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ENEM 2019 - História Questões comentadas



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1. (Enem 2019)  A partir da segunda metade do século XVIII, o número de escravos recém-chegados cresce no Rio e se estabiliza na Bahia. Nenhum lugar servia tão bem à recepção de escravos quanto o Rio de Janeiro. 
FRANÇA, R. O tamanho real da escravidão. O Globo, 5 abr. 2015 (adaptado).

Na matéria, o jornalista informa uma mudança na dinâmica do tráfico atlântico que está relacionada à seguinte atividade:

a) Coleta de drogas do sertão.    
b) Extração de metais preciosos.    
c) Adoção da pecuária extensiva.    
d) Retirada de madeira do litoral.   
e) Exploração da lavoura de tabaco.    

Resposta:

[B]

Questão respondida pela temporalidade. No século XVIII, o Brasil vivia o Ciclo do Ouro, que forçou o deslocamento de mão de obra escrava do Nordeste para o Sudeste.

2. (Enem 2019)  Art. 90. As nomeações dos deputados e senadores para a Assembleia Geral, e dos membros dos Conselhos Gerais das províncias, serão feitas por eleições, elegendo a massa dos cidadãos ativos em assembleias paroquiais, os eleitores de província, e estes, os representantes da nação e província.

Art. 92. São excluídos de votar nas assembleias paroquiais:

I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais se não compreendem os casados, os oficiais militares, que forem maiores de vinte e um anos, os bacharéis formados e os clérigos de ordens sacras.
II. Os filhos de famílias, que estiverem na companhia de seus pais, salvo se servirem a ofícios públicos.
III. Os criados de servir, em cuja classe não entram os guarda-livros, e primeiros caixeiros das casas de comércio, os criados da Casa Imperial, que não forem de galão branco, e os administradores das fazendas rurais e fábricas.
IV. Os religiosos e quaisquer que vivam em comunidade claustral.
V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio, ou emprego.

BRASIL. Constituição de 1824. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 4 abr. 2015 (adaptado).

De acordo com os artigos do dispositivo legal apresentado, o sistema eleitoral instituído no início do Império é marcado pelo(a)

a) representação popular e sigilo individual.    
b) voto indireto e perfil censitário.   
c) liberdade pública e abertura política.    
d) ética partidária e supervisão estatal.    
e) caráter liberal e sistema parlamentar.    

Resposta:

[B]

A Constituição de 1824 instituiu no Brasil o voto indireto (eleitores de paróquia elegem eleitores de província e estes elegem Deputados e Senadores) e o voto censitário (aquele baseado na renda mínima anual).

3. (Enem 2019)  Entre os combatentes estava a mais famosa heroína da Independência. Nascida em Feira de Santana, filha de lavradores pobres, Maria Quitéria de Jesus tinha trinta anos quando a Bahia começou a pegar em armas contra os portugueses. Apesar da proibição de mulheres nos batalhões de voluntários, decidiu se alistar às escondidas. Cortou os cabelos, amarrou os seios, vestiu-se de homem e incorporou-se às fileiras brasileiras com o nome de Soldado Medeiros.

GOMES, L. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

No processo de Independência do Brasil, o caso mencionado é emblemático porque evidencia a

a) rigidez hierárquica da estrutura social.    
b) inserção feminina nos ofícios militares.   
c) adesão pública dos imigrantes portugueses.    
d) flexibilidade administrativa do governo imperial.    
e) receptividade metropolitana aos ideais emancipatórios.    

Resposta:
[A]

A estrutura social brasileira (desde os tempos coloniais até o Império) aproximava-se do padrão militar utilizado mundo afora a partir da exclusividade da participação masculina no combate militar, uma vez que nossa sociedade era patriarcal. Por isso, a história de Maria Quitéria de Jesus contradiz a rigidez hierárquica da nossa estrutura social.

  4. (Enem 2019)  A Revolta da Vacina (1904) mostrou claramente o aspecto defensivo, desorganizado, fragmentado da ação popular. Não se negava o Estado, não se reivindicava participação nas decisões políticas; defendiam-se valores e direitos considerados acima da intervenção do Estado.
CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1987 (adaptado).

