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História do Brasil 2018 - Questões discursivas com gabarito comentado


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1. (Uerj 2018) 


A raça africana constitui uma parte grande da população dos países da América, e principalmente no Brasil, um elemento essencial da vida civil e das relações sociais que não teremos dúvida em consagrar grande parte desta obra aos negros, a seus usos e costumes. Compreende-se ainda melhor que assim o façamos escrevendo uma viagem pitoresca. Entretanto, se alguém julgar que em semelhante viagem dois cadernos de figuras de pretos são demais, queira considerar que o único lugar da terra em que é possível fazer semelhante escolha de fisionomias características, entre as tribos de negros, é talvez o Brasil, principalmente o Rio de Janeiro; é, em todo caso, o lugar mais favorável a essas observações. Com efeito, o destino singular dessas raças de homens traz aqui membros de quase todas as tribos da África. Num só golpe de vista pode o artista conseguir resultados que, na África, só atingiria através de longas e perigosas viagens a todas as regiões dessa parte do mundo.

Adaptado de RUGENDAS, J. M. Viagem pitoresca através do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia.


Rugendas foi um dos integrantes da expedição dirigida pelo naturalista Barão de Langsdorff, que percorreu o Brasil entre 1824 e 1828. A obra Viagem pitoresca através do Brasil, publicada em 1835, é resultado dessa experiência.
A partir das imagens, indique um aspecto valorizado por Rugendas ao representar as populações de origem africana. Em seguida, a partir do texto, identifique uma característica do continente africano percebida por Rugendas.



Resposta da questão 1:

 Um dos aspectos:

- variedade étnica dos africanos
- diversidade de fisionomias dos africanos
- percepção de hábitos culturais expressos nas marcas, pinturas e tatuagens

Uma das características:
- dispersão das populações
- predominância de sociedades tribais
- existência exclusiva de populações negras
- diversidade da composição das populações negras
- compreensão da África a partir dos efeitos do tráfico intercontinental de escravos  


  
2. (Ufpr 2018)  Leia o excerto abaixo:

“Embora o comércio escravista tenha sofrido um forte abalo nos primeiros anos da década de 1830, a partir de 1835-36 assistimos à sua recuperação, muito em função do contexto político da Regência. Do total de africanos trazidos para o Brasil em trezentos anos de tráfico atlântico, aproximadamente 20% chegou entre 1831 e 1855, demonstrando a importância do tráfico ilegal de escravos”.

(Cicchelli Pires, Ana Flávia. “A abolição do Comércio Atlântico de Escravos e os Africanos Livres no Brasil”. Em CLACSO, 2008, págs. 96-97. Disponível em: .)


Apesar dos esforços de diversos setores abolicionistas, tanto no Brasil como na Grã-Bretanha, e mesmo após a proibição do tráfico decretado pelo país europeu em 1807, temos que o tráfico não apenas não diminuiu, como também passou de um estado de legalidade para um de contrabando ilegal. Considerando o trecho acima e com base nos conhecimentos sobre o tráfico ilegal de escravos para o Brasil, identifique três fatores que facilitaram esse tráfico ilegal, quais regiões da África foram as mais afetadas por esse contrabando, assim como os portos mais importantes de embarque e desembarque em ambas as costas, africana e brasileira.


Resposta da questão 2:

 Apesar das leis ligadas ao fim do tráfico de escravos aprovadas ao longo do século XIX, alguns elementos contribuíram para o comércio ilegal de africanos para o Brasil, tais como, o lucro com o tráfico de escravos, a necessidade de mão de obra na lavoura cafeeira, a arrecadação de mercadorias necessárias para trocar pelos africanos, entre outros fatores. Bantus e Sudaneses oriundos da África Centro-Ocidental eram deslocados para o Brasil graças a atuação de mercadores e chefes políticos. Os principais portos no Brasil estavam localizados Sudeste, como o porto do Valongo no Rio de Janeiro. Na África os principais portos foram Luanda, Ambriz, Benguela, Cabinda, entre outros.  
  
3. (Unicamp 2018)  No dia seguinte ao decreto da Libertação, negros e negras deixaram apressadamente os lugares onde tinham vivido durante longo tempo nas humilhações da escravidão e, das fazendas e sítios, afluíram em direção às cidades próximas. A maior parte desses novos cidadãos livres tinha pequenas economias. Ora, seu primeiro ato foi correr às lojas de calçados.

(Adaptado de Louis Albert Gaffre, Visions du Brésil. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1912, p. 205. Disponível em: https://archive.org/details/visionsdubrsil00gaff. Acessado em 01/08/2017.)


a) Considerando o depoimento citado, explique um significado social do uso do sapato na época.
b) Nomeie duas estratégias de sobrevivência dos brancos pobres, mestiços e forros no período do pós-abolição.  


Resposta da questão 3:


 a) Aos escravos era proibido o uso de calçados. Por isso, os calçados eram um símbolo de liberdade.

b) Realização de trabalhos eventuais e manuais e deslocamento para os centros e periferias das cidades, para habitações como os cortiços.  

