1.
(Uerj 2013) Nota
intitulada “Urbano ou rural?” foi destaque na coluna Radar, na revista Veja. Ela apresenta o caso extremo de União da Serra (RS), município de
1900 habitantes, dos quais 286 são considerados urbanos. A reportagem da
revista apontou as seguintes evidências: a) a totalidade dos moradores
sobrevive de rendimentos associados à agropecuária; b) a “população” de
galinhas e bois é 200 vezes maior que a de pessoas; c) nenhuma residência é
atendida por rede de esgoto; d) não há agência bancária.
JOSÉ ELI DA
VEIGA
Adaptado de www.zeeli.pro.br.
A situação descrita no texto ocorre porque,
no Brasil, a classificação oficial de uma aglomeração urbana se dá
exclusivamente a partir do seguinte critério:
a) hierárquico-funcional
b) econômico-financeiro
c) político-administrativo
d) demográfico-quantitativo
Resposta:
[C]
INCORRETO. O critério hierárquico-funcional estabelece a posição da
cidade na escala da hierarquia urbana, determinada pelo seu grau de influência
ou polarização.
INCORRETO. O desenvolvimento econômico-financeiro de uma cidade
estabelece sua posição na hierarquia urbana.
CORRETO. Embora a área citada no texto apresente características de
zonas rurais, caso seja comprovada a função político-administrativa, ela passa
a ser considerada aglomeração urbana.
INCORRETO. A população absoluta ou relativa da cidade define sua
categoria na hierarquia urbana.
2.
(Uerj 2013) Depois de
aguardar por uma década, o Rio de Janeiro se tornou a primeira cidade do mundo
a receber o título de Patrimônio Mundial como paisagem cultural concedido pela
UNESCO. O conceito de paisagem cultural passou a ser utilizado a partir de 1992
e se aplica a locais onde a interação humana com o meio ambiente ocorre de
forma harmônica. Até o momento, as regiões reconhecidas mundialmente nessa
categoria relacionaram-se a áreas rurais, sistemas agrícolas tradicionais,
jardins históricos e outros locais de cunho simbólico, religioso e afetivo.
Adaptado de O Globo 02/07/2012.
Os processos de patrimonialização
acentuaram-se ao longo dos últimos trinta anos, incorporando inclusive novas
categorias, como a de “paisagem cultural”.
Para o caso do Rio de Janeiro, a manutenção
da harmonia entre ocupação humana e meio ambiente no espaço urbano deve ser
garantida, principalmente, por meio de:
a) flexibilização da
legislação das regiões sujeitas a proteção ambiental
b) desapropriação das áreas de
encostas existentes na região metropolitana
c) preservação dos conjuntos
de logradouros dotados de atrativos naturais
d) reordenamento das áreas
litorâneas marcadas pela expansão imobiliária
Resposta:
[C]
INCORRETO. Caso haja flexibilização das leis ambientais, haverá maior
impacto sobre o meio natural.
INCORRETO. A instituição do patrimônio via “paisagem cultural” não é
determinada pela desocupação das encostas.
CORRETO. A harmonia da ocupação humana e do meio ambiente deve ser
mantida pela preservação das áreas que definiram a patrimonialização, como o
Pão de Açúcar e o Corcovado.
INCORRETO. Embora a expansão imobiliária cause impacto sobre os biomas
litorâneos, a preservação da paisagem cultural se define pelas áreas em que
houve a produção da sociedade.
3.
(Uerj 2013) Perimetral
O viaduto da Perimetral liga o bairro do
Caju até a região da Praça XV, no Centro do Rio de Janeiro. A obra foi iniciada
no final dos anos 1950, no governo do prefeito Negrão de Lima. O trânsito de
veículos na cidade aumentava a cada dia, e a construção do elevado aliviaria as
ruas do Centro. É uma das mais importantes vias da cidade, permitindo o acesso
à Avenida Brasil, à ponte Rio-Niterói e ao aeroporto Santos Dumont. Estima-se
que mais de 40 mil veículos passem pela Perimetral todos os dias.
Adaptado de
www.historiadorio.com.br.
Porto
Maravilha
Porto Maravilha é um projeto da Prefeitura
do Rio de Janeiro, com apoio dos governos estadual e federal. As obras da
primeira fase incluem a construção de novas redes de água, esgoto e drenagem
nas avenidas Barão de Tefé e Venezuela, além da urbanização do Morro da
Conceição e da restauração do Jardim Suspenso do Valongo. Outras mudanças
programadas: demolição parcial do viaduto da Perimetral, transformação da
Avenida Rodrigues Alves em via expressa, criação de uma nova rota, chamada
provisoriamente de Binário do Porto, e reurbanização de 70 km de vias.
Adaptado de
portomaravilha.com.br.
Os textos referem-se a duas transformações
na cidade do Rio de Janeiro nos últimos sessenta anos: a construção do viaduto
da Perimetral, na década de 1950, e, na atualidade, sua demolição parcial,
prevista nas obras do projeto Porto Maravilha. Esses dois momentos evidenciam a
seguinte mudança nas políticas de planejamento urbano:
a) interação entre ocupação
fabril e modernização dos serviços
b) integração entre equilíbrio
ambiental e ampliação dos espaços públicos
c) compatibilização entre
controle da poluição e redução das estruturas viárias
d) equiparação entre
desenvolvimento do setor de serviços e expansão das áreas de lazer
Resposta:
[B]
Como
mencionado corretamente na alternativa [B], a análise dos textos indica o
processo de reurbanização na cidade do Rio de Janeiro, em que, em um primeiro
momento, o objetivo era a organização da rede viária e no momento atual, o
planejamento é direcionado aos projetos que integram saneamento, espaços de
lazer e racionalização do tráfego da cidade. Estão incorretas as alternativas:
[A], porque os textos não se referem ao sistema produtivo; [C], porque o
objetivo não é reduzir as estruturas viárias, mas modificá-las; [D], porque não
há menção ao sistema produtivo das cidades.
4.
(Uerj 2013) O assassinato
do líder seringueiro Chico Mendes, em 1988, deu expressão internacional à
pequena cidade de Xapuri, no Acre, e voltou o olhar do mundo para milhares de
cidadãos que fazem da extração do látex seu sustento e do Vale Amazônico sua
morada. O que poucos sabem é que esse foi apenas mais um capítulo da saga da
borracha. Durante a Segunda Guerra Mundial, um exército de retirantes foi
mobilizado com pulso firme, propaganda forte e promessas delirantes para
deslocar-se rumo à Amazônia e cumprir uma agenda do Estado Novo. Ao fim do
conflito, em 1945, os migrantes que sobreviveram às durezas da selva foram
esquecidos no Eldorado. Passadas décadas, os soldados da borracha hoje lutam
para receber pensão equivalente à dos ex-pracinhas.
