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1.
(Unicamp 2013) 1549 e 1763 são os anos do
estabelecimento de Salvador e Rio de Janeiro, respectivamente, como capitais da
área que viria a ser o Brasil. Em 1960, a terceira capital foi inaugurada.
Em relação ao estabelecimento das capitais,
responda:
a) Quais os objetivos políticos do
estabelecimento das duas primeiras capitais?
b) Por que a mudança da capital do Rio de
Janeiro para Brasília pode ser vista como uma mudança política e estratégica?
Resposta:
a) Em 1549,
com a criação do Governo Geral, a Coroa quer centralizar a administração
colonial e efetivar um controle sobre os capitães donatários. Em 1763, o
deslocamento da capital para o sul do Brasil tem como objetivo, efetivar um
maior controle sobre a região mineradora, eixo econômico da colônia, naquele
momento.
b) Promoção da
interiorização do país, integração regional e, em tempos de Guerra Fria,
garantir um proteção contra um ataque externo. Promover um distanciamento dos órgãos
do governo em relação às regiões populosas do RJ, MG e SP, evitando a intensa
pressão política sobre o governo.
2. (Ufpr 2013) “O processo de construção da unidade
territorial e da formação do Estado no Brasil tem que ser visto como fruto de
um longo consolidar de interesses e projetos em disputa, o que nos leva a
concordar com Ilmar R. de Mattos, quando afirmou a impossibilidade de se
conceber a consolidação do Estado brasileiro antes da década de 1840.”
(PEREIRA, Aline Pinto. O Arquivo
Nacional e a História Lusa-brasileira. Disponível em:
http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.
exe/sys/start.htm?infoid=1440&sid=128)
Discorra sobre os interesses e projetos em
disputa que impediram a consolidação do Estado nacional antes dos anos 1840.
Resposta:
Tradicionalmente, essa
disputa é entendida entre dois grupos da elite: a elite brasileira, formada
pelos proprietários rurais e articuladores da Independência, e a elite de
origem lusitana instalada no Brasil, vinculada ao comércio, e que havia sido
contrária à Independência. Esses dois grupos procuraram estabelecer influência
sobre D. Pedro I, destacando-se o segundo, que conseguiu impor a Constituição de
1824, de tendência absolutista.
Pode-se perceber ainda outros interesses em disputa, como das elites regionais
aliada a setores intelectualizados, principalmente do norte (nordeste), que
pretendia maior autonomia para as províncias, destacando-se ideais republicanos.
3.
(Unesp 2013) Getúlio Vargas paira entre
palavras e imagens. Em um dos quadros, sorridente, ladeado de escolares também
sorridentes, Getúlio toca o rosto de uma menina; ao seu lado, um menino empunha
a bandeira nacional. Os textos são todos conclamativos e supõem sempre uma voz
a comandar o leitor infantil e a incitá-lo para a ação. A mesma getulização dos
textos escolares se faz presente na ampla literatura encomendada pelo DIP [...].
(Alcir Lenharo.
Sacralização da política, 1986.)
Explique o que o autor chama de “getulização
dos textos escolares” e analise o papel do DIP (Departamento de Imprensa e
Propaganda) durante o Estado Novo (1937-1945).
Resposta:
Desde o governo de Getúlio
Vargas se desenvolveu o rito de identificar o governante como o responsável
pelo desenvolvimento da nação. O personalismo, desde então, foi extremamente
acentuado e utilizado como elemento de alienação, daí a alcunha de “pai dos
pobres”, destacando a política trabalhista de Vargas. Fora do âmbito das
relações de trabalho, nos demais campos da vida social, essa política também se
desenvolveu, como destaca o texto, nos livros e cartilhas escolares, fazendo do
ensino oficial uma correia de transmissão dos valores do Estado e de seu líder.
O DIP teve papel crucial no processo de formação cultural e ideológica da
sociedade, pois foi responsável pela política de propagar os valores caros aos
governantes e, ao mesmo tempo, de censurar os veículos de comunicação.
4. (Ufpr 2013) Considere a
afirmação do historiador Pedro Paulo Funari:
“A guerra do Peloponeso não deixou de ser, até os nossos dias, uma
narrativa histórica maior. Pode parecer espantoso ver como recorrente um uso
político contemporâneo de um conflito tão distante no tempo e concernente a uma
realidade histórica tão específica quanto a das cidades gregas. Com efeito, os
primeiros a lerem, relerem e a se inspirarem em Tucídides foram as elites
britânicas. Desde os primórdios da Inglaterra moderna, nascida dos conflitos
com o continente, os ingleses abandonaram todas as pretensões de potência
terrestre europeia, em proveito da conquista dos mares.”