  
4. (Fuvest 2018)  Este mapa da Província de São Paulo foi elaborado em 1886, sob encomenda da Sociedade Promotora da Imigração (SPI).


a) Identifique, no mapa, dois elementos de propaganda empregados pela SPI para atingir seus objetivos.
b) Caracterize sucintamente o quadro econômico e político que motivou a criação da SPI e a elaboração do mapa.


Resposta da questão 4:


 a) Para atrair os imigrantes, o cartaz oferece algumas vantagens, tais como (1) facilidade de deslocamento entre América e Europa, (2) possibilidade de ocupação de terras sem donos específicos e (3) possibilidade de crescimento financeiro a partir do progresso do próprio país.

b) Politicamente, nesse período o Segundo Reinado enfrentava uma crise escravocrata, motivada por leis como a Eusébio de Queiróz, a do Ventre Livre e a dos Sexagenários, o que levava o país a uma escassez de mão de obra escrava. Economicamente, o ciclo do café prosperava pelo Vale do Paraíba, o que aumentava a necessidade de encontrar uma saída para a falta de mão de obra escrava.  

  
5. (Uel 2018)  Leia a letra da música e o texto a seguir.

Disseram que eu voltei americanizada
(Vicente Paiva/Luiz Peixoto/Carmen Miranda)

E disseram que eu voltei americanizada
Com o “burro” do dinheiro, que estou muito rica
Que não suporto mais o breque de um pandeiro
E fico arrepiada ouvindo uma cuíca

Disseram que com as mãos estou preocupada
E corre por aí que houve um certo zum-zum
Que já não tenho molho, ritmo, nem nada
E dos balangandãs já nem existe mais nenhum

Mas pra cima de mim, pra que tanto veneno?
Eu posso lá ficar americanizada?
Eu que nasci com samba e vivo no sereno
Topando a noite inteira a velha batucada

Nas rodas de malandro, minhas preferidas
Eu digo é mesmo “eu te amo” e nunca “I love you”
Enquanto houver Brasil... na hora das comidas
Eu sou do camarão ensopadinho com chuchu!

(PEIXOTO, L.; PAIVA, V. Disseram que eu voltei americanizada. Intérprete: Carmen Miranda. Rio de Janeiro: Odeon records, 1940.)


Em setembro de 1940, Carmen Miranda gravou esse samba, Disseram que eu voltei americanizada, como crítica à fria recepção que teve no Brasil ao retornar de férias. Ela vivia então nos Estados Unidos, onde lotava clubes e teatros e iniciava a carreira de atriz. Logo após sua chegada, Carmen apresentou-se no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, mas a plateia mostrou-se desconfiada e incomodada com a artista “americanizada”. Nas primeiras fileiras para ver o espetáculo, estavam presentes todo o Estado-maior (ministros da guerra / exército / justiça / trabalho / educação / marinha / interventores / chefia de polícia e outros) do Estado Novo, além de empresários e industriais brasileiros, muitos com sobrenomes bem conhecidos, e que, a exemplo da elite de outros países, estavam fazendo negócios com a Alemanha do Führer [Hitler] e se identificando com sua postura anticomunista e antijudaica.

(CASTRO, R. Carmen, uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 250.)


Com base na letra da música, no texto e nos conhecimentos sobre o Estado Novo, responda aos itens a seguir.

a) Explique o posicionamento político e militar do Governo Vargas em relação aos governos alemão e americano durante a Segunda Guerra Mundial.
b) Explique a ideia de identidade nacional promovida pelo governo de Getúlio Vargas.
 

Resposta da questão 5:


 a) Durante a década de 1930, havia uma proximidade de relações diplomáticas e econômicas entre o Governo brasileiro (Vargas) com o governo alemão. Considerando que a ditadura do Estado Novo em muitos aspectos se assemelhava ao Nazifascismo, Getúlio Vargas tinha simpatia pela ideologia nacional-socialista do Partido Nazista e pelo fascismo italiano. Desta forma, Vargas defendia a manutenção da neutralidade do Brasil na Guerra, até a adesão dos americanos após o ataque japonês a Pearl Harbour em 1941, quando o Brasil torna-se um dos Aliados.


b) Assim como o Nazismo e o Fascismo, o governo de Vargas também se caracterizou pela exaltação ao nacionalismo. Para desenvolver a identidade nacional em um país de intensa miscigenação, a cultura popular foi apropriada por órgãos governamentais, como o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). O samba foi uma dessas expressões que, antes proibido, perseguido e discriminado, foi transformado em símbolo da cultura brasileira. Capoeira e Candomblé também foram vinculados à identidade nacional. O próprio futebol foi utilizado pela propaganda oficial como um elemento da cultura brasileira, “a pátria de chuteiras”.  


Questões comentadas sobre a História do Brasil Colonial. O Vídeo está acompanhado de Texto e Áudio para você estudar e revisar em qualquer lugar, usando dois de seus sentidos.







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