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Enem 2011 comentado - questões com gabarito e comentário



1. (Enem 2010)  Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra tropeiro vem de "tropa" que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu grandes contingentes populacionais para as novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de alimentos e produtos básicos. A alimentação dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido).
Nos pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com farofa e couve picada. O feijão tropeiro é um dos pratos típicos da cozinha mineira e recebe esse nome porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.

Disponível em http://www.tribunadoplanalto.com.br.
Acesso em: 27 nov. 2008.

A criação do feijão tropeiro na culinária brasileira está relacionada à
a) atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam nas minas.   
b) atividade culinária exercida pelos moradores cozinheiros que viviam nas regiões das minas.   
c) atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado e mercadoria.   
d) atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que necessitavam dispor de alimentos.   
e) atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da exploração do ouro.   


Resposta:

[C]

Interpretação de texto. Nos Séculos XVII e XVIII, os tropeiros eram partes da vida da zona rural e cidades pequenas dentro do sul do Brasil. Vestidos como gaúchos com chapéus, ponchos, e botas, os tropeiros dirigiram rebanhos de gado e levaram bens por esta região para São Paulo, comercializados na feira de Sorocaba. De São Paulo, os animais e mercadorias foram para os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.



  
2. (Enem 2010)  Negro, filho de escrava e fidalgo português, o baiano Luiz Gama fez da lei e das letras suas armas na luta pela liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai para cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18 anos de idade conseguiu provas de que havia nascido livre. Autodidata, advogado sem diploma, fez do direito o seu ofício e transformou-se, em pouco tempo, em proeminente advogado da causa abolicionista.

AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: Revista de Historia. Ano 1, n.o 3. Rio de Janeiro:
Biblioteca Nacional, jan. 2004 (adaptado).

A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na segunda metade do séc. XIX foi resultado de importantes lutas sociais condicionadas historicamente. A biografia de Luiz Gama exemplifica a
a) impossibilidade de ascensão social do negro forro em uma sociedade escravocrata, mesmo sendo alfabetizado.   
b) extrema dificuldade de projeção dos intelectuais negros nesse contexto e a utilização do Direito como canal de luta pela liberdade.   
c) rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão, que inviabilizava os mecanismos de ascensão social.   
d) possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo apoio das elites dominantes, a um mestiço filho de pai português.   
e) troca de favores entre um representante negro e a elite agrária escravista que outorgara o direito advocatício ao mesmo.   


Resposta:

[B]

O texto faz referência direta a importância do Direito como arma de luta pela liberdade; no entanto, ao tratar de intelectuais negros, vale lembrar que esse universo era muito limitado e, em meio a um número muito pequeno, muitos conseguirem destaque na sociedade da época, pós 1870, (a Lei do Ventre Livre é de 1871) época em o movimento abolicionista conheceu grande crescimento. Apesar de alguns negros forros (libertos) se intelectualizarem, essa foi a situação de uma minoria – normalmente destacada em livros.



  
3. (Enem 2010)  Substitui-se então uma história crítica, profunda, por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais gloriosa república que já se viu na América Latina, a do Paraguai.

CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado).

O imperialismo inglês, "destruindo o Paraguai, mantém o status o na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado economicamente livre".
Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem alguma repercussão.

(DORATIOTO. F. Maldita guerra: nova historia da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado).

Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas estão refletindo sobre
a) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais motivos dessa Guerra.   
b) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa Guerra.   
c) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de batalha.   
d) a dificuldade de elaborar explicações convincentes sobre os motivos dessa Guerra.   
e) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e argentino durante o conflito.   


Resposta:

[D]

Questão de interpretação e comparação que requer alguma atenção e mais do que conhecimento histórico, mas as novas tendências de interpretação da História. Os dois textos divergem quanto os motivos da guerra, sendo que o segundo texto apresenta uma crítica ao primeiro, ao considerá-lo “ideológico” e sem base documental.
É importante lembrar que, se a História é uma ciência humana, passível de interpretações diferentes onde as ideologias têm naturalmente visões diferentes, a História deve ser escrita a partir de base documental.



  
4. (Enem 2010)  Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente Alvará virem: que desejando promover e adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que haja a este respeito no Estado do Brasil.

Alvará de liberdade para as indústrias (1º de Abril de 1808). In: Bonavides, P.; Amaral, R. Textos políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).

