1.
(Unicamp 2013) Em novembro de 2011, o
cacique Nísio Gomes de Tekoha Guaiviry foi morto nas proximidades da rodovia
MS-386, entre os municípios de Ponta Porã e Amambaí, no Estado do Mato Grosso
do Sul (MS). O assassinato de indígenas nessa região é um fato frequente. Os
povos indígenas Guarani e Kaiowá vivem em situações precárias e em constantes
conflitos com os fazendeiros da região.
(Adaptado de
“Documento Final Aty Guasu Kaiowá e Guarani: Aldeia Rancho Jacaré–Laguna”.
CIMI-Regional Mato Grosso do Sul.
http://www.cimi.org.br/site/ptbr/index.php?system=news&action=read&id=6406.
Acessado em 04/10/2012.)
a) Apresente os principais motivos de
conflitos entre indígenas e fazendeiros como os da região mencionada no texto.
b) Cite duas ações coordenadas pela FUNAI
direcionadas para a proteção das populações indígenas brasileiras.
Resposta:
a) Em Mato
Grosso do Sul, os povos indígenas guarani e kaiwoá perderam grande parte de
suas terras em decorrência de políticas de colonização implantadas pelo Estado
que favoreceram fazendeiros, muitos dos quais vindos de outras regiões do país,
a exemplo dos imigrantes do Sul. Várias comunidades indígenas foram deslocadas
para outras áreas, seus territórios foram reduzidos e, por vezes, fragmentados.
Posteriormente, ocorreram problemas, como invasões de terras por fazendeiros,
aculturação e problemas de saúde. Nos últimos anos, vários povos decidiram
retornar para os territórios perdidos no passado, gerando conflitos com
fazendeiros e disputas na justiça.
b) A FUNAI (Fundação
Nacional do Índio) tem atuado como mediadora dos conflitos, na demarcação de
novas terras para os povos indígenas e na melhoria das condições de vida e de
saúde das comunidades.
2.
(Unicamp 2013) O Congresso Nacional
aprovou a Lei n.º 10.257, em vigor desde 10 de outubro de 2001, conhecida como
Estatuto da Cidade. Esta Lei estabelece as diretrizes gerais da política urbana
brasileira, fornecendo instrumentos urbanísticos para o desenvolvimento das
funções sociais, do uso e da gestão da cidade.
(Adaptado de
“Estatuto da Cidade: Guia para Implementação pelos Municípios e Cidadãos”.
Brasília: Instituto Pólis/Laboratório de Desenvolvimento Local, 2001.)
a) Aponte dois aspectos da urbanização
brasileira, manifestados especialmente a partir da segunda metade do século XX,
que produziram a necessidade de uma lei para orientar a política urbana do
país.
b) O Plano Diretor, instrumento de
planejamento urbano que consta da Constituição de 1988, foi reforçado no
Estatuto da Cidade e é obrigatório para algumas categorias de municípios
brasileiros. Destaque duas diretrizes de planejamento urbano que o Plano
Diretor Municipal pode adotar para que seja garantido o direito de todos à
cidade.
Resposta:
a) A partir
da segunda metade do século XX, a urbanização brasileira aconteceu de modo mais
acelerado e desordenado, dando origem a graves problemas sociais e ambientais.
São exemplos: a favelização, a insuficiência de saneamento básico, a carência
no transporte coletivo e os deslizamentos e enchentes em áreas de risco. Por
isso, foi necessária a criação do Estatuto da Cidade para dar diretrizes para o
planejamento urbano no Brasil.
b) O Plano
Diretor é fundamental para nortear o crescimento das cidades e prevenir
problemas sociais e ambientais. Entre as diretrizes, o zoneamento da cidade que
define os tipos de uso e ocupação do solo em cada área, permitindo, por
exemplo, que um bairro seja ocupado apenas por casas, e não pelo comércio e
edifícios altos. Também define parte dos investimentos necessários em setores
como habitação, saneamento básico e rede viária. Porém, o problema é o
descumprimento do Estatuto da Cidade e do Plano Diretor em várias cidades
brasileiras.
3.
