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Da colônia ao primeiro reinado - questões com gabarito comentado



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1.  



Em 2014, foram comemorados os 200 anos da morte do criador das belíssimas peças em pedra sabão, uma das quais é apresentada na imagem acima, sendo a mesma de autoria do mais importante artista brasileiro do período colonial: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814). Ele nasceu em Vila Rica, atual Ouro Preto, e antes dos 50 anos, foi acometido por uma doença degenerativa que atrofiava seu corpo. Mesmo assim, tornou-se um dos maiores mestres do Barroco no Brasil.

O Barroco teve terreno fértil para a expansão em Minas Gerais, pois
a) o enriquecimento provocado pela mineração e a forte religiosidade dos povos das Minas, conjugados com a intensa vida cultural ligada ao catolicismo, favoreceram o desenvolvimento desse estilo artístico na região.   
b) a pouca presença de protestantes na região, por causa da distância do litoral, fez com que não houvesse forte influência desse ramo religioso, deixando caminho livre para a expansão do Barroco, tão ligado ao catolicismo.   
c) fortaleceu-se com os altos investimentos feitos pelo governo português na região, já que por causa da produção aurífera, buscava-se fazer de Minas, e principalmente de Vila Rica, a referência americana para a Europa.   
d) a decadência da produção açucareira no Nordeste e a descoberta do ouro em Minas levaram os principais artistas da Colônia a migrarem para Vila Rica, em busca de financiamento para suas obras e apoio para novos empreendimentos.   
  
2.   Leia o texto a seguir.

Há alguns vocábulos nela (língua tupi) de que não usam senão as mulheres, e outros que não servem senão para os machos; carece de três letras, convém saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei e desta maneira vivem desordenadamente sem terem além disto conta nem peso, nem medida. GÂNDAVO, Pero Magalhães. Do gentio que há nesta Província, da condição e costumes dele e de como se governam na paz. In: História da província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos de Brasil. 1756. Disponível em: . p. 25. Acesso em: 24 set. 2013. (Adaptado).

O texto do viajante português Pero Magalhães Gândavo relaciona língua e organização social. O tipo de relato e os aspectos da colonização no Brasil expressam-se, no texto apresentado,
a) pelo uso da prosa, permitindo o desenvolvimento de um método argumentativo para a comunicação entre os nativos e os colonizadores.   
b) pela diferenciação dos gêneros dos falantes, sugerindo a presença de uma sociedade matriarcal entre os nativos.   
c) pelo caráter descritivo, adequando o considerado exotismo nativo às referências europeias para efetivar a colonização cultural.   
d) pelo conteúdo empírico, buscando complexificar a economia de troca dos tupi-guaranis por meio do ensino de cálculo e planejamento.   
e) pela utilização da crônica, buscando elaborar um tipo de relato pedagógico e moralizante usado nas encenações teatrais jesuíticas.   
  
3.   O conflito armado travado na segunda metade do século XVIII e que ficou conhecido como
Guerras Guaraníticas,
a) foi uma reação dos índios de Sete Povos das Missões, liderados por alguns jesuítas, à ocupação de suas terras e à possível escravização.   
b) ocorreu entre paulistas com o apoio de diversas tribos guaranis e os emboabas, pela hegemonia da extração do ouro das Minas Gerais.   
c) definiu a conquista da Colônia do Sacramento por tropas luso-brasileiras.   
d) provocou a assinatura do Tratado de Lisboa, pelo qual Portugal devolvia a área conhecida como Sete Povos das Missões à Espanha.   
e) abriu caminho para a conquista e ocupação, por parte dos portugueses, da calha do rio Solimões – Amazonas.   
  
