Fontes, 2009. p. 82 e seq. (Adaptado).
Este texto integra a obra de Thomas Morus,
publicada em 1516, na Inglaterra governada por Henrique VIII. Ao narrar a vida
cotidiana em um país fictício, chamado Utopia, o autor descreve instituições
políticas que projetam um governo voltado à vida comunitária ideal. Com base no
texto apresentado, explique como essa vida comunitária ideal
a) revela os princípios que sustentam o
processo de formação do Estado nacional moderno;
b) expressa um elemento de
crítica ao governo absolutista.
Resposta:
a) O estado nacional
moderno foi fundado sobre as bases do Absolutismo, regime de concentração total
de poder nas mãos dos monarcas que, na maioria das vezes, não se importa com a
configuração de uma “vida comunitária ideal”.
b) Ao descrever o cotidiano
de “utopia”, Thomas Morus buscava criticar o regime absolutista, uma vez que o
mesmo não se importava em buscar a “vida comunitária ideal”, mas sim, era
fundado nos interesses políticos e econômicos de reis, nobreza e burguesia.
7.
(Ufmg 2013) Analise o trecho publicado
na Enciclopédia pelo filósofo francês Denis Diderot.
A autoridade do príncipe é limitada pelas
leis da natureza e do Estado. [...] O príncipe não pode, portanto, dispor de
seu poder e de seus súditos sem o consentimento da nação e independentemente da
escolha estabelecida no contrato de submissão [...].
Autoridade
política, Enciclopédia, 1751.
A partir da leitura do trecho e considerando
outros conhecimentos sobre o assunto,
a) IDENTIFIQUE
a corrente de pensamento a qual pertenceu Denis Diderot.
b) DEFINA
o sistema político criticado pelo trecho.
c) EXPLIQUE
um dos motivos que mobilizou Diderot e muitos de seus contemporâneos a
se oporem ao sistema político vigente.
Resposta:
a) Denis Diderot foi um filósofo iluminista enciclopedista e comungava
dos ideais do liberalismo político.
b) Diderot criticava o
absolutismo monárquico, que é a construção de um Estado centralizador e
autoritário na forma de uma monarquia nacional.
c) Os pensadores
iluministas refletiam em seus escritos a visão de mundo da burguesia, que tinha
sua ascensão política e econômica, bem como suas liberdades individuais
limitadas pelas características do Antigo Regime (Absolutismo Monárquico). O
aluno poderá citar entre os motivos das críticas feitas pelos iluministas:
– o poder absoluto dos reis;
– a divisão da sociedade em estamentos;
– as relações de servidão feudal;
– o dirigismo econômico e os monopólios
mercantilistas;
– a intolerância religiosa;
– a aproximação entre Igreja e Estado por
meio do padroado.
8.
(Uel 2013) Leia o texto a seguir.
A tecnologia tem sido o catalizador da
mudança social desde antes do matemático grego Arquimedes demonstrar que a água
pode ser levantada para irrigar um terreno ressecado acima de um fluxo de água,
por meio de um mecanismo contínuo propulsor dentro de um tubo flexível.
Contudo, ao mesmo tempo, a diferença entre os contemplados e os
tecnologicamente carentes tornou-se um abismo. Para cada um que agora compra
sua passagem de avião, trem e ingresso de teatro online, milhões ainda
esperam pela eletricidade e por água limpa corrente.
(Adaptado de:
JARDINE, L. Como a tecnologia afeta a transformação social. In: SWAIN, H. Grandes
questões da História. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. p.255-259.)
a) Com base no texto, descreva duas
características fundamentais da Revolução Industrial inglesa do século XVIII.
b) Discuta as relações
entre desenvolvimento tecnológico e bem-estar social no mundo contemporâneo.
Resposta:
a) Sobre a revolução industrial, o candidato
deve articular uma resposta que aponte suas características: o surgimento da
manufatura, a urbanização, o surgimento do proletariado, o surgimento da
indústria de bens de consumo, a expulsão do homem do campo, o cercamento das
terras, a exploração do trabalho assalariado.
b) Espera-se que o candidato articule uma
reflexão demonstrando como o desenvolvimento tecnológico pode contribuir para o
desenvolvimento humano e até mesmo para a preservação ambiental. Essas
tecnologias não estão, contudo, disponíveis para todos, o que reforça a
desigualdade existente. Em suma, o candidato deverá argumentar sobre os
aspectos contraditórios das relações entre desenvolvimento tecnológico e
bem-estar social.
