Como efeito do amplo movimento em favor da autodeterminação no campo da economia, fundou-se em 1946 a CEPAL, pela iniciativa do economista argentino Raul Prebish e que fixou-se em Santiago do Chile. Sua argumentação era inteiramente pro-intervencionistas. Segundo os cepalinos a América Latina no transcorrer de todo o século 19 adotara os princípios liberais e no entanto não conseguira avançar muita além da estagnação e da pobreza. Além disto sua política de exportação de produtos primários tinha a longo prazo provocado a “deteriorização dos termos de troca”, fazendo com que suas exportações, proporcionalmente, importassem cada vez menos manufaturados do estrangeiro. Era preciso socorrer-se do estado para estimular um surto industrial bem como proteger seus manufaturados da competição externa. Defendiam também o que se chamou de “substituição da exportação”, uma política que visasse o translado de empresas estrangeiras com modernas tecnologias produtivas para serem implantadas nos países latino-americanos (elas doravante produziriam aqui o que antes era preciso importar). Seu modelo era dual, acreditavam promover um amplo setor econômico modernizado convivendo simultaneamente com o setor agrícola tradicional.
Igualmente eram favoráveis a que o estado e não mercado determinasse onde seriam feitos os principais investimentos e quais setores deveriam ser privilegiados com isenções ou insumos. Advogavam ainda o estimulo ao mercado interno e uma política de reforma agrária para promove sua ampliação. Os cepalinos, identificados no Brasil como estruturalistas, eram os representantes ideológicos do que se chamava na época de “burguesia nacional”, o expressivo setor social empresarial dos países mais avançados do continente sul-americano, a Argentina e o Chile e que recebeu imediata adesão de muitos nacionalistas brasileiros. Taticamente, receberam o apoio das esquerdas latino-americanas na sua política de aproximação com as “burguesias nacionais”.
A principal divergência que os cepalinos tiveram com outros setores desenvolvimentistas e liberais monetaristas dava-se no tocante a importância que depositavam no planejamento econômico. Impressionados pelo sucesso da URSS, vitoriosa contra o nazismo, seduziram-se em aplicar aqui algumas das suas soluções. Planificação significava controle estatal o que nem os desenvolvimentistas moderados nem os liberais podiam aceitar. Estes também previam que o estado planificador terminaria por assumir um papel empresarial cada vez maior alijando os interesses privados e adulterando a seu favor as práticas do mercado.
Pode-se dizer que o governo de Jucelino Kubishek (1956-60) foi quem mais próximo chegou da aplicação das teses cepalinas. Recorreu largamente a presença estatal (construção de Brasília e das BRs) e acelerou a política da “substituição das exportações” (atraindo as montadoras de automóvel), promovendo simultaneamente a presença do capital estrangeiro e o crescimento da industria nacional em seu apoio.
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