(Unicamp 2013) O Congresso Nacional
brasileiro aprovou o Projeto de Lei n.º 2565/2011, que altera a distribuição
dos royalties da exploração e produção de petróleo, gás natural e outros
hidrocarbonetos fluídos entre a União, Estados, Distrito Federal e municípios.
Este novo marco regulatório, que trata do regime de partilha das riquezas
geradas pela exploração dos recursos naturais no país, vem gerando polêmica. O
que se debate é se tais riquezas devem permanecer apenas nos Estados e
municípios em que se localizam os combustíveis fósseis ou se elas serão
distribuídas também para as outras unidades da Federação que não são detentoras
desses recursos.
a) Cite os dois Estados brasileiros mais
prejudicados pela aprovação do novo marco regulatório.
b) Apresente os principais argumentos
favoráveis à manutenção da legislação atual e os que defendem a distribuição
das riquezas produzidas pela exploração dos recursos para todas as unidades da
Federação.
Resposta:
a) A
alteração na distribuição dos royalties
da exploração de petróleo prejudica os estados do Rio de Janeiro, maior
produtor nacional, e do Espírito Santo.
b) Os
argumentos favoráveis à manutenção da atual legislação são:
– o respeito aos contratos
firmados anteriormente;
– a maior responsabilidade
dos estados produtores em relação aos eventuais impactos socioambientais da
exploração e transporte de petróleo;
– a dependência dos estados
produtores em relação aos recursos dos royalties
para atividades econômicas e sociais.
Os argumentos em defesa da
alteração na legislação são:
– maior justiça com relação
à repartição estadual e regional dos benefícios da exploração de petróleo no
país;
– aumento da receita de
estados de regiões menos desenvolvidas do país como o Norte e Nordeste.
4.
(Unicamp 2013) As alterações do clima vêm
sendo debatidas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), órgão das Nações Unidas. Segundo o IPCC, até 2100 a temperatura da
Terra poderá subir entre 1,8°C e 5°C.
(Adaptado dehttp://hdr.undp.org/en/media/HDR-20072008-PT-complete.pdf. Acessado em
02/10/2012.)
Considerando o texto acima, responda:
a) Quais seriam as consequências do possível
aumento da temperatura da Terra?
b) Cite duas metas definidas pelo Protocolo
de Kyoto para reduzir o possível aumento da temperatura no planeta.
Resposta:
a) Considerando a hipótese
do Aquecimento Global antropogênico (aumento da temperatura decorrente da
intensificação do efeito estufa por atividades humanas), defendida por parte da
comunidade científica, mas não por sua totalidade, as consequências seriam:
– degelo parcial das calotas polares e das
geleiras das altas montanhas;
– aumento do nível do mar;
– inundação das regiões costeiras;
– diminuição da biodiversidade;
– aumento dos fenômenos
climáticos extremos: furacões, tornados, secas severas e chuva excessiva.
b) O Protocolo de Kyoto (1997)
prega uma redução de 5,2% nas emissões de gases de efeito estufa (dióxido de
carbono, metano, entre outros) para os países desenvolvidos. O Protocolo criou
o mecanismo do desenvolvimento limpo, ou seja, se um país não conseguir reduzir
as emissões terá que financiar (crédito carbono) projetos sustentáveis em
outros países, principalmente os subdesenvolvidos. Em 2012, na COP 18,
realizada em Doha (capital do Catar), o Protocolo de Kyoto foi prorrogado até
2020.
5.
(Unicamp 2013) Graças ao tamanho
continental e à imensa população do país, as políticas implementadas pelo
governo permitiram à China combinar as vantagens da industrialização voltada
para a exportação, induzida em grande parte pelo investimento estrangeiro, com
as vantagens de uma economia nacional centrada em si mesma e protegida
informalmente pelo idioma, pelos costumes, pelas instituições e pelas redes,
aos quais os estrangeiros só tinham acesso por intermediários locais. Uma boa
ilustração dessa combinação são as imensas ZPEs que o governo da China ergueu
do nada e que hoje abrigam dois terços do total mundial de trabalhadores em
zonas desse tipo.
