1. (Enem 2011) O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes no século VIII, durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um produto de luxo, extremamente caro,
chegando a figurar nos dotes de princesas
casadoiras.
CAMPOS, R. Grandeza
do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual,
1996.
Considerando o conceito do Antigo Sistema
Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por Portugal para dar início à
colonização brasileira, em virtude de
a) o lucro obtido com o seu
comércio ser muito vantajoso.
b) os árabes serem aliados
históricos dos portugueses.
c) a mão de obra necessária
para o cultivo ser insuficiente.
d) as feitorias africanas
facilitarem a comercialização desse produto.
e) os nativos da América
dominarem uma técnica de cultivo semelhante.
Resposta:
[A]
O sistema colonial
desenvolvido durante a Idade Moderna enquadra-se no processo de expansão do
comércio, responsável por fortalecer o Estado absolutista e possibilitou o
enriquecimento da camada burguesa. Todo o processo de exploração colonial tinha
como objetivo gerar riqueza, acumulada segundo a visão mercantilista de
economia.
2.
(Enem 2011) No clima das ideias que se
seguiram à revolta de São Domingos, o descobrimento de planos para um levante
armado dos artífices mulatos na Bahia, no ano de 1798, teve impacto muito
especial; esses planos demonstravam aquilo que os brancos conscientes tinham já
começado a compreender: as ideias de igualdade social estavam a propagar-se
numa sociedade em que só um terço da população era de brancos e iriam
inevitavelmente ser interpretados em termos raciais.
MAXWELL. K.
Condicionalismos da Independência do Brasil. In: SILVA, M.N. (coord.)
O Império
luso-brasileiro, 1750-1822. Lisboa: Estampa, 1986.
O temor do radicalismo da luta negra no
Haiti e das propostas das lideranças populares da Conjuração Baiana (1798)
levaram setores da elite colonial brasileira a novas posturas diante das
reivindicações populares. No período da Independência, parte da elite
participou ativamente do processo, no intuito de
a) instalar um partido
nacional, sob sua liderança, garantindo participação controlada dos
afro-brasileiros e inibindo novas rebeliões de negros.
b) atender aos clamores
apresentados no movimento baiano, de modo a inviabilizar novas rebeliões,
garantindo o controle da situação.
c) firmar alianças com as
lideranças escravas, permitindo a promoção de mudanças exigidas pelo povo sem a
profundidade proposta inicialmente.
d) impedir que o povo
conferisse ao movimento um teor libertário, o que terminaria por prejudicar
seus interesses e seu projeto de nação.
e) rebelar-se contra as
representações metropolitanas, isolando politicamente o Príncipe Regente,
instalando um governo conservador para controlar o povo.
Resposta:
[D]
Uma das afirmações mais tradicionais
na História do Brasil, apoiada no senso comum, é de que a Independência foi
pacífica, sem derramamento de sangue. Essa ideia esta baseada na participação
ativa das elites agrárias no processo de independência como forma de garantir
uma ruptura política frente à metrópole, e ao mesmo tempo garantir a
preservação da estrutura socioeconômica apoiada no latifúndio e na escravidão.
3.
(Enem 2011) Art. 92. São excluídos de
votar nas Assembleias Paroquiais:
I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais não
se compreendam os casados, e Oficiais militares que forem maiores de vinte e um
anos, os Bacharéis Formados e Clérigos de Ordens Sacras.
IV. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em
Comunidade claustral.
V. Os que não tiverem de renda líquida anual
cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos.
Constituição Política do
Império do Brasil (1824). Disponível em:
https://legislação.planalto.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2010 (adaptado).
A legislação espelha os conflitos políticos
e sociais do contexto histórico de sua formulação. A Constituição de 1824
regulamentou o direito de voto dos “cidadãos brasileiros” com o objetivo de
garantir
a) o fim da inspiração liberal
sobre a estrutura política brasileira.
b) a ampliação do direito de
voto para maioria dos brasileiros nascidos livres.
c) a concentração de poderes
na região produtora de café, o Sudeste brasileiro.
d) o controle do poder
político nas mãos dos grandes proprietários e comerciantes.
e) a diminuição da interferência
da Igreja Católica nas decisões político-administrativas.
Resposta:
[D]
A Constituição de 1824 foi
imposta pelo imperador e reflete a elitização política. Seu componente mais
importante foi o voto censitário, ou seja, baseado na renda indivíduo. Dessa
forma penas aqueles que tivessem renda proveniente da terra – os fazendeiros –
ou do comércio (geralmente indivíduos de origem portuguesa) tiveram garantidos
o direito político de votar.
4.
(Enem 2011) Em geral, os nossos
tupinambás ficaram admirados ao ver os franceses e os outros dos países
longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil.
Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós
outros, mairs e pêros (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para
vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?”
LÉRY, J. Viagem
à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974.
