Grupo de estudo para provas específicas: https://www.facebook.com/groups/660763183949872/
1. “(...) o desencanto com a Nova República era
provocado principalmente pelo fracasso dos vários planos econômicos que não
conseguiram domar o dragão da inflação. Depois do breve sucesso do Plano
Cruzado, de 1986, a arrancada dos preços disparou, esmagando o poder de compra
dos brasileiros, especialmente dos mais pobres.”
(Marly Motta,
“Rumo ao planalto”. Disponível em
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/especial-nova-republicarumo-
ao-planalto. Acessado em 09/08/2013.)
a) Explique o que é inflação.
b) Quais os efeitos do congelamento de
preços, base do Plano Cruzado, para a economia brasileira do período?
Resposta:
a) A inflação é o aumento
de preços dos produtos que pode ser ocasionada por desequilíbrios econômicos
variados, um deles é a elevação da demanda (consumo) sem ocorrer aumento
proporcional no investimento e na produção. Outros fatores como a atuação de
oligopólios (poucas empresas produzindo um tipo de produto) com formação de
cartel (preços combinados em patamares elevados para obtenção de maior
lucratividade), excesso de protecionismo contra produtos importados e até
fatores ambientais (seca severa com redução da oferta de produtos agrícolas)
podem interferir na elevação dos preços.
b) Em 1986, com a retomada
da democracia no país (Nova República) e durante do governo de José Sarney, foi
implantado o Plano Cruzado para combater a inflação elevada. O congelamento de
preços surtiu resultado apenas no curto prazo, uma vez que a intervenção muito
brusca na economia fracassou. Entre os efeitos do plano, a retenção de produtos
pelos empresários causando desabastecimento de alguns produtos, a troca da
moeda, a pequena melhora da distribuição de renda no período de queda
inflacionária e o posterior retorno da inflação elevada.
2. A região metropolitana do litoral sul paulista é
constituída pelos municípios representados no mapa:
Ao longo do tempo, essa região conheceu
diferentes formas de ocupação territorial e de desenvolvimento. Identifique o
tipo de ocupação territorial e a forma de desenvolvimento que ocorreram, nessa
região, tendo como referência os anos de 1530, 1920, 1950 e 2010.
Resposta:
[Resposta
do ponto de vista da disciplina de Geografia]
O
mapa representa a Região Metropolitana da Baixada Santista na atualidade. Em
1530, a ocupação territorial se dava basicamente por etnias indígenas,
começando a ter a primeira forma de ocupação portuguesa com as primeiras
iniciativas de produção de cana de açúcar na região, concentradas em São
Vicente. Embora já houvesse a presença de portugueses na região para a extração
de pau-brasil em um sistema de feitorias, antes de 1530, é apenas a partir
desta data que de fato passa a haver uma ocupação europeia na região. Em 1920,
no contexto de intensa imigração europeia para o Brasil, a ocupação se dá
principalmente pelo estabelecimento do porto de Santos e consequente escoamento
da produção cafeeira do Oeste Paulista para exportação. Neste momento, ocorre
uma urbanização mais intensa de Santos e São Vicente e também surgem novos
núcleos urbanos ao longo do litoral. Em 1950, devido ao crescimento industrial
do país, a ocupação urbana da região se torna mais efetiva com a criação do
polo industrial de Cubatão, com indústria siderúrgica (Cosipa) e indústrias
petroquímicas. A urbanização e a industrialização avançaram sobre espaços
ocupados por populações indígenas, como os guarani, restringindo cada vez mais
os seus territórios. Também avançou o processo de desmatamento dos biomas de
Mata Atlântica e Formações Litorâneas (Mangue e Restinga). Em 2010,
consolida-se a Região Metropolitana da Baixada Santista a partir da interação
socioeconômica entre as cidades e do fenômeno da conturbação. A região
constitui um importante polo industrial, terciário (serviços, comércio e turismo)
e portuário, que tende a ser dinamizado com a perspectiva de exploração do
petróleo da camada pré-sal. Um dos fenômenos mais recentes é o avanço da
especulação imobiliária e o agravamento de problemas de mobilidade urbana, além
dos problemas socioambientais.
[Resposta
do ponto de vista da disciplina de História]
O mapa retrata a Região
Metropolitana da Baixada Santista. Em 1530 havia diversas etnias indígenas na
região. Porém, neste contexto, o comércio das especiarias entrou em declínio e
Portugal enviou para o Brasil Martim Afonso de Souza para viabilizar o processo
de colonização portuguesa. Daí surgiu as Capitanias hereditárias que dividiram
o Brasil em lotes de terras. Nesta região se estabeleceu a Capitania de São
Vicente que se destacou na produção da cana de açúcar. Em 1920, no contexto da
República Velha, 1889-1930, havia uma política de incentivo a imigração
europeia para o Brasil intensificando a ocupação na região. O Porto de Santos
se destacou para escoar a produção de café do “Oeste Paulista”. Na década de
1950, no segundo governo de Vargas, 1950-1954, e no governo de JK, 1956-1960,
ocorreu um forte crescimento industrial gerando forte ocupação da região.
