Conheça meu curso intensivo de História do Brasil
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1. Leia o trecho a seguir.
A cada dia as posições se
radicalizavam. No governo liberal de Ouro Preto foi criada a Guarda Negra,
espécie de força paralela ao exército para proteger a monarquia. (...) a
situação era de fato paradoxal. Os ex-escravizados guardavam lealdade à
monarquia e opunham-se aos republicanos, chamados de ‘os paulistas’ (...) A
partir do segundo semestre [de 1889], a cada dia um novo acontecimento insistia
em desmentir a normalidade. (...) Os jornais também não davam trégua (...) Mas
o medo maior era o descontrole, e não por acaso o Partido Republicano Paulista
começou a frequentar os quartéis, arquitetando uma contrarrevolução preventiva
que visava garantir as estruturas sociais. Enquanto isso, os militares
encontravam-se em seu clube, para começar a confabular. Na agenda apertada do
golpe, os dias passavam rápido (...)
SCHWARCZ, L. & STARLING, H. Brasil:
uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 312-314.
Considerando esse texto e
com base em seus conhecimentos:
a) Analise a atuação de
DOIS atores sociais envolvidos no contexto da queda da monarquia no Brasil.
b) A queda da monarquia no
Brasil em 1889 pode ser considerada um golpe? Justifique sua resposta.
Resposta:
a) Grupos contrários à
Monarquia durante o Segundo Reinado, 1840-1889. O exército que após o fim da Guerra do Paraguai, 1865-1870, ganhou
consciência enquanto corporação, adotou ideias Positivistas e defendeu o fim da
Monarquia e a adoção de uma República com poder político centralizado. A Igreja que desde a constituição de 1824
estava submetida ao poder do Estado através do Padroado e Beneplácito. Na
década de 1870 dois bispos foram presos desgastando ainda mais a relação entre
Estado e Igreja. Desta forma, esta instituição não tinha mais interesse na
permanência da Monarquia no Brasil contribuindo para a implantação da República
que adotou o Estado laico. A Burguesia
cafeeira paulista estava incomodada com a centralização do poder nas mãos
do monarca através do poder Moderador e apoiou uma República com viés
federalista, ou seja, dando autonomia para os estados da federação. Classe média urbana interessada em uma
República com uma natureza modernizante criando indústrias conforme a atuação
de Rui Barbosa na fracassada política do Encilhamento.
b) Sim, o 15 de Novembro de 1889 foi um golpe considerando que a
constituição brasileira de 1824 estabeleceu uma monarquia hereditária e que
embora ocorresse uma modernização do país surgindo uma elite forte era possível
negociar dentro do âmbito da monarquia como aconteceu com a Inglaterra em 1689
que substituiu uma monarquia absolutista para uma monarquia parlamentarista.
Poderia elaborar outra constituição para o país, por exemplo. Segundo a
antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz, autora de As barbas do imperador e do recente Brasil: uma biografia. “A gente aprende
como historiador que não vale só você seguir sua ideologia”, diz sobre a ideia
de que o que não corresponde a uma idealização é tratado como revolução e o que
não corresponde, é golpe. “É golpe quando você tem uma movimentação política
que coloca fim a um Estado legalmente constituído. A gente pode concordar ou
não com a monarquia, mas era constitucional”.
2. Observe a gravura:
A gravura faz ironia a um
importante movimento cultural, ocorrido na capital paulista, inserido no
contexto de comemoração do centenário da independência do Brasil. Os seus
integrantes propunham, entre outras coisas, a superação do “antigo” pelo
“novo”.
A partir desse enunciado,
faça o que se pede.
a) Indique o movimento
cultural e a natureza da atividade profissional de seus integrantes, apontando
a principal reivindicação feita por eles.
b) Caracterize o cenário econômico
e político do país no contexto da Primeira República, período em que se
realizou o movimento cultural retratado na charge.
Resposta:
a) Trata-se da Semana de Arte Moderna de 1922, constituída por diversos
artistas que criticavam o velho padrão estético brasileiro ao copiar o modelo
europeu. A Semana de Arte Moderna defendia a valorização do nacional e do
popular.
b)
A década de 1920 pode ser considerada de contestação aos valores vigentes. No
plano político ocorreram as revoltas tenentistas que criticavam a velha
política, arcaica, corrupta, pautada na política do café com leite, política
dos governadores, coronelismo, etc. No plano econômico, o modelo agrário
exportador começou a se esgotar e, em 1930, Vargas mudou o modelo econômico do
Brasil de agrário exportador para a política de substituição de importações.