O viajante francês Jean de Léry (1534-1611)
reproduz um diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra
uma diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido
a) do destino dado ao produto
do trabalho nos seus sistemas culturais.
b) da preocupação com a
preservação dos recursos ambientais.
c) do interesse de ambas em
uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil.
d) da curiosidade, reverência
e abertura cultural recíprocas.
e) da preocupação com o
armazenamento de madeira para os períodos de inverno.
Resposta:
[A]
No “sistema cultural” do
indígena, a madeira tem uma finalidade bastante específica, ser queimada para
aquecer as pessoas nos períodos de frio e, portanto, o índio ancião acredita
que para os europeus ela deve ter a mesma serventia. No entanto, portugueses e
franceses se utilizavam da madeira para a produção de tintura, que por sua vez
era utilizada na manufatura de tecidos, em especial para tingir os tecidos.
5.
(Enem 2011) É difícil encontrar um
texto sobre a Proclamação da República no Brasil que não cite a afirmação de
Aristides Lobo, no Diário Popular de São Paulo, de que “o povo assistiu àquilo
bestializado”. Essa versão foi relida pelos enaltecedores da Revolução de 1930,
que não descuidaram da forma republicana, mas realçaram a exclusão social, o
militarismo e o estrangeirismo da fórmula implantada em 1889. Isto porque o
Brasil brasileiro teria nascido em 1930.
MELLO, M. T. C.
A
república consentida: cultura
democrática e científica no final do Império. Rio de Janeiro: FGV, 2007
(adaptado).
O texto defende que a consolidação de uma
determinada memória sobre a Proclamação da República no Brasil teve, na
Revolução de 1930, um de seus momentos mais importantes. Os defensores da
Revolução de 1930 procuraram construir uma visão negativa para os eventos de
1889, porque esta era uma maneira de
a) valorizar as propostas
políticas democráticas e liberais vitoriosas.
b) resgatar simbolicamente as
figuras políticas ligadas à Monarquia.
c) criticar a política
educacional adotada durante a República Velha.
d) legitimar a ordem política
inaugurada com a chegada desse grupo ao poder.
e) destacar a ampla
participação popular obtida no processo da Proclamação.
Resposta:
[D]
Segundo o texto, aqueles
que chegaram ao poder em 1930 valorizavam a República, porém criticavam suas
características políticas e isso pode ser entendido na medida em que o novo
grupo que chegou ao poder, o fez exatamente eliminando o grupo de proclamou a
República e instituiu um modelo baseado no coronelismo e no voto de cabresto.
6.
(Enem 2011) Completamente analfabeto,
ou quase, sem assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se
limita a ver figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem
o patrão na conta de benfeitor. No plano político, ele luta com o “coronel” e
pelo “coronel”. Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em grande parte,
da nossa organização econômica rural.
LEAL, V. N. Coronelismo,
enxada e voto. São
Paulo: Alfa-Ômega, 1978 (adaptado).
O coronelismo, fenômeno político da Primeira
República (1889-1930), tinha como uma de suas principais características o
controle do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nesse
período, esta prática estava vinculada a uma estrutura social
a) igualitária, com um nível
satisfatório de distribuição da renda.
b) estagnada, com uma relativa
harmonia entre as classes.
c) tradicional, com a
manutenção da escravidão nos engenhos como forma produtiva típica.
d) ditatorial, perturbada por
um constante clima de opressão mantido pelo exército e polícia.
e) agrária, marcada pela
concentração da terra e do poder político local e regional.
Resposta:
[E]
Durante a Primeira
República, também denominada de República Velha, o país manteve sua estrutura agrária
tradicional, em diversas regiões, tendo substituído a escravidão por um modelo
assalariado precário. A estrutura exportadora e de concentração de terras
permaneceu e, a adoção de novo modelo eleitoral, no qual o homem pobre poderia
votar – desde que alfabetizado – exigiu que os latifundiários se preocupassem
em estabelecer controle sobre o voto de seus trabalhadores. Os grandes
latifundiários, os “coronéis” eram aqueles que possuíam poder econômico, dada a
concentração de terras, poder político local – dominando as prefeituras e, na
prática, o poder de polícia e de justiça, uma vez que delegados e juízes eram
normalmente indicados por eles.
7.
(Enem 2011) Até que ponto, a partir de
posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a
cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço
fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita
com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram
as discussões e um grande desacerto final.
FAUSTO, B. História
do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 (adaptado).
A imagem de um bem-sucedido acordo café com
leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os
dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e
cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto
por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior.
TOPIK, S. A
presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989
(adaptado).
Para a caracterização do processo político
durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política
do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a
sua utilização:
a) A riqueza gerada pelo café
dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à
presidência, sem necessidade de alianças.
b) As divisões políticas
internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança
entre estados para este período.
c) As disputas políticas do
período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e
paulistas.
d) A centralização do poder no
executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as
oligarquias.
e) A diversificação da
produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses das
oligarquias.
