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FUVEST - Questões discursivas de História e Geografia com gabarito comentado




1. (Fuvest 2013)  Leia o texto de José de Alencar, do romance Til.

Cerca de uma légua abaixo da confluência do Atibaia com o Piracicaba, e à margem deste último rio, estava situada a fazenda das Palmas.
Ficava no seio de uma bela floresta virgem, porventura a mais vasta e frondosa, das que então contava a província de São Paulo, e foram convertidas a ferro e fogo em campos de cultura. Daquela que borda as margens do Piracicaba, (...) ainda restam grandes matas, cortadas de roças e cafezais. Mas dificilmente se encontram já aqueles gigantes da selva brasileira, cujos troncos enormes deram as grandes canoas, que serviram à exploração de Mato Grosso. Daí partiam pelo caminho d’água as expedições que os arrojados paulistas levavam às regiões desconhecidas do Cuiabá, descortinando o deserto, e rasgando as entranhas da terra virgem, para arrancar-lhe as fezes, que o mundo chama ouro e comunga como a verdadeira hóstia.

José de Alencar. Til.

Considere o texto e seus conhecimentos para responder:
a) O texto acima faz referência ao bioma originalmente dominante no estado de São Paulo. De que bioma se trata e qual é a sua situação atual na região do estado de São Paulo citada no texto?
b) Depois de ter-se implantado na região mencionada no texto, para que outras áreas do território do estado de São Paulo se expandiu a cultura do café?
c) Indique o bioma dominante no atual estado de Mato Grosso e explique os principais usos da terra nesse estado, na atualidade.  


Resposta:

a) O bioma referenciado no texto é a Mata Atlântica cuja situação atual é de intensa devastação, restando apenas refúgios em áreas e unidades de conservação.
b) A cultura cafeeira se expande para o oeste paulista, ocupando as áreas do Planalto Ocidental.
c) O bioma do atual estado do Mato Grosso é o cerrado, cuja ocupação atual está associada aos cultivos agropecuários.  



  
2. (Fuvest 2013)  A partir do início dos anos 2000, o governo brasileiro começa a lançar mão de uma nova estratégia de proteção ambiental no território nacional da qual resultou a delimitação das áreas a serem conservadas, representadas no mapa abaixo.





a) Indique dois objetivos da criação de corredores ecológicos. Explique.
b) Identifique duas ameaças à proteção ambiental no corredor Leste da Amazônia. Explique.  


Resposta:

a) O objetivo dos corredores ecológicos é a preservação de áreas de ligação entre duas ou mais unidades de conservação permitindo: o trânsito e a dispersão de espécies, o aumento de intercâmbio entre espécies de fauna e flora, a expansão dos habitats naturais, a troca genética entre as espécies, o deslocamento da fauna entre áreas isoladas.
b) As ameaças identificadas no corredor leste da Amazônia referem-se ao processo de expansão capitalista por meio da exploração madeireira e mineral, e o avanço da agropecuária. Tais atividades são condicionadas pelo desmatamento e queimadas.  



  
3. (Fuvest 2013)  Considere as afirmações I, II e III.

I. Há dois elementos fundamentais na agricultura que a diferem da indústria: o primeiro deles é o tempo da natureza.
II. Em 2009, o Brasil alcançou o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de agrotóxicos.
III. Ressalte-se que 92% da receita líquida gerada pelas indústrias fabricantes de agrotóxicos em 2010 ficaram com apenas seis grandes empresas de capital estrangeiro.

Bombardi, 2012. Disponível em www.mcpbrasil.org.br. Acessado em outubro de 2012. Adaptado.

a) Analise a afirmação II, considerando a afirmação I.
b) Qual o processo a que se refere a afirmação III? Explique.
c) Indique dois impactos socioambientais decorrentes do uso de agrotóxicos.  


Resposta:

a) O consumo de agrotóxicos imprime maior ritmo na produção e na produtividade agrícola alterando o compasso natural da germinação e colheita (tempo natural), aproximando-o dessa forma ao ritmo da indústria.
b) A oligopolização, ou seja, o monopólio da estrutura de mercado de determinado produto como o agrotóxico por um pequeno grupo de empresas ou investidores, resultando em dependência tecnológica e financeira e desnacionalização do setor.
c) Dentre os impactos socioambientais destaca-se: a contaminação do solo e da água, a elevação dos níveis de toxicidade para os trabalhadores, a perda da biodiversidade dos ecossistemas.  