Adaptado de revistaepoca.globo.com, 18/04/2011.
A extração de recursos naturais da Floresta
Amazônica, como o látex, ainda hoje se insere em um contexto de problemas
sociais, relacionados principalmente ao seguinte fator:
a) escassez de mão de obra
qualificada
b) precariedade das condições
de trabalho
c) insuficiência dos sistemas
de transporte
d) insalubridade da
infraestrutura habitacional
Resposta:
[B]
Como
mencionado corretamente na alternativa [B], a precariedade das relações
trabalhistas resultantes dentre outras, de rendimentos insuficientes que
garantam a ascensão econômica e social, é o principal problema desse sistema
produtivo que, embora antigo e tradicional, não apresentou alterações. Estão incorretas
as alternativas: [A], porque a extração não demanda a qualificação da mão de
obra; [C], porque embora a deficiência nas vias de circulação seja uma
característica da área, não se constitui como cerne dos problemas sociais; [D],
porque apesar das condições insalubres, inclusive habitacionais, o problema
gerado pela extração do látex é a manutenção da pobreza.
5.
(Uerj 2013) Rússia e
China rejeitam ameaça de guerra contra Irã
A Rússia e a
China manifestaram sua inquietude com relação aos comentários do chanceler
francês, Bernard Kouchner, sobre a possibilidade de uma guerra contra o Irã.
Kouchner acusou a imprensa de “manipular” suas declarações. “Não quero que usem
isso para dizer que sou um militarista”, disse o chanceler, dias antes de os cinco
membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – França, China, Rússia,
Reino Unido e Estados Unidos – se reunirem para discutir possíveis novas
sanções contra o Irã por causa de seu programa nuclear.
Adaptado de
www.estadao.com.br, 18/09/2007.
O Conselho de Segurança da ONU pode aprovar
deliberações obrigatórias para todos os países-membros, inclusive a de
intervenção militar, como ilustra a reportagem. Ele é composto por quinze
membros, sendo dez rotativos e cinco permanentes com poder de veto.
A principal explicação para essa
desigualdade de poder entre os países que compõem o Conselho está ligada às
características da:
a) geopolítica mundial na
época da criação do organismo
b) parceria militar entre as
nações com cadeira cativa no órgão
c) convergência diplomática
dos países com capacidade atômica
d) influência política das
transnacionais no período da globalização
Resposta:
[A]
CORRETO. A ONU foi criada em 1945, ao término da 2ª guerra mundial, e,
portanto, o Conselho de Segurança, seu órgão de maior poder, passa a ser
controlado por meio do poder de veto (votação onde não há maioria simples)
pelas potências vencedoras do conflito.
INCORRETO. A composição dos membros permanentes com direito ao veto não
se constituiu em razão da parceria militar, em que, ao contrário, nas décadas
da guerra fria, indicaram oposição.
INCORRETO. Os cinco países que formam a Conselho de segurança como membros permanente são nuclearmente armados, pois fizeram seus primeiros testes antes de 1967, data limite para o TNP (tratado de não proliferação) de 1968. Essa característica não pode ser apontada como responsável pela desigualdade de poder entre os 15 membros do CSNU. A diferença está no poder de veto concedido apenas aos cinco permanentes que são os possuidores de armas nucleares. (EUA, R. Unido, França, Rússia e China.
Obs: além dos cinco países há outros Estados possuidores de armas nucleares, mas não reconhecidos pelo TNP.
ex: Índia, Paquistão, Coréia do Norte e Israel que não nega e nem confirma possuí-las.
Obs: além dos cinco países há outros Estados possuidores de armas nucleares, mas não reconhecidos pelo TNP.
ex: Índia, Paquistão, Coréia do Norte e Israel que não nega e nem confirma possuí-las.
INCORRETO. A ONU não foi criada na década de 1990, período da
globalização.
6.
(Uerj 2012) Artigo 25, parágrafo 3º -
Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos
de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a
execução de funções públicas de interesse comum.
Constituição da
República Federativa do Brasil
www.planalto.gov.br
O Brasil possui atualmente três Regiões
Integradas de Desenvolvimento − RIDE, um tipo especial de região metropolitana
que só pode ser instituída por legislação federal. Esta característica é
explicada pelo fato de a integração decorrente das RIDE estar associada a:
a) unidades estaduais
diferentes
b) áreas de fronteira internacional
c) espaços de preservação
ambiental
d) complexos industriais
estratégicos
Resposta:
[A]
A criação das
RIDE’s é uma ação integrada dos entes federativos – União, Estados e Municípios
– cujo objetivo é a promoção do desenvolvimento econômico e redução das
desigualdades sociais de regiões marcadas por uma estagnação socioeconômica.
Essas regiões passam a ter prioridades nos investimentos dos recursos públicos
com atuação conjunta dos entes da federação. Atualmente existem três RIDE’s: do
Distrito Federal (Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais), Petrolina-Juazeiro (Bahia
e Pernambuco) e
da Grande Teresina (Piauí e Maranhão).
7.
(Uerj 2012) O
município de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, dedica-se à
moda íntima, sendo um dos quatro projetos-pilotos priorizados pelo Sebrae para
servir de modelo ao desenvolvimento de iniciativas semelhantes no país.
O núcleo de Nova
Friburgo, que emprega diretamente cerca de 20.000 pessoas, surgiu a partir de
pequenas iniciativas de produção. Hoje, são 800 empreendimentos, agora
gradativamente envolvidos em ações solidárias de mútuo desenvolvimento. Alguns
deles estão reunidos em quatro consórcios exportadores.
Adaptado de http://revistapegn.globo.com
Os padrões de localização industrial
vêm se alterando desde o início da Revolução Industrial, à medida que novas
tecnologias e formas de gestão são desenvolvidas.
