Olá, meus amigos e minhas amigas, depois de meses de combates
e grande número de perdas para ambos os lados, A Rússia tem mais uma vitória
nessa guerra que está completando dois anos na Ucrânia. A Cidade de Avdiivka
caiu para os russos, situação confirmada pelos próprios ucranianos.
As forças ucranianas tomaram uma decisão crítica para evitar
serem cercadas. Vamos entender melhor essa situação.
O Comandante das forças armadas ucranianas, Oleksandr
Syrskyi, que recentemente substituiu Valerii Zaluzhnyi, fez um anúncio através de uma publicação no Facebook, onde
disse que as tropas ucranianas recuaram da cidade de Avdiivka. Esse movimento,
segundo ele, é para evitar o cerco e
marca a maior mudança nas linhas de frente desde que as forças russas
capturaram Bakhmut em maio do ano passado. Syrskyi, que assumiu o cargo
recentemente, explicou que a decisão foi tomada para "preservar a vida e a
saúde dos militares", estabilizar a situação e mover as tropas para linhas
de defesa mais favoráveis. É bom lembrar que uma das críticas que se fazia ao
novo comandante era a de que ele não era muito preocupado com o custo de perdas
das tropas em suas operações.
Bom, ele enfatizou o valor da vida militar, dizendo que os
soldados "cumpriram seu dever militar com dignidade, fizeram tudo o
possível para destruir as melhores unidades militares russas, [e] infligiram
perdas significativas ao inimigo em termos de pessoal e equipamento."
Um dia antes desse anúncio, o comandante ucraniano
responsável pelas forças no sudeste do país já havia mencionado que as forças
de Kyiv haviam se retirado de algumas posições na cidade. Oleksandr Tarnavskiy
disse que "novas posições foram preparadas e poderosas fortificações
continuam a ser preparadas, levando em conta todos os cenários possíveis."
Tarnavskiy também mencionou que, diante de um inimigo que
avança sobre os corpos de seus próprios soldados com uma vantagem de dez para
um em termos de artilharia, sob constante bombardeio, essa retirada é "a
única solução correta."
À medida que nos aproximamos da marca de dois anos da
invasão em grande escala da Rússia, as tropas ucranianas estão sob pressão ao
longo da linha de frente, com fileiras esgotadas e exaustas e uma escassez de
munições de artilharia, agravada pelo impasse de um grande pacote de
financiamento dos EUA.
A situação não parece surpresa nem mesmo para os apoiadores
ocidentais. Prova disso é que o presidente dos EUA, Joe Biden, já havia
alertado na quinta-feira que Avdiivka corria o risco de cair nas mãos das
forças russas devido à falta de munição, após meses de oposição republicana ao
pacote de ajuda no congresso.
Avdiivka tem sido fortemente bombardeada pelos russos nos
últimos meses, mas somente nas últimas semanas eles conseguiram fazer avanços
significativos, com pequenos grupos de tropas avançadas conseguindo entrar na
própria cidade.
As tropas ucranianas, sob o comando do chefe do exército Oleksandr Syrskyi, tomaram uma decisão estratégica de se retirar da cidade de Avdiivka, que fica na parte leste do país. Essa jogada foi para evitar um cerco completo, sobre o qual já vínhamos comentando no canal nos últimos vídeos. Um cerco total é uma situação que ninguém quer enfrentar em campo de batalha.
Como comentamos aqui no canal, o general Syrskyi, que
assumiu o comando na semana passada após uma grande reorganização militar,
enviou reforços para ajudar na defesa de Avdiivka. No entanto, as declarações
de Tarnavskiy podem ter sinalizado que Kiev já estaria se preparando para uma
possível retirada, considerando que a cidade estava cercada por três lados
pelas forças russas.
A perda dessa cidade, quase dois anos após a invasão em
larga escala pela Rússia, poderia fortalecer a posição do presidente Volodymyr
Zelenskiy ao solicitar ajuda militar urgente ao Ocidente. Ele tem uma fala
marcada na Conferência de Segurança de Munique, o que adiciona um certo peso ao
momento.