A mobilização analisada representou um alerta, na medida em que a ação popular questionava

a) a alta de preços.    
b) a política clientelista.    
c) as reformas urbanas.    
d) o arbítrio governamental.    
e) as práticas eleitorais.    

Resposta:

[D]
Apesar de outras medidas da Reforma Urbana de Pereira Passos terem incomodando a população do Rio de Janeiro, o estopim para a Revolta da Vacina foi o arbítrio governamental imposto através da Lei de Vacinação Obrigatória. A vacina, infligida de maneira violenta e sem esclarecimentos prévios a população, levou à indignação popular.

5. (Enem 2019)  A soberania dos cidadãos dotados de plenos direitos era imprescindível para a existência da cidade-estado. Segundo os regimes políticos, a proporção desses cidadãos em relação à população total dos homens livres podia variar muito, sendo bastante pequena nas aristocracias e oligarquias e maior nas democracias.

CARDOSO, C. F. A cidade-estado clássica. São Paulo: Ática, 1985.

Nas cidades-estado da Antiguidade Clássica, a proporção de cidadãos descrita no texto é explicada pela adoção do seguinte critério para a participação política:

a) Controle da terra.    
b) Liberdade de culto.    
c) Igualdade de gênero.    
d) Exclusão dos militares.    
e) Exigência da alfabetização.    

Resposta:
[A]

O texto não deixa claro de que cidade-Estado grega está falando, uma vez que menciona tanto um sistema oligárquico quanto um sistema democrático. Logo, o único critério de exclusão de cidadania comum a várias cidades-Estado gregas (como Esparta e Atenas) era a posse da terra. Os não possuidores eram excluídos politicamente.

 
6. (Enem 2019)  O cristianismo incorporou antigas práticas relativas ao fogo para criar uma festa sincrética. A igreja retomou a distância de seis meses entre os nascimentos de Jesus Cristo e João Batista e instituiu a data de comemoração a este último de tal maneira que as festas do solstício de verão europeu com suas tradicionais fogueiras se tornaram “fogueiras de São João”. A festa do fogo e da luz no entanto não foi imediatamente associada a São João Batista. Na Baixa Idade Média, algumas práticas tradicionais da festa (como banhos, danças e cantos) foram perseguidas por monges e bispos. A partir do Concílio de Trento (1545-1563), a Igreja resolveu adotar celebrações em torno do fogo e associá-las à doutrina cristã.CHIANCA, L. Devoção e diversão: expressões contemporâneas de festas e santos católicos. Revista Anthropológicas, n. 18, 2007 (adaptado).

Com o objetivo de se fortalecer, a instituição mencionada no texto adotou as práticas descritas, que consistem em

a) promoção de atos ecumênicos.    
b) fomento de orientação bíblicas.    
c) apropriação de cerimônias seculares.    
d) retomada de ensinamentos apostólicos.    
e) ressignificação de rituais fundamentalistas.    

Resposta:

[C]
Após a adoção do Cristianismo como religião oficial na Europa Ocidental e, principalmente, a partir do início do Feudalismo (século V), a Igreja Católica, diante da necessidade de conversão dos pagãos à nova religião, acabou por sincretizar celebrações seculares (ou seja, pagãs) aos ritos católicos.

  
7. (Enem 2019)  A ocasião fez o ladrão: Francis Drake travava sua guerra de pirataria contra a Espanha papista quando roubou as tropas de mulas que levavam o ouro do Peru para o Panamá. Graças à cumplicidade da rainha Elizabeth I, ele reincide e saqueia as costas do Chile e do Peru antes de regressar pelo Oceano Pacífico, e depois pelo Índico. Ora, em Ternate ele oferece sua proteção a um sultão revoltado com os portugueses; assim nasce o primeiro entreposto inglês ultramarino. FERRO, M. História das colonizações. Das colonizações às independências. Séculos XIII a XX. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.

A tática adotada pela Inglaterra do século XVI, conforme citada no texto, foi o meio encontrado para

a) restabelecer o crescimento da economia mercantil.    
b) conquistar as riquezas dos territórios americanos.    
c) legalizar a ocupação de possessões ibéricas.    
d) ganhar a adesão das potências europeias.    
e) fortalecer as rotas do comércio marítimo.   