(Adaptado de
Giovanni Arrighi, Adam Smith em Pequim: origens e fundamentos do século
XXI. São Paulo: Boitempo, 2008, p.362.)
a) Indique duas ações políticas do governo
chinês que produziram as condições internas para a ascensão econômica do país.
b) Aponte as estratégias geopolíticas
utilizadas pela China para a obtenção de recursos naturais em distintas partes
do mundo, que possibilitam a manutenção do atual modelo de produção industrial
em larga escala no país.
Resposta:
a) No final
da década de 1970, com a liderança de Deng Xiaoping, a China socialista começou
a introduzir elementos capitalistas em sua economia. O exemplo melhor sucedido
foi a implantação das ZPEs (Zonas de Processamento de Exportação) ou ZEEs
(Zonas Econômicas Especiais), áreas abertas ao investimento estrangeiro por
meio de transnacionais e joint ventures
(empresas formadas por chineses e estrangeiros). As ZEEs tornaram-se áreas de
concentração industrial cuja produção de bens de consumo é voltada para
exportação e para o grande mercado interno chinês. As vantagens para os
investidores são a mão de obra barata, os incentivos fiscais e a infraestrutura
moderna. O governo também investe maciçamente em educação, ciência e tecnologia
com o objetivo de capacitar os trabalhadores e competir com outros polos de
poder como os Estados Unidos, o Japão e a União Europeia.
b) A China é
um dos países com maior crescimento econômico do mundo e necessita de grande
variedade e quantidade de commodities
(matérias primas agropecuárias, minerais e energéticas) para garantir seu
crescimento industrial. O país tem feito acordos comerciais com países como a
Rússia, nações da Ásia Central, países da África e nações da América Latina. O
Brasil é grande exportador de minério de ferro e de soja para a China. Entre as
demais estratégias, destacam-se a compra de terras em outros países para
assegurar a produção de alimentos para os chineses, investimentos nos setores
de mineração, petróleo e infraestrutura (rodovias e ferrovias) em países
africanos e latino-americanos, além da concessão de empréstimos para países
subdesenvolvidos.
6. (Unicamp 2012) Passar de Reino a Colônia
É desar [derrota]
É humilhação
que sofrer jamais podia
brasileiro de coração.
A quadrinha acima reflete o temor vivido no Brasil depois do retorno de
D. João VI a Portugal em 1821. Apesar de seu filho Pedro ter ficado como
regente, acirrou-se o antagonismo entre "brasileiros" e
"portugueses" até que, em dezembro de 1821, as Cortes de Portugal
determinaram o retorno do príncipe. Se ele acatasse, tudo poderia acontecer.
Inclusive, dizia d. Leopoldina, "uma Confederação de Povos no sistema
democrático como nos Estados Livres da América do Norte".
(Adaptado de Eduardo
Schnoor,"Senhores do Brasil", Revista de História da Biblioteca
Nacional, no. 48. Rio de Janeiro, set. 2009, p. 36.)
a) Identifique os riscos temidos
pelas elites do centro-sul do Brasil com o retorno de D. João VI a Lisboa e a
pressão das Cortes para que D. Pedro I retornasse a Portugal.
b) Explique o que foi a
Confederação do Equador.
Resposta:
a) As elites brasileiras
temiam a recolonização do Brasil. Este temor estava baseado na política
desenvolvida pelas cortes portuguesas que adotaram medidas liberais em
Portugal, como a elaboração de uma Constituição e a limitação do poder real,
mas, frente ao Brasil, desenvolveram uma política conservadora que pretendia o
fechamento dos portos, restaurando o monopólio comercial perdido em 1808 e a
situação colonial. Essa política restauradora dos portugueses contrariava os
interesses da elite, formada por grandes proprietários rurais, que lucravam
mais com os portos abertos e o comércio realizado diretamente.
b) Após a
Independência do Brasil, iniciou-se o processo de organização do Estado,
caracterizado pelos choques de interesses, principalmente de “brasileiros” e
“portugueses” (defensores de Portugal, mas residentes no Brasil e ligados ao
comércio). Nesse contexto, D. Pedro I outorgou a Constituição, autoritária e
centralizadora. A luta contra o autoritarismo imperial manifestou-se no mesmo
ano quando da eclosão de uma grande rebelião em Pernambuco, que se alastrou
pelo nordeste, com caráter separatista e republicano, denominada Confederação
do Equador.
