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Brasil Colônia - Questões discursivas com gabarito comentado




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1. (Uel 2013)  Leia o texto a seguir, escrito pelo Padre Antonil em 1711.

Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar a fazenda, nem ter engenho corrente. E do modo como se há com eles, depende tê-los bons ou maus para o serviço. Por isso, é necessário comprar cada ano algumas peças e reparti-las pelos partidos, roças, serrarias e barcas. E porque comumente são de nações diversas, e uns mais boçais que outros e de forças muito diferentes, se há de fazer a repartição com reparo e escolha, e não às cegas.
No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários PPP, a saber, pau, pão e pano. E, posto que comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo, dado por qualquer causa pouco provada, ou levantada; e com instrumentos de muito rigor, ainda quando os crimes são certos, de que se não usa nem com os brutos animais...

(Adaptado de: ANTONIL, A. J. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. 3.ed. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982. p.89. Coleção Reconquista do Brasil. Disponível em: . Acesso em: 1 ago. 2012.)

a) Considerando o Período Colonial brasileiro, explique a afirmativa “Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho”.
b) Qual a posição assumida pelo Padre Antonil frente ao tratamento dispensado aos escravos?
  
2. (Unicamp 2013)  1549 e 1763 são os anos do estabelecimento de Salvador e Rio de Janeiro, respectivamente, como capitais da área que viria a ser o Brasil. Em 1960, a terceira capital foi inaugurada.

Em relação ao estabelecimento das capitais, responda:
a) Quais os objetivos políticos do estabelecimento das duas primeiras capitais?
b) Por que a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília pode ser vista como uma mudança política e estratégica?
  
3. (Fuvest 2012)  A formação histórica do atual Estado do Rio Grande do Sul está intrinsecamente relacionada à questão fronteiriça existente entre os domínios das duas coroas Ibéricas na América meridional. Desde o século XVIII, esta região foi cenário de constantes disputas territoriais entre diferentes agentes sociais. Atritos que não estiveram restritos apenas às lutas travadas entre luso-brasileiros e hispano-americanos pelo domínio do Continente do Rio Grande.

Eduardo Santos Neumann, “A fronteira tripartida”, Luiz Alberto Grijó (e outros). Capítulos de História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004, p. 25. Adaptado.

a) Caracterize a “questão fronteiriça”, mencionada no texto acima.
b) Quais são as principais diferenças e semelhanças entre a organização socioeconômica do Rio Grande colonial e a de regiões açucareiras, como Bahia e Pernambuco, na mesma época?
  
4. (Unicamp 2012)  Durante o século XVIII, a capitania de São Paulo sofreu grandes transformações territoriais e administrativas. Em 1709, nasceu a capitania de São Paulo e das Minas do ouro, abrangendo imenso território correspondente à quase totalidade das atuais regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, à exceção da então capitania do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Até 1748, sucessivos desmembramentos formaram as regiões de Minas, Santa Catarina, Rio Grande de São Pedro, Goiás e Mato Grosso. O novo capitão-general, mais conhecido como Morgado de Mateus, foi diretamente instruído pelo futuro Marquês de Pombal a ocupar-se da fronteira oeste ameaçada pelos espanhóis e a fomentar a produção de gêneros de exportação.

(Adaptado de Ana Paula Medicci, "São Paulo nos projetos de império", em Wilma Peres Costa e Cecília Helena de Oliveira, De um império a outro: formação do Brasil, séculos XVIII e XIX. São Paulo: Hucitec/Fapesp, 2007, p. 243.)

a) Cite duas atividades econômicas que sustentavam a capitania de São Paulo no século XVIII.
b) Considerando a política territorial na América Portuguesa nos séculos XVI e XVII, comente as mudanças significativas do século XVIII nesse aspecto.
  
5. (Ufba 2012)  LEI No 12.391, DE 4 DE MARÇO DE 2011.

Inscreve no Livro dos Heróis da Pátria os nomes dos heróis da “Revolta dos Búzios” João de Deus do Nascimento, Lucas Dantas de Amorim Torres, Manuel Faustino Santos Lira e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono
a seguinte Lei:

Art. 1º Inscrevam-se no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília, os nomes dos heróis da “Revolta dos Búzios” João de Deus do Nascimento, Lucas Dantas de Amorim Torres, Manuel Faustino Santos Lira e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga.
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 4 de março de 2011; 190º da Independência e 123º da República.

