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Filosofia Questões comentadas - Testando seus conhecimentos

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TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
“O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma grande diferença entre subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um senhor e escravos, de modo algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não de uma associação; nela não existe bem público, nem corpo político.” (Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.)

1.   Sobre Do Contrato Social, publicado em 1762, e seu autor, é correto afirmar que:
a) Rousseau, um dos grandes autores do Iluminismo, defende a necessidade de o Estado francês substituir os impostos por contratos comerciais com os cidadãos.   
b) A obra inspirou os ideais da Revolução Francesa, ao explicar o nascimento da sociedade pelo contrato social e pregar a soberania do povo.   
c) Rousseau defendia a necessidade de o homem voltar a seu estado natural, para assim garantir a sobrevivência da sociedade.   
d) O livro, inspirado pelos acontecimentos da Independência Americana, chegou a ser proibido e queimado em solo francês.   


Resposta:

[B]

Rousseau, um dos teóricos mais importantes do Iluminismo, apresenta uma teoria baseada no contrato social entre os homens e na igualdade natural entre todos eles. Seu pensamento apresenta uma crítica ao Antigo Regime, inspirando ideais que culminaram na Revolução Francesa.


   
2.   No trecho apresentado, o autor
a) argumenta que um corpo político existe quando os homens encontram-se associados em estado de igualdade política.   
b) reconhece os direitos sagrados como base para os direitos políticos e sociais.   
c) defende a necessidade de os homens se unirem em agregações, em busca de seus direitos políticos.   
d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, que obrigava multidões de homens a se submeterem a um único senhor.   


Resposta:

[A]

Resposta de Filosofia:
Rousseau enxerga no contrato social o estabelecimento e a garantia da liberdade civil. Nesse sentido, ele rejeita tanto um governo que subjugue os homens, quanto as agregações que se originam dessa subjugação por não constituírem-se como corpo político. Deve-se considerar que os direitos políticos e sociais, para Rousseau, não são baseados em direitos sagrados, sendo, na verdade, a ordem social a base de todos os direitos.

Resposta de História:
Rousseau foi um dos principais expoentes do iluminismo. Ao discutir a situação do homem, preocupa-se com as condições políticas da época e defende o direito da sociedade na escolha de seus governantes.



  
3.   A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento constitui suficiente prova de que não é inato.
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p.13.

O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia parte,
a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua aquisição deriva da experiência.   
b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os conhecimentos possam ser obtidos.   
c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar a existência de ideias inatas.   
d) defende que as ideias estão presentes na razão desde o nascimento.   


Resposta:

[A]

Para Locke o conhecimento somente pode ser adquirido pelos sentidos, isto é, pela experiência sensorial. Para Locke o conhecimento não é inato uma vez que é a razão que os descobre. Caso o conhecimento fosse inato o que justificaria o fato de nem todas as pessoas possuírem o mesmo conhecimento. Somente pela experiência é que a mente capta as informações e a razão é capaz de transforma-la em conhecimento.



  
4.   Apenas a procriação de filhos legítimos, embora essencial, não justifica a escolha da esposa. As ambições políticas e as necessidades econômicas que as subentendem exercem um papel igualmente poderoso. Como demonstraram inúmeros estudos, os dirigentes atenienses casam-se entre si, e geralmente com o parente mais próximo possível, isto é, primos coirmãos. É sintomático que os autores antigos que nos informam sobre o casamento de homens políticos atenienses omitam os nomes das mulheres desposadas, mas nunca o nome do seu pai ou do seu marido precedente.

Adaptado de Alain Corbin e outros, História da virilidade, vol. 1. Petrópolis: Vozes, 2014, p. 62.

Considerando o texto e a situação da mulher na Atenas clássica, podemos afirmar que se trata de uma sociedade
a) na qual o casamento também tem implicações políticas e sociais.   
b) que, por ser democrática, dá uma atenção especial aos direitos da mulher.   
c) em que o amor é o critério principal para a formação de casais da elite.   
d) em que o direito da mulher se sobrepõe ao interesse político e social.   