7. (Unicamp 2012) A aventura à Amazônia liderada pelo
naturalista Louis Agassiz estendeu-se de 1865 a 1866 e passou por várias
regiões do Brasil: de Minas Gerais ao Nordeste e à Amazônia. Foi orientada pela
teoria criacionista, que se opunha à teoria de Charles Darwin. Apesar de
participar da expedição, o filósofo norte-americano Willian James questionou
alguns estereótipos sobre os trópicos.
(Adaptado de Maria Helena P. T.
Machado, “Algo mais que o paraíso”, Revista de História da Biblioteca
Nacional, no. 52. Rio de Janeiro, jan. 2010, p.70.)
a) Qual a importância da teoria de Charles Darwin para o debate
científico do século XIX.
b) Identifique dois
estereótipos relativos às terras e às gentes do Brasil no século XIX.
Resposta:
a) A teoria de Darwin,
explicada na obra “A origem das espécies”, caracterizou-se como revolucionária
no século XIX. Apesar de vivenciar a Segunda Revolução Industrial e de haver
desenvolvido o racionalismo desde o século XV, a cultura europeia era
fortemente influenciada pela religião e pelo papel das Igrejas cristãs. A obra
de Darwin foi fundamental para o debate entre o papel e importância da ciência
e as concepções religiosas sobre a origem e o desenvolvimento humano.
b) No século
XIX a visão da natureza exuberante é ofuscada por caracterizações mais
depreciativas, tanto de inferioridade produtiva, destinada à agricultura, como
terra de doenças tropicais. Quanto ao povo, também é depreciativa a visão
europeia, que o caracteriza como indolente e preguiçoso – dado o clima quente e
a miscigenação – como terra de primitivos, numa alusão aos indígenas.
8.
(Unicamp 2011) Uma análise das lutas
suscitadas pela ocupação holandesa no Brasil pode ajudar a desconstruir ideias
feitas. Uma tese tradicional diz respeito ao reforço da identidade brasileira
durante as lutas com os holandeses: a luta pela expulsão dos holandeses seria
obra muito mais dos brasileiros e negros do que dos portugueses. Já a tese que
critica essa associação entre a experiência da dominação holandesa e a gênese
de um sentimento nativista insiste nas divisões – no âmbito da economia
açucareira – entre senhores de engenho excluídos ou favorecidos pela ocupação
holandesa.
(Adaptado de
Diogo Ramada Curto, Cultura imperial e projetos coloniais (séculos XV a
XVIII). Campinas: Editora da Unicamp, 2009, p. 278.)
a) Identifique no texto duas interpretações
divergentes a respeito da luta contra a dominação holandesa no Brasil.
b) Mencione dois fatores
que levaram à invasão de Pernambuco pelos holandeses no século XVII.
Resposta:
a) Uma
interpretação considera que a luta contra os holandeses foi movida por um
elemento ideológico, abstrato, o sentimento de pertencer a uma “nacionalidade”
– a brasileira - e de pertencer a um país, o Brasil, ocupado por elementos
estrangeiros. A segunda interpretação valoriza os interesses econômicos,
considerando que a luta pela expulsão dos holandeses se deve ao processo de
exploração imposto aos latifundiários ligados a produção canavieira.
b) O
interesse dos holandeses – na verdade da WIC – no comércio do açúcar, já
praticado pelos holandeses antes mesmo da União Ibérica; e a luta contra a
Espanha, maior potência da época, da qual a Holanda havia se separado em 1579.
9.
(Unicamp 2011) É interessante notar que o
Brasil “padece” de quase todas as “patologias” institucionais identificadas
como fatores responsáveis pela elevação do custo de governar: tem um
sistema presidencialista; é uma federação; possui regras eleitorais que
combinam um sistema de lista aberta com representação proporcional; tem um
sistema multipartidário com partidos políticos considerados débeis na arena
eleitoral; e tem sido governado por uma ampla coalizão no Congresso.