Resposta:
[C]
Apesar de apelido dado
“café com leite”, vale a pena lembrar que parte da elite mineira estava ligada
à produção de café, enquanto a importância da pecuária leiteira crescia. Os
cafeicultores mineiros tinham maiores vínculos com os paulistas, enquanto que
os pecuaristas, que produziam para o mercado interno, possuíam maiores
contradições. Além disso, a aliança procurava garantir o controle sobre a
Presidência da República e necessitava do apoio das oligarquias estaduais – e,
portanto dos coronéis – para que tivessem o apoio do Congresso Nacional.
A imagem representa as manifestações nas
ruas da cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do século XX, que
integraram a Revolta da Vacina. Considerando o contexto político-social da
época, essa revolta revela
a) a insatisfação da população
com os benefícios de uma modernização urbana autoritária.
b) a consciência da população
pobre sobre a necessidade de vacinação para a erradicação das epidemias.
c) a garantia do processo
democrático instaurado com a República, através da defesa da liberdade de
expressão da população.
d) o planejamento do governo
republicano na área de saúde, que abrangia a população em geral.
e) o apoio ao governo
republicano pela atitude de vacinar toda a população em vez de privilegiar a
elite.
Resposta:
[A]
O Rio de Janeiro era a
capital do Brasil, cidade onde se encontravam representações diplomática e
empresarial e padecia da falta de infraestrutura básica. A política dos
governos federal e municipal de promover o saneamento e embelezamento da
cidade, entendidos como modernização, foi implementado de maneira autoritária,
com a demolição de casas populares e a vacinação forçada promovida pelo
ministro Oswaldo Cruz.
9.
(Enem 2011) A consolidação do regime
democrático no Brasil contra os extremismos da esquerda e da direita exige ação
enérgica e permanente no sentido do aprimoramento das instituições políticas e
da realização de reformas corajosas no terreno econômico, financeiro e social.
Mensagem
programática da União Democrática Nacional (UDN) – 1957.
Os trabalhadores deverão exigir a constituição
de um governo nacionalista e democrático, com participação dos trabalhadores
para a realização das seguintes medidas: a) Reforma bancária progressista; b)
Reforma agrária que extinga o latifúndio; c) Regulamentação da Lei de Remessas
de Lucros. Manifesto do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) – 1962.
BONAVIDES, P;
AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2002.
Nos anos 1960 eram comuns as disputas pelo
significado de termos usados no debate político, como democracia e reforma. Se,
para os setores aglutinados em torno da UDN, as reformas deveriam assegurar o
livre mercado, para aqueles organizados no CGT, elas deveriam resultar em
a) fim da intervenção estatal
na economia.
b) crescimento do setor de bens
de consumo.
c) controle do desenvolvimento
industrial.
d) atração de investimentos
estrangeiros.
e) limitação da propriedade
privada.
Resposta:
[E]
Aglutinando os principais
sindicatos do Brasil, a CGT reunia setores do trabalhismo tradicional, de
origem varguista e grupos de esquerda, com influência significativa sobre os
trabalhadores. Ao defender a extinção do latifúndio e o controle sobre os
lucros das empresas estrangeiros instaladas no Brasil, a entidade procurava
limitar a propriedade privada.
10.
(Enem 2011) Em meio às turbulências
vividas na primeira metade dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as
tendências de esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro
Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) encenava peças
de teatro que faziam agitação e propaganda em favor da luta pelas reformas de
base e satirizavam o “imperialismo” e seus “aliados internos”.
KONDER, L. História
das Ideias Socialistas no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003.
No início da década de 1960, enquanto vários
setores da esquerda brasileira consideravam que o CPC da UNE era uma importante
forma de conscientização das classes trabalhadoras, os setores conservadores e
de direita (políticos vinculados à União Democrática Nacional - UDN -, Igreja
Católica, grandes empresários etc.) entendiam que esta organização
a) constituía mais uma ameaça
para a democracia brasileira, ao difundir a ideologia comunista.
b) contribuía com a
valorização da genuína cultura nacional, ao encenar peças de cunho popular.
c) realizava uma tarefa que
deveria ser exclusiva do Estado, ao pretender educar o povo por meio da
cultura.
d) prestava um serviço
importante à sociedade brasileira, ao incentivar a participação política dos mais
pobres.
e) diminuía a força dos
operários urbanos, ao substituir os sindicatos como instituição de pressão
política sobre o governo.
Resposta:
[A]
Para os setores mais
conservadores da sociedade, os grupos de esquerda e suas entidades, assim como
a ideia de “conscientizar os trabalhadores” representavam uma ameaça ao país e
suas instituições. A situação descrita no inicio dos anos 60 demonstra a
polarização política existente e uma situação de crise, principalmente durante
o governo de João Goulart, derrubado pelas forças conservadoras em 1964.
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