1. Os
ensaios sediciosos do final do século XVIII anunciam a erosão de um modo de
vida. A crise geral do Antigo Regime desdobra-se
nas áreas periféricas do sistema atlântico – pois é essa a posição da América
portuguesa –, apontando para a emergência de novas alternativas de ordenamento
da vida social.
István Jancsó, “A Sedução da Liberdade”. In: Fernando Novais, História
da Vida Privada no Brasil, v.
1. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Adaptado.
A respeito das rebeliões
contra o poder colonial português na América, no período mencionado no texto, é
correto afirmar que,
a) em 1789 e 1798,
diferentemente do que se dera com as revoltas anteriores, os sediciosos tinham
o claro propósito de abolir o tráfico transatlântico de escravos para o Brasil.
b) da mesma forma que as
contestações ocorridas no Maranhão em 1684, a sedição de 1798 teve por alvo o
monopólio exercido pela companhia exclusiva de comércio que operava na Bahia.
c) em 1789 e 1798, tal como
ocorrera na Guerra dos Mascates, os sediciosos esperavam contar com o suporte
da França revolucionária.
d) tal como ocorrera na Guerra
dos Emboabas, a sedição de 1789 opôs os mineradores recém-chegados à capitania
aos empresários há muito estabelecidos na região.
e) em 1789 e 1798, seus
líderes projetaram a possibilidade de rompimento definitivo das relações
políticas com a metrópole, diferentemente do que ocorrera com as sedições
anteriores.
Resposta:
[E]
A questão faz referência a
duas conjurações que ocorreram no Brasil colonial: a Inconfidência Mineira
(1789) e a Conjuração Baiana (1798). Diferentemente das chamadas Revoltas
Nativistas, ocorridas anteriormente, as conjurações buscavam a separação entre
Metrópole e Colônia, ou seja, buscavam a Independência do Brasil.
2. No
Brasil, do mesmo modo que em muitos outros países
latino-americanos, as décadas
de 1870 e 1880 foram um período de reforma e de compromisso com as mudanças.
De maneira geral, podemos dizer que
tal movimento foi uma reação às novas realidades econômicas e sociais
resultantes do desenvolvimento capitalista não só como fenômeno mundial, mas
também em suas manifestações especificamente brasileiras.
Emília Viotti da Costa, “Brasil: a era da reforma, 1870-1889”. In:
Leslie Bethell, História da América Latina,
v. 5. São Paulo: Edusp, 2002. Adaptado.
A respeito das mudanças
ocorridas na última década do Império do Brasil, cabe destacar a reforma
a) eleitoral, que, ao
instituir o voto direto para os cargos eletivos do Império, ao mesmo tempo em
que proibiu o voto dos analfabetos, reduziu notavelmente a participação
eleitoral dos setores populares.
b) religiosa, com a adoção do
ultramontanismo como política oficial para as relações entre o Estado
brasileiro e o poder papal, o que permitiu ao Império ganhar suporte
internacional.
c) fiscal, com a incorporação
integral das demandas federativas do movimento republicano por meio da revisão
dos critérios de tributação provincial e municipal.
d) burocrática, que rompeu as
relações de patronato empregadas para a composição da administração imperial,
com a adoção de um sistema unificado de concursos para preenchimento de cargos
públicos.
e) militar, que abriu espaço
para que o alto-comando do Exército, vitorioso na Guerra do Paraguai, assumisse
um maior protagonismo na gestão dos negócios internos do Império.
Resposta:
[A]
A Reforma Eleitoral que a
questão retrata é a ocorrida em 1881. Ela estabeleceu a eleição direta para
cargos legislativos e a exclusão dos analfabetos do pleito.
No modelo anterior, o voto
era censitário e incluía os analfabetos. Nesse sistema, por critério de renda,
os eleitores paroquiais elegiam os eleitores de província e estes elegiam
os deputados.
No sistema estabelecido a
partir de 1881, os eleitores paroquiais
e os analfabetos foram excluídos, o que levou a uma diminuição drástica do
número de eleitores no Império.
3. Não
nos esqueçamos de que este é um tempo de abertura. Vivemos sob o signo da
anistia que é esquecimento, ou devia ser. Tempo que pede contenção e paciência.
Sofremos todo ímpeto agressivo. Adocemos os gestos. O tempo é de perdão. (...)
Esqueçamos tudo isto, mas cuidado! Não nos esqueçamos de enfrentar, agora, a
tarefa em que fracassamos ontem e que deu lugar a tudo isto. Não nos esqueçamos
de organizar a defesa das instituições democráticas contra novos golpistas
militares e civis para que em tempo algum do futuro ninguém tenha outra vez de
enfrentar e sofrer, e depois esquecer os conspiradores, os torturadores, os
censores e todos os culpados e coniventes que beberam nosso sangue e pedem
nosso esquecimento.