A reportagem acima
exemplifica um padrão atual de localização industrial denominado:
a) Arranjo Produtivo Local
b) Zona Econômica Especial
c) Distrito Central de
Negócios
d) Plataforma de Exportação
Industrial
Resposta:
[A]
[A] CORRETA - O enunciado
cita a aglomeração de empresas em um mesmo espaço geográfico e uma mesma
especialização produtiva, que se articulam aumentando sua inserção no mercado,
conceito que define o APL ou Arranjo Produtivo Local. Essa prática é uma forma
de ampliar a competitividade de empresas no mercado global e é encontrada em
grande parte dos países.
[B] INCORRETA - Zonas
Econômicas Especiais ou ZEE’s são territórios delimitados dentro dos países,
cuja legislação tributária, fiscal e aduaneira que difere do resto do país,
busca ampliar a atração de investimentos produtivos (empresas) e a exportação
de produtos alavancando assim o crescimento da economia dos países.
[C] INCORRETA - Distrito
Central de Negócios é um modelo de organização espacial onde em uma cidade é
possível definir um espaço composto pela centralização das atividades
financeiras, sedes de empresas e órgãos públicos; grande verticalização;
polarização de transportes e infovias; e mercado imobiliário valorizado.
[D] INCORRETA - Plataformas
de Exportação são países ou territórios que atraem investimentos produtivos
(empresas e indústrias) oferecendo incentivos como subsídios fiscais,
legislação ambiental flexível, infraestrutura portuária e de transportes, mão
de obra abundante e barata, e produção voltada à exportação.
8.
(Uerj 2012) Parece improvável, mas é
verdade: o Polo Norte Magnético está se movendo mais depressa do que em
qualquer outra época da história da humanidade, ameaçando mudar de meios de
transporte a rotas tradicionais de migração de animais. O ritmo atual de
distanciamento do norte magnético da Ilha de Ellesmere, no Canadá, em direção à
Rússia, está fazendo as bússolas errarem em cerca de um grau a cada cinco anos.
Adaptado de O Globo, 08/03/2011
O fenômeno natural descrito acima não afeta
os aparelhos de GPS - em português, Sistema de Posicionamento Global. Isso se
explica pelo fato de esses aparelhos funcionarem tecnicamente com base na:
a) recepção dos sinais de
rádio emitidos por satélites
b) gravação prévia de mapas
topográficos na memória digital
c) programação do sistema com
as tabelas da variação do Polo Norte
d) emissão de ondas captadas
pela rede analógica de telefonia celular
Resposta:
[A]
O
deslocamento do Polo Magnético não afeta os aparelhos do GPS, porque o
funcionamento destes está relacionado à utilização da rede de satélites em
órbita que emitem sinais de rádio. O deslocamento do Polo Magnético afeta as
bússolas.
9.
(Uerj 2012) Quando
os auditores do Ministério do Trabalho entraram na casa de paredes descascadas
num bairro residencial da capital paulista, parecia improvável que dali sairiam
peças costuradas para uma das maiores redes de varejo do país. Não fossem as
etiquetas da loja coladas aos casacos, seria difícil acreditar que, através de
uma empresa terceirizada, a rede pagava 20 centavos por peça a imigrantes
bolivianos que costuravam das 8 da manhã às 10 da noite.
Os 16
trabalhadores suavam em dois cômodos sem janelas de 6 metros quadrados cada um.
Costurando casacos da marca da rede, havia dois menores de idade e dois jovens
que completaram 18 anos na oficina.
Adaptado de Época, 04/04/2011.
A
comparação entre modelos produtivos permite compreender a organização do modo
de produção capitalista a cada momento de sua história. Contudo, é comum
verificar a coexistência de características de modelos produtivos de épocas
diferentes.
Na
situação descrita na reportagem, identifica-se o seguinte par de
características de modelos distintos do capitalismo:
a) organização fabril do
taylorismo – legislação social fordista
b) nível de tecnologia do
neofordismo – perfil artesanal manchesteriano
c) estratégia empresarial do
toyotismo – relação de trabalho pré-fordista
d) regulação estatal do
pós-fordismo – padrão técnico sistêmico-flexível
Resposta:
[C]
Ao citar a produção das
peças para uma das maiores redes de varejo do país, o texto faz referencia à
terceirização, característica da terceira revolução industrial, cujo sistema
produtivo é o toyotismo. Ao mencionar as condições insalubres e informais de
trabalho, o texto indica características da produção pré-fordista, ou seja, as
relações trabalhistas da 1ª revolução industrial.
10.
(Uerj 2012) No início de 2011, o mundo
assistiu apreensivo e esperançoso ao sopro de inconformismo no mundo árabe.
Manifestantes contaram com a ajuda, em graus a serem precisados, de componentes
cada vez mais comuns em situações desse tipo: a internet e o telefone celular.
Na Tunísia, ativistas utilizaram Twitter e Facebook para organizar protestos.
No Egito, blogs e também as redes sociais. Os episódios reaquecem o debate
sobre qual é, afinal, o potencial dessas tecnologias quando o assunto é
ativismo político e opõem dois grupos de analistas: os ciberutópicos, que acham
que blogs e celulares tudo podem, e os cibercéticos, que pensam o contrário. A
revolução pode não ser tuitada, no sentido de que um Twitter só não faz a
revolução. Mas as que acontecerem no século XXI, é certo, passarão pelo Twitter
e similares.
Adaptado de http://veja.abril.com.br, 28/01/2011
A reportagem apresenta uma
reflexão acerca das possibilidades e limitações do uso das novas tecnologias no
ativismo político no mundo atual.
As limitações existentes
para o emprego dessas tecnologias são justificadas basicamente pela:
a) disparidade regional quanto
aos níveis de alfabetização
b) hierarquização social
relativa ao acesso às redes virtuais
c) censura da mídia em função
do intervencionismo governamental
d) dispersão populacional
devido às grandes extensões territoriais
Resposta:
[C]
Tomando como referência o
ativismo político, a limitação do uso das redes sociais é resultado da censura
dos governos ditatoriais, como citado corretamente na alternativa [C]. As
diferenças demográficas indicadas nas alternativas [A], [B] e [D] em nível
educacional, social ou de povoamento, não se constituem nesse contexto como
fatores limitantes.
11.
(Uerj 2013) A carteira
profissional
Por menos que pareça e por mais trabalho que
dê ao interessado, a carteira profissional é um documento indispensável à
proteção do trabalhador.
Elemento de qualificação civil e de
habilitação profissional, a carteira representa também título originário para a
colocação, para a inscrição sindical e, ainda, um instrumento prático do
contrato individual de trabalho.