O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará, não se concretizou. Que características desse período explicam esse fato?
a) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das manufaturas portuguesas.   
b) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobre suas redes de comércio.   
c) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada da família real portuguesa.   
d) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia assumida por Portugal no comércio internacional.   
e) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados para as indústrias portuguesas.   


Resposta:

[B]

A “liberdade industrial” ocorreu num contexto em que a dependência de Portugal frente à Inglaterra aumentou, fruto do apoio desta última na transferência da Corte para o Brasil. A Inglaterra era um país que se industrializava em um processo de quase 40 anos, produzia em grande escala e ainda recebeu uma série de privilégios de D. João VI, com a Abertura dos Portos e posteriormente com os Tratados de 1810. Dessa forma, o predomínio de produtos ingleses no Brasil minou qualquer possibilidade de desenvolvimento da indústria local.



  
5. (Enem 2010)  Em 2008 foram comemorados os 200 anos da mudança da família real portuguesa para o Brasil, onde foi instalada a sede do reino. Uma sequência de eventos importantes ocorreu no período 1808-1821, durante os 13 anos em que D. João VI e a família real portuguesa permaneceram no Brasil.
Entre esses eventos, destacam-se os seguintes:
• Bahia – 1808: Parada do navio que trazia a família real portuguesa para o Brasil, sob a proteção da marinha britânica, fugindo de um possível ataque de Napoleão.
• Rio de Janeiro – 1808: desembarque da família real portuguesa na cidade onde residiriam durante sua permanência no Brasil.
• Salvador – 1810: D. João VI assina a carta régia de abertura dos portos ao comércio de todas as nações amigas, ato antecipadamente negociado com a Inglaterra em troca da escolta dada à esquadra portuguesa.
• Rio de Janeiro – 1816: D. João VI torna-se rei do Brasil e de Portugal, devido à morte de sua mãe, D. Maria I.
• Pernambuco – 1817: As tropas de D. João VI sufocam a revolução republicana.

GOMES. L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta, 2007 (adaptado)

Uma das consequências desses eventos foi
a) a decadência do império britânico, em razão do contrabando de produtos ingleses através dos portos brasileiros,   
b) o fim do comércio de escravos no Brasil, porque a Inglaterra decretara, em 1806, a proibição do tráfico de escravos em seus domínios.   
c) a conquista da região do rio da Prata em represália à aliança entre a Espanha e a França de Napoleão.   
d) a abertura de estradas, que permitiu o rompimento do isolamento que vigorava entre as províncias do país, o que dificultava a comunicação antes de 1808.   
e) o grande desenvolvimento econômico de Portugal após a vinda de D. João VI para o Brasil, uma vez que cessaram as despesas de manutenção do rei e de sua família.   


Resposta:

[C]

Alternativa escolhida por exclusão pois, apesar de verdadeira, não responde à questão. Não é possível afirmar que “a conquista da região do rio da Prata” seja uma consequência dos fatos enumerados pelo enunciado. Território argentino até 1821, ele é incorporado ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves por Dom João VI com o nome de Província Cisplatina. A anexação é justificada pelos direitos hereditários que sua esposa, a Princesa Carlota Joaquina, teria sob a região. Após a conquista do território em 1816, pelo general português Carlos Frederico Lecor, (comandante dos Voluntários do Príncipe Regente), é desenvolvida uma inteligente política de ocupação. Localizado na entrada do estuário do Rio da Prata, a Banda Oriental é estratégica, já que quem a controla tem grande domínio sobre a navegação em todo o rio.



  
6. (Enem 2010)  Os vestígios dos povos Tupi-guarani encontram-se desde as Missões e o rio da Prata, ao sul, até o Nordeste, com algumas ocorrências ainda mal conhecidas no sul da Amazônia. A leste, ocupavam toda a faixa litorânea, desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão. A oeste, aparecem (no rio da Prata) no Paraguai e nas terras baixas da Bolívia. Evitam as terras inundáveis do Pantanal e marcam sua presença discretamente nos cerrados do Brasil central. De fato, ocuparam, de preferência, as regiões de floresta tropical e subtropical.

PROUS. A. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar. Editor, 2005.