3. E a mísera, sem chorar, foi
refugiar-se, junto com a filha, no “Cabeça de Gato” que, à proporção que o São
Romão se engrandecia, mais e mais ia-se rebaixando acanalhado, fazendo-se cada
vez mais torpe, mais abjeto, mais cortiço, vivendo satisfeito do lixo e da salsugem
que o outro rejeitava, como se todo o seu ideal fosse conservar inalterável,
para sempre, o verdadeiro tipo da estalagem fluminense, a legítima, a
legendária; aquela em que há um samba e um rolo por noite; aquela em que se
matam homens sem a polícia descobrir os assassinos; viveiro de larvas sensuais
em que irmãos dormem misturados com as irmãs na mesma lama; paraíso de vermes,
brejo de lodo quente e fumegante, donde brota a vida brutalmente, como de uma
podridão.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço.
São Paulo: Ática, 2011, p. 213.
a) Os cortiços da cidade do
Rio de Janeiro, tema da obra de Aluísio Azevedo, estiveram no centro das
preocupações das políticas públicas de reformulação urbana nos primeiros anos
do século XX. Apresente um dos objetivos do Estado, sobretudo na capital
nacional, com estas políticas e cite uma das ações atreladas ao referido processo.
b) Identifique o movimento
de resistência relacionado à saúde pública e ao processo de (re)urbanização da
capital brasileira no início do século XX.
c) No Brasil, ao longo do
século XX, sobretudo a partir da década de 1930, além da urbanização intensifica-se
também o crescimento dos aglomerados subnormais (favelas). Cite e explique uma
causa responsável pelo crescimento desses aglomerados urbanos.
Resposta:
a) No início do século XX,
as cidades brasileiras, de forma geral, não contavam com sistemas eficazes de
esgoto e de abastecimento de água, as ruas não tinham calçamento ou iluminação
elétrica e os transportes públicos eram quase inexistentes. Outro problema
enfrentado em muitas cidades brasileiras era a frequência de epidemias de cólera,
varíola, febre amarela e peste bubônica, por vezes relacionadas às condições de
higiene a que estavam submetidas as populações urbanas. Durante a gestão de
Rodrigues Alves, 1902-1906, o governo passou a intervir mais diretamente na
tentativa de modificar essas condições precárias. O objetivo do Estado era
desenvolver um ideal modernizador, a começar pela capital nacional, capaz de se
alinhar aos hábitos culturais oriundos da Europa, principalmente da França: falar, vestir, comer, morar e pensar
como um europeu. Neste contexto, havia um esforço civilizatório em adaptar a
complexa realidade brasileira aos padrões da Belle Époque. As elites
republicanas desejavam reformar o Brasil seguindo modelos apresentados pelos
países industrializados. Havia um esforço para eliminar tudo o que
representasse entrave ao ideal de progresso e fugisse aos padrões de beleza e
higiene. Entre as ações vinculadas ao referido processo, podemos citar:
- Reforma Pereira Passos;
“Bota-abaixo”; destruição dos cortiços, abertura e alargamento de praças, ruas
e avenidas; construção de grandes prédios públicos (Biblioteca Nacional, Teatro
Municipal, Escola Nacional de Artes e Ofícios/Museu Nacional de Belas Artes).
- Aterros na orla da
capital nacional; obras de abastecimento e saneamento.
- Campanhas sanitaristas;
vacinação pública.
- Deslocamento da população
dos cortiços para morros e bairros periféricos sem amparo de políticas públicas
assistenciais; processo de “favelização” dos morros da cidade; movimentos de
resistência; ausência de políticas públicas habitacionais para a população
atingida pelas reformas urbanas.
b) Revolta da Vacina, RJ,
(1904).
c) Entre as causas
responsáveis pelo crescimento dos aglomerados urbanos podemos citar:
1) Falta ou ineficiência de políticas públicas. A favelização
no Brasil ocorre, sobretudo, devido ao acelerado e/ou ao desordenado
crescimento das áreas urbanas decorrentes, principalmente, dos problemas de
planejamento e de má gestão dos espaços urbanos.
2) Migrações. No Brasil, os aspectos econômicos foram
responsáveis pelas migrações internas. Ao longo do século XX, a
industrialização e o êxodo rural impulsionaram esse processo. Como, na sua
maioria, esses migrantes possuíam baixo poder aquisitivo, passaram a ocupar
áreas menos providas de infraestrutura, como favelas (ou aglomerados
subnormais).
3) Especulação imobiliária. O preço dos terrenos nas cidades é, de
forma geral, caro e inviável para as populações carentes, que ficam muitas
vezes à mercê da especulação imobiliária. Assim, as populações assalariadas e
de menor poder aquisitivo se instalam em áreas periféricas e menos valorizadas,
contribuindo para a formação e/ou o aumento das favelas.
4) A baixa renda, o desemprego e/ou o subemprego estão na
origem de um problema de configuração da paisagem das cidades, uma vez que, não
podendo pagar as prestações ou o aluguel de imóveis em áreas centrais, muitas
pessoas buscam áreas periféricas, nas quais as prestações ou os aluguéis são
mais acessíveis, o que contribui para a expansão das favelas.
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