A carteira, pelos lançamentos que recebe,
configura a história de uma vida. Quem a examina logo verá se o portador é um
temperamento aquietado ou versátil; se ama a profissão escolhida ou ainda não
encontrou a própria vocação; se andou de fábrica em fábrica, como uma abelha,
ou permaneceu no mesmo estabelecimento, subindo a escala profissional. Pode ser
um padrão de honra. Pode ser uma advertência.
ALEXANDRE
MARCONDES FILHO
Texto impresso
nas Carteiras de Trabalho e Previdência Social.
Alexandre Marcondes Filho foi ministro do
trabalho do governo de Getúlio Vargas, entre 1941 e 1945. Seu texto, impresso nas
carteiras de trabalho, reflete as políticas públicas referentes à legislação
social que vinha sendo implementada naquela época.
Duas características dessa legislação estão
indicadas em:
a) garantia da estabilidade de
emprego / liberdade de associação
b) previsão de assistência
médica / intensificação do controle sindical
c) proibição do trabalho
infantil / regulamentação do direito de greve
d) concessão de férias
remuneradas / qualificação do trabalhador rural
Resposta:
[B]
Durante o Estado
Novo, a política varguista preservou as características populistas, marcadas
pelo assistencialismo e pelo controle sobre os sindicatos. Esse modelo de
relação entre o Estado e os trabalhadores foi denominado populismo. A Carteira
de Trabalho foi instituída em 1932 apenas para os trabalhadores urbanos e
reforçou a ideia de que o governo protegia os trabalhadores e lhes dava
garantias mínimas.
12.
(Uerj 2013) Guerra das
Malvinas ainda divide Argentina e Inglaterra após 30 anos
No dia 2 de abril de 2012, o início da
guerra pelo controle das Ilhas Malvinas completou 30 anos. O conflito, que
durou dois meses e meio, marcou uma geração de argentinos e britânicos. Para os
britânicos, elas são Falkland Islands; para os argentinos, Ilhas Malvinas. No mapa,
a distância para o continente sul-americano é pequena. Mas, na prática, a
viagem é longa. É um voo por semana, que parte do Chile. Assim, quem sai da
Argentina tem que seguir primeiro para Santiago. Quase oito horas depois,
chega-se ao destino. A catedral é anglicana. O pastor prega em inglês, a língua
oficial, apesar de o espanhol constar do currículo escolar. Os jovens entre 16
e 17 anos podem ir para a Inglaterra cursar uma faculdade. Tudo por conta do
governo britânico. São 3 mil habitantes, 62 nacionalidades, mas só 29
argentinos.
Adaptado de
http://g1.globo.com.
Ocupadas pelos britânicos a partir da década
de 1830, ainda hoje, como mostra a reportagem, as ilhas mencionadas são alvo de
disputas entre Reino Unido e Argentina. A polêmica sobre o controle dessas
ilhas é acentuada, na atualidade, pela seguinte característica da sociedade
local:
a) persistência das
rivalidades entre as etnias latinas e europeias
b) isolamento da economia em
contexto de globalização capitalista
c) vigência de costumes em
oposição aos ideais pan-americanistas
d) valorização do nacionalismo
por meio da defesa da identidade cultural
Resposta:
[D]
O domínio
britânico existe há quase dois séculos, mas o nacionalismo da população local
foi reforçado desde a Guerra das Malvinas, em 1982, quando a Argentina
pretendeu recuperar a posse do território.
13.
(Uerj 2013) O direito ao
solo e à terra pode se tornar um dever quando um grande povo, por falta de
extensão, parece destinado à ruína. Ou a Alemanha será uma potência mundial ou
então não será. Mas, para se tornar uma potência mundial, ela precisa dessa
grandeza territorial que lhe dará na atualidade a importância necessária e que
dará a seus cidadãos os meios para existir. O próprio destino parece querer nos
apontar o caminho.
Adolf Hitler
Minha luta, 1925.
Adaptado de
FERREIRA, Marieta de M. e outros. História em curso: da Antiguidade à
globalização. São Paulo: Editora do Brasil; Rio de Janeiro: FGV, 2008.
As ideias contidas no projeto político do
nazismo buscavam solucionar os problemas enfrentados pela Alemanha após o fim
da Primeira Guerra Mundial.
Uma dessas ideias, abordada no texto, está
associada ao conceito de:
a) xenofobia
b) espaço vital
c) purificação racial
d) revanchismo militar
Resposta:
[B]
A “teoria do
espaço vital” foi uma das bases para a política expansionista de Hitler e
responsável pela eclosão da Segunda Guerra. Ela está impregnada pelos conceitos
de imperialismo do século XIX, caracterizado pelo domínio territorial de
regiões fora da Europa, e, após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi
punida, perdendo seus territórios colônias, entendidos como as principais
fontes de riqueza para as potências econômicas do período.
14.
(Uerj 2013) A despeito da diversidade e
das distâncias regionais, um fenômeno é sempre mencionado quando se trata do
Brasil: uma única língua oficial, o português, é reconhecida em todo país. Mas
não é a única falada. Estima-se que, antes da colonização pelos europeus,
falavam-se cerca de 1.200 línguas indígenas no país. Hoje, restam 181 línguas
faladas por povos indígenas.
ARYON DALL’IGNA
RODRIGUES
Adaptado de
BOMENY, Helena e outros. Tempos modernos, tempos de sociologia. São
Paulo: Ed. do Brasil, 2010.
A realidade sociolinguística no Brasil atual
resultou de um conjunto variado de experiências históricas. No contexto das
heranças da colonização portuguesa, a situação atual das línguas indígenas,
apresentada no texto, decorre diretamente do seguinte fator:
a) extensão territorial
b) miscigenação racial
c) assimilação cultural
d) dispersão populacional
Resposta:
[C]
O processo de
colonização implicou não apenas a conquista territorial, mas a eliminação ou
assimilação dos povos nativos. A maior parte das nações indígenas foi
exterminada ao longo do tempo. Algumas expressões – ou mesmo palavras–,
principalmente do Tupi, foram incorporadas ao vocabulário dos brasileiros.
15.
(Uerj 2013) O alemão Franz Boaz foi o
primeiro a ressaltar a importância do estudo das diversas culturas em seu
próprio contexto, a partir das suas peculiaridades. Boaz ressaltava não haver
cultura superior ou inferior. Para ele, deveriam ser considerados os fatores
históricos, naturais e linguísticos que influenciavam o desenvolvimento de cada
cultura em particular.