4.   Sobre o tratamento dispensado aos índios no período colonial, pode-se afirmar que
a) os colonos de várias regiões do Brasil e os representantes das ordens religiosas, especialmente os jesuítas, entraram em conflitos, pois defendiam formas diversas nas relações com as sociedades indígenas.   
b) as ordens religiosas de origem portuguesa e os grandes proprietários rurais defendiam a escravização indiscriminada dos povos indígenas, mesmo para aqueles que fossem catequizados.   
c) com o início do tráfico negreiro para o Brasil em fins do século XVI, uma ampla legislação do Estado português de proteção aos índios passou a vigorar, cessando de imediato a escravidão indígena.   
d) para a Igreja Católica e para os senhores de escravo, árduos defensores do sentido religioso da colonização do Brasil, a escravização indígena deveria ser um instrumento de conversão religiosa.   
e) a experiência de escravização dos povos indígenas no Brasil foi efetiva em poucas regiões do nordeste, em atividades de menor importância econômica, e apenas nas primeiras décadas da presença lusa.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Com a vinda da Corte, pela primeira vez, desde o início da colonização, configuravam-se nos trópicos portugueses preocupações próprias de uma colônia de povoamento e não apenas de exploração ou feitoria comercial, pois que no Rio teriam que viver e, para sobreviver, explorar “os enormes recursos naturais” e as potencialidades do Império nascente, tendo em vista o fomento do bem-estar da própria população local. (Maria Odila Leite da Silva Dias.
A interiorização da metrópole e outros estudos, 2005.) 

5.   A vinda da Corte portuguesa para o Brasil, ocorrida em 1808 e citada no texto, foi provocada, sobretudo,
a) pelo fim da ocupação francesa em Portugal e pelo projeto, defendido pelos liberais portugueses, de iniciar a gradual descolonização do Brasil.   
b) pela pressão comercial espanhola e pela disposição, do príncipe regente, de impedir a expansão e o sucesso dos movimentos emancipacionistas na colônia.   
c) pelo interesse de expandir as fronteiras da colônia, avançando sobre terras da América Espanhola, para assegurar o pleno domínio continental do Brasil.   
d) pela invasão francesa em Portugal e pela proximidade e aliança do governo português com a política da Inglaterra.   
e) pela intenção de expandir, para a América, o projeto de união ibérica, reunindo, sob a mesma administração colonial, as colônias espanholas e o Brasil.   
  
6.   Leia o fragmento.

Na segunda metade do século XVIII, a preocupação com o “bem governar” era um imperativo tanto para a manutenção do monarca, de modo a que não se fortalecessem outras pretensões de legitimidade, quanto para a conservação do próprio regime, da monarquia absolutista, pois tratava-se de evitar que certas ideias correntes, como governos elegíveis e parlamentos poderosos, tomassem corpo. (...)
(...) o despotismo esclarecido varia de país para país, dependendo de cada processo histórico e de sua abertura ao movimento de ideias da ilustração (...) Antonio Mendes Junior et al. Brasil História: texto e consulta, volume 1, Colônia.
Sobre o fenômeno histórico em referência, no caso de Portugal, é correto considerar que:
a) o atraso econômico português gerava dependência política e militar, colocando em perigo inclusive o império colonial português, e nesse processo ocorreram as reformas pombalinas, que representaram um maior controle português sobre o Brasil.   
b) as autoridades monárquicas portuguesas se anteciparam às ondas revolucionárias do mundo atlântico e criaram metas de aumento da participação das diversas classes sociais nas instâncias de poder, o que gerou o primeiro parlamento na Europa moderna.   
c) coube ao Marquês de Pombal o apontamento de um acordo estratégico com a Inglaterra, concretizado com o Tratado de Methuen, que permitiu a independência econômica de Portugal e regalias para a mais importante colônia lusa, o Brasil.   
d) as ideias iluministas foram abominadas pelas autoridades portuguesas, assim como pelas elites coloniais e metropolitanas, pois representavam um forte retrocesso nas concepções de liberdade de mercado, defendidas pelo mercantilismo.   
e) o contundente crescimento da economia de Angola, por causa do tráfico de escravos e da produção de manufaturados, e da economia açucareira no Brasil, foram decisivos para a opção portuguesa em transferir a sede da Coroa portuguesa para a América.   
  
7.   Em 1720, a Coroa portuguesa decidiu proibir definitivamente a circulação de ouro em pó, instalando a Casa de Fundição em Vila Rica, onde todo o metal extraído das minas deveria ser transformado em barras para depois ser transportado ao litoral.

A medida pretendia acabar com o contrabando e incrementar a arrecadação de impostos, prejudicando os interesses dos proprietários de lavras auríferas, comerciantes e profissionais liberais que recebiam ouro em pó pelos seus serviços, além dos tropeiros que escoavam a produção.

As novas diretrizes foram intensamente discutidas nos bares, nas tavernas, e críticas ferozes eram lançadas, nas rodas de conversa, contra a administração local. Uma revolta se levantaria contra as medidas de controle da Coroa. (Fábio Pestana Ramos e Marcus Vinicius de Morais. Eles formaram o Brasil)

A revolta ocorrida contra as medidas de controle da Coroa portuguesa foi:
a) a Guerra dos Emboabas;         b) a Revolta de Felipe dos Santos;       c) a Inconfidência Mineira;   
d) a Guerra dos Mascates;                              e) a Revolta de Beckman.   
  