Os povos indígenas citados possuíam tradições culturais específicas que os distinguiam de outras sociedades indígenas e dos colonizadores europeus. Entre as tradições tupi-guarani, destacava-se
a) a organização em aldeias politicamente independentes, dirigidas por um chefe, eleito pelos indivíduos mais velhos da tribo.   
b) a ritualização da guerra entre as tribos e o caráter semissedentário de sua organização social.   
c) a conquista de terras mediante operações militares, o que permitiu seu domínio sobre vasto território.   
d) o caráter pastoril de sua economia, que prescindia da agricultura para investir na criação de animais.   
e) o desprezo pelos rituais antropofágicos praticados em outras sociedades indígenas.   


Resposta:

[B]

As tribos Tupi-guaranis, que ocuparam grande parte do território brasileiro, conforme descreve o texto, possuíam as características básicas dos nativos do Brasil, vivendo principalmente da agricultura rudimentar – que tinha como complemento a caça e pesca – praticada de forma nômade ou seminômade. A guerra teve certa importância para as tribos, porém, diferentemente de outros povos, não era a atividade que garantia poder ou controle sobre outros povos. A prática da antropofagia era comum e tinha caráter ritualístico, religioso, uma vez que acreditavam que a ingestão da carne de inimigos mortos lhes fortaleceria.



  
7. (Enem 2010)  Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um período marcado por inúmeras crises: as diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores condições de vida e pelo direito de participação na vida política do país. Os conflitos representavam também o protesto contra a centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos
"barões do café", para o qual era fundamental a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro.
O contexto do Período Regencial foi marcado
a) por revoltas populares que reclamavam a volta da monarquia.   
b) por várias crises e pela submissão das forças políticas ao poder central.   
c) pela luta entre os principais grupos políticos que reivindicavam melhores condições de vida.   
d) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascensão social dos "barões do café".   
e) pela convulsão política e por novas realidades econômicas que exigiam o reforço de velhas realidades sociais.   


Resposta:

[E]

O período regencial é normalmente entendido como “de crise”, perceptível pelas grandes rebeliões que ocorreram nas diversas regiões do Brasil, levadas a cabos pelas camadas excluídas do poder, agravadas pela exclusão econômica e social em alguns casos.
Apesar de sabermos que o tráfico não permanecerá por muito tempo, ele ainda existiu por quase 20 anos após a abdicação de D. Pedro I. A Lei de 1831 do ministro Feijó não foi cumprida, dada à tendência da elite tradicional em manter o braço escravo na lavoura (situação que se modificou em grande parte fruto das pressões inglesas).



  
8. (Enem 2010)  De março de 1931 a fevereiro de 1940, foram decretadas mais de 150 leis novas de proteção social e de regulamentação do trabalho em todos os seus setores.
Todas elas têm sido simplesmente uma dádiva do governo. Desde aí, o trabalhador brasileiro encontra nos quadros gerais do regime o seu verdadeiro lugar.

DANTAS, M. A força nacionalizadora do Estado Novo. Rio de Janeiro: DIP, 1942. Apud BERCITO, S. R. Nos Tempos de Getulio: da revolução de 30 ao fim do Estado Novo. São
Paulo: Atual, 1990.

A adoção de novas políticas públicas e as mudanças jurídico-institucionais ocorridas no Brasil, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, evidenciam o papel histórico de certas lideranças e a importância das lutas sociais na conquista da cidadania. Desse processo resultou a
a) criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que garantiu ao operariado autonomia para o exercício de atividades sindicais.   
b) legislação previdenciária, que proibiu migrantes de ocuparem cargos de direção nos sindicatos   
c) criação da Justiça do Trabalho, para coibir ideologias consideradas perturbadoras da "harmonia social".   
d) legislação trabalhista que atendeu reivindicações dos operários, garantido-lhes vários direitos e formas de proteção.   
e) decretação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que impediu o controle estatal sobre as atividades políticas da classe operária.   


Resposta:

[D]

A questão apresenta uma delimitação cronológica, até 1940, que exclui a CLT, elaborada em 1943 e ampliou a ingerência do Estado nas questões trabalhistas, prática adotada pelo Governo Vargas desde seu início.
A política trabalhista de Vargas é um dos aspectos mais lembrados desse período e, se de um lado garantiu direitos aos trabalhadores, de outro teve como objetivo manter o controle sobre a organização operária. A repressão as “ideologias perturbadoras” ficou a cargo da repressão policial e não do Ministério do Trabalho.



  
9. (Enem 2010)  O artigo 402 do Código penal Brasileiro de 1890 dizia:
Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominação de capoeiragem: andar em correrias, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma lesão corporal, provocando tumulto ou desordens.
Pena: Prisão de dois a seis meses.