Adaptado de
LUCCI, Elian A. e outros. Território e sociedade no mundo globalizado:
geografia geral e do brasil. São Paulo: Saraiva, 2010.
A abordagem apresentada no texto foi
desenvolvida a partir do início do século XX e originou uma nova perspectiva
das ciências sociais em relação ao estudo das culturas. Essa perspectiva é
denominada:
a) relativismo
b) materialismo
c) evolucionismo
d) etnocentrismo
Resposta:
[A]
A ideia de
“relativismo” leva em consideração a posição de quem faz a análise e procura
compreender outras possibilidades, considerando que indivíduos em posições
diferentes tendem a observar um mesmo fenômeno social sob ângulos diferentes.
16.
(Uerj 2012) Veja você, meu amigo, te
resta apenas um meio para não ser explorado, nem oprimido: demonstrar coragem.
Se os trabalhadores que são tão numerosos se opuserem com todas as suas forças
aos patrões e a quaisquer formas de governo, estaremos bem próximos dos homens
verdadeiramente livres.
Fala da peça Uma comédia social, representada por
operários de São Paulo nos anos de 1910.
Adaptado de Nosso
Século (1910-1930). São Paulo: Abril Cultural, 1981.
Durante a Primeira República (1889-1930), em
cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo, o movimento operário tornou-se um
dos principais críticos às exclusões da sociedade brasileira. Considerando as
propostas defendidas na fala citada do personagem, uma das ideologias que se
fez presente no movimento operário brasileiro, naquele momento, foi:
a) socialismo
b) anarquismo
c) liberalismo
d) cooperativismo
Resposta:
[B]
Uma das principais
características do movimento operário do início do século foi o fato de contar
com lideranças anarquistas, formadas principalmente por homens de origem
italiana. Pelo texto pode-se perceber o estímulo à organização do operariado
para a luta contra os patrões e, em particular, contra “qualquer forma de
governo”, o que diferencia o anarquismo do socialismo.
17.
(Uerj 2012) Cheio de apreensões e
receios despontou o dia de ontem, 14 de novembro de 1904. Muito cedo tiveram
início os tumultos e depredações. Foi grande o tiroteio que se travou. Estavam
formadas em toda a rua do Regente, estreita e cheia de casas velhas, grandes e
fortes barricadas feitas de montões de pedras, sacos de areia, bondes virados,
postes e pedaços de madeira arrancados às casas e às obras da avenida Passos.
Jornal do Comércio, 15/11/1904
Adaptado de Nosso Século (1900-1910). São Paulo: Abril Cultural,
1980.
O progresso envaidecera a cidade vestida de
novo, principalmente inundada de claridade, com jornais nervosos que a
convenciam de ser a mais bela do mundo. Era a transição da cidade
doente para a maravilhosa.
PEDRO CALMON (historiador / 1902-1985)
Adaptado de Nosso Século (1900-1910). São Paulo: Abril Cultural,
1980.
Os textos referem-se aos efeitos da gestão
do prefeito Pereira Passos (1902-1906), momento em que a cidade do Rio de
Janeiro passou por uma de suas mais importantes reformas urbanas. Uma
intervenção de destaque foi a abertura da avenida Central, hoje avenida Rio
Branco, provocando não só elogios, como também conflitos sociais. A principal
motivação para esses conflitos esteve relacionada à:
a) restrição ao comércio
popular
b) devastação de áreas
florestais
c) demolição de moradias
coletivas
d) elevação das tarifas de
transporte
Resposta:
[C]
No inicio do século, o Rio
de Janeiro vivenciou um processo considerado como “de modernização”, pois era a
capital do país, sede de representações diplomáticas e empresariais e, numa
visão elitizada, deveria estar a altura de grandes cidades europeias. Esse
processo implicou a abertura de grandes avenidas e, para tanto, o governo
promoveu a demolição das casas populares que existiam na região. O processo de
expulsão das camadas mais pobres da região central foi acompanhado por grande
reação popular, que enfrentou polícia e governo, como descrito no texto
apresentado.
18.
(Uerj 2012) O
Iluminismo é a saída do homem do estado de tutela, pelo qual ele próprio é
responsável.
O estado de tutela
é a incapacidade de utilizar o próprio entendimento sem a condução de outrem.
Cada um é responsável por esse estado de tutela quando a causa se refere não a
uma insuficiência do entendimento, mas à insuficiência da resolução e da coragem
para usá-lo sem ser conduzido por outrem. Sapere aude!* Tenha a coragem de usar
seu próprio entendimento.
Essa é a divisa do
Iluminismo.
IMMANUEL KANT (1784)
*Expressão
latina que significa “tenha a coragem de saber, de aprender”.
In:
BOMENY, Helena e FREIRE-MEDEIROS, Bianca. Tempos modernos, tempos de
sociologia. São Paulo: Ed. do Brasil, 2010.
No contexto da expansão
capitalista no século XIX, uma das ideias centrais do Iluminismo, de acordo com
o texto, está associada diretamente à valorização da:
a) superioridade técnica
b) soberania econômica
c) liberdade política
d) razão científica
Resposta:
[D]
O iluminismo está associado
aos valores burgueses difundidos desde o século XVIII e que, no século seguinte
se tornaram predominantes. O racionalismo iluminista caracterizou-se pela
confiança na razão, no progresso e na ciência, e pelo incentivo à liberdade de
pensamento. O ideal do Iluminismo era levar esses valores a prevalecer e
triunfar sobre o mito, a crendice, o "sobrenatural", o misticismo, a
fé, o dogma, o fanatismo, a intolerância.
19.
(Uerj 2012) O capitalismo do século XIX
tropeçou de desastre em desastre nas bolsas de valores e nos investimentos
empresariais irracionais. Após a Segunda Guerra Mundial, essa desordem foi de
algum modo posta sob controle na maioria das economias avançadas: sindicatos
fortes, garantias trabalhistas e empresas de grande escala combinaram-se e
produziram uma era, de mais ou menos trinta anos, de relativa estabilidade.
Adaptado de
SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: as consequências pessoais do
trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2010.
