1.
(Unicamp 2014) “(...) o desencanto com a
Nova República era provocado principalmente pelo fracasso dos vários planos
econômicos que não conseguiram domar o dragão da inflação. Depois do breve
sucesso do Plano Cruzado, de 1986, a arrancada dos preços disparou, esmagando o
poder de compra dos brasileiros, especialmente dos mais pobres.”
(Marly Motta,
“Rumo ao planalto”. Disponível em
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/especial-nova-republicarumo-
ao-planalto. Acessado em 09/08/2013.)
a) Explique o que é inflação.
b) Quais os efeitos do congelamento de
preços, base do Plano Cruzado, para a economia brasileira do período?
Resposta:
a) A inflação é o aumento
de preços dos produtos que pode ser ocasionada por desequilíbrios econômicos
variados, um deles é a elevação da demanda (consumo) sem ocorrer aumento
proporcional no investimento e na produção. Outros fatores como a atuação de
oligopólios (poucas empresas produzindo um tipo de produto) com formação de
cartel (preços combinados em patamares elevados para obtenção de maior
lucratividade), excesso de protecionismo contra produtos importados e até
fatores ambientais (seca severa com redução da oferta de produtos agrícolas)
podem interferir na elevação dos preços.
b) Em 1986, com a retomada
da democracia no país (Nova República) e durante do governo de José Sarney, foi
implantado o Plano Cruzado para combater a inflação elevada. O congelamento de
preços surtiu resultado apenas no curto prazo, uma vez que a intervenção muito
brusca na economia fracassou. Entre os efeitos do plano, a retenção de produtos
pelos empresários causando desabastecimento de alguns produtos, a troca da
moeda, a pequena melhora da distribuição de renda no período de queda
inflacionária e o posterior retorno da inflação elevada.
2. (Ufg 2014) Analise a imagem e leia o
texto a seguir.
Na corte, teorias e experimentos médicos
tinham livre curso de permeio às terapias tradicionais. Na Regência, ainda se
fazia um unguento, supostamente útil para prevenir a queda dos cabelos, com a
gordura do corpo dos escravos. Certo Dr. Santos publicou, em 1838, os
resultados de uma experiência inédita; fizera uma cascavel picar um negro
leproso para estudar os efeitos do veneno da cobra na evolução da doença. Mas o
experimento fracassou porque o doente morreu em 24 horas.
ALENCASTRO,
Luiz Felipe. “Vida privada e ordem privada no Império”. In: História da vida
privada no Brasil. Império: a corte e a modernidade nacional. V. 2. 1997.
p. 76-77. (Adaptado).
A imagem e o texto remetem ao cotidiano da
cidade do Rio de Janeiro, na primeira metade do século XIX. Nesse ambiente de
intensas trocas culturais, ao negro eram atribuídas diferentes representações.
Diante do exposto, explique
a) como a pintura expressa as trocas culturais
no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XIX;
b) a diferença na forma de
representação do negro, na imagem e no texto.
Resposta:
a) Na pintura temos um
conjunto de homens negros, aparentemente libertos, porém trajando vestes
diferenciadas; no entanto, o fato de estarem descalços nos remete a sua
condição de inferioridade. Em parte ela expressa certa preocupação com a
higiene, que pode ser interpretada de forma equivocada e preconceituosa como
uma influência branca.
b) Se a imagem mostra negros
libertos, vestidos e asseados, o texto retrata o negro como alvo de
experiências pseudocientíficas, como cobaias humanas, para a obtenção de
produtos ou medicamentos úteis para a sociedade da época.
3.
(Unesp 2014) Nos
primeiros anos da década de 1980, a Argentina e o Brasil trilharam, finalmente,
o caminho da democracia. Naquele período, em um e outro país, as manifestações
da sociedade vieram à tona, em vários níveis.
(Boris Fausto e
Fernando Devoto. Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada
(1850-2002), 2004.)
Compare os processos de democratização
ocorridos no Brasil e na Argentina nos anos 1980, a partir de dois aspectos:
situação econômica interna; punição aos responsáveis por violências praticadas
durante os respectivos regimes militares.