Resposta:

[A]

Em Atenas a sociedade era patriarcal, isto é, o homem o gênero masculino possuía predominância em todos os aspectos da vida cotidiana. O domínio da vida social residia na autoridade do homem, relegando a mulher um papel inferior. As mulheres até se casarem estavam sob a influência do poder paterno. Após seu casamento elas estavam sobre o domínio do poder do marido. Os casamentos eram negociados e envolviam o debate sobre o dote, pois um casamento arranjado era concebido como uma poderosa aliança que possibilitava ao marido uma manutenção do poder e até mesmo uma ascensão social, sendo assim fundamental para um destaque na vida política social da cidade. Por fim vale destacar que as mulheres tinham como obrigação a lida doméstica e a educação inicial das crianças, além de não possuírem direitos políticos e seu status era considerado inferior do mesmo modo que era o status dos estrangeiros e os escravos.



  
5.   A dúvida é uma atitude que contribui para o surgimento do pensamento filosófico moderno. Neste comportamento, a verdade é atingida através da supressão provisória de todo conhecimento, que passa a ser considerado como mera opinião. A dúvida metódica aguça o espírito crítico próprio da Filosofia.
(Adaptado de Gerd A. Bornheim, Introdução ao filosofar. Porto Alegre: Editora Globo, 1970, p. 11.)

A partir do texto, é correto afirmar que:
a) A Filosofia estabelece que opinião, conhecimento e verdade são conceitos equivalentes.   
b) A dúvida é necessária para o pensamento filosófico, por ser espontânea e dispensar o rigor metodológico.   
c) O espírito crítico é uma característica da Filosofia e surge quando opiniões e verdades são coincidentes.   
d) A dúvida, o questionamento rigoroso e o espírito crítico são fundamentos do pensamento filosófico moderno.   


Resposta:

[D]

O período moderno da filosofia se caracterizou por dois movimentos, a saber, a dúvida e o método. A dúvida colocou em questão aquilo que se tinha por conhecimento – vale ressaltar que a filosofia moderna tem seu início geralmente demarcado no século XVII – e o método buscou reconstruir o conhecimento de modo que não se pudesse dele duvidar. Porém, esta ausência de dúvida não significa dogmatismo, mas sim o esforço da dedicação à filosofia, ao estudo da sabedoria, ao bem aplicar o espírito.

“Este é o método que segui, e que tu, se te aprouver, poderás utilizar. Pois não te recomendo o meu, apenas o proponho. Contudo, qualquer que seja o método que empregares, gostaria muito de recomendar-te a filosofia, isto é, o estudo da sabedoria, por falta do qual todos sofremos recentemente muitos males”. (T. Hobbes. Do Corpo – Cálculo ou Lógica. Campinas: Editora Unicamp, 2009, 15).

“O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar tê-lo mais do que o têm. E não é verossímil que todos se enganem a tal respeito; mas isso antes testemunha que o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina o bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens; e, destarte, que a diversidade de nossas opiniões não provém do fato de serem uns mais racionais do que outros, mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e não considerarmos as mesmas coisas. Pois não é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem. As maiores almas são capazes dos maiores vícios, e os que só andam muito lentamente podem avançar muito mais, se seguirem sempre o caminho reto, do que aqueles que correm e dele se distanciam”. (R. Descartes. Discurso do método. In Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 29).



  
6.   A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância.
O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois
a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos.   
b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos.   
c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos.   
d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas.   


Resposta:

[A]

Primeiramente, o ponto de partida da filosofia socrática não é a afirmação “sei que nada sei”, mas sim a palavra do oráculo de Delfos (dedicado a Apolo) que afirmou para Sócrates ser ele o homem mais sábio de todos. Sócrates não duvidou da palavra do Deus e partiu em busca da compreensão das palavras divinas. Interrogando outras pessoas, Sócrates percebeu que apesar de ele não possuir conhecimento sobre as coisas, possuía conhecimento sobre sua própria ignorância, algo que todos os outros homens não possuíam. A ignorância sobre o que significava a palavra divina o fez ir atrás do conhecimento sobre si mesmo.  



