1.
(Fuvest 2013) São Paulo gigante, torrão
adorado
Estou abraçado com meu
violão
Feito de pinheiro da mata
selvagem
Que enfeita a paisagem lá
do meu sertão
Tonico e
Tinoco, São Paulo Gigante.
Nos versos da canção dos paulistas Tonico e
Tinoco, o termo “sertão” deve ser compreendido como
a) descritivo da paisagem e da
vegetação típicas do sertão existente na região Nordeste do país.
b) contraposição ao litoral,
na concepção dada pelos caiçaras, que identificam o sertão com a presença dos
pinheiros.
c) analogia à paisagem
predominante no Centro-Oeste brasileiro, tal como foi encontrada pelos
bandeirantes no século XVII.
d) metáfora da
cidade-metrópole, referindo-se à aridez do concreto e das construções.
e) generalização do ambiente
rural, independentemente das características de sua vegetação.
Resposta:
[E]
[Resposta do ponto de vista
da disciplina de Geografia]
O
sentido do termo “sertão” na música da dupla sertaneja paulista Tonico e Tinoco
é como “meio rural” ou “interior do Estado”. O termo “sertão” foi muito
utilizado na Música e na Literatura brasileiras para se referir aos ambientes
rurais em diferentes estados, principalmente em Minas Gerais, nos estados do
Centro-Oeste e nos estados do Nordeste. Hoje, rigorosamente, o termo é empregado
em Geografia para uma sub-região do Nordeste, o Sertão (zona semiárida).
[Resposta do ponto de vista
da disciplina de Português]
O termo “sertão” deve ser
compreendido, no contexto, como metáfora do interior do Brasil, em contraponto
à cidade-metrópole caracterizada pela aridez do concreto e das construções. Ao
mencionar o material de que é feito o violão, o poeta não alude à vegetação
típica do sertão, mas sim à simplicidade do povo do interior que usa os
recursos de que dispõe para desenvolver uma cultura popular representativa do
meio a que pertence (“meu violão / Feito de pinheiro da mata selvagem / Que
enfeita a paisagem lá do meu sertão”).
5.
(Pucsp 2012) Esse mapa foi executado por
Giacomo Gastaldi, em 1556 e editado na República de Veneza no ano de 1565.
Considerando seu conhecimento sobre o território brasileiro e o que está
representado no mapa, é correto afirmar que
a) havia um bom conhecimento
da fauna e da flora brasileiras, o que pode ser observado nas figuras
desenhadas e na localização e distribuição dos animais e das formações
vegetais.
b) não era certo representar
indígenas e brancos em interação, trocando bens florestais na zona litorânea,
pois esse tipo de relação ocorreu no interior, onde se situavam as florestas.
c) a representação correta do
relevo e da hidrografia nas terras interiores revelava as ações de exploração
do terreno, que estava preparando a ocupação das terras pelo colonizador.
d) os detalhes do litoral
revelam um maior conhecimento dessa parte do território, enquanto o interior
representado era mais fruto de imaginação do que de conhecimento.
e) o mapa representa, no
limite do trecho conhecido (no poente), um vulcão em atividade, atualmente
inativo.
Resposta:
[D]
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Geografia]
O mapa é a
representação de um território recém-descoberto pelos portugueses, cuja
colonização se deu pelo litoral, a única porção do território descoberto
efetivamente ocupada pelos colonizadores, como mencionado corretamente na
alternativa [D]. Estão incorretas as alternativas: [A], porque o território não
era conhecido pelos colonizadores; [B], porque a área ocupada nesse período era
apenas o litoral; [C], porque não há correta representação do relevo e da
hidrografia; [E], porque não existiam vulcões em atividade no território.
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
A colonização
da América portuguesa foi essencialmente litorânea, pois se baseou na produção
canavieira e açucareira, com o intuito de abastecer os mercados europeus,
garantindo lucros à metrópole. A cana-de-açúcar se adaptou melhor nas terras
litorâneas, principalmente na região norte.
6.
(Ufba 2012) Sobre o espaço social que
compreende a sociedade e a família, é correto afirmar:
01) A existência de uma
sociedade humana depende do agrupamento de caráter durável entre seus
componentes, localizados num determinado espaço territorial, no qual se
estabelecem relações sociais complexas.