Resposta:
Situação econômica interna
do Brasil: Por volta de 1984, a alta no preço do petróleo e o alto valor dos
juros das transações internacionais abalaram a economia brasileira. A balança
comercial brasileira ficou deficitária e os índices de inflação ficaram altos.
A dívida externa aumentou, a industrialização estagnou e o desemprego atingiu
altos índices. Mesmo assim, o governo militar manteve os programas de
crescimento previstos anteriormente.
Punição aos responsáveis no
Brasil: esse tema constitui grande polêmica no Brasil até hoje. A Lei de Anistia, promulgada em 1979, está
sendo até hoje discutida no país, inclusive pelo STJ, para avaliar a validade
ou não da anistia aos agentes do Estado que promoveram a tortura durante o Regime
Militar. Há uma divisão na opinião de juristas e da sociedade sobre o tema:
alguns acham correto os agentes do Estado serem beneficiados pela Lei, outros
acham errado.
Situação econômica interna
da Argentina: durante o processo de transição argentino, houve uma equiparação
entre o peso e o dólar, o que deu aos argentinos um maior poder compra que,
mais tarde, levou ao aumento da inflação no país. Houve também um aumento na
privatização das empresas argentinas, seguindo o modelo econômico neoliberal.
Punição aos responsáveis na
Argentina: os torturadores argentinos que participaram da chamada “Guerra Suja”
(processo de tortura) receberam do governo argentino um indulto, ficando, assim, sem punição.
4.
(Uerj 2014) Tratados de
Roma: 50º aniversário
A Europa foi, durante séculos, uma ideia,
uma esperança de paz e de entendimento. Enfrentamos, na atualidade, grandes
desafios que não conhecem fronteiras nacionais, e a União Europeia é a resposta
que temos para lhes dar. Neste modelo europeu, conjugam-se sucesso econômico e
responsabilidade social. A unificação da Europa veio dar vida a um sonho de
gerações passadas. Manda a nossa história que preservemos tal fortuna para as
gerações vindouras. Por isso nos une, cinquenta anos passados da assinatura dos
Tratados de Roma, o objetivo de dotar a União Europeia de uma base comum e
renovada.
HANS-GERT
PÖTTERING, ANGELA MERKEL e JOSÉ M. BARROSO Adaptado de europa.eu, 25/03/2007.
Os Tratados de Roma, assinados em 1957,
instituíram a Comunidade Econômica Europeia e a Comunidade Europeia da Energia
Atômica.
Apresente um aspecto da conjuntura
internacional da época que justifique a assinatura dos Tratados de Roma. Em
seguida, identifique dois desafios enfrentados pela União Europeia na
atualidade.
Resposta:
A CEE foi criada com o
objetivo de fortalecer os laços econômicos entre os países Europeus, como parte
de um programa de recuperação pós-guerra que previa a livre-circulação de
pessoas, dinheiro e mercadorias entre os países membros. A integração econômica
levaria, ao fim e ao cabo, à integração política entre os países.
Os principais desafios da
EU nos dias atuais são:
1)
lidar com a questão da xenofobia;
2)
lidar com o avanço econômico de países asiáticos, como o Japão e a China;
3)
lidar com a crise econômica que assolou a Europa no início desta década;
4) lidar com os altos
índices de desemprego nos países europeus.
5.
(Fuvest 2014) O
Plano Colômbia inicial consistia antes de tudo em uma ajuda militar destinada à
erradicação das plantações de droga. Os programas de fumigação não tiveram
início com ele: existiram desde 1994. Isto não impediu um crescimento ainda
maior da superfície cultivada. Com o Plano Colômbia, e sobretudo a partir de
2001, esses programas adquiriram nova dimensão. Entretanto, não parece que eles
tenham tido, tampouco, mais sucesso.
Daniel Pécaut,
“Lógicas econômicas, militares e políticas na ‘guerra’ colombiana”. In: C.