(FUNARI, Pedro Paulo. Usos da Guerra do
Peloponeso. Revista Brasileira de História Militar. Ano II, n. 4, abril
de 2011)
Com qual cidade-Estado os ingleses se
identificaram nos relatos de Tucídides sobre a Guerra do Peloponeso? Justifique
sua resposta, explicando o que foi a Guerra do Peloponeso, no que se refere aos
principais envolvidos, a suas motivações e às consequências para o mundo grego.
Resposta:
A Guerra do Peloponeso é
tradicionalmente relatada como um conflito entre Atenas e Esparta; na verdade,
um conflito envolvendo a Confederação de Delos (liderada por Atenas) e a Liga
do Peloponeso (liderada por Esparta), numa luta pela hegemonia sobre o mundo
grego.
A Inglaterra é identificada com Atenas, vista como potência expansionista, que
exercia forte influência sobre diversas cidades, dentro e fora do território
grego. Cidade litorânea, Atenas se fortaleceu economicamente a partir do
comércio marítimo.
5.
(Ufg 2013) Leia o hino a seguir.
Avante, filhos da Pátria,
O dia de glória chegou!
Contra nós da tirania,
O estandarte ensanguentado se ergueu
Ouvis nos campos
Rugir esses ferozes soldados?
Vêm eles até os vossos braços
Degolar vossos filhos, vossas mulheres!
Às armas, cidadãos,
Formai vossos batalhões,
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro
Banhe o nosso solo!
LISLE, Joseph
Rouget de. A Marselhesa. Disponível em:
. Acesso em: 14 nov. 2012.
(Adaptado).
“A Marselhesa” foi apropriada como canção
revolucionária em 1793, no ano III. Passando por modificações em sua letra, no
final do século XIX, em meio à corrida imperialista europeia, a composição
tornou-se hino nacional francês. Diante do exposto,
a) relacione um trecho da composição “A
Marselhesa” ao contexto revolucionário francês;
b) explique a mudança ocorrida na ideia de
nacionalismo no final do século XIX, relacionando-a à apropriação de “A
Marselhesa” como hino nacional francês.
Resposta:
a) “A Marselhesa” foi composta no período de
guerra entre a França e as outras monarquias europeias. Considerando-se suas
distintas apropriações, muitas passagens da composição relacionam-se ao
contexto revolucionário francês, por exemplo (o candidato deve relacionar
apenas um trecho da composição ao contexto):
- “Avante filhos da Pátria” ou ainda “Às armas,
cidadãos”: nestas passagens, a conclamação à guerra se sustenta no sentimento
nacional (daí a referência a filhos da pátria e cidadãos), emergente durante a
era revolucionária.
- “Que um sangue impuro/banhe o nosso solo”: nesta
passagem, a alusão à sangue impuro (do invasor) é uma metáfora da ambiência da
guerra. A composição explicita a presença dos inimigos (da revolução e/ou da
mudança) e a ameaça à pátria.
- “Contra nós da tirania”: nesta passagem,
encontra-se a exposição do princípio da Revolução: a luta contra a tirania,
identificada no privilégio aristocrático e representada, sobretudo, pela figura
do Rei.
b) No final do século XIX, há uma mudança
importante em relação à ideia de nacionalismo, definida pelo contexto de
competição entre os estados nacionais europeus. Para explicar a mudança, é
importante salientar que, no período jacobino, o nacionalismo francês era uma
expressão revolucionária e inclusiva, ou seja, ser cidadão francês significava,
mais do que simplesmente nascer em território francês, defender os princípios
da Revolução, alicerçados na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Entretanto, a partir da corrida imperialista, o sentimento nacional passou a
estar associado a viver em um território definido (ter uma nação), a ter uma
língua e uma cultura (francesa, alemã, italiana, assim por diante), a possuir
colônias e a se sentir parte integrante do projeto civilizacional europeu. Em
virtude disso, cada vez mais, o nacionalismo conclamaria à defesa da nação, à
posse de territórios coloniais e à guerra. Assim, a apropriação de “A
Marselhesa” é bem-vinda, na medida em que o hino, elaborado em um contexto de
invasão (a França lutava contra os regimes monárquicos da Europa, em 1792),
exortava o sentimento nacional e qualificava a guerra como heroica e gloriosa.