8.   A crise política do I Império Brasileiro, que resultou na abdicação de D. Pedro I, teve como cerne a disputa entre a inclinação centralista-absolutista do monarca e a defesa do federalismo pelas elites econômicas regionais. A renúncia do imperador em 1831 resultou:
a) na transferência de poder às elites regionais e aos regentes, ordem política que se mostrou frágil e abriu caminho para levantes oposicionistas e populares.   
b) na transformação imediata de Pedro II em monarca do Reino Português na linha de sucessão da Casa de Bragança.   
c) no fortalecimento de movimentos separatistas regionais, em desacordo com a manutenção do regime monárquico e da escravidão.   
d) no surgimento de grupos políticos republicanos, que seriam embrionários do movimento que promoveu a Proclamação da República em 1889.   
e) na emergência de uma identidade nacional brasileira, em oposição a qualquer posição de mando de autoridades portuguesas em território nacional.   
  
9.   Era “exclusivo do imperador e definido pela Constituição como ‘chave mestra de toda organização política’. Estava acima dos demais poderes”. (COTRIM, 2009).   O texto em epígrafe aborda a criação no Brasil, pela Constituição de 1824, do Poder

a) Moderador.     b) Justificador.         c) Executivo.      d) Judiciário.        e) Legislativo.   
  
10.   A escravatura, que realmente tantos males acarreta para a civilização e para a moral, criou no espírito dos brasileiros este caráter de independência e soberania, que o observador descobre no homem livre, seja qual for o seu estado, profissão ou fortuna. Quando ele percebe desprezo, ou ultraje da parte de um rico ou poderoso, desenvolve- se imediatamente o sentimento de igualdade; e se ele não profere, concebe ao menos, no momento, este grande argumento: não sou escravo. Eis aqui no nosso modo de pensar, a primeira causa da tranquilidade de que goza o Brasil: o sentimento de igualdade profundamente arraigado no coração dos brasileiros.
Padre Diogo Antônio Feijó apud Miriam Dolhnikoff. O pacto imperial, 2005.

O texto, publicado em 1834 pelo Padre Diogo Antônio Feijó,
a) parece rejeitar a escravidão, mas identifica efeitos positivos que ela teria provocado entre os brasileiros.   
b) caracteriza a escravidão como uma vergonha para todos os brasileiros e defende a completa igualdade entre brancos e negros.    
c) defende a escravidão, pois a considera essencial para a manutenção da estrutura fundiária.   
d) revela as ambiguidades do pensamento conservador brasileiro, pois critica a escravidão, mas enfatiza a importância comercial do tráfico escravagista.   
e) repudia a escravidão e argumenta que sua manutenção demonstra o desrespeito brasileiro aos princípios da igualdade e da fraternidade.   
 
Gabarito: 

Resposta da questão 1:
 [A]

O estilo barroco no Brasil é considerado como um “barroco tardio”, pois se desenvolveu apenas no século XVIII (ao contrário do movimento na Europa do século XVI). Uma de suas características é a expressão da religiosidade, parte dela demonstrada a partir da escultura ou da pintura de santos e de cenas religiosas tradicionais que, na Europa, tiveram como um de seus objetivos reforçar o catolicismo em oposição à reforma religiosa protestante.  

Resposta da questão 2:
 [C]

O texto de Pero Magalhães Gândavo é referência importante para estudar o Brasil Colônia. Os relatos dos viajantes europeus sobre a colônia eram carregados de etnocentrismo e europocentrismo, ou seja, os valores europeus eram concebidos como referência e modelo a ser seguido e, desta forma, os nativos e suas culturas eram vistos de maneira negativa e inferiorizada. A cultura europeia era exaltada exatamente para contribuir para o processo de colonização. Vale dizer que a própria Igreja católica através dos padres jesuítas trabalhou para catequizar os nativos. Somente a proposição [C] contempla esta ideia.  

Resposta da questão 3:
 [A]

Os jesuítas da região de Sete Povos não aceitaram os novos tratados assinados entre os governos de Espanha e Portugal, que transferiam a região para o controle português, vendo-o como uma ameaça a autonomia que então gozavam sobre as comunidades indígenas, que foram organizadas e estimuladas a lutar, com o argumento de que as chances de escravização aumentavam dada a ação dos bandeirantes em terras brasileiras.  