DILMA ROUSSEFF
Anna Maria Buarque de Hollanda

Com base nessa Lei e nos conhecimentos sobre a Conjuração Baiana de 1798, explique o significado histórico e político do reconhecimento dos heróis do passado para a Bahia de hoje.

a) Histórico.
b) Político.
  
6. (Ufg 2012)  Leia a composição a seguir.

Mulher
Você vai fritar
Um montão de torresmo pra acompanhar
Arroz branco, farofa e a malagueta
A laranja-bahia ou da seleta
Jogue o paio, a carne seca
Toucinho no caldeirão
E vamos botar água no feijão.

BUARQUE, Chico. Feijoada completa. Álbum Feijoada Completa, 1978. Disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2012.

A composição recorre à receita da feijoada. Considerada um prato típico da culinária brasileira, a feijoada expressa um processo de miscigenação cultural que remete ao período colonial. Considerando-se o exposto,
a) identifique um ingrediente presente na composição e explique como se deu sua difusão na cultura alimentar, no Brasil Colonial.
b) Explique por que a receita da feijoada expressa o processo de miscigenação cultural.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Um exemplo de embaixada alegórica é apresentado no vídeo Festa do Rosário dos Homens Pretos do Serro, que começa com a narração da seguinte história.

“Dizem que Nossa Senhora tava no meio do mar. Aí vieram os caboclos e lhe chamaram, mas ela não veio não. Depois vieram os marujos brancos, mas ela só balanceou. Aí chegaram os catopês. Eles cantaram, tocaram só com caco de cuia e lata veia. Ela gostou deles, teve pena deles e saiu do mar”.

Trata-se de um mito de reconciliação e integração, bem como de uma compensação simbólica para a experiência histórica de escravidão negra em Minas Gerais. Essa experiência é abertamente expressa em muitos textos musicais das congadas.

José Jorge de Carvalho. Um panorama da música afro-brasileira. In: Série Antropologia. Brasília: Editora da UnB, 2000.


7. (Unb 2012)  A partir do texto acima, julgue o item a seguir.

A experiência histórica da escravidão negra mencionada no texto difere da experiência do regime de trabalho vigente na agroindústria açucareira nordestina, porque, na região mineradora, a rigidez das instituições e das normas vigentes impedia tanto a eventual alforria de escravos quanto a mobilidade social.
 
Gabarito:  

Resposta da questão 1:
 a) O candidato deve relacionar a noção de que os escravos são as mãos e os pés dos senhores de engenho com os trabalhos na propriedade rural, do plantio ao fabrico do açúcar. Isto é, constituem as bases fundamentais da economia colonial.

b) Em relação ao tratamento dispensado aos escravos, Antonil observa que, embora seja recomendado que se empreguem os PPP, muitas vezes os castigos são mais abundantes que a vestimenta e a alimentação, ou seja, Antonil indica o desequilíbrio no tratamento dado aos escravos. Em outras palavras, recomenda aos senhores que castiguem os escravos na “medida correta”, sem exageros.  

Resposta da questão 2:
 a) Em 1549, com a criação do Governo Geral, a Coroa quer centralizar a administração colonial e efetivar um controle sobre os capitães donatários. Em 1763, o deslocamento da capital para o sul do Brasil tem como objetivo, efetivar um maior controle sobre a região mineradora, eixo econômico da colônia, naquele momento.

b) Promoção da interiorização do país, integração regional e, em tempos de Guerra Fria, garantir um proteção contra um ataque externo. Promover um distanciamento dos órgãos do governo em relação às regiões populosas do RJ, MG e SP, evitando a intensa pressão política sobre o governo.  

Resposta da questão 3:
 a) As disputas que se desenvolveram na região estão diretamente relacionadas à importância do Rio da Prata e de alguns afluentes. Pelo porto de Buenos Aires era escoada parte das riquezas provenientes das minas peruanas e, paralelamente, se desenvolveram diversas atividades mercantis, abrindo possibilidades de enriquecimento. Tal situação levou colonos portugueses a fundarem a colônia de Sacramento, em terras teoricamente pertencentes à Espanha. No extremo oeste do atual estado do Rio Grande, as missões de jesuítas espanholas – Sete Povos das Missões – também foram alvo de disputa entre as duas nações ibéricas.


b) no século XVIII podemos caracterizar como semelhança o latifúndio, apesar de muito melhor definido no nordeste. Enquanto no nordeste a principal atividade era agrária e destinada ao mercado externo, no sul destacou-se a pecuária, destinada ao mercado interno, tanto com a venda de animais para a região mineradora, como na produção de charque (carne salgada).  

