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1. Observe a imagem abaixo:
O reinado de D. José I, em Portugal
(1750-1777), foi marcado pela atuação de Sebastião José de Carvalho e Melo
(futuro Marquês de Pombal), nomeado secretário de estado do Reino. Ao se tornar
figura central da administração portuguesa, Pombal procurou empreender uma
série de reformas no país, de modo a reverter a situação de crise em que vivia
o reino português. Segundo o historiador Kenneth Maxwell:
“Uma consequência imediata
das medidas drásticas de Pombal foi desembaraçar o caminho para ações
governamentais em várias frentes. Assim, a década de 1760 marcou um período de
consolidação e ampliação das reformas iniciadas durante a década anterior.
Estas incluíram (...) a afirmação da autoridade nacional na administração religiosa
e eclesiástica, o estímulo a empreendimentos industriais e a atividades
empresariais e a consolidação da autoridade para lançar impostos, das
capacidades militares e da estrutura de segurança do Estado”.
MAXWELL,
Kenneth. Marquês de Pombal: paradoxo do Iluminismo. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1996. p. 96.
Com base no texto acima e em seus
conhecimentos, cite e analise:
a)
uma medida da
política econômica pombalina para a América Portuguesa.
b)
uma medida da
política pombalina em relação ao sistema educacional na colônia brasileira.
Resposta:
a) O estudante poderá destacar, dentre
outras: a criação das companhias de comércio; o controle do contrabando de ouro
e diamante; a reorganização da política fiscal. A medida mais famosa, no
entanto, foi a criação da Derrama, na região das Minas Gerais. Com o intuito de
cobrar os impostos atrasados dos mineradores, acabou atingindo toda a sociedade
da região devido a ação violenta de governantes e militares portugueses no
Brasil.
b) O estudante poderá destacar, dentre
outras: a proposta de secularização do ensino, principalmente em função da
expulsão dos jesuítas, que mobilizavam, até então, o ensino na colônia. Na
verdade essa medida abriu caminho para a ação de outras ordens religiosas
católicas, mais dóceis em relação ao Estado.
2. Os historiadores são quase
unânimes em reconhecer que a atividade mineradora do século XVIII resultou numa
forma específica de colonização que a diferenciava do resto do Brasil.
(FARIA,
Sheila de Castro. Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2000, p. 397).
Considere o contexto histórico da América
portuguesa, no que se refere à sociedade e à economia colonial do século XVIII,
e diferencie esta forma de colonização daquela realizada no Nordeste açucareiro,
dos séculos XVI e XVII.
Resposta:
Na sociedade açucareira, o
braço forte do processo da sociedade colonial estava no elemento escravocrata;
já na sociedade mineradora, pela especificidade da organização econômica, houve
a inserção de atividades intermediárias que inseriram o escravo numa condição
antagônica, ou seja, o escravo passou a ser visto em atividades urbanas,
diferente das atividades rurais predominante na sociedade açucareira. Em
virtude dessa condição, a economia açucareira estava voltada para o mercado
externo; em contrapartida, na economia mineradora, pela questão do processo de
desenvolvimento interno, houve alteração ocorrida pelo deslocamento demográfico
para a região Centro-Sul.
3. Leia este trecho, em que o personagem principal - Robinson Crusoé -
rememora fatos por ele vividos no século XVII:
"Pouco tempo depois do
desembarque [na Bahia], fui recomendado pelo Capitão a um homem muito honrado,
semelhante ao mesmo capitão, que tinha o que vulgarmente se chama um Engenho, isto
é, uma plantação e uma manufatura de açúcar. Vivi alguns tempos em sua casa e
por este meio me instrui no modo de plantar e fazer o açúcar. Ora, vendo que
comodamente viviam estes cultivadores e com rapidez se enriqueciam, resolvi-me
a estabelecer-me e a ser cultivador como os outros, se fosse possível obter
licença; bem entendido que procuraria o meio de me fazer vir à mão o dinheiro,
que tinha deixado em Londres [...] [Importei da Inglaterra] panos, sedas, meias
e outras coisas extraordinariamente estimadas e procuradas neste país [e...]
achei o segredo de as vender por alto preço, de sorte que posso dizer que,
depois de sua venda, ajuntei mais de quatro vezes o valor da minha carregação
[...] o ano seguinte tive toda a sorte de vantagens na minha plantação; colhi
na minha própria terra cinquenta rolos de tabaco [que] estavam bem
acondicionados e prontos para quando a frota voltasse para Lisboa."