 Resposta:
[B]

Como a Inglaterra realizou o que chamamos de navegação tardia, a solução que ela encontrou para participar da obtenção de lucros coloniais (em especial através do metalismo) foi adotar a prática dos saques, tanto em embarcações quanto em cidades coloniais portuguesas e espanholas na América. Tal estratégia era, inclusive, apoiada pelo Estado Inglês.

8. (Enem 2019)  TEXTO I
A centralização econômica, o protecionismo e a expansão ultramarina engrandeceram o Estado, embora beneficias sem a burguesia incipiente.ANDERSON, P. In: DEYON, P. O mercantilismo. Lisboa: Gradiva, 1989 (adaptado).

TEXTO II
As interferências da legislação e das práticas exclusivistas restringem a operação benéfica da lei natural na esfera das relações econômicas.SMITH, A. A riqueza das Nações. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (adaptado).

Entre os séculos XVI e XIX, diferentes concepções sobre as relações entre Estado e economia foram formuladas. Tais concepções, associadas a cada um dos textos, confrontam-se, respectivamente, na oposição entre as práticas de

a) valorização do pacto colonial — combate à livre-iniciativa.    
b) defesa dos monopólios régios — apoio à livre concorrência.    
c) formação do sistema metropolitano — crítica à livre navegação.    
d) abandono da acumulação metalista — estímulo ao livre-comércio.    
e) eliminação das tarifas alfandegárias — incentivo ao livre-cambismo.    

Resposta:

[B]
Identificamos no [texto I] características do Mercantilismo, que visava defender a intervenção estatal na economia, e no [texto II] características do Liberalismo Econômico, que visava a livre concorrência através da Lei da Oferta e da Procura.

9. (Enem 2019)  Dificilmente passa-se uma noite sem que algum sitiante tenha seu celeiro ou sua pilha de cereais destruídos pelo fogo. Vários trabalhadores não diretamente envolvidos nos ataques pareciam apoiá-los, como se vê neste depoimento ao The Times: “deixa queimar, pena que não foi a casa”; “podemos nos aquecer agora”; “nós só queríamos algumas batatas; há um fogo ótimo para cozinhá-las”.  HOBSBAWM, E.; RUDÉ, G. Capitão Swing. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982 (adaptado).

A revolta descrita no texto, ocorrida na Inglaterra no século XIX, foi uma reação ao seguinte processo socioespacial:

a) Restrição da propriedade privada.    
b) Expropriação das terras comunais.    
c) Imposição da estatização fundiária.    
d) Redução da produção monocultora.    
e) Proibição das atividades artesanais.    

Resposta:

[B]

O texto faz referência a um fenômeno que foi, ao mesmo tempo, causa e consequência da Revolução Industrial na Inglaterra: os cercamentos. Tal prática, que consistia na tomada das terras dos pequenos camponeses pelos grandes senhores de terra, provocou grande êxodo rural e causou muita fome e miséria entre os camponeses, levando a manifestações como a descrita no enunciado.

  10. (Enem 2019)  A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral da ONU na Resolução 217-A, de 10 de dezembro de 1948, foi um acontecimento histórico de grande relevância. Ao afirmar, pela primeira vez em escala planetária, o papel dos direitos humanos na convivência coletiva, pode ser considerada um evento inaugural de uma nova concepção de vida internacional.
 LAFER, C. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). In: MAGNOLI, D. (Org.) História da paz. São Paulo: Contexto, 2008.

A declaração citada no texto introduziu uma nova concepção nas relações internacionais ao possibilitar a

a) superação da soberania estatal.    
b) defesa dos grupos vulneráveis.    
c) redução da truculência belicista.   
d) impunidade dos atos criminosos.    
e) inibição dos choques civilizacionais.    

  Resposta:

[B]

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela ONU em 1948, introduziu aos direitos civis e políticos já existentes a defesa dos direitos pessoais e de pequenas coletividades, sejam elas religiosas, étnicas ou culturais, o que favorece os grupos vulneráveis ao domínio hegemônico mundial. 






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