Resposta da questão 4:
 a) A capitania de São Paulo conheceu intenso desenvolvimento no século XVIII devido à mineração. Como o texto destaca as duas regiões integravam a mesma capitania. Pensando na região que atualmente é denominada de São Paulo, destacava-se o comércio de passagem, como a principal atividade, com destino às regiões mineradoras – inclusive Goiás – tanto de gêneros agrícolas, como de animais provenientes do sul.


b) Nesse período houve grande preocupação com as redefinições das fronteiras, pois brasileiros ocupavam porções significativas além do limite de Tordesilhas. Atividades mineradoras e de exploração de drogas do sertão na região norte. Diversos tratados de limites foram assinados, destacando-se o Tratado de Madri, que mais que duplicou o território brasileiro.  

Resposta da questão 5:
 a) Histórico

• Reconhecimento do grande esforço e determinação do grupo formado por negros e mulatos, escravos, forros e livres para idealizarem um movimento visando modificar a rígida estrutura da sociedade colonial brasileira escravista e desigual, em prol do estabelecimento de novas relações sociais nas quais a cor da pele e a posição social não significassem necessariamente exclusão e inferioridade.
• Reivindicações de vanguarda para a época: fim da escravidão, liberdade de comércio, queda dos governos autoritários, separação entre Igreja e Estado e igualdade de todos, sem distinção de cor e classe.

b) Político
• Ação política de movimentos negros organizados no esforço pelo resgate dos fatos históricos nos quais os negros se destacaram como sujeitos da história e desenvolveram ações para a luta contra a escravidão, o preconceito e a discriminação;
• Ações de valorização dos elementos originários das diversas culturas africanas aqui introduzidas, tanto nos seus elementos aparentes (estética, música,) quanto nos elementos estruturantes (língua, religião).
• Uma modificação nas formas tradicionais de escrever a história do Brasil apenas do ponto de vista das elites dominantes.  

Resposta da questão 6:
 a) Dentre os vários ingredientes presentes na composição, difundidos no Brasil Colonial durante o processo de colonização, destacam-se (o candidato deve indicar – e explicar a difusão – um ingrediente):

– o torresmo, a carne seca e o paio: esses produtos foram trazidos para o Brasil com a migração portuguesa e foram disseminados por várias regiões do Brasil, principalmente no Sul e Nordeste, por se adaptarem à necessidade de preservação dos alimentos por longos períodos;
– a laranja e o arroz: esses produtos foram disseminados no Brasil pela colonização portuguesa por meio do comércio com o Oriente, especialmente Índia e China, de onde foi trazida, por exemplo, a laranja;
– a pimenta e a mandioca: a pimenta malagueta era original das regiões tropicais da América e fazia parte da culinária indígena. A mandioca, produto da dieta indígena, foi incorporada no regime alimentar da população colonial, sendo consumida sob a forma de farofa;
– o feijão: embora exista uma variedade europeia desse produto, o feijão disseminado no Brasil é de origem americana, tendo sido incorporado à culinária colonial em função da facilidade de acesso.
b) A receita da feijoada mistura vários ingredientes, oriundos de diversas culturas. No contexto do mundo colonial, diante das condições impostas pelo cativeiro, os escravos incorporavam ao seu regime os alimentos que estavam à disposição. Essa incorporação revela o contato e a fusão de diferentes culturas, tendo como eixo a cultura escrava – exemplificada na culinária. Nesse sentido, a “feijoada completa” não é apenas um prato típico da cultura brasileira, mas expressa também a vitalidade da miscigenação étnica e cultural do Brasil, desde o período colonial. Registre-se também que a técnica de mistura de alimentos já encontrava-se disseminada na Europa, em pratos como o cassoulet francês, o cocido espanhol e a escudella da Catalunha que, por sua vez, se remete à olla podrida medieval. Como lembra Câmara Cascudo, “O que chamamos 'feijoada' é uma solução europeia elaborada no Brasil. Técnica portuguesa com material brasileiro”.  

Resposta da questão 7:
 Incorreto. De uma forma geral, o regime de trabalho, no nordeste açucareiro e na região mineradora, se assemelhava, apoiado na escravidão africana; no entanto, nas minas do século XVIII encontramos novas relações sociais, que são exceção, porém novidades diferenciadas, como a possibilidade de alforria ou mesmo o “negro de ganho”, nas áreas urbanas.  



Esse vídeo faz parte do curso online de história do Brasil para questões discursivas





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