02) O nascimento da sociedade
civil, segundo os pensadores iluministas John Locke e Jean Jacques Rousseau,
decorreu do estabelecimento de um contrato social que superou o anterior
“estado de natureza” vivido pelos homens.
04) A sociedade rural
brasileira foi, no século XIX, suplantada pela sociedade urbana, em razão da
transferência da capital do País de Salvador para o Rio de Janeiro e dos
programas de urbanização das vilas litorâneas, desenvolvidos pelo Príncipe D.
João.
08) A família patriarcal da
sociedade colonial brasileira pode ser classificada como família extensa, por
abrigar, além da família nuclear, os parentes colaterais e os agregados.
16) A atual família nuclear
brasileira formou-se no início da história da república, quando então era
considerada legítima a família composta por brancos livres e católicos de
origem portuguesa.
32) Os laços familiares na
sociedade ocidental contemporânea tendem a se tornar mais estreitos, em razão
do aumento da natalidade nos países ricos, da superação do desemprego e da
elevação do nível de segurança ao cidadão urbano.
Resposta:
01 + 02 + 08 = 11.
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia]
[01] CORRETA. Essa afirmativa faz uma
síntese das condições necessárias para que exista um agrupamento humano,
chamado de sociedade. Dentre outros fatores, é necessário que existam relações
duráveis que permitam a criação de uma cultura e de relações sociais simbólicas
e complexas.
[02] CORRETA. Não somente Locke e Rousseau,
mas também Thomas Hobbes é considerado como um pensador contratualista. Para
todos esses, a sociedade nasce a partir do pacto social entre os indivíduos,
que com isso aceitam viver em sociedade e em uma comunidade política.
[04] INCORRETA. Ainda que no século XIX a
sociedade brasileira tenha passado por uma forte urbanização, é somente no
século XX que ela se torna majoritariamente urbana. Isso é devido, entre outros
fatores, às transformações econômicas, à imigração e à mecanização do campo no
Brasil.
[08] CORRETA. Na sociedade colonial, a
família reunia-se na Casa-grande. Nesta, não estava somente o senhor do engenho
com seus filhos, mas também criados, parentes,
agregados e escravos.
[16] INCORRETA. A atual família nuclear
brasileira (composta por pai, mãe e filhos) é uma construção cristã, já
existente bem antes da Proclamação da República.
[32] INCORRETA. Os laços familiares não
tendem a se estreitar. Pelo contrário, devido à queda da natalidade, ao sentimento
de insegurança, ao individualismo e aos novos formatos de família (que não são
mais baseados necessariamente na figura dos progenitores biológicos), os laços
familiares tendem a estar cada vez menos estreitos.
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
[01] CORRETA. Historicamente, o homem sempre
dependeu da vida grupal para sua sobrevivência, tanto nas sociedades mais
simples do Paleolítico, quanto nas organizações mais complexas, a partir do
surgimento da civilização, haja vista depender da produção coletiva para
subsistir.
[02] CORRETA. Não somente Locke e Rousseau,
mas também Thomas Hobbes, são considerados pensadores contratualistas. Para
todos esses, a sociedade nasce a partir do pacto social entre os indivíduos,
que com isso aceitam viver em sociedade e em uma comunidade política.
[04] INCORRETA. Ainda que no século XIX a
sociedade brasileira tenha passado por uma forte urbanização, é somente no
século XX que ela se torna majoritariamente urbana. Isso é devido, entre outros
fatores, às transformações econômicas, à imigração e à mecanização do campo no
Brasil. Especialmente a partir da Era Vargas, quando o Estado assume pela
primeira vez uma política industrialista de longo prazo, estabelecendo metas e
agindo diretamente em setores estratégicos.
[08] CORRETA. Na sociedade colonial, a
família reunia-se na casa-grande. Nesta, não estava somente o senhor do engenho
com seus filhos, mas também criados, parentes,
agregados e escravos.
[16] INCORRETA. A atual família nuclear
brasileira (composta por pai, mãe e filhos) é uma construção cristã, já
existente bem antes da Proclamação da República.