  
4. (Fuvest 2013)  A agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, “EPA”, estima que 30 a 40 milhões de computadores pessoais são descartados anualmente no mundo. O programa ambiental das Nações Unidas, “UNEP”, calcula em 50 milhões de toneladas anuais a produção mundial de lixo eletrônico, “e-waste”. Os maiores produtores desse tipo de dejetos são os Estados Unidos, a Europa e o Japão, os quais reciclam cerca de 30% deles, sendo o restante exportado principalmente para a China, países da África, Índia e Paquistão.

National Geographic – High-Tech Trash, 2008. Adaptado.

a) Aponte um motivo pelo qual os países desenvolvidos exportam parte de seu lixo eletrônico. Explique.
b) Indique um motivo pelo qual países pobres, ou em desenvolvimento, aceitam receber o lixo eletrônico proveniente de países exportadores desse lixo. Explique.  


Resposta:

a) A legislação ambiental e sua fiscalização nos países desenvolvidos tem maior rigor. A transferência do lixo eletrônico para os subdesenvolvidos sob o pretexto de doações ou parcerias alivia a tarefa do descarte para as empresas responsáveis. Com a aceleração dos ciclos tecnológicos, ocorre maior obsoletismo dos produtos, aumentando exponencialmente o volume do descarte.
b) Os países receptores do e-waste, cuja característica é o subdesenvolvimento em maior ou menor grau, o utilizam para o processo de desmontagem e reaproveitamento dos materiais, processo associado à contaminação e elevados níveis de toxicidade comprometendo o meio ambiente e a saúde da população perante legislações ambientais flexíveis e menos exigentes. São também associados a programas de doações ou parcerias para inclusão digital.  



  
5. (Fuvest 2012) 


As imagens acima ilustram uma contradição característica de médios e grandes centros urbanos no Brasil, destacando-se o fato de que ambas dizem respeito a formas de segregação socioespacial. Considerando as imagens e seus conhecimentos, identifique e explique

a) duas causas socioeconômicas geradoras do tipo de segregação retratado na Imagem 1;
b) o tipo de segregação retratado na Imagem 2 e uma causa socioeconômica responsável por sua ocorrência.


Resposta:

a) A Imagem número 1, mostra uma área de ocupação de baixa renda. Este tipo de ocupação, muito frequente nos grandes centros urbanos do Brasil, é fruto da segregação socioeconômica. Parte da população brasileira que possui baixa renda fica impedida de ocupar as parcelas do espaço urbano com melhor infraestrutura. A população mais pobre também sofre segregação espacial, pois, o poder público não investe o necessário na infraestrutura de transportes, comunicações, atendimento médico-hospitalar e de lazer nas áreas ocupadas por estas populações e, quando o faz, permite que as melhores parcelas do espaço sejam alvo de especuladores imobiliários, que encarecem o custo de vida, expulsando essa população para áreas degradadas.

b) A Imagem número 2, mostra um condomínio fechado, o muro que o cerca, fica nítido na imagem. Estes espaços, que funcionam como enclaves urbanos, foram construídos principalmente para populações de maior poder aquisitivo e são reflexo da violência urbana. Dentro destes espaços, os moradores tem acesso à infraestrutura de lazer e segurança, funcionando, portanto, como espaços privilegiados para habitação.



  
6. (Fuvest 2013)  Representando apenas 19,6% das exportações brasileiras em 1822 (com a média de 18,4% nos anos 1820), o café passou a liderar as exportações brasileiras na década dos 1830 (com 28,6%), assumindo assim o lugar tradicionalmente ocupado pelo açúcar desde o período colonial. Nos meados do século XIX, passava a representar quase a metade do valor das exportações e, no último decênio do período monárquico, alcançava 61,5%. Já a participação do açúcar no quadro dos valores das exportações brasileiras passou de 30,1%, na década de 1820, a apenas 9,9%, nos anos 1880. O algodão alcançava 20,6%, na década de 1820, cifra jamais alcançada depois, em todo o período monárquico. Com exceção dos anos da guerra civil americana, que se refletiram na elevada participação do produto no conjunto das exportações dos anos 1870 (18,3%), verifica-se o declínio das exportações que, nos anos 1880, têm uma participação de apenas 4,2%. O comportamento das exportações de fumo revela que essas oscilaram em torno de baixas percentagens, durante todo o período monárquico. Alcançando 2,5% do valor global das exportações na década de 1820, decaiu, nas duas décadas seguintes (1,9% para os anos 1830 e 1,8% para os anos 1840). Na segunda metade do século, melhorou a posição do fumo no conjunto das exportações, tendo alcançado, nos anos 1860 e 1870, as maiores percentagens do período, com 3% e 3,4%. A participação do cacau no conjunto das exportações nacionais cresceu de 0,5% na década de 1820 para 1,6% na última década da monarquia, a mais alta porcentagem do período.