DEFOE, Daniel. "Vida, e
aventuras admiráveis de Robinson Crusoé, que contem a sua tornada à sua Ilha,
as suas novas viagens, e as suas reflexões". Lisboa: Impressão de Aucobia,
1815. v. 1, p. 68-69 e 74. (Adaptado)
A
partir dessa leitura e considerando outros conhecimentos sobre o assunto,
a)
IDENTIFIQUE duas atividades econômicas de caráter distinto desenvolvidas por
Robinson Crusoé na Bahia.
b)
RELACIONE as atividades indicadas no item a desta questão à política
colonizadora das potências europeias para a América na Época Moderna.
Resposta:
a)
A lavoura canavieira e a lavoura do fumo (tabaco), durante o período colonial
do Brasil. Pode-se mencionar ainda o comércio de manufaturas inglesas na
colônia.
b)
O cultivo de gêneros tropicais nas colônias americanas e o posterior comércio
no mercado europeu, bem como o fornecimento de manufaturas europeias às áreas
coloniais, atendiam aos propósitos da acumulação mercantilista das potências europeias
na Época Moderna.
Quanto
ao tabaco, este era utilizado no Tráfico Negreiro, importante fonte de capitais
para algumas das potências europeias.
4. Leia o seguinte texto:
"Na manhã de 29 de novembro de
1807, circulou a informação de que a Rainha, o Príncipe Regente e toda a Corte
estava fugindo para o Brasil, sob a proteção da Marinha Britânica. Nunca algo
semelhante tinha acontecido na história de qualquer país europeu, rei nenhum
havia ido tão longe a ponto de cruzar um oceano para viver e reinar do outro
lado do mundo."
(Revista "Super
Interessante", Outubro de 2007)
Com
base no texto, responda:
a)
Indique uma das ordens imediatas do Príncipe Regente ao pisar em terras
brasileiras.
b)
No que diz respeito à chegada da Família Real ao Brasil em 1808, apresente duas
consequências que tenham tido significativa relevância no sentido de modificar
o rumo histórico do país.
Resposta:
a)
A abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas em 1808.
b)
Entre as consequências relevantes da chegada da Família Real portuguesa ao
Brasil em 1808, pode-se mencionar o Tratado de Comércio e Navegação de 1810 com
a Inglaterra, que além de constituir-se em obstáculo ao desenvolvimento da
atividade industrial no Brasil, iniciava a vinculação do Brasil à órbita do
capitalismo britânico, e a elevação do
Brasil à condição de Reino Unido de Portugal e Algarves em1815, retirando-lhe a
condição de Colônia.
5. Leia atentamente o trecho a seguir e, com base nele e em seus
conhecimentos, responda ao que se pede.
"Se
pensarmos na história do Brasil (...) veremos que nenhum produto, ou atividade
desaparece. Às vezes nem mesmo decai, (...). Na verdade, o que aconteceu [no
caso do açúcar] deve ser explicado por fatores que dizem respeito às condições
do mercado consumidor mundial, ao nível técnico da produção, à competitividade
do produto..."
(LINHARES, M. Y. L. "História
da agricultura brasileira".)
a)
Cite e analise dois fatores que levaram à chamada "crise do açúcar",
em meados do século XVII.
b)
É correto dizer que existiu um "ciclo do açúcar" no Brasil?
Justifique sua resposta.
Resposta:
a)
O aluno deveria citar e analisar dois fatores que levaram à crise ao açúcar na
século XVII no Brasil colônia, entre eles: a expulsão dos holandeses do
nordeste e a consequente perda do monopólio açucareira nas Antilhas e seu maior
nível técnico; o reaquecimento da produção e consumo de açúcar de beterraba na
Europa; o endividamento dos senhores de engenho; a lenta resposta da Coroa
portuguesa para oferecer novos investimentos, dentre outras.
b)
O candidato com base no trecho de Maria Yêda Linhares deveria responder a
questão de existência ou não de um ciclo açucareiro e justificá-la. Por ser
essa uma questão de ordem metodológica optou-se por considerar que:
-
Não teria havido um ciclo açucareiro, pela manutenção de sua produção e
importância por séculos na pauta das exportações e no atendimento ao mercado
interno. O aluno deverá considerar também a impropriedade de utilização do
conceito de "ciclo" tendo em vista a dinâmica colonial que não se
resumia apenas a um produto exportador. No entanto, optou-se por considerar
também aquelas respostas que afirmavam a presença de um ciclo desde que
justificassem suas respostas e demonstrassem o domínio de conceitos, tais como
o de Pacto Colonial e antigo Sistema Colonial, bem como a predominância do
latifúndio e da monocultura e exportadora na colônia brasileira.