A estabilidade mencionada no texto foi
proporcionada pela condição socioeconômica e pelo modelo de organização do
Estado identificados em:
a) implantação dos sistemas de
crédito – moderno
b) estruturação dos impérios
coloniais – corporativista
c) organização das redes
produtivas globais – autocrático
d) formação das sociedades de
consumo de massa – de bem-estar social
Resposta:
[D]
Proposição não muito clara.
O sindicalismo forte nos países desenvolvidos deu garantias a uma parcela maior
de trabalhadores que ingressaram no mercado de consumo e possibilitaram maior
estabilidade a economia na medida em que muitas empresas passaram a vender mais
para um setor da sociedade até então excluída. Ao mesmo tempo, diversos
governos se preocuparam em garantir uma política social de garantias mínimas no
campo da educação, saúde, saneamento e transportes.
20.
(Uerj 2011) Nós, marinheiros, cidadãos
brasileiros e republicanos, mandamos esta honrada mensagem para que Vossa
Excelência faça aos marinheiros brasileiros possuirmos os direitos sagrados que
as leis da República nos facilitam. Tem Vossa Excelência 12 horas para mandar-nos
a resposta satisfatória, sob pena de ver a Pátria aniquilada.
Adaptado do
memorial enviado pelos marinheiros ao presidente Hermes da Fonseca, em 1910.
In: MARANHÃO,
Ricardo e MENDES JUNIOR, Antônio. Brasil história: texto e consulta. São
Paulo: Brasiliense, 1983.
Os participantes da Revolta da Chibata
(1910-1911) exigiam direitos de cidadania garantidos pela
Constituição da época.
As limitações ao pleno exercício desses
direitos, na Primeira República, foram causadas pela permanência de:
a) hierarquias sociais
herdadas do escravismo.
b) privilégios econômicos
mantidos pelo Exército.
c) dissidências políticas
relacionadas ao federalismo.
d) preconceitos étnicos
justificados pelas teorias científicas.
Resposta:
[A]
A Revolta
está relacionada principalmente aos maus-tratos destinado aos marinheiros,
grande parte deles negros, ex-escravos ou descendentes de escravos,
considerados inferiores. Mesmo com a abolição da escravidão (1888), com a
Proclamação da República (1889) e com a nova Constituição (1891), o preconceito
se manteve com um discurso pseudo-científico, que considerava o homem branco
como superior, conhecido como “darwinismo social”.
TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 5 QUESTÕES:
Recordações
do escrivão Isaías Caminha
Eu não sou literato, detesto com toda a
paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no tempo em que estive na
redação do O Globo, foi o bastante para não os amar, nem os imitar. 1São
em geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de
receitas, 9só capazes de colher fatos detalhados e impotentes para
generalizar, curvados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, adstritos a
um infantil fetichismo do estilo e guiados por conceitos obsoletos e um pueril
e errôneo critério de beleza. Se me esforço por fazê-lo literário é para que
ele possa ser lido, pois quero falar das minhas dores e dos meus sofrimentos ao
espírito geral e no seu interesse, com a linguagem acessível a ele. É esse o
meu propósito, o meu único propósito. Não nego que para isso tenha procurado
modelos e normas. Procurei-os, confesso; e, agora mesmo, ao alcance das mãos,
tenho os autores que mais amo. (...) 5Confesso que os leio, que os
estudo, que procuro descobrir nos grandes romancistas o segredo de fazer. 6Mas
não é a ambição literária que me move ao procurar esse dom misterioso para
animar e fazer viver estas pálidas Recordações. Com elas, queria
modificar a opinião dos meus concidadãos, obrigá-los a pensar de outro modo, a
não se encherem de hostilidade e má vontade quando encontrarem na vida um rapaz
como eu e com os desejos que tinha há dez anos passados. Tento mostrar que são
legítimos e, se não merecedores de apoio, pelo menos dignos de indiferença.
7Entretanto, quantas dores,
quantas angústias! 2Vivo aqui só, isto é, sem relações intelectuais
de qualquer ordem. Cercam-me dois ou três bacharéis idiotas e um médico
mezinheiro, 10repletos de orgulho de suas cartas que sabe Deus como
tiraram. (...) Entretanto, se eu amanhã lhes fosse falar neste livro - que
espanto! que sarcasmo! que crítica desanimadora não fariam. Depois que se foi o
doutor Graciliano, excepcionalmente simples e esquecido de sua carta
apergaminhada, nada digo das minhas leituras, não falo das minhas lucubrações
intelectuais a ninguém, e minha mulher, quando me demoro escrevendo pela noite
afora, grita-me do quarto:
3– Vem dormir, Isaías! Deixa
esse relatório para amanhã!
De forma que não tenho por onde aferir se as
minhas Recordações preenchem o fim a que as destino; se a minha
inabilidade literária está prejudicando completamente o seu pensamento. Que
tortura! E não é só isso: envergonho-me por esta ou aquela passagem em que me
acho, em que 11me dispo em frente de desconhecidos, como uma mulher
pública... 12Sofro assim de tantos modos, por causa desta obra, que
julgo que esse mal-estar, com que às vezes acordo, vem dela, unicamente dela.
Quero abandoná-la; mas não posso absolutamente. De manhã, ao almoço, na
coletoria, na botica, jantando, banhando-me, só penso nela. À noite, quando
todos em casa se vão recolhendo, insensivelmente aproximo-me da mesa e escrevo
furiosamente. Estou no sexto capítulo e ainda não me preocupei em fazê-la
pública, anunciar e arranjar um bom recebimento dos detentores da opinião
nacional. 13Que ela tenha a sorte que merecer, mas que possa também,
amanhã ou daqui a séculos, despertar um escritor mais hábil que a refaça e que
diga o que não pude nem soube dizer.
(...) 8Imagino como um escritor
hábil não saberia dizer o que eu senti lá dentro. Eu que sofri e pensei não o
sei narrar. 4Já por duas vezes, tentei escrever; mas, relendo a
página, achei-a incolor, comum, e, sobretudo, pouco expressiva do que eu de
fato tinha sentido.
LIMA BARRETO
Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: Penguin Classics Companhia das
Letras, 2010.
21.