Sérgio Buarque de Holanda (org.). História geral da civilização brasileira. II. O Brasil Monárquico. 4. Declínio e queda do império. Rio de Janeiro: Difel, 1985, p. 119-126. Adaptado.

Com base no texto, responda ao que se pede:

a) Elabore um gráfico das exportações brasileiras de café, açúcar e algodão no período monárquico, incluindo os respectivos dados percentuais (aproximados).
b) Qual foi o principal produto de exportação brasileiro, respectivamente, nas décadas de 1820, 1830 e 1880?


Resposta:

a) Observe o gráfico a seguir:



b) Década de 1820, o açúcar; décadas de 1830 e 1880, o café.



  
7. (Fuvest 2013)  A Revolução Mexicana, iniciada em 1910, arrastou-se por quase dez anos e envolveu diversos projetos políticos e sociais.
a) Identifique e analise uma das principais reivindicações dos zapatistas durante essa Revolução.
b) Cite e analise duas das principais mudanças sociais trazidas por essa Revolução.  


Resposta:

a) A principal reivindicação dos zapatistas era o direito de posse das terras pelos indígenas e camponeses que haviam sido expropriados, pois desde o processo de independência do México, a maior parte dos camponeses já havia sido expropriada, bem como a maior parte dos indígenas. De fato, após a vitória de Porfírio Diaz, em 1876, a grande propriedade agrária foi ampliada e camponeses e indígenas mal contavam como cidadãos.
b) Em 1917, após a promulgação da nova Constituição, houve várias mudanças sociais, tais como:
– Nacionalização do solo e do subsolo
– Devolução das terras comunais aos indígenas – os ejidos
– Separação entre a Igreja Católica e o Estado
– Reconhecimento de direitos trabalhistas
– Os latifúndios foram limitados e a terra começou a ser devolvida às comunidades camponesas
Entre estas mudanças, a devolução das terras comunais aos indígenas e o reconhecimento dos direitos trabalhistas trouxeram às camadas mais desfavorecidas da população mexicana, pela primeira vez, a possibilidade de ter seus direitos reconhecidos e serem tratados como cidadãos.



  
8. (Fuvest 2012)  A formação histórica do atual Estado do Rio Grande do Sul está intrinsecamente relacionada à questão fronteiriça existente entre os domínios das duas coroas Ibéricas na América meridional. Desde o século XVIII, esta região foi cenário de constantes disputas territoriais entre diferentes agentes sociais. Atritos que não estiveram restritos apenas às lutas travadas entre luso-brasileiros e hispano-americanos pelo domínio do Continente do Rio Grande.

Eduardo Santos Neumann, “A fronteira tripartida”, Luiz Alberto Grijó (e outros). Capítulos de História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004, p. 25. Adaptado.

a) Caracterize a “questão fronteiriça”, mencionada no texto acima.
b) Quais são as principais diferenças e semelhanças entre a organização socioeconômica do Rio Grande colonial e a de regiões açucareiras, como Bahia e Pernambuco, na mesma época?


Resposta:

a) As disputas que se desenvolveram na região estão diretamente relacionadas à importância do Rio da Prata e de alguns afluentes. Pelo porto de Buenos Aires era escoada parte das riquezas provenientes das minas peruanas e, paralelamente, se desenvolveram diversas atividades mercantis, abrindo possibilidades de enriquecimento. Tal situação levou colonos portugueses a fundarem a colônia de Sacramento, em terras teoricamente pertencentes à Espanha. No extremo oeste do atual estado do Rio Grande, as missões de jesuítas espanholas – Sete Povos das Missões – também foram alvo de disputa entre as duas nações ibéricas.

b) no século XVIII podemos caracterizar como semelhança o latifúndio, apesar de muito melhor definido no nordeste. Enquanto no nordeste a principal atividade era agrária e destinada ao mercado externo, no sul destacou-se a pecuária, destinada ao mercado interno, tanto com a venda de animais para a região mineradora, como na produção de charque (carne salgada).