  
7.   Na segunda metade do século XVIII, pensadores importantes, como Denis Diderot, atacaram os próprios fundamentos do imperialismo. Para esse filósofo, os seres humanos eram fundamentalmente formados pelas suas culturas e marcados pelas diferenças culturais, não existindo o homem no estado de natureza. Isso levava à ideia de relatividade cultural, segundo a qual os povos não podiam ser considerados superiores ou inferiores a partir de uma escala universal de valores.

(Adaptado de Sankar Muthu, Enlightenment Against Empire. Princeton: Princeton University
Press, 2003, p. 258, 268.)

a) Segundo o texto, como as ideias de Denis Diderot se opunham ao imperialismo?
b) No pensamento de Jean-Jacques Rousseau, qual a relação entre a ideia de “homem no estado de natureza” e a organização das sociedades civilizadas?


Resposta:

a) Ao negar o estado de natureza e sustentar a afirmação de que os seres humanos são formados por processos culturais – fato que redundaria na existência de várias culturas simultâneas – o pensamento de Diderot contrapõe-se diretamente às bases do imperialismo por dois motivos. O primeiro é de que o homem inicialmente estaria nas selvas e posteriormente construiria a civilização em um processo único, de maneira igual para todos, desta maneira, começando pela selvageria, passaria pela barbárie até a civilização. A segunda é a de que os europeus consideravam naquele momento histórico seu continente o auge da civilização e do desenvolvimento. Os africanos e os demais povos colonizados, teoricamente “inferiores” ainda não haviam chegado ao estágio civilizado europeu, portanto, caberia aos mesmos o encargo de ajudá-los neste processo.


b) O conceito de estado de natureza ou também de condição natural tem a função de explicar a situação pré-social na qual os indivíduos existem isoladamente, deste modo, Jean-Jacques Rousseau (no século XVIII) pensou primeiramente os indivíduos isolados pelas florestas sobrevivendo sempre com o que a natureza lhes oferece, deste modo, desconhecendo as lutas, comunicavam-se pela linguagem dos gestos (gritos, cantos) o que tornava sua comunicação mais generosa. Este estado de felicidade primitiva, na qual os homens existem na condição de bom selvagem inocente, termina quando alguém toma para si um terreno e o cerca dizendo: “É propriedade minha”. Ora, esta divisão da propriedade privada é que dá origem a sociedade civilizada que tem como característica a guerra entre todos contra todos. A percepção de Rousseau evidencia a luta entre fracos e fortes, privilegiando o poder do mais forte ou a vontade do mais forte. Quanto isto acontece, em toda parte reina o medo, a insegurança, a luta e a morte e para que isto não ocorra, para que este medo não prevaleça é preciso que os humanos decidam pela sociedade civilizada criando o poder político e as leis criando o contrato social cujos governos representariam a “vontade geral” numa tentativa de minimizar as diferenças existentes.



  
8.   De um lado, dizem os materialistas, a mente é um processo material ou físico, um produto do funcionamento cerebral. De outro lado, de acordo com as visões não materialistas, a mente é algo diferente do cérebro, podendo existir além dele. Ambas as posições estão enraizadas em uma longa tradição filosófica, que remonta pelo menos à Grécia Antiga. Assim, enquanto Demócrito defendia a ideia de que tudo é composto de átomos e todo pensamento é causado por seus movimentos físicos, Platão insistia que o intelecto humano é imaterial e que a alma sobrevive à morte do corpo.

(Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro produz a mente?: um levantamento da opinião de psiquiatras”. www.archivespsy.com, 2015.)