Surgiu um polo industrial através de siderúrgica e petroquímica. Esta
modernização contribui para dizimar culturas e povos nativos. Em 2010,
consolidou-se a Região Metropolitana da Baixada Santista como grande polo
industrial, do setor terciário e com uma tendência a se intensificar devido à
exploração da camada pré-sal.
3. Analise a fotografia e leia
a carta a seguir.
Ilmo. Sr. Francisco de Souza
Aspiro boa saúde com a Exma. Família. Tendo
eu frequentado uma fazenda sua deliberei, saudando-o em uma cartinha, pedir um
cobrezinho. Basta dois contos de réis. Eu reconheço que o senhor não se
sacrifica com isto e eu ficarei bem agradecido e não terei razão de lhe odiar
nem também a gente de Virgulino terá esta razão.
Sem mais do seu criado, obrigado.
Hortêncio, vulgo Arvoredo, rapaz de
Virgulino.
A TARDE. 20
jan. 1931. In: Coletânea de documentos históricos para o primeiro grau. São
Paulo: SE/CENP, 1980, p. 51.
A fotografia e a carta apresentadas remetem
ao cotidiano do Cangaço brasileiro, entre as décadas de 1920 e 1930. Nesse
contexto, esse fenômeno social era interpretado pelo Estado brasileiro, que o
combatia, como símbolo de desordem social. Diante do exposto, explique uma
característica
a) associada ao Cangaço brasileiro, presente
na carta;
b) atribuída, na
fotografia, ao Cangaço e aos cangaceiros.
Resposta:
a) A Carta não é uma forma
usual de apresentação do Cangaço, entendido normalmente como a ação violenta de
um bando armado. Através da carta, há um pedido formal de dinheiro – cobrezinho
– com uma ameaça velada, na medida em que sugere que, realizado o pagamento,
não haverá problema com os homens de Virgulino (lampião).
b) A fotografia retrata uma
imagem convencional dos cangaceiros - a de bando armado.
4. Leia o texto a seguir.
Espera-se colonizar com os chineses, os
coolies, os malaios e todas essas raças degeneradas do oriente, sorte de lepra
humana? Já se experimentou a espécie do Celeste Império. Que produziu ela? O
Brasil, de resto, já está farto dessas famílias mescladas e bastardas que não
constituem um povo. O que lhe falta é sangue, a atividade, a ciência da Europa.
(RIBEYROLLES apud
DEZEM, R. Matizes do “amarelo” : a gênese dos discursos sobre os
orientais no Brasil (1878-1908). São Paulo: Associação Editorial Humanitas,
2005. p.51.)
Nesse texto, o jornalista francês Charles
Ribeyrolles refere-se à imigração de chineses para o Brasil nos anos 1850 com o
objetivo de atender à necessidade de mão de obra na lavoura.
Com base na citação e nos conhecimentos a
respeito da história do Brasil, responda aos itens a seguir.
a) Analise a posição assumida por
Ribeyrolles quanto à imigração chinesa para o Brasil.
b) Cite e explique um posicionamento
semelhante ao relatado no texto em relação a outro grupo social, considerando a
história do Brasil.
Resposta:
a) A elite brasileira herdou da Europa um racismo.
O depoimento do jornalista francês Ribeyrolles externa uma argumentação
racista, contrária à imigração chinesa para o Brasil no século XIX, uma vez que
os chineses seriam, segundo a visão do autor, inferiores racial, moral e
culturalmente. Desse ponto de vista, a miscigenação levaria à degradação do
brasileiro, devendo ser evitada para a constituição de um povo. A preferência
do jornalista era pelo imigrante europeu, considerado mais saudável e evoluído.
b) Desde o início da colonização do Brasil imperava
um racismo exacerbado em relação aos negros e índios. A elite agrária
brasileira, branca, foi se consolidando e, pautada no etnocentrismo, foi
produzindo discursos e práticas racistas. Basta observar na segunda metade do
século XIX, no período do II Reinado quando ocorreu a transição do trabalho
escravo para o trabalho livre assalariado. A elite agrária brasileira
necessitando de mão de obra para a lavoura de café poderia substituir a
escravidão pelo trabalho livre dos índios ou dos próprios negros na condição de
trabalhador livre (até mesmo os nordestinos considerando que aquela região
estava em crise econômica desde o final do século XVII). No entanto, optou pelo
imigrante europeu acreditando que este era superior do ponto de vista moral,
racial e cultural.
5.
Angelo Agostini (1833-1910) expressou sua
crítica a D. Pedro II em uma caricatura publicada na Revista Ilustrada, em 1887.
a) Conforme a imagem, qual é a crítica de
Agostini ao Imperador?
b) Indique e explique um
processo que expresse a situação de crise vivida no final do Império.
Resposta:
a) Angelo Agostini
criticava o imobilismo do Imperador diante dos problemas enfrentados pelo
Império brasileiro no final da década de 1880.
b) A crise vivida pelo
Império pode ser explicada por uma série de fatores, a saber: transformações
socioeconômicas derivadas da expansão cafeeira, imigração estrangeira, fim do
tráfico negreiro, crescimento da campanha abolicionista, e o aumento do
movimento republicano.