  
9. (Fuvest 2012)  Não parece fácil determinar a época em que os habitantes da América lusitana, dispersos pela distância, pela dificuldade de comunicação, pela mútua ignorância, pela diversidade, não raro, de interesses locais, começam a sentir-se unidos por vínculos mais fortes do que todos os contrastes ou indiferenças que os separam, e a querer associar esse sentimento ao desejo de emancipação
política. No Brasil, as duas aspirações – a da independência e a da unidade – não nascem juntas e, por longo tempo ainda, não caminham de mãos dadas.

Sérgio Buarque de Holanda, “A herança colonial – sua desagregação”. História geral da civilização brasileira, tomo II, volume 1, 2ª ed., São Paulo: DIFEL, 1965, p. 9.

a) Explique qual a diferença entre as aspirações de “independência” e de “unidade” a que o autor se refere.
b) Indique e caracterize ao menos um acontecimento histórico relacionado a cada uma das aspirações mencionadas no item a).


Resposta:

a) Os primeiros movimentos de emancipação frente à metrópole surgiram com força no decorrer do século XVIII e foram fortemente influenciados pela percepção de que a exploração portuguesa impedia o desenvolvimento, assim como pelos ideais iluministas, mas nesse momento não havia a preocupação em discutir a unidade territorial. Na década de 1820, enquanto o desejo de independência era percebido em toda a elite colonial de diferentes regiões do Brasil, o “unitarismo” era rejeitado, pois as elites regionais, principalmente do nordeste, defendiam uma situação de autonomia ou mesmo de separação em relação ao restante do Brasil.

b) diversos movimentos emancipacionistas podem ser destacados, sendo o mais conhecido a “Inconfidência Mineira”, liderado pela elite econômica e intelectual da região, que vivia a decadência da mineração e os abusos da política lusitana desde a implantação da derrama. Quanto à questão da unidade territorial, destaca-se a “Confederação do Equador”, nascida em Pernambuco e espalhada pelo nordeste, contra a centralização e autoritarismo do imperador D. Pedro I, pretendeu a formação de um Estado independente na região.



  
10. (Fuvest 2012)  Nos tempos de São Luís [Luís IX], as hordas que surgiam do leste provocaram terror e angústia no mundo cristão. O medo do estrangeiro oprimia novamente as populações. No entanto, a Europa
soubera digerir e integrar os saqueadores normandos. Essas invasões tinham tornado menos claras as fronteiras entre o mundo pagão e a cristandade e estimulado o crescimento econômico. A Europa, então terra juvenil, em plena expansão, estendeu-se aos quatro pontos cardeais, alimentando-se, com voracidade, das culturas exteriores. Uma situação muito diferente da de hoje, em que o Velho Continente se entrincheira contra a miséria do mundo para preservar suas riquezas.

Georges Duby. Ano 1000 ano 2000. Na pista de nossos medos. São Paulo: Unesp, 1998, p. 50-51. Adaptado.

a) Justifique a afirmação do autor de que “essas invasões tinham (...) estimulado o crescimento econômico” da Europa cristã.
b) Cite um caso do atual “entrincheiramento” europeu e explique, em que sentido, a Europa quer “preservar suas riquezas”.


Resposta:

a) as invasões normandas são consideradas as últimas invasões bárbaras sobre a Europa. Em princípio geraram destruição e medo. Posteriormente, a Europa viveu um processo de expansão econômica, não apenas com o estabelecimento de relações com as regiões ao norte, de onde os normandos eram originários, mas, principalmente, em relação ao sul, onde grupos de italianos ampliaram o comércio com o oriente, de onde provinham as especiarias, fundamental para o desenvolvimento de feiras e rotas de comércio ao longo da baixa idade média.

b) alguns países europeus têm desenvolvido uma política de restrição à entrada de imigrantes, mesmo daqueles que proveem de antigas áreas coloniais. A situação de crise econômica e de aumento do desemprego nesses países reforça a xenofobia ao identificar no estrangeiro o elemento que ocupa um posto de trabalho e ainda é responsável por maior gasto dos governos em política social.


Bons estudos!!!


 

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