Brigagão & D. Proença Jr. (orgs.). Paz e terrorismo. São Paulo:
Hucitec, 2004, p. 255.
a) Qual foi o papel desempenhado pelos
Estados Unidos da América na implementação do “Plano Colômbia”?
b) A afirmação do autor de que o “Plano
Colômbia” e outros programas semelhantes a ele, aparentemente, não tiveram
grande sucesso se justifica? Explique.
Resposta:
a) Os EUA e a Colômbia
realizaram o Plano Colômbia. Na década de 1990, a Colômbia estava em grave
crise que ameaçava a unidade do país. De um lado, narcotraficantes dominando
algumas áreas gerando instabilidade institucional, exportando drogas, principalmente
para os USA. De outro lado, as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia) desejavam criar um governo revolucionário. A diplomacia da Colômbia,
com respaldo do governo dos EUA, elaborou o Plano Colômbia que acabou
beneficiando, de certa forma, os dois lados. Aumentou a influência dos USA na
América do Sul. Os narcotraficantes e os guerrilheiros colombianos foram
desmobilizados.
b) Por um lado, o Plano
Colômbia conseguiu reduzir as áreas de produção de maconha e coca e
desmobilizou os cartéis melhorando a segurança do país. Por outro lado, alguns
cartéis colombianos transferiram para o México aumentando o tráfico e a
violência na fronteira com os EUA.
6.
(Ufg 2014) Leia os textos a seguir.
Texto 1
Foi a própria sociedade brasileira, por meio
de suas instituições ou com o apoio delas, que sequestrou meus ancestrais da
África e os transformou em um insumo barato. Assim como foram as políticas
estatais que, após a abolição, inviabilizaram toda forma de reparação oficial
pelos quase 400 anos de escravidão, jogando milhões de pessoas das senzalas
para as ruas, da escravidão para o desemprego ou para as garras de patrões que
nunca deixaram de tratá-las como seus “negrinhos” e suas “negrinhas”.
SILVA, Wilson
da. Superinteressante, São Paulo, jun. 2001. Disponível em:
. Acesso
em: 16 out. 2013. (Adaptado).
Texto 2
Todos nós sabemos que a África subsaariana
forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e
para a América. Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de
exportação da pauta econômica africana. Sobre a miscigenação no Brasil, nós
temos uma história tão bonita. Fala-se que as negras foram estupradas. Fala-se
que a miscigenação deu-se pelo estupro. Fala-se que foi algo forçado. Mas,
Gilberto Freyre mostra que isso se deu de forma muito mais consensual.
TORRES,
Demóstenes, apud. FERRAZ, Luca; CAPRIGLIONE, Laura. Jornal Folha de S.
Paulo, 4 mar. 2010. Disponível em: .
Acesso em: 16 out. 2013. (Adaptado).
As reflexões sobre as políticas afirmativas
têm gerado o uso de diferentes interpretações sobre o passado brasileiro.
Publicados na mídia impressa e digital, os textos apresentados exemplificam
dois discursos sobre a história da escravidão no Brasil, representativos do
debate sobre a implementação das cotas raciais. Diante do exposto e
considerando a diferença entre os textos, explique a
a) característica que fundamenta a
interpretação sobre a escravidão, em cada um deles;
b) a relação entre a
interpretação e a posição política sobre as cotas raciais, em cada um deles.
Resposta:
a) Para o texto 1, os
escravos trazidos da África para o Brasil foram sequestrados, ou seja, vieram
escravizados como produto de uma relação de força física e de força do capital
e de seus interesses, que transformaram vidas humanas em simples mercadorias.
Para o texto 2, a escravidão no Brasil foi uma continuidade de algo que já
existia, praticada pelos próprios africanos, séculos antes da colonização
lusitana dessas terras.
b) Para o autor do texto 1
existe a necessidade de se reparar um crime histórico com a população de afro
descendentes e a política de cotas é parte desse reparo; enquanto o texto 2, ao
não enxergar a responsabilidade histórica do Estado brasileiro, desconhece a
necessidade de qualquer tipo de reparação.
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