(Adaptado de
Carlos Pereira e Bernardo Mueller, “Comportamento estratégico em
presidencialismo de coalizão: as relações entre o Executivo e Legislativo na
elaboração do orçamento brasileiro”. Dados – Revista de Ciências Sociais.
Rio de Janeiro, 2002, v. 45, n. 2, p. 2.)
a) O Congresso Nacional no Brasil é formado
pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados, exercendo as funções de
legislar e fiscalizar. Qual a diferença básica, no sistema bicameral, entre o
Senado Federal e a Câmara de Deputados?
b) Qual a diferença entre
Estado e governo?
Resposta:
a) O Senado é
um organismo legislativo que representa os Estados da Federação, por isso todos
os estados têm o mesmo número de representantes – três – com um total de 81
membros com mandato de 8 anos. Já a Câmara dos Deputados representa a população
dos estados e o número é definido proporcionalmente, sendo o número máximo 70 e
o mínimo 8, com mandato de quatro anos.
b) O Estado é
a instituição política que organiza uma determinada sociedade a partir de uma
legislação complexa, que normalmente congrega elementos da mesma nação e é,
portanto, permanente; já o governo é responsável pela administração do Estado
em seu dia, desde a elaboração das leis que regem o Estado até a sua execução,
em seus mais diferentes níveis, e normalmente existe por um período definido
(um mandato em democracias).
10.
(Unicamp 2011) No início do século XIV, o
inquisidor Bernardo Guy escreveu um Manual do Inquisidor, no qual
descrevia como se ingressava na seita herética que ficou conhecida pelo nome de
pseudoapóstolos: “Perante algum altar, na presença de membros da seita, o
candidato se despe de suas roupas, como sinal de renúncia a tudo que possui,
para seguir com perfeição a pobreza evangélica. Também se exige que ele prometa
não obedecer a nenhum mortal, mas só a Deus, como se fosse um apóstolo sujeito
apenas a Cristo e a ninguém mais.”
(Adaptado de
Nachman Falbel, Heresias medievais. São Paulo: Perspectiva, 1977, p.
66.)
a) Por quais razões essa heresia era uma
ameaça para a Igreja do período?
b) Caracterize a relação
entre o poder religioso e o poder temporal na baixa Idade Média.
Resposta:
a) Por que
colocava o indivíduo em contato direto com Deus e, portanto, desprezava a
importância da Igreja Católica. Segundo a instituição religiosa, a Igreja era a
formada pelos representantes de Deus na terra e a única que poderia guiar e
salvar os homens.
b) A baixa
idade média é um período caracterizado por transformações, época das cruzadas e
do renascimento comercial e urbano. Para a maioria dos autores, esse período
coincide com a formação das monarquias nacionais, quando o poder real tendeu a
se fortalecer, o que implicou em perda do espaço por parte da Igreja Católica.
Ao mesmo tempo, as relações entre reis e papas se redefiniram, pois a Igreja e a
religião foram importantes instrumentos dos governantes para reforçar seu poder
e isso pode ser entendido como um equilíbrio entre os poderes temporal e
religioso.
11.
(Unicamp 2011) Em 1869, o deputado Bento
de Paula Souza discursou na Assembleia Legislativa da Província de São Paulo em
defesa da imigração: “Nós queremos os americanos como paulistas novos, como
paulistas adotivos, homens prestimosos, que escolham a província como sua nova
pátria, e queremos os alemães como trabalhadores, como homens produtivos, que
venham aqui habitar. Tanto uns como outros, os receberemos com o mesmo
entusiasmo”.
(Adaptado de
Célia Maria Marinho de Azevedo, Onda negra, medo branco: o negro no
imaginário das elites – século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p.
145.)
a) Caracterize o contexto internacional que
permitia ao deputado paulista esperar uma imigração de norte-americanos.
b) Aponte duas características da imigração
para o sul do Brasil que a diferenciem da imigração para a província de São
Paulo.