9.
(Unicamp 2013) No fim do século XIX,
Frederick Jackson Turner elaborou uma tese sobre a “fronteira” como definidora
do caráter dos Estados Unidos até então. A força do indivíduo, a democracia, a
informalidade e até o caráter rude estariam presentes no diálogo entre a
civilização e a barbárie que a fronteira propiciava. As tradições europeias
foram sendo abandonadas à medida que o desbravador se aprofundava no território
em expansão dos Estados Unidos.
Em relação à questão da fronteira nos
Estados Unidos, responda:
a) De quais grupos ou países essas terras
foram sendo retiradas no século XIX?
b) O que foi o “Destino
Manifesto” e qual seu papel nessa expansão?
Resposta:
a) Grupos indígenas,
França, Espanha, México (destaque para a Guerra dos EUA contra o México),
Rússia.
b) Os EUA ligavam a sua
expansão territorial a uma missão divina de levar o progresso e a liberdade aos
povos e territórios conquistados.
10.
(Ufg 2013) Leia a letra da canção e o
documento que seguem.
Fruta estranha
Árvores do sul produzem uma fruta estranha,
sangue nas folhas e nas raízes,
corpos negros balançando na brisa do sul,
frutas estranhas penduradas nos álamos.
Cena pastoril do valente sul,
os olhos inchados e a boca torcida,
perfume de magnólias, doce e fresco,
então, o repentino cheiro de carne
queimando.
Aqui está a fruta para os corvos arrancarem,
para a chuva recolher, para o vento sugar,
para o sol apodrecer, para as árvores
derrubarem,
aqui está a estranha e amarga colheita.
MEEROPOL , Abel. Strange Fruit. In:
MARGOLICK, David. Strange Fruit: Billie Holiday e a biografia de uma canção. São Paulo: Cosac Naify,
2012. (Adaptado).
Todas as pessoas nascidas e naturalizadas
nos Estados Unidos, e sujeitas à sua jurisdição, são cidadãos dos Estados
Unidos e dos estados em que residem. Nenhum Estado poderá fazer ou criar
qualquer lei que crie privilégios e imunidades para cidadãos dos Estados
Unidos; nenhum Estado poderá privar qualquer pessoa da vida, liberdade e
propriedade, nem negar para qualquer pessoa a igual proteção das leis.
XIV EMENDA À
CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 1868. Disponível em:
. Acesso em: 15 abr. 2013.
(Adaptado).
A composição “Fruta estranha” ficou
conhecida, nos Estados Unidos, pela interpretação de Billie Holiday, que a
cantou, pela primeira vez, em 1939. Desde então, essa composição tornou-se
símbolo de protesto, aludindo a uma prática cotidiana contrária à emenda
constitucional, datada de 1868. Considerando-se o exposto, explique
a) a relação entre a composição e a questão
racial, com base no contexto da Guerra Civil norte-americana (1860-1865);
b) como a metáfora “fruta estranha”
refere-se à contradição entre as leis e as práticas político-sociais do sul dos
Estados Unidos.
Resposta:
a) O sul dos EUA, na época
colonial, era agrário e escravocrata. Depois da independência, a escravidão foi
mantida nos estados do sul e, apesar de a constituição prever que “nenhum
estado poderá privar qualquer pessoa da vida, liberdade e propriedade”, os
negros eram excluídos e explorados pelos sulistas. É sobre isso que versa a
canção. E uma das razões para a guerra civil norte-americana foi a insistência
do norte em abolir a escravidão.
b) Apesar das leis preverem
o respeito a qualquer cidadão norte-americano, afirmando que “nenhum estado
poderá privar qualquer pessoa da vida, liberdade e propriedade”, os negros, no
sul dos EUA, eram tratados como uma “fruta estranha”, alguém a quem a lei não
se aplica e, por isso, existia uma grande contradição entre a lei e a ação dos
brancos sobre os negros no sul norte-americano.
uma ameaça foi detectada !
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