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1. (Ufu 2018) Considere o seguinte trecho, que
comenta opiniões bastante difundidas sobre o pensamento filosófico de
Parmênides e Heráclito, filósofos gregos que viveram no século VI a.C., e
responda às questões a respeito.
“Parmênides e Heráclito representam correntes de pensamento rivais na
filosofia grega e o conflito entre essas correntes marcou profundamente a obra
de Platão, que procurará superá-lo, de certa forma, conciliando as duas
posições.
O pensamento de Parmênides baseia-se em uma concepção de unidade do real
para além do movimento por ele considerado apenas uma característica aparente
das coisas. Parmênides é visto como o filósofo do Ser, da realidade única,
subjacente à pluralidade dos fenômenos, e precursor da metafísica.
Heráclito parte do movimento como a questão mais básica em nosso
entendimento do real, vendo no conflito entre os opostos a causa do movimento.
Sua visão de realidade é profundamente dinâmica.”
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia.
Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
a) Explique a oposição entre as
concepções desses filósofos a respeito da realidade do movimento.
b) Explique como Platão “de
certa forma concilia as duas posições”.
Resposta:
a) A filosofia
pré-socrática de Heráclito e de Parmênides marca uma oposição acerca do
entendimento da realidade, o que influenciou os filósofos clássicos
posteriores, notadamente Platão. O pensamento de Parmênides baseia-se na
concepção da imutabilidade do Ser, reiterando a unidade e a totalidade do real.
Há, nesse pensador, a concepção de uma unidade do Ser subjacente à diversidade
das coisas expressada por meio das máximas “o ser é” e “o não ser não é”. Em
oposição a Parmênides, Heráclito faz uso da metáfora do fogo para defender que
a realidade é explicada pelo movimento incessante. Esse pensamento pode ser
ilustrado pela máxima heraclitiana de que “nunca nos banhamos duas vezes no
mesmo rio, porque as águas não são as mesmas e nós também não”. São termos que
expressam o pensamento de Heráclito: a luta dos contrários, o fluxo contínuo e
o conflito dos opostos, o que gera uma harmonia no cosmos.
b) Platão foi influenciado pelos
filósofos Parmênides e Heráclito e tenta resolver o impasse entre o monismo de
Parmênides e a teoria do movimento de Heráclito. Ele o faz por meio da sua
teoria das ideias ou das formas. Platão apresenta uma divisão entre o mundo
sensível e o mundo inteligível, que corresponde à separação entre o mundo do
devir e do fluxo apresentado por Heráclito, e o mundo do ser e da imutabilidade
apresentado por Parmênides. Platão concilia a teoria heraclitiana do movimento
no mundo sensível e a teoria parmenidiana da imutabilidade no mundo
inteligível. Desse modo, a Teoria das ideias de Platão concilia a cisão entre o
verdadeiro e o aparente, entre o ser e o devir, entre o uno e o múltiplo.
2. (Ufpr 2018) “Mas aqueles,
varões, são mais hábeis – os que, se encarregando da educação da maioria de
vocês desde meninos, tentavam convencê-los e me acusar de algo ainda mais não
verdadeiro: de que há um certo Sócrates, homem sábio, pensador das coisas
suspensas no ar, e que tem investigado tudo o que há sob a terra, e que torna
superior o discurso inferior.
[...] Depois, esses acusadores são
muitos e têm me acusado já faz muito tempo, falando junto a vocês, além do
mais, naquela idade em que mais seriam convencidos (alguns de vocês eram
meninos ou adolescentes), simplesmente acusando de forma isolada – sem que
houvesse defesa. [...] E todos que, servindo-se da inveja e da calúnia, tentavam
convencê-los, mais os que, uma vez convencidos eles mesmos, iam convencendo
outros – todos esses são os mais inacessíveis, pois não é possível fazer subir
aqui nem refutar a nenhum deles; simplesmente é imperioso bater-se como
que com sombras ao se defender e refutar sem que haja resposta.