[32] INCORRETA. Os laços familiares não tendem a se estreitar. Pelo
contrário, devido à queda da natalidade, ao sentimento de insegurança, ao individualismo
e aos novos formatos de família (que não são mais baseados necessariamente na
figura dos progenitores biológicos), os laços familiares tendem a estar cada
vez menos estreitos.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
“O homem nasce livre, e por toda a parte
encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser mais
escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito sagrado que
serve de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma grande diferença entre
subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos
possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um senhor
e escravos, de modo algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, caso
se queira, de uma agregação, mas não de uma associação; nela não existe bem
público, nem corpo político.”
(Jean-Jacques
Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p.
28,36.)
7.
(Unicamp 2012) No trecho apresentado, o
autor
a) argumenta que um corpo
político existe quando os homens encontram-se associados em estado de igualdade
política.
b) reconhece os direitos
sagrados como base para os direitos políticos e sociais.
c) defende a necessidade de os
homens se unirem em agregações, em busca de seus direitos políticos.
d) denuncia a prática da
escravidão nas Américas, que obrigava multidões de homens a se submeterem a um
único senhor.
Resposta:
[A]
Resposta de Filosofia:
Rousseau enxerga no
contrato social o estabelecimento e a garantia da liberdade civil. Nesse
sentido, ele rejeita tanto um governo que subjugue os homens, quanto as
agregações que se originam dessa subjugação por não constituírem-se como corpo
político. Deve-se considerar que os direitos políticos e sociais, para
Rousseau, não são baseados em direitos sagrados, sendo, na verdade, a ordem
social a base de todos os direitos.
Resposta de História:
Rousseau foi
um dos principais expoentes do iluminismo. Ao discutir a situação do homem,
preocupa-se com as condições políticas da época e defende o direito da
sociedade na escolha de seus governantes.
8.
(Uel 2013) No livro Através do
espelho e o que Alice encontrou por lá, a Rainha Vermelha diz uma frase
enigmática: “Pois aqui, como vê, você tem de correr o mais que pode para
continuar no mesmo lugar.”
(CARROL, L. Através
do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
p.186.)
Já na Grécia antiga, Zenão de Eleia
enunciara uma tese também enigmática, segundo a qual o movimento é ilusório,
pois “numa corrida, o corredor mais rápido jamais consegue ultrapassar o
mais lento, visto o perseguidor ter de primeiro atingir o ponto de onde partiu
o perseguido, de tal forma que o mais lento deve manter sempre a dianteira.”
(ARISTÓTELES.
Física. Z 9, 239 b 14. In: KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os
Pré-socráticos. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p.284.)
Com base no problema filosófico da ilusão do
movimento em Zenão de Eleia, é correto afirmar que seu argumento
a) baseia-se na observação da
natureza e de suas transformações, resultando, por essa razão, numa explicação
naturalista pautada pelos sentidos.
b) confunde a ordem das coisas
materiais (sensível) e a ordem do ser (inteligível), pois avalia o sensível por
condições que lhe são estranhas.
c) ilustra a problematização
da crença numa verdadeira existência do mundo sensível, à qual se chegaria
pelos sentidos.
d) mostra que o corredor mais
rápido ultrapassará inevitavelmente o corredor mais lento, pois isso nos
apontam as evidências dos sentidos.
e) pressupõe a noção de
continuidade entre os instantes, contida no pressuposto da aceleração do
movimento entre os corredores.
Resposta:
[C]
O argumento
de Zenão problematiza a tese de que o espaço, conceitualmente dado, é
divisível. Portanto, o seu argumento parte da suposição da verdade dessa
qualidade do espaço, sua divisibilidade, para provar o seu absurdo. Se
considerarmos possível a divisão do espaço, então teremos que assumir, por
exemplo, que é impossível Aquiles ultrapassar a tartaruga em uma corrida, pois
para Aquiles ultrapassar a tartaruga ele teria antes que ultrapassar a metade
da distância entre eles, e depois a metade da metade, e depois a metade da
metade, assim por diante infinitamente, de modo que Aquiles nunca sairia do seu
lugar de origem. Como isso é absurdo, então o espaço não é efetivamente
divisível e sim uno; também, o movimento é ilusório, pois não existe um
percurso que se percorre, afinal não se pode realmente dividir o espaço.
