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Questões discursivas 2017 - Gabarito Comentado

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1.   É preciso “fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo”. A frase foi atribuída ao ministro da Fazenda, Antonio Delfim Neto, um dos formuladores do chamado “milagre econômico”, ocorrido entre os anos de 1967 e 1973. Durante o regime ditatorial brasileiro, a economia se expandiu de modo acelerado e sem precedentes na história do país. Nesse período, o Produto Interno Bruto (PIB) subiu a média anual de 10,9% de 1968 a 1974. Esse crescimento econômico proporcionou o aumento do poder aquisitivo de grande parte do empresariado e da classe média, ampliando o poder de consumo para esses setores.

Ainda assim, o presidente Emílio Garrastazu Médici declarou “A economia vai bem, mas o povo vai mal” (Jornal do Brasil, 11 de março de 1970). Segundo o historiador Boris Fausto, “O PIB é um bom indicador do estado geral da economia, mas, seja em números brutos, seja em números per capita, não exprime a distribuição de renda”. (FAUSTO, Boris. História do Brasil. Edusp: São Paulo, 1995, p. 486).

a) Explique duas medidas econômicas que impulsionaram o crescimento da economia na ditadura militar.
b) Cite dois aspectos negativos provocados pelo “milagre econômico”.


Resposta:

a) Podemos citar o alto investimento estrangeiro, a instalação de multinacionais no país e o investimento em grandes obras públicas.
b) Podemos citar o aumento da concentração de renda, o aumento da desigualdade social, o crescimento da dívida externa e o aumento da inflação (a partir de 1980).



  
2.   Leia o texto e analise a imagem a seguir.

Vou falar hoje, neste bicentenário, da conjuração mineira, menos sobre as consequências desta prisão do que sobre as causas da chamada Inconfidência Mineira, designação de que francamente não gosto, e que não uso; a palavra inconfidência vem dos donos do poder e não da oposição. Vem da contrarrevolução e não da revolução; e, enfim, o objeto das nossas comemorações é uma revolução frustrada, não uma repressão bem-sucedida. É bom que estejamos bem claros sobre isto.

MAXWELL, K. Conjuração mineira: novos aspectos. Estudos Avançados. v. 3. n. 6. mai/ago, 1989, p. 4.



Com base no texto, na imagem e nos conhecimentos a respeito da Inconfidência ou Conjuração Mineira, responda aos itens a seguir.

a) Discorra sobre esse movimento denominado de Inconfidência ou Conjuração Mineira, ocorrido em Minas Gerais, em 1789.
b) Analise a representação de Tiradentes na pintura elaborada por Pedro Américo, após a proclamação da República no Brasil.


Resposta:

a) A Inconfidência Mineira, influenciada pelo Iluminismo e pela Revolução Americana, reuniu parte da população de Vila Rica em busca da contestação dos abusos coloniais (como a cobrança da derrama) e do desligamento do Brasil de Portugal, ou seja, buscava proclamar a Independência do Brasil. Além disso, os inconfidentes buscavam a proclamação de uma República, o livre comércio e a abertura de universidades no Brasil.

b) Pedro Américo pintou tal quadro durante a República, quando o governo brasileiro buscava forjar heróis nacionais que não tivessem ligação com Portugal. Tiradentes foi um dos escolhidos como “herói da Nação”. Daí a representação da sua morte ser dramatizada com contornos religiosos: Tiradentes assemelha-se a Jesus Cristo na pintura e o esquartejamento assemelha-se ao martírio crístico. Além disso, o corpo de Tiradentes forma o contorno do mapa do Brasil.



  
3.   Leia o texto a seguir.

Associação propõe suspender voto de quem recebe Bolsa Família

No Paraná, associação comercial propõe a candidatos a defesa da 'suspensão do direito ao voto' para beneficiários de programa. Se fosse adotada agora, medida prejudicaria Dilma Rousseff.

A ideia já tinha aparecido em redes sociais e até em cartazes nas manifestações de rua de 2013. Agora, porém, foi assumida formalmente pela Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa, município paranaense de 334 mil habitantes, a quase cem quilômetros de Curitiba. Em documento que está apresentando aos candidatos a cargos do Legislativo, a entidade propõe o fim do voto para quem é beneficiário do Bolsa Família.
O texto não cita o programa, que beneficia 13,8 milhões de famílias no País. Mas é explícito, ao propor ao candidato a defesa do seguinte ponto: “Suspensão do direito ao voto para beneficiados de qualquer programa de transferência direta de renda, nas esferas municipal, estadual ou federal.”
O documento provocou reações. Foi criticado por ferir direitos previstos na Constituição. [...]

ARRUDA, Roldão. O Estado de São Paulo. 10 Set. de 2014. Disponível em: Acesso em: 23 abr. 2017.


O texto, do jornalista Roldão Arruda, leva a pensar que, ao longo da história brasileira, sempre houve limitações para que alguns segmentos da sociedade participassem do voto. Há exemplos disso também nos EUA, quando houve a restrição de mulheres e homens que não tinham renda compatível com as exigências da época.

Relacionando o contexto da matéria jornalística com a participação popular na política ao longo da história brasileira, responda:

a) Como a Primeira Constituição de 1824 organizou a participação da sociedade na política?
b) Quais foram as principais mudanças eleitorais implantadas no período Vargas?