(Uerj 2013) O personagem Isaías Caminha
faz críticas àqueles que ele denomina “literatos”. No primeiro parágrafo,
podemos entender que os chamados literatos são escritores com a característica
de:
a) carecer de bons leitores
b) negar o talento individual
c) repetir regras consagradas
d) apresentar erros de escrita
Resposta:
[C]
Isaías
Caminha esclarece que os “literatos” a que se refere são os escritores de
capacidade intelectual reduzida e que, incapazes de adotarem um estilo
individual, se limitam a repetir técnicas literárias de outros já consagrados,
convencidos de que a beleza estética não pode ser atingida através de recursos
inovadores (“São em geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios de
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos detalhados e impotentes para
generalizar, curvados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, adstritos a
um infantil fetichismo do estilo e guiados por conceitos obsoletos e um pueril
e errôneo critério de beleza”).
22.
(Uerj 2013) O personagem parece julgar
quase todos que o rodeiam, mas não se exime de julgar também a si mesmo. Um
julgamento autocrítico de Isaías Caminha está melhor ilustrado no seguinte
trecho:
a) Confesso que os leio, que
os estudo, (ref. 5)
b) Mas não é a ambição
literária que me move (ref. 6)
c) Entretanto, quantas dores,
quantas angústias! (ref. 7)
d) Imagino como um escritor
hábil não saberia dizer o que eu senti (ref. 8)
Resposta:
[D]
Na frase da opção [D],
transcreve-se um julgamento autocrítico de Isaías Caminha. Ao perceber que nem
um escritor mais hábil que ele conseguiria descrever expressivamente o conflito
que vivia naquele momento, o personagem admite que não possui habilidades
técnicas que reconhece em outros, no entanto, também insuficientes para que até
eles pudessem descrever a forte carga emotiva que o abalou (“Imagino como um
escritor hábil não saberia dizer o que eu senti lá dentro. Eu que sofri e
pensei não o sei narrar”).
23.
(Uerj 2013) só capazes de colher fatos
detalhados e impotentes para generalizar, (ref. 9)
Esse trecho se refere à utilização do
seguinte método de argumentação:
a) indutivo
b) dedutivo
c) dialético
d) silogístico
Resposta:
[A]
Dedução é a
conclusão inferida após a análise dos fatos, a dialética interpreta os
processos antitéticos que tendem a se resolver numa solução-síntese, e o
silogismo é o raciocínio que parte de duas proposições para delas deduzir uma
terceira. Assim, o método de argumentação que parte de fatos ou dados particulares
para elaborar princípios gerais ou inferir uma conclusão é o indutivo, método
implicitamente referido em “só capazes de colher fatos detalhados e
impotentes para generalizar”.
24.
(Uerj 2013) Na descrição de sua
situação e de seus sentimentos, o narrador utiliza diversos recursos coesivos,
dentre eles o da adição. O fragmento do texto que exemplifica o recurso da
adição está em:
a) repletos de orgulho de suas
cartas que sabe Deus como tiraram. (ref. 10)
b) me dispo em frente de desconhecidos,
como uma mulher pública... (ref. 11)
c) Sofro assim de tantos
modos, por causa desta obra, que julgo que esse mal-estar, com que às vezes
acordo, vem dela, (ref. 12)
d) Que ela tenha a sorte que
merecer, mas que possa também, amanhã ou daqui a séculos, despertar um escritor
mais hábil (ref. 13)
Resposta:
[D]
O fragmento do texto que exemplifica o
recurso da adição está em [D]. Isaías Caminha, depois de demonstrar preocupação
com o relato público da sua vida atribulada e com a receptividade que a obra
viesse a ter por parte do público, expressa seus maiores desejos:
sensibilização das pessoas que desconhecem as dificuldades por que passam
jovens como ele e inspiração para outros escritores, talvez mais hábeis que
ele, para descrever as situações que narrou.
25.
(Uerj 2013) O texto de Lima Barreto
explora o recurso da metalinguagem, ao comentar, na sua ficção, o próprio ato
de compor uma ficção. Esse recurso está exemplificado principalmente em:
a) São em geral de uma
lastimável limitação de ideias, (ref. 1)
b) Vivo aqui só, isto é, sem
relações intelectuais de qualquer ordem. (ref. 2)
c) – Vem dormir, Isaías! Deixa
esse relatório para amanhã! (ref. 3)
d) Já por duas vezes, tentei
escrever; mas, relendo a página, achei-a incolor, comum, (ref. 4)
Resposta:
[D]
Na frase da
opção [D] existe metalinguagem, ato de comunicação em que se usa a linguagem
para falar sobre a própria linguagem.
TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 5 QUESTÕES:
Ciência e Hollywood
5Infelizmente, é verdade:
explosões não fazem barulho algum no espaço. Não me lembro de um só filme que
tenha retratado isso direito. 6Pode ser que existam alguns, mas se
existirem não fizeram muito sucesso. 10Sempre vemos explosões
gigantescas, estrondos fantásticos. Para existir ruído é necessário um meio
material que transporte as perturbações que chamamos de ondas sonoras. Na
ausência de atmosfera, ou água, ou outro meio, as perturbações não têm onde se
propagar. 7Para um produtor de cinema, a questão não passa pela
ciência. Pelo menos não como prioridade. Seu interesse é tornar o filme
emocionante, e explosões têm justamente este papel; roubar o som de uma grande
espaçonave explodindo torna a cena bem sem graça.
11Recentemente, o debate
sobre as liberdades científicas tomadas pelo cinema tem aquecido. O sucesso do
filme O dia depois de amanhã (The day after tomorrow), faturando
mais de meio bilhão de dólares, e seu cenário de uma idade do gelo ocorrendo em
uma semana, em vez de décadas ou, melhor ainda, centenas de anos, 9levantaram
as sobrancelhas de cientistas mais rígidos que veem as distorções com desdém e
esbugalharam os olhos dos espectadores (a maioria) que pouco ligam se a ciência
está certa ou errada. Afinal, cinema é diversão.
15Até recentemente, defendia
a posição mais rígida, que filmes devem tentar ao máximo ser fiéis à ciência
que retratam. Claro, isso sempre é bom. Mas não acredito mais que seja
absolutamente necessário. 1Existe uma diferença crucial entre um
filme comercial e um documentário científico. 12Óbvio, 2documentários
devem retratar fielmente a ciência, educando e divertindo a população, mas
filmes não têm necessariamente um compromisso pedagógico. 13As
pessoas não vão ao cinema para serem educadas, ao menos como via de regra.
Claro, 3filmes históricos ou
mesmo aqueles fiéis à ciência têm enorme valor cultural. Outros educam as
emoções através da ficção. 14Mas, se existirem exageros, eles não
deverão ser criticados como tal. Fantasmas não existem, mas filmes de terror
sim. Pode-se argumentar que, no caso de filmes que versam sobre temas
científicos, 4as pessoas vão ao cinema esperando uma ciência crível.