SOARES, C. E. L. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro: 1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1994 (adaptado).

O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza medidas socialmente excludentes. Nesse contexto, tal regulamento expressava
a) a manutenção de parte da legislação do Império com vistas ao controle da criminalidade urbana.   
b) a defesa do retorno do cativeiro e escravidão pelos primeiros governos do período republicano.   
c) o caráter disciplinador de uma sociedade industrializada, desejosa de um equilíbrio entre progresso e civilização.   
d) a criminalização de práticas culturais e a persistência de valores que vinculavam certos grupos ao passado de escravidão.   
e) o poder do regime escravista, que mantinha os negros como categoria social inferior, discriminada e segregada.   


Resposta:

[D]

Ao observar os artigos citados, percebe-se a preocupação em criminalizar atitudes comuns a uma parcela da população negra, como a capoeira, vista pela elite branca como uma ameaça. É interessante notar que o Código foi elaborado apenas dois anos depois do fim da escravidão e reflete a necessidade da criação de novos mecanismos, teoricamente democráticos, que mantivessem a população negra, assim como suas expressões culturais, marginalizada.  



  
10. (Enem 2010)  I – Para consolidar-se como governo, a República precisava eliminar as arestas, conciliar-se com o passado monarquista, incorporar distintas vertentes do republicanismo. Tiradentes não deveria ser visto como herói republicano radical, mas sim como herói cívico religioso, como mártir, integrador, portador da imagem do povo inteiro.

CARVALHO, J. M. C. A formação das almas: O imaginário da Republica no Brasil.
São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

I – Ei-lo, o gigante da praça, / O Cristo da multidão!
É Tiradentes quem passa / Deixem passar o Titão.

ALVES, C. Gonzaga ou a revolução de Minas. In:
CARVALHO. J. M. C. A formação das almas: O imaginário da Republica no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

A 1ª República brasileira, nos seus primórdios, precisava constituir uma figura heroica capaz de congregar diferenças e sustentar simbolicamente o novo regime.
Optando pela figura de Tiradentes, deixou de lado figuras como Frei Caneca ou Bento Gonçalves. A transformação do inconfidente em herói nacional evidencia que o esforço de construção de um simbolismo por parte da República estava relacionado
a) ao caráter nacionalista e republicano da Inconfidência, evidenciado nas ideias e na atuação de Tiradentes.   
b) à identificação da Conjuração Mineira como o movimento precursor do positivismo brasileiro.   
c) ao fato de a proclamação da República ter sido um movimento de poucas raízes populares, que precisava de legitimação.   
d) à semelhança física entre Tiradentes e Jesus, que proporcionaria, a um povo católico como o brasileiro, uma fácil identificação.   
e) ao fato de Frei Caneca e Bento Gonçalves terem liderado movimentos separatistas no Nordeste e no Sul do país.   


Resposta:

[C]

É muito comum que aqueles que chegam ao poder busquem a figura de um herói, que de alguma forma simbolize o novo poder e possa congregar a maior parte da sociedade. Nesse sentido percebemos a escolha de Tiradentes como herói republicano. Um herói que não pegou em armas – diferentemente de Frei Caneca e Bento Gonçalves – e que pode ser associado a uma maior dimensão e não apenas a uma região.



  
11. (Enem 2010)  A serraria construía ramais ferroviários que adentravam as grandes matas, onde grandes locomotivas com guindastes e correntes gigantescas de mais de 100 metros arrastavam, para as composições de trem, as toras que jaziam abatidas por equipes de trabalhadores que anteriormente passavam pelo local. Quando o guindaste arrastava as grandes toras em direção à composição de trem, os ervais nativos que existiam em meio às matas eram destruídos por este deslocamento.

MACHADO P. P. Lideranças do Contestado. Campinas: Unicamp.
2004 (adaptado).

No início do século XX, uma série de empreendimentos capitalistas chegou à região do meio-oeste de Santa Catarina – ferrovias, serrarias e projetos de colonização.
Os impactos sociais gerados por esse processo estão na origem da chamada Guerra do Contestado. Entre tais impactos, encontrava-se
a) a absorção dos trabalhadores rurais como trabalhadores da serraria, resultando em um processo de êxodo rural.   
b) o desemprego gerado pela introdução das novas máquinas, que diminuíam a necessidade de mão de obra.   
c) a desorganização da economia tradicional, que sustentava os posseiros e os trabalhadores rurais da região.   
d) a diminuição do poder dos grandes coronéis da região, que passavam disputar o poder político com os novos agentes.   
e) o crescimento dos conflitos entre os operários empregados nesses empreendimentos e os seus proprietários, ligados ao capital internacional.   