Resposta:

a) Em 1824 foi elaborada a primeira constituição do Brasil. A Carta foi outorgada e o poder público se dividiu em 3 poderes, no entanto, criou-se um "quarto poder", o Moderador, exercido exclusivamente por D. Pedro I, que ficaria acima dos outros três poderes. O sistema eleitoral adotado foi elitista e seletivo, pois estabeleceu o voto censitário, masculino e com idade superior a 25 anos, havendo uma concessão aos casados e oficiais militares acima de 21 anos e a todos os clérigos e bacharéis. Ou seja, esta magna carta excluiu a grande maioria de exercer a cidadania.

b) Na Era Vargas (1930-1945), exatamente no ano de 1932, foi elaborado um Código Eleitoral que assegurava o direito de votar a todos os brasileiros de ambos os sexos e acima de 21 anos, bem como aos estrangeiros registrados no país. Este documento foi mantido na Constituição de 1934 com pequenos reparos, todos universalizantes, a saber: a idade mínima passa a ser de 18 anos e o voto tornava-se secreto.



  
4.   Leia o trecho do romance Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis (1839-1908), em que o personagem Bento apresenta ao amigo Escobar os bens de sua família.

– Não, agora não voltamos mais [a viver na fazenda]. Olhe, aquele preto que ali vai passando, é de lá. Tomás!
– Nhonhô!
Estávamos na horta da minha casa, e o preto andava em serviço; chegou-se a nós e esperou.
– É casado, disse eu para Escobar. Maria onde está?
– Está socando milho, sim, senhor.
[...]
– Bem, vá-se embora.
Mostrei outro, mais outro, e ainda outro, este Pedro, aquele José, aquele outro Damião...
– Todas as letras do alfabeto, interrompeu Escobar.
Com efeito, eram diferentes letras, [...] distinguindo-se por um apelido ou da pessoa [...] ou de nação como Pedro Benguela, Antônio Moçambique.
– E estão todos aqui em casa? perguntou ele.
– Não, alguns andam ganhando na rua, outros estão alugados. Não era possível ter todos em casa. Nem são todos os da roça: a maior parte ficou lá.

Dom Casmurro, 1994.


O enredo de Dom Casmurro transcorre na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império brasileiro. A partir da análise do trecho, explicite a visão do proprietário sobre os seus escravos, as origens desses escravos e os tipos de exploração escravista na sociedade brasileira do século XIX.


Resposta:

Fica claro que, para Bento, os escravos são propriedades, fazendo parte do patrimônio familiar. O texto também deixa claro que os escravos são de origem africana e trabalham em 4 frentes: (1) lavoura/roça, (2) casa (escravos domésticos), (3) atividades urbanas remuneradas (escravos de ganho) e (4) cedidos a terceiros mediante pagamento (escravos de aluguel).  



  
5.   Leia o trecho a seguir.

A cada dia as posições se radicalizavam. No governo liberal de Ouro Preto foi criada a Guarda Negra, espécie de força paralela ao exército para proteger a monarquia. (...) a situação era de fato paradoxal. Os ex-escravizados guardavam lealdade à monarquia e opunham-se aos republicanos, chamados de ‘os paulistas’ (...) A partir do segundo semestre [de 1889], a cada dia um novo acontecimento insistia em desmentir a normalidade. (...) Os jornais também não davam trégua (...) Mas o medo maior era o descontrole, e não por acaso o Partido Republicano Paulista começou a frequentar os quartéis, arquitetando uma contrarrevolução preventiva que visava garantir as estruturas sociais. Enquanto isso, os militares encontravam-se em seu clube, para começar a confabular. Na agenda apertada do golpe, os dias passavam rápido (...)

SCHWARCZ, L. & STARLING, H. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 312-314.


Considerando esse texto e com base em seus conhecimentos:

a) Analise a atuação de DOIS atores sociais envolvidos no contexto da queda da monarquia no Brasil.
b) A queda da monarquia no Brasil em 1889 pode ser considerada um golpe? Justifique sua resposta.  


Resposta:

a) Grupos contrários à Monarquia durante o Segundo Reinado, 1840-1889. O exército que após o fim da Guerra do Paraguai, 1865-1870, ganhou consciência enquanto corporação, adotou ideias Positivistas e defendeu o fim da Monarquia e a adoção de uma República com poder político centralizado. A Igreja que desde a constituição de 1824 estava submetida ao poder do Estado através do Padroado e Beneplácito. Na década de 1870 dois bispos foram presos desgastando ainda mais a relação entre Estado e Igreja. Desta forma, esta instituição não tinha mais interesse na permanência da Monarquia no Brasil contribuindo para a implantação da República que adotou o Estado laico. A Burguesia cafeeira paulista estava incomodada com a centralização do poder nas mãos do monarca através do poder Moderador e apoiou uma República com viés federalista, ou seja, dando autonomia para os estados da federação. Classe média urbana interessada em uma República com uma natureza modernizante criando indústrias conforme a atuação de Rui Barbosa na fracassada política do Encilhamento.

b) Sim, o 15 de Novembro de 1889 foi um golpe considerando que a constituição brasileira de 1824 estabeleceu uma monarquia hereditária e que embora ocorresse uma modernização do país surgindo uma elite forte era possível negociar dentro do âmbito da monarquia como aconteceu com a Inglaterra em 1689 que substituiu uma monarquia absolutista para uma monarquia parlamentarista. Poderia elaborar outra constituição para o país, por exemplo. Segundo a antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz, autora de As barbas do imperador e do recente Brasil: uma biografia. “A gente aprende como historiador que não vale só você seguir sua ideologia”, diz sobre a ideia de que o que não corresponde a uma idealização é tratado como revolução e o que não corresponde, é golpe. “É golpe quando você tem uma movimentação política que coloca fim a um Estado legalmente constituído. A gente pode concordar ou não com a monarquia, mas era constitucional”. 






 

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