Resposta da questão 4:
 [A]

No Brasil colonial ocorreu um intenso conflito entre colonos e jesuítas devido à escravidão dos nativos. Os colonos, ávidos por mão de obra e lucro, defendiam a escravidão dos índios, enquanto os padres jesuítas eram contrários à escravidão e defendiam a catequese dos nativos. Este conflito culminou com a expulsão dos jesuítas em 1759 pelo marquês de Pombal, ministro do rei de Portugal, José I. As demais proposições estão incorretas. A escravidão indígena ocorreu ao longo do período colonial, paralela a escravidão do negro, porém com menor intensidade.  

Resposta da questão 5:
 [D]

A corte portuguesa se transferiu para o Brasil no contexto do Bloqueio Continental. Há que se considerar alguns fatores para essa mudança, como a invasão protagonizada por franceses, as pressões da Inglaterra sobre o governo lusitano e os interesses da Corte em preservar o controle sobre todos os seus territórios na América e África.  

Resposta da questão 6:
 [A]

O fragmento faz referência ao despotismo esclarecido que, no caso de Portugal, se materializou durante o reinado de D. José I (1750-1777), e tendo como seu secretário de governo, o marquês de Pombal. Esse momento foi tão marcante que é comum denominá-lo de Era Pombalina. Para o citado governo português era necessário conter a dependência econômica frente aos britânicos, reforçar o poder do Estado e reorganizar as relações com o Brasil, a principal colônia lusa. Assim, entre outras medidas, houve um estreitamento nas relações coloniais entre Brasil e Portugal, o que gerou um maior controle da metrópole sobre a América portuguesa. Exemplos dessa nova relação são as Companhias de Comércio e a reorganização da política tributária da região das Minas Gerais.  

Resposta da questão 7:
 [B]

O texto marca o início da atividade mineradora no Brasil. Nesse sentido, a existência da data “Em 1720” é um dado importante para o aluno perceber e relacionar o momento colocado pelo texto, bem como a citação da criação das Casas de Fundição, instrumento do controle português e das medidas relativas ao combate do contrabando, provocar a ira dos mineradores, levando à organização da Revolta de Felipe dos Santos em que o principal motivo gerador dessa revolta é a tentativa de abolir a criação deste instrumento de controle e exploração da metrópole portuguesa.
O aluno poderia ser levado a marcar a alternativa [C], a Inconfidência Mineira, que é outra revolta do período da mineração no Brasil, até muito mais conhecida por parte dos alunos, mas o que faz a diferença para o acerto da questão é justamente a data explícita no texto, enquanto a Inconfidência Mineira é datada de 1789.  

Resposta da questão 8:
 [A]

A Constituição Brasileira de 1824 – a primeira do país independente – previa que, para fins de sucessão imperial, se o herdeiro não tivesse maioridade penal, uma regência deveria ser eleita para governar o país até a maioridade do herdeiro. Como Pedro de Alcântara tinha 5 anos quando seu pai abdicou, isso, de fato, ocorreu depois de 1831. Essa estrutura se mostrou frágil, tornando o ambiente político-social muito conturbando, com a eclosão de várias revoltas populares – como a Balaiada, a Sabinada, e outras – o que provocou o chamado Golpe da Maioridade, para que Pedro II pudesse assumir o Império com 14 anos, em 1840.  

Resposta da questão 9:
 [A]

O Poder Moderador foi uma criação da Constituição de 1824, outorgada por D. Pedro I, e dava ao imperador o controle sobre as estruturas políticas e judiciais do país, caracterizando seu governo como centralizador e autoritário.  

Resposta da questão 10:
 [A]

Somente a alternativa [A] está correta. A questão remete ao Período Regencial, 1831-1840. O texto do padre e depois regente Feijó aponta para alguns elementos da escravidão no Brasil. Primeiramente Feijó mostra o aspecto negativo da escravidão ao afirmar “que realmente tantos males acarreta para a civilização e para a moral” em seguida levanta aspecto positivo da escravidão no povo brasileiro quando escreve “criou no espírito dos brasileiros este caráter de independência e soberania, que o observador descobre no homem livre”. A alternativa [A] está condizente com o texto.  


                                      1º Reinado - aula 1






1º Reinado - aula  2





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