Resposta:

[C]

A Guerra do Contestado ocorreu no interior de Paraná e Santa Catarina e envolveu pequenos proprietários e principalmente a população sertaneja. Do ponto de vista econômico, a situação de pobreza da grande massa camponesa levou-os a contestar a política do governo federal de construir uma ferrovia na região, uma vez que todo o processo de derrubada da mata para a construção afetou a economia local, conforme descreve o texto, “os ervais nativos (...) eram destruídos”. Normalmente a Guerra do Contestado é apresentada apenas do ponto de vista ideológico, destacando-se a religiosidade, o messianismo, da população local.



  
12. (Enem 2010)  As secas e o apelo econômico da borracha — produto que no final do século XIX alcançava preços altos nos mercados internacionais — motivaram a movimentação de massas humanas oriundas do Nordeste do Brasil para o Acre. Entretanto, até o início do século XX, essa região pertencia à Bolívia, embora a maioria da sua população fosse brasileira e não obedecesse à autoridade boliviana.
Para reagir à presença de brasileiros, o governo de La Paz negociou o arrendamento da região a uma entidade internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violentas disputas dos dois lados da fronteira. O conflito só terminou em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, pelo qual o Brasil comprou o território por 2 milhões de libras esterlinas.

Disponível em: www.mre.gov.br.
Acesso em: 03 nov. 2008 (adaptado)

Compreendendo o contexto em que ocorreram os fatos apresentados, o Acre tornou-se parte do território nacional brasileiro
a) pela formalização do Tratado de Petrópolis, que indenizava o Brasil pela sua anexação.   
b) por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos emigrantes brasileiros na região.   
c) devido à crescente emigração de brasileiros que exploravam os seringais.   
d) em função da presença de inúmeros imigrantes estrangeiros na região.   
e) pela indenização que os emigrantes brasileiros pagaram à Bolívia.   


Resposta:

[C]

Questão de interpretação de texto. Atenção com a alternativa “A”, pois na realidade a Bolívia foi indenizada. O chamado “boom” da borracha – e não ciclo da borracha – atraiu para o oeste da região amazônica milhares de brasileiros, principalmente nordestinos, antes do Tratado de Petrópolis. Aliás, foi a grande presença de brasileiros efetivamente ocupando e trabalhando na região que possibilitou as negociações coma Bolívia, francamente favoráveis ao Brasil.



  
13. (Enem 2010)  As ruínas do povoado de Canudos, no sertão norte da Bahia, além de significativas para a identidade cultural, dessa região, são úteis às investigações sobre a Guerra de Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos.
Essas ruínas foram reconhecidas como patrimônio cultural material pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) porque reúnem um conjunto de
a) objetos arqueológicos e paisagísticos.   
b) acervos museológicos e bibliográficos.   
c) núcleos urbanos e etnográficos   
d) práticas e representações de uma sociedade.   
e) expressões e técnicas de uma sociedade extinta.   


Resposta:

[A]

A questão permite uma dupla interpretação. O ENEM considera a alternativa “A” como correta, pois a preocupação do Iphan foi preservar as ruínas, nas quais não se encontram elementos bibliográficos ou técnicos e não nos permite a compreensão de questões étnicas. No entanto, a alternativa “D” também pode ser considerada, pois as ruínas das construções de Canudos refletem o modo de vida da população daquela comunidade.



  
14. (Enem 2010)  Não é difícil entender o que ocorreu no Brasil nos anos imediatamente anteriores ao golpe militar de 1964. A diminuição da oferta de empregos e a desvalorização dos salários, provocadas pela inflação, levaram a uma intensa mobilização política popular, marcada por sucessivas ondas grevistas de várias categorias profissionais, o que aprofundou as tensões sociais. “Dessa vez, as classes trabalhadoras se recusaram a pagar o pato pelas sobras” do modelo econômico juscelinista.

MENDONÇA, S. R. A industrialização Brasileira. São Paulo: Moderna, 2002 (adaptado)

Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início dos anos 1960 decorreram principalmente
a) da manipulação política empreendida pelo governo João Goulart.   
b) das contradições econômicas do modelo desenvolvimentista.   
c) do poder político adquirido pelos sindicatos populistas.   
d) da desmobilização das classes dominantes frente ao avanço das greves.   
e) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na legislação trabalhista.   