6.
“Explicar a Guerra do Paraguai como tendo sido resultado da ação do
imperialismo inglês carece de base documental. É, antes, resultado de bandeiras
das lutas políticas dos anos [18]60 e [18]70 – como o antiamericanismo e o
terceiro-mundismo –, projetadas na análise do passado (...)”.
(DORATIOTO, Francisco. A Guerra do
Paraguai: 2ª visão. São Paulo: Brasiliense, 1991. p. 79).
Discuta
a afirmação do historiador, apresentando ao menos duas diferentes
interpretações sobre os motivos da Guerra do Paraguai ou Guerra da Tríplice
Aliança.
Resposta:
Podemos citar duas
vertentes de explicação:
1. Desejo inglês de impedir
que o bem sucedido projeto econômico paraguaio (ausência de dívida externa,
ausência de analfabetismo) se espalhasse pelo resto da América;
2. Disputas referentes à
Bacia Platina, que envolvia Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, e o desejo
paraguaio de “abrir” caminho para o Oceano através da tomada de territórios de
Brasil, Argentina e Uruguai.
7. É particularmente no
Oeste da província de São Paulo – o Oeste de 1840, não o de 1940 – que os
cafezais adquirem seu caráter próprio, emancipando-se das formas de exploração
agrária estereotipadas desde os tempos coloniais no modelo clássico da lavoura
canavieira e do “engenho” de açúcar.
(Sérgio Buarque
de Holanda. Raízes do Brasil, 1987.)
Cite duas semelhanças e duas diferenças
significativas entre a exploração agrária cafeeira no Oeste paulista do século
XIX e a que predominou na lavoura canavieira no Nordeste colonial.
Resposta:
Semelhanças: o aluno pode citar, entre outros, o latifúndio, a
monocultura visando o mercado externo.
Diferenças: o aluno pode citar, entre outros: em São Paulo surgiu uma elite que
podemos denominar de “burguesia cafeeira paulista” com mentalidade empresarial
e empreendedora vinculada ao capitalismo internacional (bem diferente da elite
tradicional do nordeste colonial). No nordeste colonial prevaleceu a utilização
do trabalho escravo africano enquanto em São Paulo ocorreu a transição do
trabalho escravo para o trabalho livre com a chegada dos imigrantes.
8. A transformação do Rio
de Janeiro em corte real começou apenas dois meses antes da chegada do príncipe
regente, quando notícias do exílio real – tão “agradáveis” quanto “chocantes”,
cheias de “sustos e alegrias” – foram recebidas. Entretanto, como descobriram
os residentes da cidade, os preparativos iniciais para acomodar Dom João e os
exilados marcaram apenas o começo da transformação do Rio de Janeiro em corte
real, pois o projeto de construir uma “nova cidade” e capital imperial perdurou
por todo o reinado brasileiro do príncipe regente. Construir uma corte real
significava construir uma cidade ideal; uma cidade na qual tanto a arquitetura
mundana como a monumental, juntamente com as práticas sociais e culturais dos
seus residentes, projetassem uma imagem inequivocamente poderosa e virtuosa da
autoridade e do governo reais.
(Kirsten
Schultz. Versalhes tropical, 2008. Adaptado.)
Explique o principal motivo da transferência
da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808, e indique duas mudanças importantes
por que o Rio de Janeiro passou para receber e abrigar a família real.
Resposta:
Havia uma disputa na Europa
entre Inglaterra e França pela hegemonia sobre o mundo. Desde o século XVI, a
Inglaterra foi derrotando as nações europeias. No século XVI, 1588, a
Inglaterra superou a famosa “invencível armada” de Filipe II da Espanha. Em
meados do século XVII, a Inglaterra venceu a Holanda no contexto do “Ato de
Navegação”. Venceu também a França na “Guerra dos Sete Anos”, entre 1756-1763.
Assim, no início do século XIX, Napoleão Bonaparte, imperador da França montou
um império na Europa. Tentando enfraquecer a Inglaterra, Napoleão criou em 1806
o famoso Bloqueio Continental visando isolar sua rival que passava pela Revolução
Industrial e necessitava de mercado. A Inglaterra, em busca de mercado, apoiou
a transferência da corte portuguesa para o Brasil visando afastá-la de uma
ameaça francesa e, também, abrir o mercado brasileiro para os produtos
ingleses. Em 1808, a corte portuguesa chegou ao Brasil. O Rio de Janeiro,
capital do Brasil, foi a cidade escolhida para sediar a corte. Inúmeras
mudanças ocorreram o Brasil, entre elas: Criação do Banco do Brasil e da
imprensa régia, jardim botânico, teatro, faculdade de medicina, biblioteca e a
chegada da “Missão Francesa”, entre outros.
Crise no Prata e guerra do Paraguai. Aprofundando o tema.
Comentários
Postar um comentário