6. A instalação de famílias de colonos estrangeiros, no interior do Brasil,
foi inicialmente incentivada pelo governo de D. João VI, durante a permanência
da corte e, posteriormente também, pelo governo imperial brasileiro. A colônia
de Nova Friburgo (RJ), fundada em 1818 para abrigar cem famílias suíças, e a
colônia de São Leopoldo (RS), formada por alemães desde 1824, com apoio do
Império, são dois exemplos pioneiros desse tipo de ocupação. Posteriormente, no
final do século XIX, as políticas de imigração diversificaram-se e foram
amplamente utilizadas. Um exemplo disso foi a imigração subsidiada,
especialmente para abastecimento das lavouras de café no sudeste do país.
Considere
as informações acima e responda ao que se pede.
a)
Caracterize duas diferentes formas de imigração adotadas no Brasil ao longo do
século XIX.
b)
Explique os objetivos principais das duas políticas de imigração incentivadas
no Brasil.
Resposta:
a)
No início do século XIX ,durante o período joanino no Brasil, a política de
imigração visava a ocupação de áreas de interesse para as quais se estimulava a
vinda de europeus destinados a ocuparem terras nas áreas de fronteiras com os
domínios espanhóis. As terras eram doadas a esses imigrantes para que lá se
fixassem e garantissem essas terras para o governo.
Com
a expansão da lavoura cafeeira no Oeste Paulista, adotou-se inicialmente o
sistema de parceria, no qual arregimentava-se imigrantes europeus pobres para trabalhar nos cafezais
com a promessa de participação na produção. Essa modalidade de trabalho resultou
em fracasso, pois os imigrantes atraídos com a possibilidade de "fazer a
América", foram submetidos a uma intensa exploração, devido ao
endividamento
crescente para pagar a despesas
de
viagem financiadas pelo fazendeiro e os gastos cotidianos no armazém da
fazenda, onde se praticavam preços abusivos, além de serem tratados como se
tratava os escravos.
Diante
do fracasso do sistema de parceria, e a crescente demanda por mão de obra nos
cafezais, pressionado pelos fazendeiros, o governo imperial adotou o Sistema
Subvencionado, pelo qual governo arcava com
os
custos da imigração, ou seja, com as despesas de recrutamento e viagem do
europeu. Ainda na Europa, era assinado um contrato de trabalho, que assegurava
garantias ao trabalhador, esclarecia a remuneração e estabelecia a jornada de
trabalho.
b)
A primeira política de imigração incentivada
pelo
governo, tinha por objetivo garantir
para
Portugal, e posteriormente para o Brasil,
terras
geralmente disputadas com a Espanha e, mais tarde, com países vizinhos.
A
segunda tinha como objetivo principal suprir a demanda por mão de obra na
lavoura cafeeira num momento de grande expansão em razão do crescimento das
exportações de café que tornava-se o principal produto da economia nacional.
Vale
observar que a preferência pelo europeu nas políticas de imigração do período
imperial, fundamentava-se nas teses racistas da necessidade de
embranquecimento da população brasileira
como um caminho para o progresso.
7. "(...) ponderando-se o acharem-se hoje as Vilas dessa Capitania tão
numerosas como se acham, e que sendo uma grande parte das famílias dos seus
moradores de limpo nascimento, era justo que somente as pessoas que tiverem
essa qualidade andassem na governança delas..."
"Ordem Régia" (Para Câmara
de Vila Rica-MG), 27 de janeiro de 1726.
"A
Câmara e a Misericórdia podem ser descritas, apenas com um ligeiro exagero,
como os pilares gêmeos da sociedade colonial desde Maranhão até Macau."
BOXER, C. R. "O império
marítimo português". Lisboa: Edições 70, 1969, p. 267.
O
mais significativo órgão político-administrativo implantado por Portugal nas
vilas coloniais da América Portuguesa era a Câmara Municipal.
Baseando-se
nas citações apresentadas, responda com suas próprias palavras:
a)
Qual era a origem social daqueles que ocupavam os cargos nas Câmaras
Municipais?
b)
Cite três funções das Câmaras Municipais nas principais vilas coloniais.
Resposta:
a)
Os proprietários de terras e escravos, conhecidos como homens bons; Elite
Colonial; Latifundiários; Aristocracia; Nobres da Colônia; Classe alta.
b)
I. Fiscalização das condições da vida urbana (abastecimento, salubridade,
posturas, etc.).
II.