9.
(Unicamp 2013) A sabedoria de Sócrates,
filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida
na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates.
A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens.
Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de
que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância.
O “sei que nada sei” é um ponto de partida
para a Filosofia, pois
a) aquele que se reconhece
como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos.
b) é um exercício de humildade
diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era
reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos.
c) a dúvida é uma condição
para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a
partir de métodos rigorosos.
d) é uma forma de declarar
ignorância e permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas
com causas abstratas.
Resposta:
[A]
Primeiramente,
o ponto de partida da filosofia socrática não é a afirmação “sei que nada sei”,
mas sim a palavra do oráculo de Delfos (dedicado a Apolo) que afirmou para
Sócrates ser ele o homem mais sábio de todos. Sócrates não duvidou da palavra
do Deus e partiu em busca da compreensão das palavras divinas. Interrogando
outras pessoas, Sócrates percebeu que apesar de ele não possuir conhecimento
sobre as coisas, possuía conhecimento sobre sua própria ignorância, algo que
todos os outros homens não possuíam. A ignorância sobre o que significava a
palavra divina o fez ir atrás do conhecimento sobre si mesmo.
10.
(Ufsj 2013) Leia
atentamente os fragmentos abaixo.
I. “Também tem sido frequentemente ensinado que a
fé e a santidade não podem ser atingidas pelo estudo e pela razão, mas sim por
inspiração sobrenatural, ou infusão, o que, uma vez aceita, não vejo por que
razão alguém deveria justificar a sua fé...”.
II. “O homem não é a consequência duma
intenção própria duma vontade, dum fim; com ele não se fazem ensaios para
obter-se um ideal de humanidade; um ideal de felicidade ou um ideal de
moralidade; é absurdo desviar seu ser para um fim qualquer”.
III. “(...) podemos estabelecer como máxima
indubitável que nenhuma ação pode ser virtuosa ou moralmente boa, a menos que
haja na natureza humana algum motivo que a produza, distinto do senso de sua
moralidade”.
IV. “A má-fé é evidentemente uma mentira, porque
dissimula a total liberdade do compromisso. No mesmo plano, direi que há também
má-fé, escolho declarar que certos valores existem antes de mim (...).”
Os quatro fragmentos de texto acima são,
respectivamente, atribuídos aos seguintes pensadores
a) Nietzsche, Sartre, Hobbes,
Hume.
b) Hobbes, Nietzsche, Hume,
Sartre.
c) Hume, Nietzsche, Sartre,
Hobbes.
d) Sartre, Hume, Hobbes,
Nietzsche.
Resposta:
[B]
Thomas Hobbes (1588-1679) foi um filósofo inglês que hoje
é mais conhecido pela sua filosofia política. Na sua principal obra, o Leviatã, o autor estabelece a fundação
de uma grande tradição do pensamento político, a tradição contratualista.
Apesar de favorecer na sua teoria o governo absoluto de um monarca, ele também
desenvolveu pontos decisivos do liberalismo: o direito individual, a
necessidade do caráter representativo do poder político, etc.
Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um
filósofo alemão ocupado principalmente com a questão da fundamentação da moral.
Para ele não há qualquer fundamento indiscutível para a moral e, por
conseguinte, a ação se justifica por ela mesma e não pela sua conformação com
algum código. Sua filosofia é extremamente inspirada nos pensadores
pré-socráticos e se organiza através de um método genealógico.
David Hume (1711-1776) foi um filósofo escocês dedicado ao
desenvolvimento do empirismo e do ceticismo. No seu pensamento a ação moral não
possui um caráter absolutamente racional, pois uma ação não pode ser movida
unicamente pela razão, ela necessita também das paixões.
Jean-Paul Sartre (1905-1980) foi um filósofo francês central
para o desenvolvimento da tradição existencialista. Sua ideia fundamental era a
de que os homens são condenados a ser livres e com isso ele promove uma
inversão, a saber, que a existência precede a essência, ou seja, não existe um
criador que nos forma, porém nos formamos durante nossa existência através
daquilo que projetamos e realizamos. A existência é primordialmente uma
responsabilidade.
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