6. (Unicamp 2012) Durante o século XVIII, a capitania de
São Paulo sofreu grandes transformações territoriais e administrativas. Em
1709, nasceu a capitania de São Paulo e das Minas do ouro, abrangendo imenso
território correspondente à quase totalidade das atuais regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste, à exceção da então capitania do Rio de Janeiro e do Espírito
Santo. Até 1748, sucessivos desmembramentos formaram as regiões de Minas, Santa
Catarina, Rio Grande de São Pedro, Goiás e Mato Grosso. O novo capitão-general,
mais conhecido como Morgado de Mateus, foi diretamente instruído pelo futuro
Marquês de Pombal a ocupar-se da fronteira oeste ameaçada pelos espanhóis e a
fomentar a produção de gêneros de exportação.
(Adaptado de Ana Paula Medicci,
"São Paulo nos projetos de império", em Wilma Peres Costa e Cecília
Helena de Oliveira, De um império a outro: formação do Brasil, séculos
XVIII e XIX. São Paulo: Hucitec/Fapesp, 2007, p. 243.)
a) Cite duas atividades
econômicas que sustentavam a capitania de São Paulo no século XVIII.
b) Considerando a política
territorial na América Portuguesa nos séculos XVI e XVII, comente as mudanças
significativas do século XVIII nesse aspecto.
Resposta:
a) A
capitania de São Paulo conheceu intenso desenvolvimento no século XVIII devido
à mineração. Como o texto destaca as duas regiões integravam a mesma capitania.
Pensando na região que atualmente é denominada de São Paulo, destacava-se o
comércio de passagem, como a principal atividade, com destino às regiões
mineradoras – inclusive Goiás – tanto de gêneros agrícolas, como de animais
provenientes do sul.
b) Nesse
período houve grande preocupação com as redefinições das fronteiras, pois
brasileiros ocupavam porções significativas além do limite de Tordesilhas.
Atividades mineradoras e de exploração de drogas do sertão na região norte.
Diversos tratados de limites foram assinados, destacando-se o Tratado de Madri,
que mais que duplicou o território brasileiro.
7.
(Ufg 2012) Leia a composição a seguir.
Mulher
Você vai fritar
Um montão de torresmo pra acompanhar
Arroz branco, farofa e a malagueta
A laranja-bahia ou da seleta
Jogue o paio, a carne seca
Toucinho no caldeirão
E vamos botar água no feijão.
BUARQUE, Chico.
Feijoada completa. Álbum Feijoada Completa, 1978. Disponível em:
. Acesso em: 11 mar.
2012.
A composição recorre à receita da feijoada.
Considerada um prato típico da culinária brasileira, a feijoada expressa um
processo de miscigenação cultural que remete ao período colonial.
Considerando-se o exposto,
a) identifique um ingrediente presente na
composição e explique como se deu sua difusão na cultura alimentar, no Brasil
Colonial.
b) Explique por que a
receita da feijoada expressa o processo de miscigenação cultural.
Resposta:
a) Dentre os vários ingredientes presentes
na composição, difundidos no Brasil Colonial durante o processo de colonização,
destacam-se (o candidato deve indicar – e explicar a difusão – um ingrediente):
– o torresmo, a carne seca e o paio: esses produtos
foram trazidos para o Brasil com a migração portuguesa e foram disseminados por
várias regiões do Brasil, principalmente no Sul e Nordeste, por se
adaptarem à necessidade de preservação dos alimentos por longos períodos;
– a laranja e o arroz: esses produtos foram
disseminados no Brasil pela colonização portuguesa por meio do comércio com o
Oriente, especialmente Índia e China, de onde foi trazida, por exemplo, a
laranja;
– a pimenta e a mandioca: a pimenta malagueta era
original das regiões tropicais da América e fazia parte da culinária indígena.
A mandioca, produto da dieta indígena, foi incorporada no regime alimentar da
população colonial, sendo consumida sob a forma de farofa;
– o feijão: embora exista uma variedade europeia
desse produto, o feijão disseminado no Brasil é de origem americana, tendo sido
incorporado à culinária colonial em função da facilidade de acesso.
b) A receita da feijoada mistura vários
ingredientes, oriundos de diversas culturas. No contexto do mundo colonial,
diante das condições impostas pelo cativeiro, os escravos incorporavam ao seu
regime os alimentos que estavam à disposição. Essa incorporação revela o
contato e a fusão de diferentes culturas, tendo como eixo a cultura escrava –
exemplificada na culinária. Nesse sentido, a “feijoada completa” não é apenas
um prato típico da cultura brasileira, mas expressa também a vitalidade da
miscigenação étnica e cultural do Brasil, desde o período colonial. Registre-se
também que a técnica de mistura de alimentos já encontrava-se disseminada na
Europa, em pratos como o cassoulet francês, o cocido espanhol e a
escudella da Catalunha que, por sua vez, se remete à olla podrida medieval.