Falando sobre o impacto dessa batalha, a Rússia ao assumir o controle de Avdiivka, que foi bastante devastada pelos
combates, isso não apenas lhes dá o controle total da área ao redor de Donetsk,
uma grande cidade ucraniana tomada por forças proxy russas em 2014, mas também
representaria um ganho simbólico significativo para Vladimir Putin.
Não podemos esquecer de mencionar a situação humanitária
alarmante. Vitaliy Barabash, o prefeito de Avdiivka, relatou que apenas 923
civis permanecem na cidade, de uma população pré-guerra de cerca de 32.000. A
maioria são idosos que se recusam a deixar suas casas, mesmo com o calor dos
combates.
E para acrescentar à tensão, John Kirby, o porta-voz de
segurança nacional da Casa Branca, destacou que a escassez de munição de
artilharia é um grande problema para as forças ucranianas em campo, isso sem
falar, como comentamos no vídeo de ontem a dificuldade em repor o pessoal no
campo de batalha.
O comandante ucraniano, que por sinal prefere ser chamado
pelo seu codinome, Titushko, disse que antes, a estratégia era manter o inimigo
sempre no alerta, disparando a cada meia hora. Mas ó, o jogo mudou. Agora, eles
estão economizando munição, atirando só em defesa ou quando veem um agrupamento
significativo de equipamento do adversário. Isso mostra uma adaptação às
circunstâncias atuais, onde cada decisão tem que ser milimetricamente pensada.
A tomada de Avdiivka seria a primeira grande vitória russa
desde que tomaram Bakhmut em maio. O local é estratégico, domina alturas
importantes e abre caminho para corredores logísticos vitais. Mykhailo
Podolyak, que é conselheiro do presidente Zelenskiy, falou numa entrevista que
o lance aqui não é simbolismo, é puramente estratégico.
Agora, tem gente na Ucrânia comparando Avdiivka com Bakhmut,
lembrando das perdas pesadas na defesa dessa cidade. Michael Kofman, um especialista
do Carnegie Endowment, já falava sobre o
risco de Avdiivka ser politizada demais, ignorando a realidade militar no
terreno. especialmente pensando nas perdas em Bakhmut e o que isso pode
significar para Avdiivka.
Bom gente, não é por não estar se falando sobre alguma
coisa, que essa coisa não está acontecendo. Às vezes podemos ter a impressão de
que o mundo está vivendo apenas duas guerras, uma em Gaza e outra na Ucrânia,
mas isso não é verdade. Vamos atravessar o mediterrâneo e dá uma espiada no que
está acontecendo mais perto da gente, afetando a vida de milhões de pessoas,
mas que pouco se fala nos toticiáris.
Isso mesmo, No Sudão, a situação também está esquentando. As
forças armadas do Sudão (SAF) fizeram um avanço significativo em Omdurman,
marcando um ponto de virada na guerra contra as forças paramilitares Rapid
Support Forces (RSF) que começou em abril do ano passado. Eles conseguiram se
juntar com outras unidades no sul da cidade, quebrando um cerco que estava
montado desde abril. E a novidade? Eles entraram no Souq Omdurman, um dos
mercados mais antigos do país, depois de receberem um upgrade com drones
Mohajer 6 do Irã, graças a uma visita do líder do exército, Gen Abdel Fattah
al-Burhan, a Teerã.
Em Ombada, que fica no noroeste da cidade, a situação ficou
bem tensa. As pessoas foram obrigadas a evacuar suas casas com apenas 72 horas
de aviso. E tem mais: cerca de 100 homens foram presos pelo Exército
Sudão-Arabe (SAF), e os relatos são de que eles passaram por situações bem
humilhantes – foram despidos, vendados e chicoteados antes de serem liberados.
Um caso particularmente trágico é o de Awad Hakeem, um
ex-mecânico de carros de Ombada. Infelizmente, ele faleceu há dois dias depois
dessa experiência horrível. E não era a primeira vez que ele tinha sido preso
pelo exército; já tinha sido detido e supostamente torturado antes.
Um dos homens que foram presos compartilhou como foi essa
experiência: “Fomos humilhados, nos disseram que não tínhamos senso de
patriotismo enquanto éramos espancados. Alguns de nós choravam.”
A maioria desses homens pertence ao grupo étnico Gouran, uma
minoria no Sudão. Eles trabalhavam nos mercados, vendendo e comprando roupas.