A partir das informações e das relações presentes no texto, conclui-se que
a) a hipótese da independência da mente em relação ao cérebro teve origem no método científico.   
b) a dualidade entre mente e cérebro foi conceituada por Descartes como separação entre pensamento e extensão.    
c) o pensamento de Santo Agostinho se baseou em hipóteses empiristas análogas às do materialismo.   
d) os argumentos materialistas resgatam a metafísica platônica, favorecendo hipóteses de natureza espiritualista.    
e) o progresso da neurociência estabeleceu provas objetivas para resolver um debate originalmente filosófico.   


Resposta:

[B]

René Descartes, através dos conceitos de res cogitans (coisa pensamente) e res extensa (coisa extensa) já apresentava o dualismo que mais tarde se definiu entre mente e cérebro. O debate acerca da neurociência contemporânea baseia-se majoritariamente nessa questão.



  
9.   Os homens, diz antigo ditado grego, atormentam-se com a ideia que têm das coisas e não com as coisas em si. Seria grande passo, em alívio da nossa miserável condição, se se provasse que isso é uma verdade absoluta. Pois se o mal só tem acesso em nós porque julgamos que o seja, parece que estaria em nosso poder não o levarmos a sério ou o colocarmos a nosso serviço. Por que atribuir à doença, à indigência, ao desprezo um gosto ácido e mau se o podemos modificar? Pois o destino apenas suscita o incidente; a nós é que cabe determinar a qualidade de seus efeitos.

(Michel de Montaigne. Ensaios, 2000. Adaptado.)


De acordo com o filósofo, a diferença entre o bem e o mal
a) representa uma oposição de natureza metafísica, que não está sujeita a relativismos existenciais.   
b) relaciona-se com uma esfera sagrada cujo conhecimento é autorizado somente a sacerdotes religiosos.    
c) resulta da queda humana de um estado original de bem-aventurança e harmonia geral do Universo.    
d) depende do conhecimento do mundo como realidade em si mesma, independente dos julgamentos humanos.    
e) depende sobretudo da qualidade valorativa estabelecida por cada indivíduo diante de sua vida.    


Resposta:

[E]

De acordo com o argumento de Montaigne, o bem e o mal são resultado da forma como os homens julgam o mundo, e não atributos essenciais das coisas.



  
10.   Se um estranho chegasse de súbito a este mundo, eu poderia exemplificar seus males mostrando-lhe um hospital cheio de doentes, uma prisão apinhada de malfeitores e endividados, um campo de batalha salpicado de carcaças, uma frota naufragando no oceano, uma nação desfalecendo sob a tirania, fome ou pestilência. Se eu lhe mostrasse uma casa ou um palácio onde não houvesse um único aposento confortável ou aprazível, onde a organização do edifício fosse causa de ruído, confusão, fadiga, obscuridade, e calor e frio extremados, ele com certeza culparia o projeto do edifício. Ao constatar quaisquer inconveniências ou defeitos na construção, ele invariavelmente culparia o arquiteto, sem entrar em maiores considerações.

(David Hume. Diálogos sobre a religião natural, 1992. Adaptado.)


a) Explicite o tema filosófico abordado no texto e sua relação com a criação do mundo.
b) Explique como os argumentos do filósofo evidenciam um ponto de vista empirista (fundamentado na experiência) e cético (baseado na dúvida), em contraste com uma concepção metafísica sobre o tema.


Resposta:

a) O tema a que ele se refere é a questão metafísica acerca da natureza do bem e do mal. Segundo ele, o bem e o mal são resultado da ação humana, e não da vontade divina.

b) David Hume, ao demonstrar os males do mundo, não se utiliza de deduções lógicas, mas do efeito de ações que causam algum tipo de mal-estar para o homem. Ou seja, o mal é resultado da experiência humana. Além disso, ele não apela para explicações metafísicas e religiosas para categorizar esse mal. Ou seja, o seu empirismo o conduz também a uma atitude de ceticismo. Essa visão é oposta ao racionalismo cartesiano, bem como ao idealismo platônico, uma vez que não há, segundo Hume, qualquer noção inata de bem e de mal no homem.





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