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O Tratado de Petrópolis e a política externa brasileira na Primeira República - Questões comentadas e vídeo aula


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1.   Em 1903, foi assinado, por representantes dos governos brasileiro e boliviano, o Tratado de Petrópolis, no intuito de resolver a questão fronteiriça entre os dois países que perdurava há algum tempo. Entre outras pautas, ficou acordada a compra do território do Acre pelo Brasil, bem como a construção de uma ferrovia, posteriormente denominada Madeira-Mamoré.

Essa ferrovia tinha como principal objetivo o escoamento
a) da madeira amazônica reflorestada, largamente utilizada pelos mercados moveleiro e da construção civil dos Estados Unidos.   
b) da borracha, cujo consumo nas indústrias dos Estados Unidos e da Europa crescia graças ao descobrimento da técnica de vulcanização.   
c) do gado de corte, amplamente criado nas franjas da floresta amazônica e consumido principalmente por países do continente americano.   
d) da soja, que a partir do início do século XX começa a ganhar espaço de plantio no sudoeste amazônico para abastecer o mercado japonês.   
e) do minério de ferro, abundantemente encontrado na região fronteiriça entre os dois países e de grande importância para o setor siderúrgico francês e inglês.   

Resposta:


[B]


A ferrovia Madeira-Mamoré (em Rondônia) tinha o objetivo de escoar a produção de borracha natural de seringueira no período do ciclo da borracha no início do século XX. A borracha era um produto importante para indústrias dos Estados Unidos e Europa, inclusive para o setor automobilístico. Entretanto, a construção da ferrovia fracassou devido aos problemas técnicos, desconhecimento do meio ambiente amazônico e doenças tropicais que atingiram os trabalhadores.



 2.   A partir do fim do século XIX, a cota­ção do café no mercado internacional havia começado a cair, pois outros países tam­bém produziam café. O excesso de oferta do produto derrubou os preços. Os produ­tores brasileiros não se conformavam com a queda na cotação do produto. Em 1906, os governadores de São Paulo, Minas Ge­rais e Rio de Janeiro reuniram-se para tratar da situação.(Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação)

Assinale a alternativa que apresente res­pectivamente o nome da reunião mencio­nada no texto, bem como a política dela derivada:
a) Convênio de Taubaté – fechamento da Caixa de Conversão;    
b) Convênio de Taubaté – compra do ex­cedente pelo governo a fim de manter o equilíbrio entre oferta e procura;    
c) Pacto de Pedras Altas – manutenção do preço mínimo por saca;    
d) Pacto de Pedras Altas – empréstimos ex­ternos de 15 milhões de libras;    
e) Tratado de Petrópolis – queima dos esto­ques excedentes.   

Resposta:


[B]


Diante da queda da cotação do café, os governadores de São Paulo, Minas e Rio (estados produtores) se reuniam no que ficou conhecido como “Convênio de Taubaté” para debater o que fazer para abrandar a crise.

Em tal reunião, ficou decidido que o melhor a ser feito seria a compra do café excedente pelo governo para estocagem e posterior venda. Tal proposta não foi bem recebida pelo então presidente Rodrigues Alves, que achava que a mesma prejudicaria o país. 