Arrecadar tributos e administrar contratos.
III.
Justiça de primeira instância.
8. DA BANDEIRA DA INCONFIDÊNCIA
Através
de grossas portas,
sentem-se
luzes acesas,
-
e há indagações minuciosas
dentro
das casas fronteiras.
"Que
estão fazendo, tão tarde?
Que
escrevem, conversam, pensam?
Mostram
livros proibidos?
Leem
notícias nas Gazetas?
Terão
recebido cartas
de
potências estrangeiras?"
(...)
E
a vizinhança não dorme:
murmura,
imagina, inventa. (...)
(MEIRELES,
Cecília. In: "Romanceiro da Inconfidência". Rio de Janeiro: Letras e
Artes, 1965.)
Os
versos acima retratam o clima das Minas Gerais nos últimos anos do século
XVIII.
Cite
um objetivo que os inconfidentes pretendiam atingir e descreva o ambiente
intelectual vivido, nesta região, em 1789.
Resposta:
Um
dentre os objetivos:
- pôr fim à opressão colonial
- acabar com a cobrança da derrama
- dar um governo liberal às Minas Gerais
- estabelecer uma universidade em Vila Rica
- acabar com o exclusivo comercial na região
- emancipar Minas e Rio de Janeiro de Portugal
A
elite rica e letrada da sociedade mineira vivenciava, no final do século XVIII,
as ideias francesas, provenientes do Iluminismo, consideradas como infames e
perigosas pelo governo português. Através desses representantes da sociedade
mineira, conversas e intrigas eram realizadas em espaços fechados,
conspirando-se contra o governo metropolitano.
9. Entre 1817 e 1820, dois viajantes estrangeiros, Spix e Martius,
participaram de uma missão científica que percorreu diversas regiões do Brasil.
Ao chegarem ao Rio de Janeiro, anotaram sua opinião sobre a capital do Império:
Quem
chega convencido de encontrar esta parte do mundo descoberta só desde três
séculos, com a natureza inteiramente rude, violenta e invicta, poder-se-ia
julgar, ao menos aqui na capital do Brasil, fora dela; tanto fez a influência
da civilização e cultura da velha e educada Europa para remover deste ponto da
colônia os característicos da selvajaria americana, e dar-lhe cunho de
civilização avançada. Língua, costumes, arquitetura e afluxo dos produtos da
indústria de todas as partes do mundo dão à praça do Rio de Janeiro aspecto
europeu.
(SPIX & MARTIUS. "Viagem
pelo Brasil: 1817-1820". Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EdUSP, 1981.)
Indique
duas realizações da administração de D. João que tenham contribuído para que o
Rio de Janeiro adquirisse as características europeias percebidas pelos
autores.
Resposta:
Duas
dentre as realizações:
-
construção de novos prédios na cidade do Rio de Janeiro
-
aumento da entrada de produtos vindos de outras praças comerciais,
proporcionada pela Abertura dos Portos decretada em 1808
-
vinda da Missão Francesa
-
criação da Biblioteca Nacional
-
criação do Jardim Botânico
-
criação de instituições de ensino superior
10. "... E permite El-Rei que sejam estes índios escravos por estar certificado de sua vida e
costumes que não são capazes para serem forros, e merecem que os façam escravos
pelos grandes delitos que têm cometido contra os portugueses, matando e comendo
centos deles, e milhares deles, em que entrou um bispo e muitos
sacerdotes."
(SOUZA, Gabriel Soares de. In: ANAIS
DA BIBLIOTECA NACIONAL. Rio de Janeiro: 1941.)
Em
sua obra datada de 1587, o autor legitimava a escravidão dos indígenas
brasileiros, enumerando razões para esse posicionamento.
a)
Indique uma razão ideológica e uma razão econômica, utilizadas pelos agentes da
colonização, para justificar a escravização do indígena.
b)
Aponte um argumento utilizado pela historiografia atual para explicar a
introdução da escravidão negra no Brasil.
Resposta:
a)
Razões ideológicas:
- a "superioridade" cultural do
colonizador branco
- a submissão do indígena à fé cristã,
vista como a única verdadeira
Razões
econômicas:
- a colônia não poderia se sustentar sem
braços para o trabalho agrícola
- a colônia necessitava do braço indígena
para se manter povoada
b)
Um dentre os seguintes argumentos:
- o interesse da Coroa e da burguesia
traficante europeia pelo tráfico negreiro
- a fraca densidade demográfica das
comunidades nativas, o que impossibilitava a manutenção da opção pelo
latifúndio monocultor
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