Aceitem então vocês também, segundo
estou lhes dizendo, que se repartem em dois meus acusadores – de um lado os que
me acusaram há pouco, e de outro os que há tempos (dos quais eu estava
falando)”.
(PLATÃO. Apologia
de Sócrates. Trad. André Malta. Porto Alegre: LP&M, 2016, p. 67-68.)
A partir da citação acima e de outros trechos da obra, responda: em quais
categorias Sócrates divide seus acusadores? Que categoria de acusadores
Sócrates considera a mais temível e que razões ele apresenta para embasar seu
diagnóstico?
Resposta:
Na obra, Sócrates realiza
sua defesa de modo comprometido com a verdade, evidenciando que tal
comprometimento não era compartilhado pelos seus acusadores, que faziam uso da
retórica para convencer os cidadãos acerca dos supostos crimes de Sócrates. As
duas categorias em que Sócrates divide seus acusadores são a dos acusadores
antigos, os quais fazem uso de artifícios do discurso para acusar Sócrates de perscrutar
os fenômenos celestes, e a dos acusadores recentes, que o acusam de acreditar
em deuses falsos e de corromper a juventude para compartilhar de suas crenças e
do seu uso da razão que, para os acusadores, era fraco. Nesse sentido, Sócrates
teme mais os primeiros acusadores, uma vez que estes não podem ser confrontados
sobre os rumores e as insinuações que propagaram e que, ao se encarregarem da
educação dos jovens, os convencem das falsas acusações.
3. (Ufpr 2018) “Pois fiquem
sabendo: se vocês me matarem por ser desse jeito que digo que sou, não
prejudicarão a mim mais do que a vocês mesmos! É que em nada me prejudicaria
Meleto, ou Anito; nem seria capaz, pois não penso que é lícito um varão melhor
ser prejudicado por um inferior. Poderia sim talvez me condenar à morte, ou ao
exílio, ou à atimia. Porém, se ele ou algum outro pensa talvez que essas coisas
são grandes males, eu mesmo não penso – muito pior é fazer o que ele está
fazendo, ao tencionar matar injustamente um homem. Portanto, varões atenienses,
estou longe agora de falar em minha própria defesa, como se poderia pensar;
falo sim em defesa de vocês, para que não errem – votando contra mim –
em relação à dádiva do deus a vocês conferida. Porque se vocês me matarem não
vão encontrar facilmente outro desse jeito, simplesmente ligado à cidade – por
ordem do deus – [...] Mas vocês poderiam talvez, quem sabe, ficar aborrecidos –
como os que são despertados de um cochilo – e, me dando um safanão e ouvidos a
Anito, poderiam facilmente me matar e então continuar dormindo pelo resto da
vida, a menos que o deus aflito por vocês, lhes enviasse um outro”.
(PLATÃO. Apologia
de Sócrates. Trad. André Malta. Porto Alegre: LP&M, 2016, p. 90-91.)
A partir da citação acima e de outros trechos da obra, responda por que,
segundo Sócrates, longe de atuar em defesa própria, ele atua na defesa dos
atenienses?
Resposta:
Para Sócrates, a decisão por condená-lo
seria mais prejudicial aos seus algozes do que a ele próprio, uma vez que a
morte não poderia causar ao indivíduo mal maior do que a ação de um mal. Desse
modo, segundo Sócrates, a morte não seria o maior dos males, pois o
entendimento de que a morte seria um dano ao indivíduo consistiria em supor
conhecer o que não se sabe, já que os indivíduos não poderiam conhecer a morte,
o que seria um ato de ignorância. Assim, para ele, aceitar a morte seria
preferível em face da renúncia à filosofia, haja vista que a última o fazia
reconhecer os limites do seu saber e, como consequência, buscar o conhecimento,
elevando, dessa forma, seu espírito. Com efeito, o male maior da sua condenação
seria sofrido pelos que o julgaram culpado, pois o ato de injustiça seria o
verdadeiro crime. Nessa perspectiva, ao argumentar contra as acusações que lhes
são feitas, Sócrates estaria atuando em defesa dos atenienses, e não na sua
própria, pois a injustiça seria verdadeiramente prejudicial àqueles que a
cometeram.