Como lembra Câmara Cascudo, “O que chamamos 'feijoada' é uma solução europeia
elaborada no Brasil. Técnica portuguesa com material brasileiro”.
8.
(Fgv 2012) “Essencialmente, o
absolutismo era apenas isto: um aparelho de dominação feudal alargado e
reforçado, destinado a fixar as massas camponesas na sua posição social
tradicional (...). Por outras palavras, o Estado absolutista nunca foi um
árbitro entre a aristocracia e a burguesia, ainda menos um instrumento da
burguesia nascente contra a aristocracia: ele era a nova carapaça política de
uma nobreza atemorizada (...).”
ANDERSON,
Perry, Linhagens do Estado Absolutista. Trad. Porto: Afrontamento, 1984,
pp. 16-17.
a) Na perspectiva de Anderson,
o Estado absolutista significou um rompimento drástico com relação à
fragmentação política característica do período feudal? Justifique.
b) Na visão de Anderson, qual
era o grupo social dominante nos quadros do Estado absolutista? Justifique.
c) Além dos elementos
apontados no texto, ofereça mais duas características constitutivas dos
chamados Estados absolutistas.
Resposta:
Segundo o autor, que representa um dos expoentes da visão marxista de
História, o Estado Absolutista não representa uma mudança drástica, pois
preserva os tradicionais privilégios da velha elite feudal. Tal modelo,
desenvolvido na Idade Moderna, apesar de possuir uma estrutura centralizada de
poder, representou uma adaptação.
Para o autor, a classe dominante é a nobreza, responsável pelo controle
dos principais cargos políticos. Ministros, conselheiros e assessores do Rei
pertenciam à nobreza, colocando essa classe social no controle do Estado.
Os Estados Absolutistas garantiam privilégios ao clero e eram
caracterizados por grande intolerância religiosa, principalmente nos países
católicos, nos quais o poder do rei era justificado como sendo de origem
divina. No campo econômico, os Estados exerciam forte intervenção e controle,
preocupados em obter balança comercial favorável, segundo uma mentalidade
mercantilista.
9.
(Unesp 2012) Noite
após noite, quando tudo está tranquilo
E a lua se
esconde por trás da colina,
Marchamos,
marchamos para realizar nosso desejo.
Com machado,
lança e fuzil!
Oh! meus valentes
cortadores!
Os que com golpes
fortes
As máquinas de
cortar destroem.
Oh! meus valentes
cortadores! (...).
(Canção popular
inglesa do início do século XIX. Citada por: Luzia Margareth Rago e Eduardo F.
P. Moreira. O que é Taylorismo, 1986.)
A canção menciona os “quebradores de
máquinas”, que agiram em muitas cidades inglesas nas primeiras décadas da
industrialização. Alguns historiadores os consideram “rebeldes ingênuos”,
enquanto outros os veem como “revolucionários conscientes”. Justifique as duas
interpretações acerca do movimento.
Resposta:
O movimento
dos quebradores de máquinas entre os séculos XVIII e XIX, na Inglaterra, também
conhecido por “Ludismo”, reuniu operários nos principais centros urbanos, que
invadiam as fábricas e destruíam as máquinas.
Para alguns,
em especial os autores marxistas, eram rebeldes ingênuos, pois representaram um
movimento espontâneo, sem ideologia, objetivos concretos ou forma mais acabada
de organização, portanto, fadados à derrota. Para outros, eram revolucionários
conscientes, encaixando-se nessa visão, historiadores mais tradicionais que
entendem que os operários tinham consciência do papel nefasto das máquinas e
das fábricas em suas vidas, responsáveis pelo aumento do desemprego e pela
precarização do trabalho; ou ainda os historiadores anarquistas, que consideram
que o movimento organizado de massas tem potencial revolucionário e, de alguma
forma, pretende se opor ao “status quo”.
10.
(Unesp 2012) [...] tudo que os
renascentistas pretendiam era assumir a condição humana até seus limites, até
as últimas consequências. Nem Deus e nem o demônio; todo o desafio consistia em
ser absolutamente, radicalmente humano, apenas humano.
(Nicolau
Sevcenko. O Renascimento, 1985.)
Explique a caracterização
que o texto faz do Renascimento e dê exemplo de uma obra artística em que tal
intenção se manifeste.
Resposta:
O Renascimento
caracterizou-se por ser anticlerical, opondo-se à cultura religiosa e
teocêntrica da Idade Média. Valoriza o homem a partir do antropocentrismo e do
humanismo (glorificação do natural e do humano).
Como exemplo as esculturas Davi e Pietá de Michelangelo.
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