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Os Tratados com a Bolívia
            A Bolívia é uma espécie de Estado de Minas da América do Sul; não tem comunicação com o mar. Quando a Standard Oil abriu lá os poços de petróleo de Santa Cruz de la Sierra, na direção de Corumbá de Mato Grosso, a desvantagem da situação interna da Bolívia tornou-se patente. Estava com petróleo, muito petróleo, mas não tinha porto por onde exportá-lo. Ocorreu então um fato que parece coisa de romance policial.
            Os poços de petróleo da Standard trabalhavam sem cessar mas o petróleo que passava pelas portas aduaneiras bolivianas e pagava a taxa estabelecida no contrato de concessão era pouco. O boliviano desconfiou. "Aqueles poços não cessam de jorrar e o petróleo que paga taxa é tão escasso... Neste pau tem mel."
            E tinha. A espionagem boliviana acabou descobrindo o truque: havia um oleoduto secreto que subterraneamente passava por baixo das fronteiras e ia emergir na Argentina. A maior parte do petróleo boliviano escapava à taxação do governo e entrava livre no país vizinho. Um negócio maravilhoso.
            Ao descobrir a marosca, a Bolívia fez um barulho infernal e cassou todas as concessões de petróleo dadas à Standard Oil. Vitórias momentâneas sobre a Standard quantas a história não registra! Vitórias momentâneas. Meses depois um coronel ou general encabeça um pronunciamento político, derruba o governo e toma o poder. O primeiro ato do novo governo está claro que foi restaurar as concessões da Standard Oil cassadas pelo governo caído...
            Mas como resolver o problema da saída daquele petróleo fechado? De todas as soluções estudadas a melhor consistia no seguinte: forçar o Brasil por meio dum tratado a ser o comprador do petróleo boliviano; esse petróleo iria de Santa Cruz a Corumbá por uma estrada de ferro a construir-se e de Corumbá seguiria pela Estrada de Ferro Noroeste. Isto, provisoriamente. Mais tarde se construiria um oleoduto de La Sierra a Santos, Paranaguá ou outro porto brasileiro do Atlântico. Desse modo o petróleo boliviano abasteceria as necessidades do Brasil e também seria exportado por um porto do Brasil.
            Ótima a combinação, mas para que não viesse a falhar era indispensável que o Brasil não tirasse petróleo. Eis o segredo de tudo. A hostilidade oficial contra o petróleo brasileiro vem de grande número de elementos oficiais fazerem parte do grande grupo americano, boliviano e brasileiro que propugna essa solução - maravilhosa para a Bolívia, desastrosíssima para nós.
            Os tratados que sobre a matéria o Brasil assinou com a Bolívia não foram comentados pelos jornais dos tempos; era assunto petróleo e a Censura não admitia nenhuma referência a petróleo nos jornais. A 25 de janeiro de 1938 foi assinado o tratado entre o Brasil e a Bolívia no qual se estabelecia o orçamento para a realização de estudos e trabalhos de petróleo no total de 1.500.000 dólares, dos quais o Brasil entrava com a metade, 750 mil dólares, hoje 15 milhões de cruzeiros. O Brasil entrava com esse dinheiro para estudos de petróleo na Bolívia, o mesmo Brasil oficial que levou sete anos para fornecer a Oscar Cordeiro uma sondinha de 500 metros...
            Um mês depois, a 25 de fevereiro de 1938, novo tratado entre os dois países, com estipulações para a construção duma estrada de ferro Corumbá a Santa Cruz de la Sierra; a benefício dessas obras em território boliviano o Brasil entrava com um milhão de libras ouro...
            O representante do Brasil para a formulação e execução dos dois tratados tem sido o Sr. Fleury da Rocha.
            Chega. Não quero nunca mais tocar neste assunto do petróleo. Amargurou-me doze anos de vida, levou-me à cadeia - mas isso não foi o pior. O pior foi a incoercível sensação de repugnância que desde então passei a sentir sempre que leio ou ouço a expressão Governo Brasileiro...
(José Bento Monteiro Lobato. Obras completas - volume 7. São Paulo: Editora Brasiliense, 1951, p. 225-227.)

3.   O presidente da Bolívia, Evo Morales, acusou, no mês de maio de 2006, o Estado brasileiro de ter adquirido o Acre em troca de "um cavalo". A área foi incorporada ao Brasil em 1903 com o Tratado de Petrópolis. Em que circunstâncias se deu esta incorporação e que significado econômico tinha a região naquele momento?

Resposta:


A incorporação do Acre ao Brasil , contextualiza-se ao chamado Ciclo da Borracha ocorrido no início do século XX.

Nos tratados de limites assinados entre Portugal e Espanha, durante o século  XVIII, e pelo Tratado de Ayacucho de 1867, assinado pelos governos brasileiro e boliviano, o território do atual Estado do Acre pertencia à Bolívia. O governo boliviano porém, não promoveu o povoamento da região e nem concretizou sua instalação. Isso permitiu que a partir do final do século XIX, graças ao surto da borracha, brasileiros atraídos pelos sergingais ali existentes, se fixassem no Acre, configurando-se o predomínio de população brasileira em território boliviano. Quando o governo da Bolívia tentou implantar sua autoridade na região, os brasileiros rebelaram-se e enfrentarm o reduzido contingente militar boliviano para lá enviado. O governo brasileiro mandou tropas do Exército ocupar a região.

Sem consições de resistir, o governo boliviano foi obrigado a negociar, resulatando daí, Tratado de Petrópolis (1903), pelo qual o Acre foi incorporado ao Brasil, por uma indenização dois milhões de libras, a entrega de um minúsculo território brasileiro e do compromisso do governo brasileiro de construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré.

A afirmação de que o Acre foi "trocado por um cavalo", é uma referência ao fato de que em numa atitude diplomática, o então presidente da Bolívia teria sido presenteado com um cavalo de raça pelas autoridades brasileiras. 




 

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