Resposta:

[B]

O texto afirma que os trabalhadores se organizaram e protestaram devido à situação de crise econômica, herdada do período anterior a 1960, ou seja, do governo de Juscelino Kubitschek, época entendida como de grande desenvolvimento industrial e urbano, mas de grande inflação e de corrosão dos salários.



  
15. (Enem 2010)  O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.

MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009.

No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante.
A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.   
b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.   
c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.   
d) neutralidade diante da condenação dos servos.   
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.   


Resposta:

[E]

A moral política para Maquiavel é marcada pelo pragmatismo, ou seja, pela necessidade de atingir seus propósitos. O propósito do “príncipe” (do governante) é governar e manter a ordem social e para isso não deve se preocupar com a visão que possam formar sobre sua pessoa, com a reputação de cruel.
Maquiavel foi o primeiro intelectual a teorizar e defender o modelo absolutista de Estado, com o poder concentrado nas mãos do governante, como representação máxima desse mesmo Estado.



  
16. (Enem 2010)  A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros, Tudo se transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a escravização do homem que seu poder.

DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979
(adaptado).

Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as características das cidades industriais no início do século XIX?
a) A facilidade em se estabelecerem relações lucrativas transformava as cidades em espaços privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista.   
b) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial.   
c) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das periferias até as fábricas.   
d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do período, transformando as cidades em locais de experimentação estética e artística.   
e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene.   


Resposta:

[E]

A Revolução Industrial que se processou na Inglaterra a partir do final do século XVIII teve características sociais nefastas para os trabalhadores, uma vez que, a inexistência de legislação determinou um processo de superexploração. As condições de trabalho e de vida eram marcadas pela miséria. Surgiram grandes bairros operários, caracterizados pela formação de cortiços, marcados pela falta de infraestrutura e, muitas vezes, pela promiscuidade.



  
17. (Enem 2010)  Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem.

HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.) História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado).

O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se a qual dos grupos político-sociais envolvidos na Revolução Francesa?
a) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força política dominante.   
b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta burguesia.   
c) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências rivais e queriam reorganizar a França internamente.   
d) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato, com os intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo francês.   
e) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas populares, que desejavam justiça social e direitos políticos.   


Resposta:

[E]

Robespierre foi o principal líder jacobino e comandou o governo da França entre 1792 e 1794, durante a Revolução. Considerado como líder popular, era advogado e membro de uma pequena burguesia arruinada financeiramente. Defendeu medidas de controle econômico e de geração de empregos, assim como a ampliação dos direitos políticos a todos os homens, independentemente da renda.



  
18. (Enem 2010)  O Império Inca, que corresponde principalmente aos territórios da Bolívia e do Peru, chegou a englobar enorme contingente populacional. Cuzco, a cidade sagrada, era o centro administrativo, com uma sociedade fortemente estratificada e composta por imperadores, nobres, sacerdotes, funcionários do governo, artesãos, camponeses, escravos e soldados. A religião contava com vários deuses, e a base da economia era a agricultura. principalmente o cultivo da batata e do milho.
A principal característica da sociedade inca era a
a) ditadura teocrática, que igualava a todos.   
b) existência da igualdade social e da coletivização da terra.   
c) estrutura social desigual compensada pela coletivização de todos os bens.   
d) existência de mobilidade social, o que levou à composição da elite pelo mérito.   
e) impossibilidade de se mudar de extrato social e a existência de uma aristocracia hereditária.   


Resposta:

[E]

A sociedade inca era estamental, ou seja, a posição social do indivíduo era definida pelo nascimento e, nesse sentido, não havia mobilidade. A estrutura de poder era aristocrática, na qual uma elite guerreira e administrativa concentrava o poder, portanto, a sociedade era marcada pela desigualdade.



  
19. (Enem 2010)  Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares?

BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê.
Disponível em: http://recantodasletras.uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.

Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de História, o autor censura a memória construída sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos.
A crítica refere-se ao fato de que
a) os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.   
b) a História deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou dos governantes das civilizações que se desenvolveram ao longo do tempo.   
c) grandes monumentos históricos foram construídos por trabalhadores, mas sua memória está vinculada aos governantes das sociedades que os construíram.   
d) os trabalhadores consideram que a História é uma ciência de difícil compreensão, pois trata de sociedades antigas e distantes no tempo.   
e) as civilizações citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido alvos de pesquisas históricas.   