Resposta:
a) Os Estados
Unidos viviam os efeitos iniciais do pós Guerra de Secessão, terminada em 1865
com a derrota dos latifundiários sulistas, forçados a abolir a escravidão
definitivamente. Muitos proprietários rurais faliram durante ou após a Guerra e
os estados do sul sofreram intervenção do governo central.
b) Note que o
texto não faz referência à imigração para o sul do país. No mesmo contexto,
áreas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina foram povoadas a partir do
incentivo governamental, com o propósito de consolidar a ocupação daquelas
regiões – antes e depois da Guerra do Paraguai. Tal povoamento foi realizado
com a concessão de terras às famílias de imigrantes, que se tornaram pequenos
proprietários, num processo diferente do que ocorria no restante do país, onde
o imigrante era praticamente proibido de se tornar proprietário.
12.
(Unicamp 2010) Os ventos
e as marés constituíam um entrave considerável ao tráfico de escravos índios
pela costa do Atlântico Sul. Nos anos 1620, houve transporte de cativos
“tapuias” do Maranhão para Pernambuco, mas parte do percurso foi feita por
terra, até atingir portos mais acessíveis no litoral do Ceará. Ao contrário,
nas travessias entre Brasil e Angola, zarpava-se com facilidade de Pernambuco,
da Bahia e do Rio de Janeiro até Luanda ou a Costa da Mina.
(Adaptado
de Luiz Felipe de Alencastro, O trato dos viventes: formação do Brasil no
Atlântico Sul (séculos XVI e XVII). São Paulo: Companhia das Letras, 2000,
p. 61-63.)
a) A partir do texto e de seus conhecimentos,
explique de que maneiras o sistema de exploração colonial da América portuguesa
foi influenciado pelas condições geográficas.
b) Relacione essas condições geográficas às
atividades dos bandeirantes.
Resposta:
a) De acordo com o texto, as condições de ventos e
marés no litoral do Brasil constituíam um obstáculo ao tráfico de escravos
indígenas por mar, diferentemente do tráfico negreiro cujo transporte entre a
África e a costa brasileira era favorecido. Isso se explica em razão do movimento
das correntes marítimas no Atlântico Sul em direção ao Brasil e o conhecimento
que navegadores portugueses tinham da movimentação dessas correntes.
b) Considerando-se, de acordo a questão o
bandeirismo de apresamento, sobretudo a partir de São Paulo, essa atividade foi
favorecida pelas condições geográficas, quais sejam rede fluvial, as condições
do relevo e a regularidade das chuvas.
13.
(Unicamp 2010) No tempo
da independência, não havia ideias precisas sobre o federalismo. Empregava-se
“federação” como sinônimo de “república” e de “democracia”, muitas vezes com o
objetivo de confundi-la com o governo popular, embora se tratasse de concepções
distintas. Por outro lado, Silvestre Pinheiro Ferreira observava ser geral a
aspiração das províncias à autonomia, sem que isso significasse a abolição do
governo central da monarquia. Mas a historiografia da independência tendeu a
escamotear a existência do projeto federalista, encarando-o apenas como produto
de impulsos anárquicos e de ambições personalistas e antipatrióticas.
(Adaptado
de Evaldo Cabral de Melo, A Outra Independência. O federalismo pernambucano
de 1817 a 1824. São Paulo: Ed. 34, 2004, p. 12-14.)
a) Identifique no texto dois significados distintos
para o federalismo.
b) Quais os interesses econômicos envolvidos no
processo de independência do Brasil?
Resposta:
a) De acordo com o texto, o federalismo poderia
significar a autonomia provincial, porém sem a abolição do governo central, e
também democracia, república ou governo popular.
b) Pode-se apontar entre os interesses econômicos
envolvidos no processo de independência do Brasil, o interesse inglês em romper
o pacto colonial português sobre Brasil evidenciado no apoio à transferência da
Corte Portuguesa para o Brasil e nos benefícios obtidos com a Abertura dos
Portos brasileiros em 1808, o interesse da aristocracia agroexportadora em
defender o livre comércio e preservar seus privilégios e o interesse português
em restaurar o monopólio do comércio com o Brasil quando da instalação das
Cortes Portuguesas (Parlamento) a partir da Revolução do Porto em 1820.
Sugestão de links para questões de outras disciplinas:
Bons estudos!
Professor Arão Alves
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