4.
(Uel 2018) Leia
o texto a seguir.
Aristóteles afirma
que os indivíduos são compostos de matéria (hyle)
e forma (eidos). A matéria é o
princípio de individuação e a forma a maneira como a matéria se constitui em
si. Assim, todos os indivíduos de uma mesma espécie teriam a mesma forma, mas
difeririam do ponto de vista da matéria, já que se trata de indivíduos
diferentes, ao menos numericamente.
(Adaptado de: MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia: dos
pré-socráticos a Wittgenstein. 2.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p.21.)
Com base na
diferenciação entre matéria e forma apresentada no texto, indique o significado
dos conceitos de essência e de acidente na teoria do conhecimento de
Aristóteles.
Resposta:
Aristóteles
considera que toda substância individual é composta de matéria e forma, o que,
de certo modo, faz com que o dualismo platônico seja contemplado no próprio ser
(aquilo que é e que existe). A forma associa-se às condições essenciais da
coisa (ser), tornando-a naquilo que ela é. É por intermédio da forma que o ser
se constitui, sendo o que é. Por exemplo: diversos materiais (matéria) podem
ser utilizados para fabricar mesas e cadeiras. Ambos os seres (cadeiras e
mesas) são formados por materiais diversos. Então, o que as diferenciam do
ponto de vista da essência? O que as tornam diferentes, em essência, é a forma
que cada porção de matéria recebe. Desse modo, a mesa é mesa não em razão da
matéria que a constitui, mas em razão da forma que a determina essencialmente.
As diferenças assinaladas na matéria de cada ser são consideradas acidentes.
Logo, os acidentes são as características mutáveis e variáveis que estão
registradas na matéria e não na forma. Um risco, uma mancha ou uma trinca que
se observa em uma cadeira, por exemplo, a torna singular (individual) em
relação às demais, sem que isso lhe retire a sua essência (forma) de ser
cadeira.
5.
(Uel 2018) Leia
o texto a seguir.
Que terá levado o
homem, a partir de determinado momento de sua história, a fazer ciência teórica
e filosofia? Por que surge no Ocidente, mais precisamente na Grécia do século
VI a.C, uma nova mentalidade, que passa a substituir as antigas construções
mitológicas pela aventura intelectual, expressa através de investigações
científicas e especulações filosóficas?
(PESSANHA, J. A. M. Do Mito à Filosofia. In. Os Pré-Socráticos. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996. p.5.
Coleção “Os Pensadores”.)
Com base no texto e
nos conhecimentos a respeito da passagem do Mito ao Logos, indique as
principais condições que marcaram o surgimento da Filosofia.
Resposta:
O Mito carrega
consigo uma tentativa de explicação da realidade, contudo essa pretensão é
paradoxal, já que as explicações mitológicas dadas ao real são buscadas no
plano sobrenatural, em alguma forma mística e misteriosa, cujo acesso não é
plenamente disponível e tampouco acessível à razão. A explicação da realidade,
dada por intermédio do mito, reside em um fundamento inexplicável, o que gera,
no mínimo, um certo grau de contradição. A filosofia aparece com o propósito de
superar essa estrutura paradoxal do mito que, ao tentar explicar algo, acabava
tomando a trilha do inexplicável e bloqueando a possibilidade do conhecimento.
A filosofia, ao contrário, quer explicar a realidade a partir do próprio mundo
e não fora dele. As condições que facilitaram o nascimento de um pensamento
questionador na Grécia estão vinculadas ao grau de liberdade de pensamento,
próprio das estruturas das cidades-Estado (polis) e, também, à forma que os
gregos lidavam com a religião, de caráter antropomórfico. A valorização da
razão (logos) foi condição indispensável para encontrar uma base explicativa
mais compatível à realidade e, de certo modo, menos mística.
Excelente trabalho. Parabéns!
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