Resposta:

[C]

Interpretação de texto. O poeta Bertold Brecht apresenta uma concepção de história que valoriza os trabalhadores, os homens comuns e faz uma crítica a cultura histórica tradicional que valoriza governantes como responsáveis por grandes feitos, como se fossem heróis.



  
20. (Enem 2010)  “Pecado nefando” era expressão correntemente utilizada pelos inquisidores para a sodomia. Nefandus: o que não pode ser dito. A Assembleia de clérigos reunida em Salvador, em 1707, considerou a sodomia “tão péssimo e horrendo crime”, tao contrário à lei da natureza, que “era indigno de ser nomeado” e, por isso mesmo, nefando.

NOVAIS, F.; MELLO E SOUZA L. História da vida privada no Brasil. V. 1. São Paulo: Companhia das Letras. 1997 (adaptado).

O número de homossexuais assassinados no Brasil bateu o recorde histórico em 2009. De acordo com o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais (LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis), nesse ano foram registrados 195 mortos por motivação homofóbica no
País.

Disponível em: www.alemdanoticia.com.br/utimas_noticias.php?codnoticia=3871.
Acesso em: 29 abr. 2010 (adaptado).

A homofobia é a rejeição e menosprezo à orientação sexual do outro e, muitas vezes, expressa-se sob a forma de comportamentos violentos. Os textos indicam que as condenações públicas, perseguições e assassinatos de homossexuais no país estão associadas
a) à baixa representatividade política de grupos organizados que defendem os direitos de cidadania dos homossexuais.   
b) à falência da democracia no país, que torna impeditiva a divulgação de estatísticas relacionadas à violência contra homossexuais.   
c) à Constituição de 1988, que exclui do tecido social os homossexuais, além de impedi-los de exercer seus direitos políticos.   
d) a um passado histórico marcado pela demonização do corpo e por formas recorrentes de tabus e intolerância.   
e) a uma política eugênica desenvolvida pelo Estado, justificada a partir dos posicionamentos de correntes filosófico-científicas.   


Resposta:

[D]

Apesar de estar baseada em princípios democráticos e em garantias individuais, a Constituição do país não consegue por si só garantir os direitos de grupos considerados minoritários. Isso em grande parte se deve aos preconceitos arraigados na sociedade durante séculos, principalmente aqueles que tiveram a força da religião e da Igreja em sua montagem, na medida em que a religião serviu de base para ditar o comportamento individual e social que poderia ser aceito e tem, ainda hoje, grande penetração na sociedade brasileira.
O Tabu é todo tema sobre o qual se evita ou dificulta o debate, considerando-o impróprio e moralmente ameaçador a moral vigente.



  
21. (Enem 2010)  A política foi, inicialmente, a arte de impedir as pessoas de se ocuparem do que lhes diz respeito. Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo de que nada entendem.

VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M. V. M. A cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996.

Nessa definição, o autor entende que a história da política está dividida em dois momentos principais: um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um segundo, caracterizado por uma democracia incompleta.
Considerando o texto, qual é o elemento comum a esses dois momentos da história política?
a) A distribuição equilibrada do poder.   
b) O impedimento da participação popular.   
c) O controle das decisões por uma minoria.   
d) A valorização das opiniões mais competentes.   
e) A sistematização dos processos decisórios.   


Resposta:

[C]

Se o enunciado afirma que o primeiro momento é marcado pelo autoritarismo, portanto o exercício do poder esta nas mãos de poucos; e num segundo momento ele é excludente, a democracia é incompleta, significa que, na prática, a maioria não participa.



  
22. (Enem 2010)  A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores: a lei nasce das batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo.

FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes. 1999

O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à organização social.
Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das sociedades modernas é
a) combater ações violentas na guerra entre as nações.   
b) coagir e servir para refrear a agressividade humana.   
c) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação.   
d) estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos.   
e) organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados.   


Resposta:

[E]

A Lei reflete a vontade dos vitoriosos; ela não é natural. Portanto, a Lei é reflexo da força, da vitória e das imposições dos mais fortes, seja nas disputas internas a um Estado, seja a nível internacional, que envolve as disputas e os interesses de diversos Estados.


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