Como muitas cidades do Sudão, Khartoum tem segregação étnica e racial.
E ainda tem a situação das mulheres sudanesas, que, diante
dessa realidade, procuram refúgio. Uma imagem marcante mostra uma delas
segurando uma placa que diz: "Estou vindo do Sudão com minhas filhas,
refugiadas em um acampamento."
A situação é tão crítica que a ONU já fez um alerta sobre o
"sofrimento épico" no Sudão e fez um apelo por 4 bilhões de dólares
em ajuda humanitária.
E pra piorar, os soldados do SAF, especialmente os recrutas
novos, estão sendo acusados de saquear as casas do povo Gouran em Omdurman, no
norte e oeste. Uma das vítimas disse: “Eles nos expulsaram, aparentemente só
para saquear nossas casas. Eu perdi tudo... eles levaram todos os meus móveis.”
Para quem não sabe, Sudão é um país africano que desde sua
independência em 1956, tem sido governado por elites árabes e núbias, uma
minoria que vem das tribos ao longo do Nilo, no norte do Sudão.
Em um dos recentes capítulos dessa história, no início de agosto, o exército ordenou que um grupo étnico específico que vivia às margens do Nilo, na região leste de Omdurman, deixasse suas casas. Quando algumas dessas pessoas tentaram voltar para pegar seus pertences, encontraram suas casas ocupadas por soldados e seus bens desaparecidos. É um cenário desolador.
E a situação em Khartoum, a capital do país, é igualmente
grave. Dos 11 milhões de habitantes, a maioria fugiu da cidade devido ao
conflito. No entanto, milhões ainda permanecem lá, especialmente os mais pobres
e aqueles vindos de estados distantes como Darfur e Kordofan, que também estão
sendo palco de lutas intensas.
As Forças Armadas Sudanesas (SAF) têm sido acusadas de mirar
em grupos não-árabes, principalmente aqueles vindos de Darfur, que viviam na
cidade de Wad Madani, ao sul de Khartoum, antes de ser capturada pela Força de
Suporte Rápido (RSF) em dezembro. Relatos indicam que dezenas foram mortos e
centenas desalojadas.
O governador militar do estado, Mohamed el-Badawi, fez um
chamado aos serviços de inteligência para prender todos aqueles que trabalham
nos mercados como vendedores e mendigos, acusando-os de atuarem como espiões
para a RSF. A maioria desses comerciantes no Sudão vem de Darfur e Kordofan,
regiões marcadas por uma longa guerra civil.
E falando em guerra civil, o exército sudanês, que criou a
RSF para lutar uma guerra por procuração em Darfur, tem sido acusado de cometer
genocídio contra as comunidades não-árabes em Darfur, matando mais de um milhão
de pessoas e deslocando milhões de suas casas. Como resultado, o ex-presidente
sudanês e general do exército, Omar al-Bashir, foi o primeiro presidente no
cargo a ser indiciado pelo Tribunal Penal Internacional em Haia.
A RSF também é acusada de limpeza étnica da principal
comunidade não-árabe dos Masalit em Darfur Ocidental durante a última onda de
violência na região, matando milhares de pessoas e deslocando centenas de
milhares.
E para adicionar a essa situação já tensa, mais de 10.000
pessoas foram mortas no Sudão desde o início da guerra em uma luta pelo poder
entre dois generais.
Como vocês podem ver, é um panorama realmente trágico,
mostrando como conflitos étnicos e lutas pelo poder podem devastar um país e
sua população. Continuo torcendo para que a humanidade consiga abandonar de vez
a barbárie e resolver todas as suas controvérsias de forma pacífica e através
da diplomacia.
Ficamos por aqui, se esse vídeo foi útil pra vocês, faça um
comentário, compartilhe em suas redes sociais, dê um like, e é claro, se ainda
não for inscrito, inscreva-se no canal e ative o sininho. Ok, gente, um grande
abraço do professor Arão Alves
#GuerraNaUcrânia #ConflitoNoSudão #Geopolítica
#AtualizaçãoDeGuerra #EstratégiaMilitar #AnáliseGeopolítica
#NotíciasInternacionais #Avdiivka #TropasNoSudão #LiderançaMilitar
Comentários
Postar um comentário