Pular para o conteúdo principal

Ajuda Humanitária em Gaza - Relações internacionais e Geopolítica em análise

 


A tragédia em Gaza, conforme descrita e assistida por todo o mundo, ilumina uma realidade brutal que ressoa com os temas centrais do realismo estrutural na análise das relações internacionais. Em meio a um cenário de desespero e morte, observa-se a manifestação crua do poder, a luta pela sobrevivência e a ineficácia das normas internacionais perante a realpolitik. Este incidente é um reflexo sombrio da natureza anárquica do sistema internacional, onde a ausência de uma autoridade central leva os atores estatais a agir primariamente em busca de segurança e interesses próprios, muitas vezes à custa de vidas civis.

A reação internacional ao incidente, especialmente o veto dos Estados Unidos a uma declaração do Conselho de Segurança da ONU que culpava as forças israelenses, destaca a importância da geopolítica e dos alinhamentos estratégicos que frequentemente superam considerações humanitárias. O apoio quase unânime ao projeto de declaração, contraposto pelo veto dos EUA, reflete as dinâmicas de poder e influência dentro das instituições internacionais, sublinhando a capacidade dos Estados poderosos de moldar ou obstruir a resposta coletiva a crises humanitárias.

A complexidade das negociações para um cessar-fogo temporário e a libertação de reféns, agora potencialmente comprometidas, evidencia como crises humanitárias são intrinsecamente ligadas a negociações políticas e estratégicas. A tragédia de Gaza não é apenas um desastre humanitário; é também um episódio dentro de um jogo maior de poder e influência no Oriente Médio, envolvendo atores estatais e não estatais, onde os civis frequentemente se encontram presos no fogo cruzado de interesses conflitantes.

A descrição do desespero civil e da devastação em Gaza aponta para a falha coletiva em proteger os mais vulneráveis. Isso serve como um lembrete sombrio da falha das normas internacionais e do direito humanitário em prevenir a violência contra civis, especialmente quando confrontadas com a realidade do poder militar e político. A inação da comunidade internacional, conforme criticada pelo governo brasileiro, reflete uma incapacidade ou falta de vontade de superar barreiras geopolíticas para fornecer ajuda e proteção adequadas aos necessitados.

Em última análise, o incidente em Gaza ilustra a preeminência do interesse nacional e da segurança estatal sobre as considerações humanitárias em muitos aspectos das relações internacionais. A tragédia sublinha a necessidade de um reexame das estruturas e práticas internacionais, visando uma maior eficácia na prevenção de violência contra civis e na resposta a crises humanitárias. Contudo, tal reexame requer não apenas uma mudança nas normas e práticas, mas também um realinhamento das prioridades estratégicas dos atores mais poderosos no sistema internacional.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Questões discusivas com gabarito comentado - Renascimento Cultural

Para não perder as novidades, inscreva-se no Canal HIstória em gotas:   https://www.youtube.com/channel/UC23whF6cXzlap-O76f1uyOw/videos?sub_confirmation=1 1 .    Um dos aspectos mais importantes da nova ordem decorrente do Renascimento foi a formação das repúblicas italianas. Dentre elas, se destacaram Florença e Veneza. Essas repúblicas inovaram no sentido das suas formas de governo, assim como na redefinição do lugar do homem no mundo, inspirando a partir daí novas formas de representá-lo. a) Tomando o caso de Florença, explique como funcionavam as repúblicas italianas, levando em conta a organização política e os vínculos entre os cidadãos e a cidade, e indique o nome do principal representante das ideias sobre a política florentina no século XVI. b) Analise o papel de Veneza no desenvolvimento do comércio europeu, e suas relações com o Oriente.     2 .    As imagens abaixo ilustram alguns procedimentos utilizados por um novo modo de conhecer e explicar a realid

Questões discussivas com gabarito sobre Primeira guerra e crise de 29

Para não perder as novidades, inscreva-se no Canal e clique no sino: https://www.youtube.com/channel/UC23whF6cXzlap-O76f1uyOw/videos?sub_confirmation=1 #partiuauladoarão 1 . (Unifesp 2011)  Numa quinta-feira, 24 de outubro de 1929, 12.894.650 ações mudaram de mãos, foram vendidas na Bolsa de Nova Iorque. Na terça-feira, 29 de outubro do mesmo ano, o dia mais devastador da história das bolsas de valores, 16.410.030 ações foram negociadas a preços que destruíam os sonhos de rápido enriquecimento de milhares dos seus proprietários. A crise da economia capitalista norte-americana estendeu-se no tempo e no espaço. As economias da Europa e da América Latina foram duramente atingidas. Franklin Delano Roosevelt, eleito presidente dos Estados Unidos em 1932, procurou combater a crise e os seus efeitos sociais por meio de um programa político conhecido como New Deal . a) Identifique dois motivos da rápida expansão da crise para fora da economia norte-americana.

Iluminismo - questões discursivas com gabarito comentado

Conheça meu curso intensivo de História do Brasil https://go.hotmart.com/P57899543C 1 .    A liberdade política é esta tranquilidade de espírito que provém da opinião que cada um tem sobre a sua segurança; e para que se tenha esta liberdade é preciso que o governo seja tal que um cidadão não possa temer outro cidadão. Quando o poder legislativo está reunido ao poder executivo, não existe liberdade. Tampouco existe liberdade se o poder de julgar não for separado do poder legislativo e do executivo. Montesquieu. O espírito das leis, 1748 . O direito eleitoral ampliado, a dominação do parlamento, a debilidade do governo, a insignificância do presidente e a prática do referendo não respondem nem ao caráter, nem à missão que o Estado alemão deve cumprir tanto no presente como no futuro próximo. Jornal Kölnishe Zeitung , 04/08/1919. Adaptado de REIS FILHO, Daniel Aarão (org.). História do século XX. Volume 2. Rio de Janeiro: Record, 2002. Os trechos apresentam aspe