Isso pode ser verdade, mas elas não deveriam basear suas conclusões no que diz
o filme. No mínimo, o cinema pode servir como mecanismo de alerta para questões
científicas importantes: o aquecimento global, a inteligência artificial, a
engenharia genética, as guerras nucleares, os riscos espaciais como cometas ou
asteroides etc. 8Mas o conteúdo não deve ser levado ao pé da letra. 16A
arte distorce para persuadir. E o cinema moderno, com efeitos especiais
absolutamente espetaculares, distorce com enorme facilidade e poder de
persuasão.
O que os cientistas podem fazer, e isso está
virando moda nas universidades norte-americanas, é usar filmes nas salas de
aula para educar seus alunos sobre o que é cientificamente correto e o que é
absurdo. Ou seja, usar o cinema como ferramenta pedagógica. 17Os
alunos certamente prestarão muita atenção, muito mais do que em uma aula
convencional. Com isso, será possível educar a população para que, no futuro,
um número cada vez maior de pessoas possa discernir o real do imaginário.
MARCELO GLEISER
Adaptado de www1.folha.uol.com.br.
26.
(Uerj 2013) Na construção
argumentativa, uma estratégia comum é aquela em que se reconhecem dados ou
fatos contrários ao ponto de vista defendido, para, em seguida, negá-los ou
reduzir sua importância. O fragmento do texto que exemplifica essa estratégia
é:
a) Infelizmente, é verdade:
explosões não fazem barulho algum no espaço. (ref. 5)
b) Pode ser que existam
alguns, mas se existirem não fizeram muito sucesso. (ref. 6)
c) Para um produtor de cinema,
a questão não passa pela ciência. (ref. 7)
d) Mas o conteúdo não deve ser
levado ao pé da letra. (ref. 8)
Resposta:
[B]
Marcelo
Gleiser afirma, em primeiro lugar, que não existem filmes que retratem as
explosões no espaço de forma verossímil, pois há sempre ruídos a acompanhar os
efeitos visuais. Posteriormente, admite que possa ter havido até alguns,
justificando que não lhe ficaram na memória por não terem obtido grande
sucesso.
27.
(Uerj 2013) levantaram as sobrancelhas
de cientistas mais rígidos que veem as distorções com desdém e esbugalharam os
olhos dos espectadores (a maioria) que pouco ligam se a ciência está certa ou
errada. (ref.
9)
O autor faz um paralelo entre as
sobrancelhas levantadas dos cientistas e os olhos esbugalhados dos
espectadores. Assim, os olhos esbugalhados dos espectadores representam o
seguinte elemento:
a) reflexão
b) admiração
c) indiferença
d) expectativa
Resposta:
[B]
As
sobrancelhas levantadas dos cientistas expressam incredulidade perante cenas
impossíveis de acontecer no plano científico. Os olhos esbugalhados dos
espectadores, pouco interessados nesse tipo de avaliação, revelam admiração
pelos efeitos que estimulam a fantasia e produzem fortes sensações, como se
transcreve em [B].
28.
(Uerj 2013) Mas, se existirem exageros,
eles não deverão ser criticados como tal. (ref. 14)
Esta afirmação, embora pareça contraditória,
sugere um elemento fundamental para a compreensão do ponto de vista do autor. O
fragmento que melhor sintetiza o ponto de vista expresso pela frase citada é:
a) Até recentemente, defendia
a posição mais rígida, (ref. 15)
b) filmes históricos ou mesmo
aqueles fiéis à ciência têm enorme valor cultural. (ref. 3)
c) A arte distorce para
persuadir. (ref. 16)
d) Os alunos certamente
prestarão muita atenção, (ref. 17)
Resposta:
[C]
Marcelo
Gleiser chega à conclusão de que uma das particularidades da arte é alterar as
características estruturais da realidade para transportar as pessoas a um mundo
imaginário, onde os exageros podem constituir recurso necessário para ativar a
fantasia: “A arte distorce para persuadir”.
29.
(Uerj 2013) Marcelo Gleiser é um
cientista que admite mudar de opinião se confrontado com novas evidências ou
com novas reflexões.
De acordo com o texto, o autor antes pensava
que filmes devem tentar ao máximo ser fiéis à ciência que retratam, mas
atualmente tem outra opinião.
A opinião que hoje ele defende, acerca desse
assunto, baseia-se na seguinte conclusão:
a) Existe uma diferença
crucial entre um filme comercial e um documentário científico. (ref. 1)
b) documentários devem
retratar fielmente a ciência, educando e divertindo a população, (ref. 2)
c) filmes históricos ou mesmo
aqueles fiéis à ciência têm enorme valor cultural. (ref. 3)
d) as pessoas vão ao cinema
esperando uma ciência crível. (ref. 4)
Resposta:
[A]
Partindo da
premissa de que Marcelo Gleiser mudou de opinião relativamente à
obrigatoriedade de os filmes serem fiéis à ciência que retratam, a opção [A] é
a única em que está patente a sua nova postura, ao admitir que existem
diferenças entre um filme comercial e um documentário científico, mudança
justificada no período seguinte: “documentários devem retratar fielmente a
ciência, educando e divertindo a população, mas filmes não têm necessariamente
um compromisso pedagógico”.
30.
(Uerj 2013) A oposição entre “ciência”
e “Hollywood”, expressa no título do artigo de Gleiser, corresponde a outra
oposição bastante estudada no campo da literatura, que se verifica entre:
a) acontecimento e opinião
b) historicismo e atualidade
c) verdade e verossimilhança
d) particularização e
universalismo
Resposta:
[C]
Se a ciência
fundamenta as suas teses aos resultados obtidos através da experiência e se a
indústria cinematográfica tem por fim a criação artística através do uso da
fantasia, a arte literária deve atender à verossimilhança, harmonia e coerência
entre os atos narrados e os elementos fantasiosos ou imaginários que sejam
determinantes no texto.
Bons estudos! Professor Arão Alves
Link para grupo de estudo no Facebook exclusivo para a específica da UERJ
http://www.facebook.com/groups/660763183949872/
Link para grupo de estudo no Facebook exclusivo para a específica da UERJ
http://www.facebook.com/groups/660763183949872/
Link para questões de outras disciplinas:
Comentários
Postar um comentário