Darcy Ribeiro. “Réquiem”, Ensaios insólitos. Porto Alegre:
L&PM, 1979.
O texto remete à anistia e
à reflexão sobre os impasses da abertura política no Brasil, no período final
do regime militar, implantado com o golpe de 1964. Com base nessas referências,
escolha a alternativa correta.
a) A presença de censores na
redação dos jornais somente foi extinta em 1988, quando promulgada a nova
Constituição.
b) O projeto de lei pela
anistia ampla, geral e irrestrita foi uma proposta defendida pelos militares
como forma de apaziguar os atos de exceção.
c) Durante a transição
democrática, foram conquistados o bipartidarismo, as eleições livres e gerais e
a convocação da Assembleia Constituinte.
d) A lei de anistia aprovada
pelo Congresso beneficiou presos políticos e exilados, e também agentes da
repressão.
e) O esquecimento e o perdão
mencionados integravam a pauta da Teologia da Libertação, uma importante
diretriz da Igreja Católica.
Resposta:
[D]
A Lei de Anistia, aprovada
em 1979, amparava-se em duas proposições: (1) concedia perdão político aos
exilados e (2) eximia de culpa os agentes militares e civis que feriram os
direitos humanos ao longo da vigência do regime.
4. Mas
o pecado maior contra a Civilização e o Progresso, contra o Bom Senso e o Bom
Gosto e até os Bons Costumes, que estaria sendo cometido pelo grupo de
regionalistas a quem se deve a ideia ou a organização deste Congresso, estaria
em procurar reanimar não só a arte arcaica dos quitutes finos e caros em que se
esmeraram, nas velhas casas patriarcais, algumas senhoras das mais ilustres
famílias da região, e que está sendo esquecida pelos doces dos confeiteiros
franceses e italianos, como a arte – popular como a do barro, a do cesto, a da
palha de Ouricuri, a de piaçava, a dos cachimbos e dos santos de pau, a das
esteiras, a dos ex-votos, a das redes, a das
rendas e bicos, a dos brinquedos de meninos feitos de sabugo de milho, de
canudo de mamão, de lata de doce de goiaba, de quenga de coco, de cabeça – que
é, no Nordeste, o preparado do doce, do bolo, do quitute de tabuleiro, feito
por mãos negras e pardas com uma perícia que iguala, e às vezes excede, a das
sinhás brancas.
Gilberto Freyre. Manifesto regionalista (7ª
ed.). Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1996.
De acordo com o texto de
Gilberto Freyre, o Manifesto regionalista, publicado
em 1926,
a) opunha-se ao cosmopolitismo
dos modernistas, especialmente por refutar a alteração nos hábitos alimentares
nordestinos.
b) traduzia um projeto
político centralizador e antidemocrático associado ao retorno de instituições
monárquicas.
c) exaltava os valores
utilitaristas do moderno capitalismo industrial, pois reconhecia a importância
da tradição agrária brasileira.
d) preconizava a defesa do
mandonismo político e da integração de brancos e negros sob a forma da
democracia racial.
e) promovia o desenvolvimento
de uma cultura brasileira autêntica pelo retorno a seu passado e a suas
tradições e riquezas locais.
Resposta:
[E]
O Manifesto Regionalista, escrito em 1926 pelo sociólogo Gilberto Freyre,
encaixa-se na tendência artística nacionalista deflagrada com a Semana de Arte
Moderna, em 1922. Em seu manifesto,
Freire defende a valorização das culturas e práticas regionais Brasil afora,
buscando enaltecer o nacionalismo.
5. Em relação à ética e à
justiça na vida política da Grécia Clássica, é correto afirmar:
a) Tratava-se de virtudes que
se traduziam na observância da lei, dos costumes e das convenções instituídas
pela pólis.
b) Foram prerrogativas
democráticas que não estavam limitadas aos cidadãos e que também foram
estendidas aos comerciantes e estrangeiros.
c) Eram princípios
fundamentais da política externa, mas suspensos temporariamente após a
declaração formal de guerra.
d) Foram introduzidas pelos
legisladores para reduzir o poder assentado em bases religiosas e para estabelecer
critérios racionais de distribuição.
e) Adquiriram importância
somente no período helenístico, quando houve uma significativa incorporação de
elementos da cultura romana.
Resposta:
[A]
A ética e a justiça que pautavam a vida política
na Grécia amparavam-se em dois princípios: a autonomia das pólis (as chamadas cidades-estados
gregas, autônomas entre si) e a participação ativa dos cidadãos (característica
principal da política democrática ateniense).
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